segunda-feira, 22 de setembro de 2014

NOAILLES, Anna Elizabeth de Brancovan, Condessa de Noailles (1876-1933), casada com o Conde Mathieu Fernand Frédéric Pascal de Noailles (1873-1942); NOAILLES; Arthur Anne Marie Charles, Visconde de Noailles (1891-1981); casado com NOAILLES, Marie-Laure, Viscondessa de Noailles (1902-1970).

NOAILLES, Anna Elizabeth de Brancovan, Condessa de Noailles (1876-1933), casada com o Conde Mathieu Fernand Frédéric Pascal de Noailles (1873-1942); NOAILLES; Arthur Anne Marie Charles, Visconde de Noailles (1891-1981); casado com NOAILLES, Marie-Laure, Viscondessa de Noailles (1902-1970). O casal de mecenas e colecionadores da arte das vanguardas do início do século XX, Charles, Visconde de Noailles foi descendente direto da antiga aristocracia francesa. Um de seus antepassados foi Anna de Brancovan, condessa de Noailles, que, na sua época, foi considerada uma das melhores e mais destacadas poetisas do país. A princesa Anna Elisabeth Bibesco-Bassaraba de Brancovan (15 nov. 1876 – 30 abr., 1933), filha de príncipe de origem romena, desposou (1897) o conde Mathieu de Noailles (1873-1942), o quarto filho do sétimo Duque de Noailles; seu filho único foi o conde Anne Jules de Noailles (1900-1979). A jovem Anna, bela, culta, cultivada, se transformou na verdadeira rainha dos salões parisienses: ela foi a primeira mulher que recebeu a Comenda da Legião de Honra, foi a primeira mulher a ser recebida na Academia Real Belga da Lingua e Literatura Francesa e recebeu o Grande Prêmio da Academia Francesa de Artes e Letras (1921). Anna publicou seus poemas de amor e natureza inicialmente na Revue des Deux Mondes [Revista dos Dois Mundos], posteriormente reunidos nos livros Un Coeur Innombrable (1901); L'Ombre des jours (1902); La Nouvelle Espérance (1903), Le Visage émerveillé (1904), Maladie, Idée du néant, La Domination (1905), Les Éblouissements (1907), Les Vivants et les Morts (1913); Les Forces éternelles (1920), Les Innocentes, ou La Sagesse des femmes (1923), Honneur de Souffrir (1927), Poèmes d'enfance (1928); Exactitudes, Paris (1930). Foi publicado póstumamente Derniers Vers et Poèmes d'enfance (1934). Anna escreveu contos e romances como La Nouvelle Espérance (1903) e Le Visage émerveillé (1904): e escreveu a sua autobiografia (1932). Muitos homens ficaram aos pés de Anna de Noailles, e sofreram por seu amor como o poeta Charles Demange, que dizem, suicidou-se por sua causa (1909); e o escritor e editor Maurice Barrés, associado a um episódio do Grupo do Surrealismo, que comentavam ter sido seu amante. A poetisa Anna foi admirada por grandes personalidades e intelectuais da elite de sua época, como o escritor Marcel Proust, o Conde Edmond de Rostand e o escritor italiano Gabrielle D' Annunzio, Francis Jammes, Colette, Frédéric Mistral, Robert de Montesquiou-Fezensac, Paul Valéry, Jean Cocteau, Pierre Loti, Paul Hervieu e Max Jacob. Muitos artistas conhecidos pintaram o seu retrato incluindo Antonio de La Gandara, Kees van Dongen, Jacques Émile Blanche e o retratista britânico Philip de Laszlo. O seu rosto também foi esculpido por ninguém menos que Auguste Rodin: o modelo pode ser apreciado no Museu Rodin (Paris, 1906); e o busto, em mármore, pertence á coleção do Museu Metropolitano (Nova York). A viscondessa Marie-Laure de Noailles (31 out., 1902- 29 jan., 1970), nascida Marie-Laure Henriette Anne Bischoffsheim, filha única de Marie-Thérèse de Chevigné, a aristocrata