BIOGRAFIA: SHIELE, Egon (1890-1918).
O artista nasceu em Tulln (Áustria); estudou na sua cidade natal e em Krems. Shiele perdeu seu pai e foi educado por um tio e padrinho, formado em engenharia (1905). O artista estudou pintura com Ludwig Karl Strauch e Max Kahrer: quando ainda estudava no ginásio, Shiele produziu mais de 100 pinturas (1905-1909). Shiele foi aprovado para cursar a Academia de Belas Artes (Viena, 1906), onde foi aluno de Christian Griepenkerl (1839-1916). O jovem artista conheceu o consagrado pintor Gustav Klimt, que abriu-lhe todas as portas (1907-).
Shiele formou o Novo Grupo da Arte [Neuekunstgruppe], com Albert Paris von Gutershoh, Anton Faistauer, Sebastian Isepp e Franz Wiegele, abandonando as aulas da academia, em protesto contra o ensino acadêmico. Shiele participou da primeira mostra de seu novo grupo, realizada no Salão de Arte Gustav Pisko (Viena, 1909).
O artista participou da mostra coletiva Internacional Kunstchau Wien (1909) e passou a trabalhar junto com o artista Max Oppenheimer (1885-1954), quando libertou-se do academicismo e iniciou o seu período de obras Expressionistas, do qual foi um dos maiores expoentes juntamente com Oskar Kokoschka. Por sugestão do arquiteto Otto Wagner Shiele pintou retratos no tamanho natural (1910-), que expôs nas mostras promovidas pelo grupo de Klimt. Na época Schiele retratou doentes mentais e mulheres grávidas, que ilustraram sua palestra, Expressão Patológica em Retratos. Seu amigo, o pintor Albert Paris von Gutershoh escreveu a primeira monografia sobre Schiele, que expôs na sua primeira mostra individual na Galeria Miethke (Viena, 1911). Shiele assumiu viver com sua modelo predileta, a jovem Wally Neuzil, em Krunau, cidade natal de sua mãe, de onde o casal foi expulso por estar vivendo em pecado.
Shiele expôs com o o Novo Grupo da Arte em Budapeste, e com a associação de artistas Secessão Viennese na Galeria Hans Goltz (Munique) e na mostra internacional do Grupo do Cavaleiro Azul [Blaue Reiter] de Wassily Kandinsky, Franz Marc e August Macke (Munique, 1912). Schiele enfrentou outro sério problema, pois foi acusado de pedofilia pela família de menina de sua vizinhança que posou para o artista. As acusações sem provas, nunca foram comprovadas, mas Shiele, que tinha inúmeros desenhos de nus no ateliê que a menina viu sobre a mesa, foi condenado a passar curto período preso, por custodia negligente de material pornográfico. A carreira do artista sentiu imediatamente o grande impacto negativo e declinou após o incidente; no entanto suas obras participaram de mostras importantes, como a Hagenbund (Westfalia, Alemanha) e a Internacional Sonnerbund (Colônia). O artista participou da mostra da Liga dos Artistas Austríacos, presidida por G. Klimt; da Mostra da Primavera, nos salões da Secessão Vienense, de mostra na Galeria Hans Goltz (Munique), itinerante a Berlim e Dusseldorf; da Mostra Internacional Branco e Preto e da 43ª Mostra da Secessão Vienense (Viena, 1913). As mostras internacionais sucederam-se, no Kunstverein (Dresden), na Werkbund (Hamburgo); e em Colônia, Roma, Paris e Bruxelas.
Apesar da participação nas mostras internacionais, Shiele continuou vivendo em circunstâncias financeiras difíceis, até que ele encontrou o seu patrono no colecionador Heinrich Bohler (1914-). Nesse ano Schiele descobriu o potencial da fotografia artística e executou uma série de retratos e auto-retratos fotográficos, alguns de natureza bastante bizarra, em colaboração com o fotógrafo Anton Josef Trcka (1893-1940). Shiele expôs individualmente essas obras na mostra da Galeria Guido Arndt (Viena) e na Kunsthaus (Munique, 1915). Neste ano Schiele se casou com Edith Harms (1893-1918), mas apenas quatro dias após a cerimônia o artista foi convocado para servir no exército durante o período da I Guerra Mundial. Shiele foi enviado para Praga (República Tcheca) e somente voltou a Viena muitos meses depois, a serviço, escoltando grupo de prisioneiros russos de guerra que ele retratou. Apesar de afastado, servindo ao país, Shiele continuou expondo nas mostras da Secessão Vienense; novamente na Galeria Hans Goltz (Munique) e na Mostra Gráfica de Desenhos (Dresden).
