quinta-feira, 19 de julho de 2012

BIOGRAFIA: CASELLA, Alfredo (1883-1947).



 BIOGRAFIA: CASELLA, Alfredo (1883-1947).

O músico e compositor considerado modelo de músico e maestro Futurista, nasceu em Turim (Itália). Casella foi viver em Paris, onde foi aluno de Diemer e Gabriel Fauré no Conservatório de Paris (1908-), O músico se associou ao movimento musical das vanguardas francesas e foi influenciado pela obras de Claude Debussy, Darius Milhaud, Igor Stravinsky e Arnold Schonberg. Este precurssor do dodecafonismo clássico, Schonberg, que publicou seu Método de Composição com Sons Doces (1921), depois que tinha composto Pierrô Lunar [Pierrot Lunaire] (1912), obra que influenciou Casella no Adeus a Vida (1915), quando ele explorou acordes de som doce na composição. Casella explorou as possibilidades da música folclórica de seu país, e ficou com a obra marcada pelos estudos aprofundados da música renascentista e barroca italiana, quando, seguindo os preceitos de retorno ao classissismo do movimento Futurista italiano, buscou grande parte de sua inspiração no rico passado da música instrumental do seu país.
 
Casella tornou-se crítico musical, regente e professor de música; ele foi influente sobre as novas gerações de músicos italianos. O músico retornou definitivamente para a Itália (1915), onde tornou-se professor, durante oito anos, da renomada Academia Santa Cecília (Roma). Casella fundou a Sociedade Nacional de Música (1917), que, sob o nome de Sociedade Italiana Para Música Moderna, associou-se à Sociedade Internacional Para Música Contemporânea. No começo da carreira Casella trabalhou como regente, em Paris, e posteriormente, o músico fez turnês como maestro nos Estados Unidos. Casella também trabalhou como correspondente para vários jornais internacionais (Roma).

Casella compôs a música para a peça O Palhaço [I Pagliacci], apresentada no espetáculo Futurista do Balé Plástico [I balli plastici], para o qual Fortunato Depero (1892-1960), criou os cenários mais fantásticos e animados mecânicamente. Essa obra foi encenada por Gilberto Clavel, musicada por Alfredo Casella, com quatro programas: Palhaço [Pagliacci]; O Homem de Baffi [L'Uomo dai Baffi]; O Urso Azul [L'Orso Azzurro] e O Selvagem [I Selvaggi], espetáculo encenado no Palácio Odescalchi (Florença, 15 abr., 1918). O balé estreou com Depero e máquinas cerographical, sem apresentar bailarinos. Casella foi o regente da orquestra na apresentação de sua versão de Pupazzetti (Opus 28), para piano, quarteto de cordas e moinho de vento. Casella compôs ainda outra música destinada a apresentação de Ao modo do Tango [A modo di Tango], que os Futuristas Mássimo Campigli, Gerardo De Pisis, Gerardo Dottori, Ubaldo Oppi, Enrico Prampolini, Ottone Rosai, Carlo Sócrate e Sciltian apresentaram no Teatro dos Independentes Experimentais, [Teatro degli Independenti Sperimentali], de Anton Giulio Bragaglia (Milão, 1921). No mesmo ano Casella compôs as duas Peças Infantís para piano; foi ele quem compôs a música para a pantomima Futurista, A Hora do Fantoche [L'Ora del Fantocchio], de Luciano Folgore, pseudônimo do escritor e poeta Omero Vecchi (1888-1966), encenada no Teatro da Madeleine (Paris, 1927).

Casella compôs duas óperas: A Dama Serpente [La Donna Serpente], e A Fábula de Orfeu [La Fávola d'Orfeo] (1932); ele compôs duas sinfonias, sendo a primeira As Noites de Maio; vários concertos, para violoncelo e violino; um concerto, para orgão e orquestra; uma Missa Solene para a Paz, além de música de câmera, música para piano e canções. Na França, na sua primeira fase Casella compôs a música para o balé O Convento Sobre a Água [Le couvent sur l'eau] (1912).

O músico italiano manteve uma amizade bastante próxima com o húngaro Aurélio Milloss e compôs a música para vários balés que o bailarino e coreógrafo apresentou primeiro na Europa, como Delicia Popular [Deliciae Populi]. Este balé foi inteiramente baseado na Commedia del' Arte [Comédia da Arte] italiana, como Polichinelo [Pulcinella], encenada com os Balés Russos com música de Igor Stravinsky, coreografia de Léonid Massine, cenários e figurinos de Pablo Picasso (Paris, 1923). A obra de Casella/ Milloss, com a música baseada no Divertimento sobre música de Domenico Scarlatti (1926), a Scarlattiana Opus 44, de Alfredo Casella, composta para piano mas acompanhada por trinta e dois instrumentos musicais,estreou em Roma, e itinerou a Estocolmo (1943). Posteriormente essa coreografia de Miloss foi apresentada na América do Sul (Buenos Aires, 1949); com cenografia e figurinos do pintor italiano Gino Severini, em Paris (1951). O mesmo balé foi apresentado com o Ballet do IV Centenário de São Paulo, no Rio de Janeiro e em Santos, com a cenografia e figurinos de Tomás Santa Rosa.

O Conde Francisco Matarazzo, presidente da Comissão do IV Centenário de São Paulo convidou Aurélio Milloss (v. biografia), para vir ao Brasil organizar o Ballet do IV Centenário (1953-1954). Milloss estruturou companhia completa de balé, treinou sessenta bailarinos e colocou no palco dezesseis coreografias originais; ele depois criou mais uma, para o balé Ilha Eterna apresentado na récita única realizada no Ginásio do Pacaembú (GPSP). Os balés estrearam nesse espaço improvisado, ocasião em que foram apresentados apenas três programas: A ilha eterna, Fantasia Brasileira, e Deliciae populi [Delicia popular], com música de Alfredo Casella, com cenários e figurinos de Tomás Santa Rosa, sendo que todos os espetáculos foram coreografados por Milloss (GPSP, nov., 1954). A música de Casella de Deliciae Populi, foi primeiro apresentada com a regência do maestro italiano Nino Stinco e com a participação da pianista italiana Piera Brizzi, especialmente convidada, no concerto realizado no Teatro Colombo (São Paulo, out., 1954).

Outras obras de Casella criadas para apresentações da coreografia de Milloss foram o balé O Quarto do Desenho [La camera dei disegni], grande inovação pois foi criado para crianças dançarem com a música sendo executada por orquestra de câmara. Outro balé com música de Casella foi A Rosa do Sonho [La rosa del sogno], baseado na peça musical de Arturo Paganini; e A Jarra [La Giara], baseado no texto de Luigi Pirandello. Casella publicou sua autobiografia (1941).

REFERÊNCIAS SELECIONADAS:

BARBOSA, A. M. A cumplicidade com as artes.; In Fantasia Brasileira. Antropofagia nas Artes Cênicas, São Paulo 1953-1955. São Paulo: SESC São Paulo - XXIV Bienal de São Paulo, 1998, p. 75.


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