quarta-feira, 13 de novembro de 2013

FUTURISMO INTERNACIONAL NA INGLATERRA (Londres, 1913-1914).




 

FUTURISMO INTERNACIONAL NA INGLATERRA (Londres, 1913-1914).

 

 

Marinetti, na sua cruzada internacional em prol do Futurismo italiano, viajou da Itália para Londres inúmeras vezes (1910-1914). O italiano proferiu sua primeira palestra no Lyceum Club for Women (1911): ele preparou longa e cuidadosamente o terreno para seu movimento triunfar na arte das vanguardas inglesas. A primeira grandiosa Exposição de Obras dos Pintores Futuristas Italianos [Exibition of Works by Italian Futurists Painters], ocorreu na Sackville Gallery (Londres, mar., 1913), apresentando obras de Carlo Carrà, Umberto Boccioni, Luigi Russolo e Gino Severini, entre outros. O catálogo da mostra publicou textos dos principais manifestos do grupo, lançados até então.

 

Pouco depois do advento do Grupo (Internacional) do Imagismo (v.), liderado por Ezra Pound, F. T. Marinetti publicou o documento Arte Inglesa Vital: Manifesto Futurista [Vital English Art: Futurist manifesto], assinado por ele juntamente com o pintor inglês Christopher Nevinson (Christopher Richard Wynne Nevinson, 1889-1946). Esse manifesto foi publicado no jornal The Observer (Londres, 18 mar., 1914) e repetiu a dose, republicado no The Times (07 jun., 1914), e poucos dias depois no Daily Mail. O The Times londrino publicou artigo dedicado aos Futuristas, e, pouco depois, foram publicados c. de 300 artigos na imprensa inglesa, consagrando o movimento somente como sucesso de escândalo. O Futurismo e os Futuristas foram ridicularizados na imprensa inglesa através de inúmeras charges e caricaturas.

 
 
A ausência de adesões dos artistas ingleses ao Futurismo decepcionou Marinetti, que contava com certo número de presenças entre os convidados para o banquete que ele organizou no restaurante Florence (18 nov., 1914). Os vanguardistas locais não compareceram, boicotaram o italiano, que procurou influir com seus manifestos políticos na entrada da Itália como aliada da Alemanha na Primeira Guerra Mundial. A oposição ferrenha ao movimento italiano cresceu no seio das vanguardas inglesas e acabou resultando na organização, por Percy Windham Lewis e Kate Lechmere no Centro de Arte Rebelde [Rebel Art Center]. Os artistas ingleses retomaram a idéia de formar comunidade unida, coesa, tomando como exemplo os Ateliês Ômega [Omega Workshops], de onde emergiram os principais artistas plásticos que aderiram ao Grupo do Centro de Arte Rebelde, situado no n. 38 da Great Ormond Street (Londres). Nevinson, que deveria tornar-se o representante inglês do Futurismo italiano, trocou de lado e aderiu ao novo grupo liderado por Windham Lewis, que lançou o Vorticismo (v.), movimento do qual Nevinson assinou o manifesto bem como participou das principais mostras (Londres, 1914-1915).

  

O Vorticismo, que foi ajudado por Ezra Pound, amigo de Lewis que havia recentemente implantado o Imagismo na Inglaterra, recebeu forte influência da estética do Futurismo italiano (v. Grupo do Imagismo e Grupo do Vorticismo ou do Vortex Inglês). Na mesma época cresceu a oposição ao escritor italiano, amigo e colega de liceu do futuro ditador Benito Mussolini (Itália, 1922-1944). A campanha contra Marinetti foi apoiada por Ezra Pound, que publicou vários artigos na imprensa da época. No estudo do escritor T. S. Eliot sobre Ezra Pound (1927), citado (HULTEN, et al., 1986), o escritor norte-americano foi reconhecido como tendo sido o principal responsável pelo afastamento do Futurismo italiano da Literatura, bem como das Artes Plásticas inglesas. Pound, que também rejeitou o Cubismo, não permitiu que os movimentos artísticos estrangeiros encontrassem espaço na arte das vanguardas inglesas.

