DOS NABIS [PROFETAS, EM HEBREU ARCAICO] (Pont-Aven, 1888; Paris, c. 1890-1900). Destaques: SERUSIER, Paul, Paul RANSON e Édouard VUILLARD.
O Grupo dos Nabis nasceu sob a influência da pintura de Paul Gauguin. O artista francês passou o ano pintando (1887): junto com seu amigo, o pintor inglês Charles Laval, quando ambos viajaram para a região turística de Pont-Aven (1888). Alguns meses mais tarde o jovem estudante da Escola Nacional Superior de Belas Artes, Émile Bernard, se associou ao grupo. Ocorreu um dos mais marcantes encontros para a arte moderna, o do aluno e massier da Academia Julian (v.), Paul Sérusier (1864-1927), que conheceu Paul Gauguin por intermédio de Émile Bernard.
Gauguin deu uma aula de pintura moderna a Sérusier, ensinou-lhe a interpretação Abstrata da paisagem do Bosque do Amor: o artista pintou essa lição em uma tampa de caixa de charutos e levou o quadro, que batizou de O Talismã, para Paris. Essa obra marcante da arte das vanguardas francesas mudou a sorte de Sérusier e possibilitou ao artista fundar, juntamente com vários colegas de academia, o Grupo dos Nabis [Profetas, em hebreu arcaico]. Participaram do grupo bem sucedido vários artistas que pertenceram à alta sociedade francesa: Pierre Bonnard (1867-1947), Maurice Denis (1870-1943), Vincent Ibels, o escultor e professor da Academia de La Grande Chaumiére, Aristide Maillol e seu amigo de toda vida, o húngaro Josef Rippel-Ronai (1861-1927); Paul Ranson, fundador da Academia Ranson (v.), Ker-Xavier Roussel (1867-1944), Paul Sérusier, o suíço Félix Valloton (1865-1925), Jean-Édouard Vuillard (1868-1940), além de outro artista pouco conhecido, como o amigo de Paul Sérusier, Jan Verkade (1868-1946). A maioria dos artistas do Grupo Nabis como Sérusier, Roussel e seu amigo Vuillard, se tornaram professores de arte na Academia Ranson (v.).
O grupo soube tirar proveito das excelentes relações que tinha na sociedade francesa e estruturou muito bem suas atividades artísticas. A Academia Ranson, fundada por Paul Ranson e administrada por sua esposa, France, foi o esteio econômico dos Nabis. Os artistas se reuniam freqüentemente no restaurante perto do ateliê de Paul Ranson, que passaram a chamar de O Templo (1889). A revista Art et Critique [Arte e Crítica] (1890), publicou o artigo que definiu a estética e a formação do Grupo do Nabis (v.) ou dos Nabistas. Todo o grupo desenvolveu obras de Arte Aplicada ou Artes Decorativas, com bastante sucesso na época, que incluíam pintura mural em frisas, tetos e paredes. Roussel e Vuillard decoraram o Teatro dos Campos Elísios, construído (1912-1913) por Gabriel Astruc (1864-1938), primeiro promotor da Temporada Russa [Saison Russe] (Paris, 1907; 1908). As esculturas e frisas em relevo foram do escultor Antoine Emile Bourdelle (1861-1929), que não participou do Grupo dos Nabis, mas ensinou escultura a toda uma geração de brilhantes escultores europeus.
Os artistas Nabis utilizaram as técnicas de Arte Aplicada à Estamparia de Tecidos, Tapeçarias Artísticas, Cenários e Figurinos teatrais e Pintura Mural, entre outras, como Desenho, Gravura e produção de Mobiliário especial, utilizando madeiras nobres e materiais preciosos como marfim, embutido na madeira com a técnica de Marchetaria. Os artistas produziram bonecos para a realização de espetáculos de marionetes, populares na época; e, nas Artes Gráficas, desenvolveram a composição e a confecção de programas, convites, cartazes e ilustração de livros destinados às mostras da época e aos espetáculos teatrais do poderoso grupo dos Simbolistas (v. Simbolismo), bem como os Nabis. Os artistas do grupo funcionavam como uma espécie de cooperativa de intelectuais e artistas livremente associados, que organizaram exposições de suas próprias obras: no total, o grupo realizou onze mostras coletivas de suas obras, inclusive na Galeria Le Barc de Bouteville (1891).
Um dos apoiadores do grupo dos Nabis foi o ator e diretor teatral Aurélien Lugné-Poe, que havia sido colega de alguns dos principais artistas do grupo no renomado Liceu Condorcet. Lugné-Poe tornou-se o divulgador do trabalho de vários artistas do grupo e fundou com o crítico de arte e escritor Camille Mauclair o Teatro da Obra [Théâtre de L´Oeuvre] (v.). O principal teórico do Grupo dos Nabis foi Maurice Denis (1870-1943), um dos primeiros pintores que publicaram artigos sobre arte nas revistas francesas, a partir de seu artigo Definição do Neo-Tradicionalismo [Définition du Neo-Tradittionisme] publicado na revista Art et Critique (23-30 ago., 1905). Anos mais tarde a coletânea dos textos críticos de Denis, inclusive versando sobre artistas de seu tempo como Paul Cézanne e Paul Gauguin foi reunida nos livros Do Simbolismo ao Classicismo: Teorias [Du Symbolisme au Classicisme: Théories] (1912) e Novas Teorias [Nouvelles Théories] (Paris, 1922).
REFERÊNCIAS SELECIONADAS:
ELLRIDGE, A. Gauguin and the nabis: prophets of Modernism. Paris: Terrail, 1995, p. 100.
FRÉCHES-THORY, C., TERRASSE, A.; LE ROUX, J. Les Nabis. Tours: Flammarion, 1990, pp. 17-20.
PRATHER, M. Paul Gauguin: a retrospective. New York: Charles F. Stuckey, Park Lane, 1985. 387p.: il., pp. 30-57
TESCH, J.; HOLLMANN, J. Icons of Art: p. 82. the 20th Century. New York: Ekhardt Hollman, Prestel, 1997. 216p.: il.,
Nenhum comentário:
Postar um comentário