sexta-feira, 21 de março de 2014

GRUPO PERFORMÁTICO (ALEMÃO) ANTI-DADÁ-MÉRCIO (Hanover - Praga, 1920).


 
GRUPO PERFORMÁTICO (ALEMÃO) ANTI-DADÁ-MERZ (Hanover - Praga, 1920).



 
Foi nessa época que a presença de Kurt Schwitters (1887-1948) tornou-se mais importante na arte alemã. A obra desse artista oferecia vários elementos de ligação com o Dadaísmo: ele tentou, mas não foi aceito no Grupo (Alemão) do Dadaísmo Berlinense (v.). Uma das criticas mais contundentes a Schwitters foi feita por Richard Huelsenbeck (1892-1974), devido ao fato de que Schwitters expôs suas obras na Galeria da Tempestade (Berlim). Para o grupo Dadaísta a Galeria de Herwarth Walden (1876-1958), editor da Der Sturm [Revista da Tempestade], pertencia ao mundo da burguesia do qual os Dadaístas não queriam nem ouvir falar. Schwitters publicou textos no periódico editado por H. Walden, que, pouco depois da I Guerra Mundial glorificou o prussianismo.



De um modo geral, os Dadaístas consideravam Schwitters o bom burguês e, por esse motivo, desprezaram-no, recusando-o em todas as várias tentativas que o artista fez para se associar ao grupo Dadá. O escritor e editor Walter Mehring (1896-1991)levou Schwitters à residência de George Grosz (1893-1959), sem anunciar anteriormente, no tempo em que isso era imprescindível. Grosz, que detestava qualquer intromissão na sua vida pessoal, atendeu à porta. Schwitters se apresentou:

-Boa dia, Sr. Grosz, sou Kurt Schwitters.

Grosz, antes de bater a porta respondeu:

-Não sou Grosz. Schwitters desceu as escadas, parou, e voltou do meio do caminho, pedindo um momento a Mehring. O artista tocou novamente a campainha da casa de Grosz, que abriu a porta novamente e, antes que pudesse dizer palavra, Schwitters declarou:

- Eu também não sou Schwitters.

O segundo episódio foi relatado por Raoul Hausmann (1886-1971), no Courrier Dada (Paris: Le Terrain Vague, 1958), sobre seu encontro com Schwitters. Baarder estava sentado no café onde os Dadaístas costumavam se reunir, quando um homem se aproximou pedindo para ser aceito no seu Clube Dadá [Club Dada], que ele imediatamente reusou: o recusado era Schwitters. O artista conseguiu posteriormente algumas amizades no grupo berlinense, como as de Hanah Höch (1889-1978), Raoul Hausmann (1886-1971) e Gerhard Preiss, com quem ele viajou, promovendo eventos performáticos de declamação de poesias, como a Sonate e a Ursonate, entre outras performances, como Hausmann descreveu no seu livro. Durante essa excursão, que levou os artistas da Alemanha até a República Tcheca (Hanover - Praga, 1921-1922), o coletivo se auto-denominou Anti-Dadá-Mércio[Anti-Dada-Merz]. Tanto Hausmann quanto sua companheira, Hannah Höch, haviam se desligado do Dadaísmo, que tinha terminado de modo lamentável em Berlim (1920, v. abaixo).



Desde que foi rejeitado pelos Dadaístas Schwitters lançou a revista Merz (Hanover, jan., 1923-1932;), e nela passou a publicar vários simbolos gráficos Anti-Dadá na capa, bem como no interior da publicação. Na obra de Schwitters tudo se chamava Merz: o nome para suas obras foi criado com o radical tirado da sílaba central da palavra Privat Kommerzbank [Banco Comercial Privado]. Schwitters passou a utilizar a palavra Merz como título, cujo radical antecipava e designava todas as suas obras. Schwitters, além de artista plástico, foi escritor e performático; ele escreveu seu poema Sonate e depois, o poema sonoro Ursonate, publicado em vários livros, e que deu origem a muitas de suas performances, inclusive a apresentada por ele no salão de certa dama da sociedade na cidade militar de Postdam. Nesse local Schwitters recitou a Ursonate, nela introduzindo os mais variados sons, inventados por ele. Schwitters foi além, e gravou o movimento Scherzo da sua Ursonate, lançado no disco Gramophonplatte, divulgado na revista Merz (n. 13; ouvir a gravação Merz no. 24 (3`24``).MP3 Format Sound. Disponível: (URL)S-kurt_Ursonate-Merz-no.24-1932mp3
Quando o grupo Anti-Dada-Merz, formado com H. Höch, R. Hausmann e Gerhard Preiss chegou a Praga (set., 1921), de acordo com o relato de Hausmann, ele e Hannah Höch recitaram o poema intitulado La Grande Révolution a Revon, de Schwitters, que Hausmann apreciava


[…] por sua retórica elementar e linguagem extremamente funcional […]


Esse texto, que parodiava uma revolução, foi alternado com o do poema Cigarra [Cigarren] (Schwitters) e alguns poemas fonéticos como fmsbw e Kperioum (Hausmann). Gerhard Preiss apresentou 61 passos de dança no Trote Dadá [Dada Trott], durante a excursão na rota Berlim – Praga (1920-1921).



REFERÊNCIAS SELECIONADAS:



CATÁLOGO. ADES, D. Dada and Surrealism Reviewed. Introduction by David Syilvester and supplementary essay by Elizabetn Cowling. London: the Authors and the Art Council of Great Britain, Hayward Galleries, 1978. 475p.: il., pp. 123-124.




CATÁLOGO. HULTEN, P. (ORG.); JUANPERE, J.A.; ASANO, T.; CACCIARI, M.; CALVESI, M.; CARAMEL, L; CAUMONT, J; CELANT, G; COHEN, E.; CORK, R.;CRISPOLTI, E.; FELICE, R; DE MARIA, L.; DI MILLIA, G.; FABRIS, A.; FAUCGEREAU, S.; GOUGH-COOPER, J.; GREGOTTI, V.; LEVIN, G.; LEWISON, J.; MAFFINA, F.; MENNA, F.; ÁCINI, P.; RONDOLINO, G; RUDENSTINE, A.; SALARIS, C.; SILK, G.; SMEJKAI, F.; STRADA, V.; VERDONE, M.; ZADORA, S. Futurism and Futurisms. New York: Solomon R. Guggenheim Museum, Abeville Publishers, 1986. 638p.: il, retrs., p. 456.

 

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