 

 
 
Outro manifesto Futurista de Marinetti foi publicado na revista Lacerba (Florença, Itália), traduzido com o título Contra a Arte Inglesa, terminando com palavras arrogantes que solicitavam o apoio do público inglês ao dito,  ...gênio dos Futuristas ingleses. Nevinson, que era amigo próximo de W. Lewis, com quem ele abandonou o Grupo dos Ateliês Ômega (1913), quando se associou ao Futurismo italiano assinando manifesto com Marinetti, provocou a grande crise no Grupo do Centro de Arte Rebelde, que, pouco depois da primeira mostra, encerrou as atividades. No entanto, a influência do movimento Futurista italiano foi sentida nas Artes Aplicadas, na Decoração e na Moda inglesa. Os italianos declararam Londres a Capital Futurista. A influência do Futurismo que chegou à arte das vanguardas inglesas não permaneceu, exceto na obra de um ou outro artista, e assim mesmo durante curto período. Pouco depois, triunfou como estética dominante a do movimento dito, Pós-Impressionista (v.), que marcou os círculos intelectuais ingleses avançados, como os do Grupo Bloomsbury (v.).

  

A primeira Mostra Pós-Impressionista e Futurista [Post-Impressionist and Futurist Exibition] foi organizada pelo escritor e crítico de arte Frank Rutter (Londres, 1913). A maioria dos artistas convidados participou anteriormente dos Ateliês Ômega [Omega Workshops], organizados por Roger Fry (1913). Na mostra houve a participação das pinturas de W. Lewis, F. Etchells, C. Hamilton, C. Nevinson e E. Wadsworth, entre outros artistas ingleses: foram convidados da exposição outros artistas das vanguardas européias. As pinturas inglesas foram influenciadas pelos movimentos internacionais mais avançados da época. Rutter, o curador da mostra, foi Conservador-Chefe da Galeria de Arte de Leeds e redator da revista Art News [Notícias das Artes], e tornou-se um dos críticos de arte mais atuantes e revolucionários de sua geração. Rutter publicou o livro Arte Revolucionária [Revolucionary Art] (1910), cujo texto foi reproduzido, parcialmente, no catálogo da primeira mostra citada acima.

 

REFERÊNCIAS SELECIONADAS:
V. FUTURISMO:

http://blogeducativodaperformance.blogspot.com


ENSAIO.
LEMAIRE, G-G. Prolégomènes au Vorticisme: Flux et Reflux en Angleterre. Traduction de Gérard Georges Lemaire. Apud CATÁLOGO. CORK, R.: KENNER, H.: LEMAIRE, G-G.: LEWIS, W.: McLUHAN, M. :POUND, E.; RODITI, E.: WEST, R.; BRETTE. A. Windham Lewis et le vorticisme. Paris: Centre Georges Pompidou, Ed. Pandora, 1982. (Cahiers pour un temps).
 

 
ENSAIO. LEWIS, W. Wyndham Lewis et le vorticisme. Traduction de Thérèse Fossatti. Apud CATÁLOGO. CORK, R.: KENNER, H.: LEMAIRE, G-G.: LEWIS, W.: McLUHAN, M. :POUND, E.; RODITI, E.: WEST, R.; BRETTE. A. Windham Lewis et le vorticisme. Paris: Centre Georges Pompidou, Ed. Pandora, 1982. (Cahiers pour un temps).

 

ENSAIO. LEWIS, W. Vive le Vortex! Traduction de Gérard Georges Lemaire. Apud CATÁLOGO. CORK, R.: KENNER, H.: LEMAIRE, G-G.: LEWIS, W.: McLUHAN, M. :POUND, E.; RODITI, E.: WEST, R.; BRETTE. A. Windham Lewis et le vorticisme. Paris: Centre Georges Pompidou, Ed. Pandora, 1982. (Cahiers pour un temps).

Um comentário:

  1. Ola gosto das telas de Amedeo Modigliani, mas preciso de maiores informações dessa obra, veja descrição da pintura. Um homem com camisa vermelha e terno marrom, lendo um livro sentado em uma cadeira apoiando o braço na mesa, que esta forrada com toalha verde e com uma porcelana com duas maçãs, atrás dele um quadro com uma mulher pegando mais uma maçã sobre a mesma mesa

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