sábado, 14 de julho de 2012

GLOSSÁRIO: GRUPO MUSICAL FRANCÊS DOS SEIS[GROUPE DES SIX] (Paris, 1920-1924).


GLOSSÁRIO: GRUPO MUSICAL FRANCÊS DOS SEIS[GROUPE DES SIX] (Paris, 1920-1924).


Destaques: Georges AURIC, Darius MILHAUD, Francis POULENC e Henri SAUGUET.

O grupo foi formado por seis músicos eruditos: Georges Auric (1899-1963), Darius Milhaud (1892-1974), Arthur Honegger (1892-1955), Francis Poulenc (1899-1963), Germaine Tailleferre (1892-1983) e Louis Durey, que logo se afastou e foi substituído pelo jovem Henri Sauguet (1901-1989). Os músicos associados formaram seu próprio movimento, centrado em torno do líder das vanguardas francesas, o artista multimídia Jean Cocteau (1887-1968). Alguns anos antes, ficou conhecido na França o Grupo dos Cinco, formado por músicos russos que S. P. Diaghilev divulgou através dos Balés Russos, em Paris (1907-1929).

No início da década de 1920, o clima de grande renovação musical foi liderado pelo Grupo dos Seis. Foi Eric Satie quem provavelmente nomeou o grupo, anteriormente conhecido como Os Novos Jovens [Les nouveaux jeunes], através de seu artigo Os Seis [Les Six], publicado na revista Feuilles Libres [Folhas Livres], editada por Marcel Reval. Foi Jean Cocteau quem atraiu artistas de outras áreas para a criação de obras conjuntas, quando integrou os músicos do Grupo dos Seis aos poetas destacados nas vanguardas francesas, como o suíço Blaise Cendrars (Fréderic Sausser, 1887-1961).

Os músicos do Grupo dos Seis compuseram várias peças musicais para a obra conjunta, o balé Os Noivos da Torre Eiffel [Les Mariés de la Tour Eiffel] (Paris, 1921), que apresentou-se com os Balés Suecos [Ballets Suedois], de Rolf de Maré, encenado com cenários de Irene Lagut, máscaras de Valentine Hugo, voz do narrador e libreto de Jean Cocteau. As fotografias do espetáculo, bem como a vários desenhos dos originais figurinos e das gigantescas máscaras, se encontram reproduzidos (HAGER, 1986).

Para sua temporada anual em Monte Carlo, o empresário Sergey Diaghilev, promotor dos Balés Russos, encenou trechos de várias óperas, curtas e pouco conhecidas, como Philémon et Baucis, La Colombe e Le Médicin malgré lui, todas com música do francês Charles François Gounod: e Une éducation manqué, de Emmanuel Chabrier (1924). As músicas sofreram renovação através da adaptação realizada por Erik Satie e pelos músicos do Grupo dos Seis: Georges Auric, Francis Poulenc, e Darius Milhaud, sendo que os cenários e figurinos foram realizados por Alexandre Benois e Juan Gris. No entanto, os espetáculos não agradaram ao exigente público de Monte Carlo, que desejava ver a montagem de grandes óperas com a atuação de renomados cantores internacionais. Diaghilev levou para a estréia em Paris somente a ópera com música de Chabrier. Também não deu certo, pois o público francês queria ver balé e somente balé; depois desta temporada, Diaghilev abandonou para sempre a idéia de montar trechos de óperas. O empresário russo encomendou música para seus Balés Russos a Poulenc, Auric e Milhaud, três dos músicos franceses do antigo Grupo dos Seis.

Poulenc criou a música para Os Bichos [Les Biches], balé que estreou em Monte Carlo (6 de jan., 1924), com cenários e figurinos idealizados por Marie Laurencin (1885-1957), sendo que os cenários foram executados pelo Príncipe Schervashidze e os figurinos por Vera Sudeikin, a russa, na época esposa de Serge Sudeikin, que depois de enviuvar tornou-se a senhora Igor Stravinsky. O balé, no qual Vaslav Nijinsky dançou como principal bailarino foi o mais bem sucedido da temporada e passou ao repertório regular da companhia russa, sendo repetido em várias apresentações. Esse balé foi reencenado com Svetlana Beriosova e Georgiana Parkinson como pares de Robert Mead e Keith Bosson, na temporada do Royal Ballet, apresentado décadas depois no palco londrino (1964).

