Arte européia de vanguarda, desde seus primórdios, no século XIX: biografias e história, artistas, escolas, grupos e movimentos.Imagem da Exposição dita, Neo-plástica, no Museu Sztuki em Łodz (1946), projetada por Władysław Strzeminski para expor seleção das 111 obras da nata das vanguardas européias, colecionadas pelo Grupo Internacional dos A. r. (Artistas revolucionários, 1929-1936).
quinta-feira, 4 de junho de 2015
BIOGRAFIA: MARTINS, Maria; Maria de Lourdes Alves Martins Pereira de Souza (1894-1973).
BIOGRAFIA: MARTINS, Maria; Maria de Lourdes Alves Martins Pereira de Souza (1894-1973).
A artista brasileira que nasceu em berço de ouro foi uma bela mulher, filha do político mineiro João Luiz Alves (Campanha, Minas Gerais). A artista casou-se com o jurista e historiador Octávio Tarquínio; e depois, com o diplomata Carlos Pereira de Souza que ocupou postos importantes, pois, antes e depois da Segunda Guerra Mundial foi embaixador brasileiro no Japão. Martins tornou-se jornalista, escritora e escultora brasileira de renome internacional, com toda a sua carreira desenvolvida no exterior através das mostras internacionais das quais suas obras escultóricas participaram.
Martins viajou para o Equador (1926), onde começou a esculpir em madeira; depois ela viveu na França, onde estudou música e pintura (Paris, 1930). Na capital francesa a artista conheceu e conviveu com vários escritores e artistas do grupo Surrealista, como André Breton, Marcel Duchamp, Alexander Calder e Jean Tinguely. Martins viajou para o Japão juntamente com sua família, quando trabalhou sua arte nas técnicas cerâmicas; de volta à Europa Martins estudou escultura com Oscar Jeyper (Bruxelas, 1939). A artista viveu nos Estados Unidos (1940-1942) onde expôs esculturas fundidas em bronze na sua primeira mostra individual, realizada na Galeria de Arte COCORAN (Washington D.C., 1941). O texto de apresentação no catálogo da mostra foi escrito por André Breton, que passava sua temporada norte-americana (1940-1948). Martins expôs suas obras em mostras individuais na Galeria Valentine (Nova York; 1943; 1944; 1946). Na mesma Valentine (Nova York, 1942) a escultora brasileira expôs na sua primeira mostra conjunta com Piet Mondrian (1872-1944), naquela que foi a última exposição do artista em vida.
Maria Martins voltou a viver no Brasil (São Paulo) e foi uma das organizadoras, junto com sua amiga Yolanda Penteado (1903-1983) da I Bienal Internacional (São Paulo, 1951). Martins tornou-se cofundadora do MAM (Rio de Janeiro), para o qual doou pintura de Piet Mondrian. No Brasil, Martins expôs suas obras escultóricas na II Bienal Internacional (1953): ela foi premiada na III Bienal (1955). Na II Bienal Martins expôs as esculturas Benditas Sejas Tu Terra Fecunda (bronze, 1950); Orpheus (bronze, 1952); Cheia de Graça (1953); Tue-Tête (bronze, 1950) e Yemanjá (estanho, 1953). Uma destas obras se encontra reproduzida no catálogo da mostra.
