REVISTA MERZ = MÉRCIO (Radical extraído da palavra KOMERZ = Comércio).
A revista Merz (Hanover, janeiro 1923-1932) foi editada pelo escritor, poeta, artista performático, músico experimental, artista plástico, gráfico e tipógrafo, Kurt Schwitters. Schwitters, foi escritor e performático: ele escreveu o poema Sonata, e depois escreveu o poema sonoro Ursonata, publicado (Merz, n. 24), e lançou disco gravado de parte da performance dele, do Scherzo da Ursonate (Gramophonplatte). Consta que Schwitters recitou seu poema nele introduzindo sons variados, incluindo uivos, cacarejos, sons onomatopaicos, gritos e grunidos, entre outros inventados, apresentados na performance realizada no salão pertencente à senhora da sociedade, na cidade militar de Postdam (1924). Schwitters foi além, na divulgação de sua obra e do movimento Anti-Dadá-Merz e produziu a série de revistas Merz. Declarou ADES (1978: 123), que nem Mechano, revista de Théo van Doesburg, nem Merz foram publicações exclusivamente Dadaístas.
A revista Merz lançou poucos números, bem espaçados (04, julho de 1923; n. 06, outubro, 1923; n. duplo 08/09, 1924), continuando nesse ritmo lento até o seu último número, publicado nove anos depois. Foram seus colaboradores os principais artistas das vanguardas européias, alemãs, francesas, holandesas, romenas, russas, suíças e húngaras, como Hans Arp, Sophie Taeuber-Arp, Johannes Baader, El Lissitsky, Walter Gropius, Hannah Hoch, Vilmos Huszar, Kazimir Malevich, Piet Mondrian, Vladimir Tatlin, Tristan Tzara, além do próprio Schwitters. O alemão foi colaborador da revista holandesa Mechano, publicada por Théo van Doesburg (I. K. Bonset) e o primeiro número da Merz (n. 01, janeiro, 1923), dito, Holland Dada, homenageou o Dadaísmo holandês.
A intenção do único editor da Merz, K. Schwitters, foi divulgar suas obras através da publicação; ele chegou a editar o catálogo no qual listou 150 de suas obras disponíveis no período de 10 anos. Schwitters editou outras de suas obras gráficas: ele publicou as 8 litografias no álbum Merz Kathedrale [Catedral Merz], quando destacou na capa a palavra Dadá, escrita em letras bem avantajadas, seguida da palavra Vorsicht (Anti), ou seja, Anti-Dadá. Esta posição foi resultado da disputa pessoal entre Schwitters e o grupo dos Dadaístas berlinenses, de quem ele se aproximou, mas que não aceitaram-no no seu meio fechado. O editor foi apoiado apenas pelos Arp, Hans e Sophie, e por Raoul Hausmann e Hannah Hoch, além de Gerhard Preisz, que aderiram ao grupo dito, Anti-Dadá-Merz e viajaram com Schwitters, apresentando performances pelo caminho de Berlim a Praga (República Tcheca).
Vários artistas dos grupos mais avançados, como De Stijl [De Estilo], que editou a revista homônima, porta-voz do Neo-Plasticismo (v.), de Piet Mondrian, que, juntamente com Théo van Doesburg e o húngaro Vilmos Huszar, foram colaboradores da Merz, bem como os artistas russos, expoentes dos grupos mais avançados das vanguardas soviéticas, como os Construtivistas Vladimir Tatlin e El Lissitsky e o Suprematista Kazimir Malevich; os associados ao Dadaísta suíço, como o romeno Tristan Tzara e ao alemão Johannes Baader, entre outros. Várias páginas da revista, desde seu primeiro número, bem como o segundo número (abril, 1923), publicaram textos e fotografias assinados por I. K. Bonset, pseudônimo adotado por seu editor, Théo van Doesburg. Uma página do quarto número publicou o artigo Tristan Tzara Vai Cultivar seus Vícios, e o poema simultâneo Chaoplasma, de autoria de Raoul Hausmann, que se encontram reproduzidos (ADES, 1978: 127). Outras páginas, do seu número duplo (n. 8/9, abril-julho de 1924), editado em conjunto por El Lissitsky e K. Schwitters; e as páginas da Merz (n. 11), com tipografia criativa de Schwitters e a Die Scheuen, fábula com tipografia de K. Schwitters (n. 14/15), páginas que se encontram reproduzidas (ADES, 1978: 128), bem como as capas do primeiro, quarto, sexto, oitavo e nono, e décimo primeiro número (ADES, 1978: 130). No número 20 da revista Schwitters publicou o catálogo de toda sua obra até àquele momento, constando de colagens, desenhos e gravuras. Schwitters tinha formação de tipógrafo e aproveitou sua grande experiência no setor para criar e produzir a tipografia original e a composição criativa da revista Merz.
REFERÊNCIAS SELECIONADAS:
CATÁLOGO. ADES, D. Dada and Surrealism Reviewed. Introduction by David Syilvester and supplementary essay by Elizabetn Cowling. London: the Authors and the Art Council of Great Britain, Hayward Galleries, 1978. 475p.: il., pp. 123-131.
ENCICLOPÉDIA. CASSOU, J.; BRUNEL, P.; CLAUDON, F; PILLEMONT, G.; RICHARD, L. (Col.). Petite Encyclopedie du Symbolisme: Peinture, Gravure et Sculpture, Littérature, Musique. Paris: Somogy, 1988, p. 269.
Nenhum comentário:
Postar um comentário