O produtor dos Ballets Russes [Balés Russos], Sergey Diaghilev, contratou Auric para compôr a música para os balés Os Maledicentes [Les Facheux] (1924); Os Tripulantes [Les Matelots] (1925) e A Pastoral [La Pastorale] (1926). O balé Os Maledicentes [Les Fâcheux] (1924), com nome e argumento derivado de comédia de Molière, recebeu coreografia de Léonid Massine, cenários e figurinos de Georges Braque (1882-1963). O balé foi dançado por Lubov Tchernicheva, Anatole Vilzak e pelo bailarino inglês de grande destaque, Anton Dolin. Esse balé que apresentou cenas de pantomima, não fez sucesso junto ao público parisiense na sua estréia (19 de jan., 1924). O balé Os Tripulantes [Les Matelots](1925), recebeu a coreografia de Léonid Massine, cenários e figurinos de André Derain; e o balé A Pastoral [La Pastorale], recebeu libreto de Bóris Kochno, coreografia do russo Georges Balanchine, cenários de André Derain e figurinos de Pedro Pruna (Paris, 1926).

Outro espetáculo com música de Darius Milhaud foi O Trem Azul [Le Train Bleu] com libreto de Jean Cocteau, que providenciou papel destacado para Dolin, que se tornou estrela da noite para o dia como par de Lydia Sokolova. Léon Woizikovsky, que dançou como par da irmã de Nijinsky, Bronislava Nijinska (1891-1972). A música alegre de Milhaud encaixou com perfeição na idéia que Diaghilev, Nijinsky e Cocteau tinham em mente quando Cocteau concebeu esse balé, descrito como a Opereta Dançante de Jean Cocteau (Paris, 20 de junho). Entre os cenários, Picasso pintou a cortina com a reprodução de seu hoje conhecido desenho de duas figuras femininas correndo na praia; mas os verdadeiros cenários foram idealizados por Henri Laurens e os figurinos - roupas esportivas, de tênis e praia – por Gabrielle Coco Chanel. Depois que Dolin, jovem aluno de Serafine Astafieva (Londres) deixou a companhia, ninguém conseguiu substituí-lo nas acrobacias que ele realizou nas récitas desse balé e a obra precisou sair para sempre do repertório dos Ballets Russes. Várias fotografias das apresentações do balé, com seu interessantíssimo argumento e imaginativo cenário com a presença dos figurinos de praia, obra-prima de Chanel, se encontram reproduzidas (SHEAD, 1989).

Nem Tailleferre nem Arthur Honegger escreveram música para a companhia dos Ballets Russes, de Diaghilev, pois seu estilo musical pareceu ao exigente empresário pouco adaptável para balé. Poulenc, depois de Os Bichos [Les Biches], nunca mais foi convidado para compôr para a companhia russa; mas Henri Sauguet foi convidado por Diaghilev e compôs a música para o extraordinário balé A Gata [La Chatte] (1927), obra-prima com cenários e figurinos Construtivistas dos irmãos russos naturalizados franceses, Naum Gabo e Anton Pvsner. Gabo foi quem produziu a maior parte dos cenários bem como os figurinos moderníssimos com materiais inusitados para esse balé, que Serge Lifar dançou como principal estrela, par da bela Alice Nikitina; também dançou a jovem Spessivtseva, cujo nome Diaghilev mudou para Olga Spessiva. O argumento foi de Sobeka, nome artístico de Bóris Kochno, que baseou seu libreto em fábula de Esopo e a coreografia foi de George Balanchine, determinante para o grande sucesso alcançado pelo balé vanguardista que estreou em Monte Carlo (30 abr.).

REFERÊNCIAS SELECIONADAS:

ENCICLOPÉDIA. HINDLEY, G. (Ed.); HOPKINS, A. (Introd.). The Larousse Encyclopedia of Music. Based on DUFOURQ, Norbert. La Musique: les hommes, les instruments, les oeuvres, Paris: Larousse, 1965. London, New York, Sidney, Toronto : Hamlyn, 1971, 1974, 1975, 1976, 1977. 576p., il.;algumas color., pp. 400-401, 21 x 28,5 cm.

HAGER, B. Les Ballets Suedois. Translated by Ruth Sharman. London: Thames and Hudson, 1990. 303p.: il., algumas color., p. 299.

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