Durante certo período Shiele manteve seu diário de guerra e publicou alguns artigos na revista Die Aktion (Berlim), de F. Pfemfert, que dedicou inteiramente a Shiele o seu número 35/ 36 (1916). Shiele foi transferido para a Base Real Imperial (Muhling), onde o artista desenhou oficiais russos, austríacos e prisioneiros de guerra. Leopold Ziegler publicou artigo sobre Shiele (1917): depois de inúmeros pedidos, Schiele foi novamente transferido, desta vez de volta para Viena, onde o editor e livreiro Richard Lanyi publicou o port-fólio com reproduções dos desenhos e aquarelas de Schiele, cuja obra continuou participando de mostras internacionais (Viena, Munique, Estocolmo, Copenhagen). Shiele instou e seu patrono adquiriu a polêmica obra de Gustav Klimt, a Frisa Beethoven, executada para o salão da Secessão Vienense (1907). Com este gesto Shiele salvou a obra de Klimt da destruição certa; hoje a frisa se encontra novamente instalada no local para o qual foi originalmente projetada. Logo após o final da guerra, Klimt faleceu (06 fev., 1918): Egon Schiele fez desenhos de Klimt no seu leito de morte.
Franz M. Haberditze comprou a obra de Klimt Edith Shiele Sentada, para a Galeria Moderna do museu austríaco, e Shiele, finalmente, passou a ter reconhecimento artístico e sucesso ainda em vida. O artista expôs suas obras na 49ª Mostra da Secessão Austríaca; na Kunsthaus (Zurique); na Kunsthaus (Praga) e na Galeria Arnold (Dresden, 1918). O sucesso financeiro finalmente permitiu que o artista alugasse amplo estudio; Shiele tinha planos de adaptar seu antigo estúdio para iniciar escola para ensino da arte, mas sua esposa Edith, grávida de seis meses, contraiu a gripe espanhola e morreu (28 out.); Shiele morreu em seguida, da mesma causa (30 out., 1918). No dia da assinatura do armstício, rendição incondicional do Império Austro-Húngaro (03 nov., 1918), Egon Shiele foi enterrado em Viena.
Entre as obras mais originais de Schiele citamos A Morte e o Homem (1911, óleo; tela, 80,3 cm x 80,0 cm); Auto-retrato com Ombro Nu (1912, óleo/ tela, 42 cm x 34 cm); Transfiguração (1915, óleo/ tela, 200 cm x 172 cm), todos no acervo do Leopold Museum Privatsftung (Viena, Áustria). Egon Schiele foi único, na arte mundial; seu tema foi centrado inteiramente no ser humano, que retratou com maestria em desenhos e óleos, com seu traço único e singular. Shiele pintou inúmeras personalidades do seu tempo várias personalidades do mundo social e artístico europeu do início do século XX. A extraordinaria liberdade do traço do artista tornou sua obra Expressionista e Figurativa extremamente atual. Ainda em vida e logo após a morte de G. Klimt, Shiele usufruiu o pequeno período de sucesso, quando foi considerado o maior artista austríaco; infelizmente seu destino levou-o logo em seguida. O artista saiu do mundo para entrar na lenda: suas obras pertencem aos acervos dos mais prestigiosos museus, tanto europeus bem como americanos, pois Shiele tornou-se um dos mais importantes artistas das vanguardas internacionais.
REFERÊNCIAS SELECIONADAS:
CHAMPIGNEULLE, B. A Arte Nova. Tradução de Maria Jorge Couto Viana. Cacém (Portugal): Verbo, 1973. 309p.
FAHR-BECKER, El Modernismo. Colonia: Konemann, 1996,.p. 402.
FRODL, Gustav. Klimt. Poitiers: Profils de l' Art Chêne, 1990, pp. 54-83.
SCHRODER, K. A.. Egon Schiele: Eros and Passion. Translated by David Britt. Munich: Prestel, 1995, pp. 17-25, 59-63.
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