O artista participou da mostra do Salão Nacional de Belas Artes (1859) e do famoso Salão dos Recusados (1863). Pissarro, artista de espírito cordial, tornou-se amigo de vários vanguardistas como Édouard Manet (1832-1883), Paul Cézanne (1839-1906) e do mais conhecido pintor americano de seu tempo, que, na época vivia em Paris, James Abbott MacNeill Whistler (v. biografia no meu Blog:
Pissarro tornou-se o mentor e grande incentivador de Paul Gauguin (1848-1903), com quem tinha afinidades, como a fluência do idioma espanhol que Gauguin aprendeu na infância passada no Perú e Pissarro nas Antilhas. No período da guerra franco-prussiana (1870-1871), Pissarro passou prolongada longa temporada em Londres, onde conheceu Claude Monet (1840-1926), Alfred Sisley (1839-1899) e o conhecido negociante de arte Paul Durand-Ruel. Na volta à França, pintou junto com seu amigo P. Cézanne, em Pontoise (1872-1874). Como Cézanne, Pissarro foi pintor andarilho, que colocava o material nas costas e percorria as estradas francesas, parando para pintar onde desejasse. Foi publicada a fotografia dos dois artistas no final da vida, ambos com longas barbas brancas e carregando seus apetrechos nas costas: o cavalete, as telas e as tintas.
As obras de Pissarro participaram de todas as 8 mostras Impressionistas (1874-1885), sendo a primeira inaugurada no estúdio do fotógrafo Nadar (Paris). No entanto Pissarro lutou com inúmeras dificuldades econômicas, provedor de família numerosa: ele tinha seis filhos. Por conta dessa circunstância Pissarro aceitou alguns trabalhos como pintor de cenários teatrais e de leques, artefato indispensável à indumentária feminina elegante da época.
Quando a fase do Impressionismo acabou, Pissarro foi morar em Eragny, perto de Gisors (1885); nesse período ele viajou muito para Paris, Rouen e Dieppe, onde pintou inúmeras marinhas e paisagens vistas da janela. O artista trabalhou junto com Claude Monet; mais tarde, adotou por curto período o estilo dos ditos, Neo-Impressionistas ou Pós-Impressionistas, divisionista da pincelada. Pissarro passou temporada londrina, onde seu filho, Lucien Pissarro (1863-1944) vivia, quando executou algumas obras nessa nova técnica, como a pintura Ponte Charing Cross [Charing Cross Bridge] (1887). No entanto, pouco tempo depois Pissarro voltou à sua estética original, mais pessoal e liberta (1890).
A mais destacada mostra das vanguardas da época, não ocorria em Paris, mas em Bruxelas, com o dito, Grupo dos XX [Les XX], formado por 20 destacados artistas e intelectuais europeus, que se associaram ao advogado Octave Maus e promoveram importantes mostras vanguardistas, apreciadas pela culta e rica sociedade belga. Os mais famosos artistas e escritores belgas participaram desse grupo, sendo que os mais conhecidos foram James Ensor, Henry de Groux, Ferdinand Khnopff, Théo van Rysselberghe, Jan Toroop e Henri Van de Velde. O grupo publicou a revista Arte Moderna, que tornou-se importante forum de divulgação, não só do grupo de artistas, mas da arte das vanguardas européias em geral. A revista publicou artigos de Villiers de l'Isle Adam, Catulle Mendés, Stephane Mallarmé, Gustave Kahn e Paul Verlaine sendo que a crítica de arte foi exercida por expoentes intelectuais da época como Mirbeau, Félix Fénéon, Jóris-Carl Huysmans e Émile Verhaeren. A revista também patrocinou vários eventos, concertos musicais e banquetes, em Bruxelas e Paris. A importante mostra das vanguardas belgas, do Grupo dos XX, passou a convidar artistas renomados internacionais para expôrem suas obras na mostra belga, coincidentemente à partir do último ano das mostras anuais Impressionistas (1885-). Foram convidados pintores como J. Whistler e escultores como Auguste Rodin (1884); Claude Monet e Pierre Auguste Renoir (1886), Berthe Morisot e Camille Pissarro, bem como o expoente pontilhista, Georges Seurat (1887); o desenhista do movimento, Henri de Toulouse-Lautrec e o pontilhista Paul Signac (1888); Paul Cézanne e o dito, Príncipe dos Sonhos Odilon Redon, novamente o Impressionista P. Renoir e os Pós-Impressionistas P. Signac, G. Seurat, o Impressionista Alfred Sisley, novamente H. de Toulouse-Lautrec e Vincent van Gogh, que, pela primeira vez, expôs internacionalmente dois de seus quadros (1889); novamente convidado na mostra seguinte Van Gogh enviou 10 pinturas (1890). A única pintura que Van Gogh vendeu durante a vida foi adquirida nesta mostra por 400 FF: Vinhedo vermelho em Arles (1888, óleo/ tela, 73 cm x 81 cm, no acervo do Museu Pushkin de Belas Artes, em Moscou). Foi na mesma mostra que ocorreu a primeira retrospectiva da obra de Van Gogh, no ano seguinte a morte do artista (1891), quando o grupo expôs obras de Paul Gauguin, Camille Pissarro e Georges Seurat. Na mostra seguinte expôs obras de Mary Cassat, Maurice Denis, novamente obras de Henri de Toulouse-Lautrec, bem como foi organizada a retrospectiva de Georges Seurat, que faleceu precocemente (1892). Quando o Grupo dos XX terminou, foi logo depois substituído pelo Grupo da Estética Livre [La Libre Esthétique], que não alcançou o mesmo sucesso nem o mesmo prestígio do primeiro grupo, que promoveu a divulgação e o desenvolvimento da arte das vanguardas européias.
Pissarro não viveu para ver o reconhecimento de sua arte; seu filho Lucien Pissarro foi pintor Neo-Impressionista e Pontilhista, que participou ativamente das primeiras vanguardas inglesas do início do século XX.
REFERÊNCIAS SELECIONADAS:
BONFANTE-WARREN, A. The Musée D'Orsay. New York: Barnes and Noble, 2000, pp. 26, 115, 137, 157, 170.
CLAY, J. Compreendre l' Impressionisme. Paris: Chêne, 1984, pp. 312, 313.
CLAY, J.; HUYGUE, René (Pref.). Impressionism. Seacaucus, New Jersey: Chartwell Books Inc., 1973, pp. 50-59.
PRATHER, M. Paul Gauguin: a retrospective.
New York: Charles F. Stuckey, Park Lane, 1985. 387p.: il., p. 50.
REINACH, S. Apollo, Histoire Générale des Arts Plastiques. Paris: Librairie Hachette, 1907, pp. 303-307.
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