sábado, 10 de novembro de 2012

 
HISTÓRIA DO PÓS-IMPRESSIONISMO EUROPEU.
BIOGRAFIA: SEURAT, Georges-Pierre (1859-1891).

Pintor francês, Seurat foi o principal artista do Pontillhismo ou Divisionismo, a técnica que marcou o movimento dito, chamado de Neo-Impressionismo e, duas décadas depois de Pós-Impressionismo. Seurat foi estudioso das obras dos grandes mestres; o artista, filho rebelde dos Impressionistas estudou com Eugène Delacroix na Escola do Museu do Louvre. Na sua arte voltou-se para as obras de Édouard Manet (1832-1883), Claude Monet (1840-1926), de Pierre Renoir (1841-1870), e Camille Pissarro (1830-1903).



Seurat mergulhou também no estudo das teorias de Eugène Chevreul (1786-1889), químico, intelectual, amigo dos artistas plásticos Neo-Impressionistas, vizinho dele e diretor, durante décadas, da Tinturaria dos Gobelins (1824-1883). Chevreul escreveu o resultado de suas observações no livro A Lei dos Contrastes Simultâneos.



Seurat, que buscou suas cores e seus temas no movimento dos Impressionistas, executou inúmeros esboços para compor seu primeiro grande quadro O Banho (Une Bagnade, 1883-1884), que o artista pintou em Asnières. São conhecidos os estudos Garotos no banho (óleo/ tela), Cavalo e barco (óleo/ tela) e Cinco figuras masculinas (óleo/ tela), que, como a pintura original, foram todos produzidos no mesmo ano e se encontram reproduzidos (CLAY, 1973). Esta pintura de Seurat foi recusada no Salão de Belas Artes (1884), mas foi exibida no primeiro fracassado Salão dos Artistas Independentes (1884), presidido por Odilon Redon (1840-1916). A pintura inovadora de Seurat foi relegada ao espaço da parede atrás do buffet, permanecendo separada da mostra, conforme relatou o crítico de arte Félix Fénéon (v. biografia abaixo). Poucos espectadores puderam discernir no quadro de Seurat a obra inovadora, se bem que ainda não completamente Pontilhista. A obra Banhistas, logo suscitou grande admiração, por parte de artistas de vanguarda. Seurat conseguiu então seu mais fiel seguidor, Paul Signac (1863-1935); juntos formaram o coração pulsante do movimento do Pontilhismo no Pós-Impressionismo. Mais tarde outros artistas se associaram ao movimento como Maximilien Luce, Louis Hayet (1864-1940) e Lucien Pissarro (1863-1944). Os seguidores adotaram a difícil técnica pictórica iniciada por Seurat, seguida mais acentuadamente somente por Paul Signac.



Seurat utilizava o pigmento puro sobre a tela e, através de técnica pictórica complexa ele pintou o verdadeiro Manifesto de seu movimento representado pelo quadro Manhã de domingo na Ilha de La Grande Jatte (1884-1885), Durante vários meses Seurat visitou todos os dias a ilha de La Grande Jatte, aproveitando a luz da manhã para pintar e levando a composição para seu estúdio. O artista cobriu a tela com milhares de pequenas pinceladas delicadas, utilizando apenas a ponta do pincel: suas figuras da tela pareciam completamente imobilizadas, congeladas em momento especial. O artista apresentou este quadro-manifesto pictórico no outro Salão dos Artistas Independentes (1885). Logo depois, Seurat iniciou outra pintura, que ele também levou mais de dois anos para terminar: Modelos, grande versão (1886-1888), obra interessantíssima que participou de inúmeras mostras, inclusive as da Sociedade dos XX (Bruxelas, Bélgica, 1874-1886; v.). Este importante grupo belga organizou mostras anuais de arte, nas quais os artistas franceses foram convidados especiais; várias vezes Seurat e Signac expuseram suas obras na mostra anual belga (1887; 1888; 1889; 1892; v.).



Félix Fénéon tornou-se o principal crítico de arte, admirador e divulgador da obra de Seurat: ele participou do comitê organizador que dispôs as pinturas no último citado Salão dos Artistas Independentes (1891). Uma semana depois da inauguração da mostra Seurat ficou súbitamente doente e faleceu no domingo de Páscoa (29 mar., 1891), com a idade de 32 anos incompletos; seu filho de apenas 13 meses de idade morreu também na época e provávelmente da mesma causa desconhecida e sua companheira, Madeleine Knoblock perdeu o segundo filho do pintor, que estava esperando. Foi verdadeira tragédia.



A familia de Seurat encarregou Félix Fénéon, Maximilien Luce e Paul Signac de procederem ao inventário das obras do pintor. Os amigos do artista catalogaram 42 pinturas sobre tela, mais de 160 croquis e mais de 500 desenhos. Foi Fénéon o promotor da primeira retrospectiva da obra G. Seurat, ele que se transformou no principal crítico da arte dos Neo-Impressionistas. A partir da obra Pontilhista de Seurat mostrada no Grupo da Sociedade dos XX (v.), se formou a ramificação belga do Neo-Impressionismo na qual se destacou a obra de Théo van Rysselberghe.



REFERÊNCIAS SELECIONADAS:



ARTIGO. Dans L´Atelier de Teinture des Gobelins. Paris: Conaissance des Arts, n. 670, avril, 2009, pp. 114-119.



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BOCOLA, S. The art of modernism: Art Culture and Society from Goya to the Present Day. Translated by Catherine Shelbert & Nicholas Levin. Edimburgh: Fiona Elliot. Munchen: Prestel, 1999,
pp. 126, 127.



CHAMPIGNEULLE, B. A Arte Nova. Tradução de Maria Jorge Couto Viana.
Cacém (Portugal): Verbo, 1973. 309p., pp. 82-83.



CLAY, J. (Org.); HUYGUE, R. (Pref.). Impressionism. Paris: Librairie Hachette - Société d' Ëtudes et de Publications Economiques, 1973, pp. pp. 270-282, 290-291.

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