francesa casada com Maurice Bischoffsheim, banqueiro de ascendência judaica-alemã e descendente de americanos Quakers, tornou-se a sucessora da poetisa Anna de Noailles nos salões elegantes da cidade-luz e marcou como mecenas sua presença na arte de vanguarda do século XX. O casal Charles e Marie-Laure encomendou o projeto de seu palacete em Hyères ao famoso arquiteto norte-americano que passou temporada em Paris, Robert Mallet-Stevens (1886-1945). Esta vila no estilo Cubista, serviu de cenário para o filme que o Visconde Charles de Noailles produziu, Os Mistérios do Castelo do Dado [Les mystères du Chateau de Dé] (1929, FR, B&P, Silencioso, 69'), de autoria de Man Ray; e, no ano seguinte, o Visconde patrocinou A Idade de Ouro [L' Âge d' Or] (1930, FR, B&P, S, 62'), criação conjunta de Salvador Dali (1904-1989) e Luis Bunuel (1904-1983). O segundo filme foi censurado, considerado profano e anti-religioso e levou o Visconde de Noailles a ser excomungado pela Igreja Católica. Esse filme produziu o famoso Caso da Idade de Ouro [L’ Affaire de L’ Âge d’ Or] (v., abaixo). Ambos os filmes citados, bem como o outro filme que o Visconde patrocinou, O Sangue de um Poeta (1930), de Jean Cocteau, quando Pablo Picasso atuou, foram todos exibidos no Festival Cinema e Vídeo Surrealismo, realizado no CCBB (Rio de Janeiro, 2001). Marie-Laure descendia da família do Conde de Sade, mais conhecido como o Marquês de Sade ( , e sempre mostrava aos convidados originals dos livros escritos por ele. Desde que os escritores Surrealistas redescobriram e republicaram os escritos de seu antepassado ilustre, ele ficou muito conhecido no século XX. A avó de Marie-Laure, foi Laure de Sade, a Condessa de Chevigné e inspirou pelo menos um caráter no livro mais conhecido de Marcel Proust, Em Busca do Tempo Perdido. O casal Charles e Marie-Laure de Noailles recebeu muitos artistas das vanguardas francesas para festas, almoços e jantares no seu palacete, quando apoiaram, financiaram e adquiriram obras de muitos vanguardistas, como Georges Braque, Jean Cocteau, Salvador Dali, Alberto Giacometti, Henri Laurens, Fernand Léger, Joan Miró, Pablo Picasso e Yves Tanguy, entre outros. Antes de se casar com o Visconde de Noailles, Marie-Laure manteve paixão adolescente por Jean Cocteau, que se transformou no líder das vanguardas parisienses na década de 1920. A sua família dissuadiu-a dessa ligação com o artista multimídia, para quem Marie-Laure e o marido patrocinaram filmes e peças teatrais. O casal, que teve duas filhas, Laure Madeleine Thérèse Marie de Noailles (Sra. Bertrtand de La Haye Jousselin, que faleceu em 1970) e Nathalie Valentine Marie de Noailles (Sra. Alessandro Perrone, que faleceu em 2004), também organizou saraus musicais, como a primeira audição de Aubade, dito, Concerto coreográfico de Francis Poulenc para piano e dezoito instrumentos musicais (dur. 21'). Essa peça composta em dez partes (Fontainebleau, maio-jun., 1929), foi dedicada pelo músico ao Visconde e Viscondessa de Noailles, e, na sua primeira apresentação recebeu cenografia de Jean-Michel Frank (1895-2941), coreografia de Bronislava Nijinsky (1891-1972), quando o compositor se apresentou ao piano acompanhado por 17 instrumentos, no sarau realizado na residência parisiense dos Noailles (18 jun. 1929). A mesma peça foi apresentada ao público com a estrela dos Ballets Russes de S. P. Diaghilev (1872-1929), com a bailarina Vera Nemtchinova e coreografia