Martins possui obras em importantes acervos como o do Museu Metropolitano (Nova York) e no Museu de Arte da Filadélfia. Obras da artista participaram de mostras coletivas internacionais como a Exposição Internacional de Pittsburgo no Instituto arnegie (Pittsburg, 1940); da Mostra Latino-Americana de Belas Artes [Latin American Exibition of Fine Arts] no Museu Riverside e de mostra na Galeria Bucholtz (Nova York, 1942); de coletiva no Museu de Arte Dayton (1944) e na Galeria de Arte de Saint Louis (Missouri, 1946). A artista foi homenageada com Sala Especial na grande mostra do Surrealismo realizada no CCBB (Rio de Janeiro, 2001). Nesta mostra foram apresentadas 14 esculturas de Martins, todas em bronze, sendo algumas de grande dimensões, entre as quais destacamos: Le couple [O casal] (1943, bronze, 58,5 cm x 39 cm x 40,5 cm); Aranha (1946, bronze, 6,5 cm x 17,13 cm); La femme a perdu son ombre [A mulher perdeu sua sombra] (1946, bronze, 128 cm x 27,5 cm x 23 cm), todas na coleção Jean Boghici (Rio de Janeiro); e N'oublie pas que je viens des tropiques [Não se esqueça que venho dos trópicos] (bronze, 95 cm x 110,70 cm) e Orpheus [Orfeu], (1953, bronze, 101 cm x 60 cm x 80 cm), duas obras pertencentes à coleção Sérgio Fadel (Rio de Janeiro); Sombras (bronze, 200 cm x 160 cm x 100 cm), na coleção da Dan Galeria (São Paulo). As esculturas A Mulher e sua Sombra (bronze, 150 cm x 200 cm x 48 cm) e Canto da Noite (1968, bronze polido, 165 cm x 200 cm x 108 cm), foram doadas pela artista para o acervo do Palácio Itamaraty, inaugurado por Juscelino Kubitschek (Brasília, 07 junho, 1960).
A beleza e a simpatia de Maria Martins estão estampadas na fotografia tirada em companhia de Emiliano Di Cavalcanti (1897-1976), ambos segurando o quadro Pablo Picasso Mulher em Repouso, no momento em que a pintura do catalão foi desembalada para participar da Sala Especial do artista na II Bienal Internacional (São Paulo, 1953). A fotografia foi publicada na Vogue Brasil (São Paulo: Edição Extra, 1984) que homenageou a grande dama da sociedade paulista Yolanda Penteado, por ocasião de seu falecimento (Paris, 1984).
Martins publicou os livros A Índia e o Mundo Novo; Ásia Maior e O Planeta Clima. No século XXI Maria Martins permanece Surrealista, ser cheio de mistérios na vida e na obra monumental: serão necessárias muitas pesquisas para sequer tocarem a fimbria da personalidade dessa mulher fantástica, escultora brasileira.
REFERÊNCIAS SELECIONADAS:
ARTIGO. MESQUITA, I. Yolanda e as Bienais de São Paulo. São Paulo: Vogue Brasil, Carta Editora, edição extra Yolanda Penteado, 1984, pp. 106-107.
ARTIGO. SILVA, B. C. Biografia decifra arte e mistérios de Maria Martins. São Paulo: O Estado de São Paulo, caderno 2, D4, 27 dezembro, 2004
CATÁLOGO. ADES, D. Art d'Amerique Latine 1911-1968. Paris: Museé National d'Art Moderne, Centre Georges Pompidou, 1992.
CATÁLOGO. ADES, D. Dada and Surrealism Reviewed. Introduction by David Syilvester and supplementary essay by Elizabetn Cowling. London: the Authors and the Art Council of Great Britain, Hayward Galleries, 1978. 475p.: Il., p. 320.
CATÁLOGO. BARBOSA, A. M. Catálogo Geral de Obras 1963-1993. São Paulo: Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, Fundação Bienal, 1993.
CATÁLOGO. BEAUMELLE, A. de la; MONOD-FONTAINE, I.; SCHWEISGUTH, C. André Breton: La Beauté Convulsive. Paris: Musée National d'Art Moderne, Centre Georges Pompidou, 1991.
CATÁLOGO GERAL. II Bienal do Museu de Arte Moderna. São Paulo: EDIAM, 1ª ed., dez., 1953, p. 41.
ITAMARATY. Palácio Itamaraty Brasília: Brasília, Rio de Janeiro. São Paulo: Banco Safra, 2002, pp. 118-121.
LISTAGEM geral das obras da mostra Surrealismo. Rio de Janeiro: CCBB, 2001.
(Fornecida a pedido da autora pelo CCBB, 2001).
PIERRE, José. L' Univers Surréaliste. Paris: Somogy, 1983, p. 318.
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