BIOGRAFIA: CASELLA, Alfredo (1883-1947).
Casella tornou-se crítico musical, regente e professor de música; ele foi influente sobre as novas gerações de músicos italianos. O músico retornou definitivamente para a Itália (1915), onde tornou-se professor, durante oito anos, da renomada Academia Santa Cecília (Roma). Casella fundou a Sociedade Nacional de Música (1917), que, sob o nome de Sociedade Italiana Para Música Moderna, associou-se à Sociedade Internacional Para Música Contemporânea. No começo da carreira Casella trabalhou como regente, em Paris, e posteriormente, o músico fez turnês como maestro nos Estados Unidos. Casella também trabalhou como correspondente para vários jornais internacionais (Roma).
Casella compôs a música para a peça O Palhaço [I Pagliacci], apresentada no espetáculo Futurista do Balé Plástico [I balli plastici], para o qual Fortunato Depero (1892-1960), criou os cenários mais fantásticos e animados mecânicamente. Essa obra foi encenada por Gilberto Clavel, musicada por Alfredo Casella, com quatro programas: Palhaço [Pagliacci]; O Homem de Baffi [L'Uomo dai Baffi]; O Urso Azul [L'Orso Azzurro] e O Selvagem [I Selvaggi], espetáculo encenado no Palácio Odescalchi (Florença, 15 abr., 1918). O balé estreou com Depero e máquinas cerographical, sem apresentar bailarinos. Casella foi o regente da orquestra na apresentação de sua versão de Pupazzetti (Opus 28), para piano, quarteto de cordas e moinho de vento. Casella compôs ainda outra música destinada a apresentação de Ao modo do Tango [A modo di Tango], que os Futuristas Mássimo Campigli, Gerardo De Pisis, Gerardo Dottori, Ubaldo Oppi, Enrico Prampolini, Ottone Rosai, Carlo Sócrate e Sciltian apresentaram no Teatro dos Independentes Experimentais, [Teatro degli Independenti Sperimentali], de Anton Giulio Bragaglia (Milão, 1921). No mesmo ano Casella compôs as duas Peças Infantís para piano; foi ele quem compôs a música para a pantomima Futurista, A Hora do Fantoche [L'Ora del Fantocchio], de Luciano Folgore, pseudônimo do escritor e poeta Omero Vecchi (1888-1966), encenada no Teatro da Madeleine (Paris, 1927).
Casella compôs duas óperas: A Dama Serpente [La Donna Serpente], e A Fábula de Orfeu [La Fávola d'Orfeo] (1932); ele compôs duas sinfonias, sendo a primeira As Noites de Maio; vários concertos, para violoncelo e violino; um concerto, para orgão e orquestra; uma Missa Solene para a Paz, além de música de câmera, música para piano e canções. Na França, na sua primeira fase Casella compôs a música para o balé O Convento Sobre a Água [Le couvent sur l'eau] (1912).
O músico italiano manteve uma amizade bastante próxima com o húngaro Aurélio Milloss e compôs a música para vários balés que o bailarino e coreógrafo apresentou primeiro na Europa, como Delicia Popular [Deliciae Populi]. Este balé foi inteiramente baseado na Commedia del' Arte [Comédia da Arte] italiana, como Polichinelo [Pulcinella], encenada com os Balés Russos com música de Igor Stravinsky, coreografia de Léonid Massine, cenários e figurinos de Pablo Picasso (Paris, 1923). A obra de Casella/ Milloss, com a música baseada no Divertimento sobre música de Domenico Scarlatti (1926), a Scarlattiana Opus 44, de Alfredo Casella, composta para piano mas acompanhada por trinta e dois instrumentos musicais,estreou em Roma, e itinerou a Estocolmo (1943). Posteriormente essa coreografia de Miloss foi apresentada na América do Sul (Buenos Aires, 1949); com cenografia e figurinos do pintor italiano Gino Severini, em Paris (1951). O mesmo balé foi apresentado com o Ballet do IV Centenário de São Paulo, no Rio de Janeiro e em Santos, com a cenografia e figurinos de Tomás Santa Rosa.
O Conde Francisco Matarazzo, presidente da Comissão do IV Centenário de São Paulo convidou Aurélio Milloss (v. biografia), para vir ao Brasil organizar o Ballet do IV Centenário (1953-1954). Milloss estruturou companhia completa de balé, treinou sessenta bailarinos e colocou no palco dezesseis coreografias originais; ele depois criou mais uma, para o balé Ilha Eterna apresentado na récita única realizada no Ginásio do Pacaembú (GPSP). Os balés estrearam nesse espaço improvisado, ocasião em que foram apresentados apenas três programas: A ilha eterna, Fantasia Brasileira, e Deliciae populi [Delicia popular], com música de Alfredo Casella, com cenários e figurinos de Tomás Santa Rosa, sendo que todos os espetáculos foram coreografados por Milloss (GPSP, nov., 1954). A música de Casella de Deliciae Populi, foi primeiro apresentada com a regência do maestro italiano Nino Stinco e com a participação da pianista italiana Piera Brizzi, especialmente convidada, no concerto realizado no Teatro Colombo (São Paulo, out., 1954).
Outras obras de Casella criadas para apresentações da coreografia de Milloss foram o balé O Quarto do Desenho [La camera dei disegni], grande inovação pois foi criado para crianças dançarem com a música sendo executada por orquestra de câmara. Outro balé com música de Casella foi A Rosa do Sonho [La rosa del sogno], baseado na peça musical de Arturo Paganini; e A Jarra [La Giara], baseado no texto de Luigi Pirandello. Casella publicou sua autobiografia (1941).
REFERÊNCIAS SELECIONADAS:
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