do russo Georges Balanchine (1904-1983), no Teatro des Champs Elysées (Paris, 21 jan., 1930). Outra apresentação na residência dos Noailles, desta vez de O Baile de Máscaras [Le Bal masqué], Cantata de Francis Poulenc para barítono ou meio-soprano, baixo, clarinete, fagote, oboé, violino, violoncelo, percussão e piano, composta pelo músico (Noizay, fev. – Cannes, 10 abr., 1932), e apresentada em primeira audição no palacete dos Noailles (Hyères, 20 abr., 1932). Nessa ocasião essa música dedicada ao Visconde e Viscondessa de Noailles, foi cantada pelo barítono Gilbert Moryn, com o próprio compositor ao piano sendo regente Roger Desormière. A partitura foi publicada no mesmo ano (Paris: Rouart Lerolle, 1931). Os colecionadores, o Visconde e a Viscondessa de Noailles possuíam nas paredes de sua residência pinturas originais de Peter Paul Rubens, exibidas com as de Paul Klee, Pablo Picasso e Joan Miró, entre outros artistas renomados e destacados na sua época. O casal encomendou ao escultor Alberto Giacometti a gigantesca escultura de forma fálica, que colocaram no centro do jardim Cubista do seu palacete em Hyères. A revista VOGUE (Nova York, dez., 2001), publicou extenso artigo, ilustrado com várias fotografias do casal Charles e Marie-Laure de Noailles reunidos a artistas das vanguardas francesas, que participaram das recepções promovidas pelo famoso casal. A revista publicou a fotografia do jardim do palacete dos nobres, com a escultura de Giacometti nele; posteriormente a obra participou de exposição realizada na Kunsthaus (Zurique, 2000). O retrato da poetisa Anna de Noailles se encontra reproduzido (CASSOU, 1988: 200; MAURIÈS 1998: 31; e MONTREYNOUD, 1995: 31), que também publicou a fotografia de Marie-Laure de Noailles. O palacete do Visconde e da Viscondessa Marie-Laure de Noailles, no n. 11, Place de États–Unis, em Paris, construído por seu avô, o banqueiro Bischoffsheim, foi adquirido pela companhia dos Cristais Baccarat. Na década de 1920 os interiores foram redecorados pelo conhecido decorador e desenhista de estética simplificada, que hoje seria considerada minimalista, Jean-Michel Frank (1895-1941; v. Exposição Universal, a ser publicado posteriormente). Na década de 1980 a residência parisiense que sedia o Museu Baccarat foi novamente redecorada, desta vez por Philippe Stark, estrela da decoração internacional no século XX-XXI. REFERÊNCIAS SELECIONADAS: DICIONÁRIO. SCHMIED, W.; WITFORD, F.; ZOLLNER, F. The Prestel Dictionary of Art and Artists in the 20th century. München – London - New York: Prestel, 2000. 383p.: il., p. 452. DICIONÁRIO. THOMPSON, K. A Dictionary of Twentieth-Century Composers1911-1971. London: Farber & Farber, 1973. 666p. 16,5 x 24,5 cm, p. 357. ENCICLOPÉDIA.CASSOU, J.; BRUNEL, P.; CLAUDON, F; PILLEMONT, G.; RICHARD, L. (Col.). Petite Encyclopedie du Symbolisme: Peinture, Gravure et Sculpture, Littérature, Musique. Paris: Somogy, 1988, p. 200. INTERNET. Jean Cocteau. From Wikipedia, the free encyclopedia. Disponível em: Acesso: 20 set., 2009. INTERNET. Marie-Laure de Noailles. From Wikipedia, the free encyclopedia. Disponível em: Acesso em 20 set., 2009. MAURIÈS, P. Jean Cocteau. London: Thames & Hudson, 1998, p. 31. MONTREYNOUD, F.; BADINTER, E. (Pref.); HELFFER, C (Cinema); KLYMAN, L.; PERROT-LANAUD, M.; AUDÉ, F. Le XXe Siécle des Femmes. Paris: Nathan, 1995, pp. 31, 557. VOGUE. New York: dec., 2001.

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