sábado, 30 de agosto de 2014

TÉCNICAS NA ARTE (INTERNACIONAL): FOTOGRAFIA (1826-Hoje).

TÉCNICAS NA ARTE (INTERNACIONAL): FOTOGRAFIA (1826-Hoje). A fotografia é arte documental que utiliza aparato mecânico, a máquina fotográfica, para gravar imagens variadas, que, em seguida, foram transpostas para diversos meios como chapas de vidro até conseguirem a sua fixação no papel. A Fotografia não foi invenção de um único homem, foi invenção coletiva, aperfeiçoada durante mais de dois séculos; no entanto, costuma-se citar como seu inventor o artista plástico francês Joseph Nicéphore Niepce (1786-1933), o primeiro a fixar uma imagem na placa metálica (França, 1826). A Fotografia foi desenvolvida por técnicos, quimicos e pesquisadores em muitas gerações, utiliza instrumento de mediação, a máquina fotográfica, aparelho reprodutor de imagens óticas. Não somente o aparelho, mas a reprodução da imagem capturada por este artefato sempre necessitou passar por vários procedimentos técnicos, banhos e processamentos químicos, para que fôsse reproduzida e fixada em anteparo e pudesse ser visualizada de forma independente do aparelho. Desde o século XVIII variaram os suportes da fixação da imagem fotográfica: a imagem foi fixada em placas de metal, vidro, e, quando começou a se popularizar desde meados do século XIX, fixada no papel especial, o dito, papel fotográfico, que recebe a emulsão química que permite fixar nele a imagem obtida pela câmera. O físico francês Gabriel Lipmann pesquisou a solução para a fixação das cores na fotografia colorida; Lipmann foi homenageado com a Medalha Janssen (1892) e se tornou presidente da Sociedade Francesa de Fotografia (1897). Devido as suas pesquisas de fotografia pelo método interferencial, o físico francês recebeu o Prêmio Nobel de Física (1918); vários de seus estudos, tais como o método de determinação de diferenças de longitude (1914), levaram ao desenvolvimento dos processos posteriormente utilizados na fotografia colorida. Gustav Le Gray (1820-1882) foi renomado fotógrafo francês, que fundou várias associações das quais participou, como a Sociedade Heliográfica e a SFP- Sociedade Francesa de Fotografia. O artista se transformou em conselheiro de muitos fotógrafos de sua geração, que o procuravam para receber seus ensinamentos. Le Gray tornou-se conhecido quando escreveu artigos sobre fotografia, publicados nas revistas da época. O artista dedicou-se a resolver os problemas técnicos eletromecânicos, que a fotografia apresentava na época. Le Gray publicou seu Tratado Prático da Fotografia sobre Papel e sobre Vidro (Traité pratique de la photographie sur papier et sur verre. Paris, 1850); o livro foi re-editado com outros títulos (1851; 1852; 1856). Le Gray foi encarregado da dita, Missão Heliográfica, de pesquisa de documentação da arquitetura de La Tourraine e de L'Aquitaine (França). O artista foi reconhecido pela excelente documentação fotográfica que produziu, que depois levou-o a documentar os monumentos de Paris. Le Gray tornou-se o precursor da Fotografia Artística Documental, quando realizou a documentação fotográfica do Salão de Belas Artes, fotografado sob encomenda de seu diretor Philippe de Chenvières; as fotografias resultaram em dois álbuns, que sobreviveram ao tempo (Paris, 1852). Le Gray inventou o Colótipo, o novo método da impressão da fotografia sobre papel encerado seco, que o artista utilizou durante 15 anos. Um de seus temas preferidos foi a paisagem da Floresta de Fontainebleau (1849-1855), na época em que o Grupo da Escola de Barbizon (v.), como J-F. Millet, entre outros, se ocupou em pintar esta mesma paisagem. Outro tema de Le Gray foi o das marinhas, que registraram, entre outros, o porto de Le Havre e de Cherbourg (1856); o porto de Toulon, seguindo pelo litoral, próximo à Sète (1857). O artista encantou o público quando apresentou suas marinhas com céu tormentoso, expostas em Londres (1856) e (Paris (1857); uma destas fotos, A Onda [La Vague] (1856), se encontra reproduzida (BREUILLE, 1994). Outro tema do fotógrafo foram os retratos: Le Gray fotografou a Imperatriz Eugênia, a condessa espanhola que se tornou esposa de Napoleâo III (1856); e o líder político italiano Garibaldi (1860). Desde meados do século XIX Nadar (Gaspar Félix Tournachon,1836-1910) tornou-se famoso fotógrafo e retratista da alta sociedade parisiense: ele fotografou a maioria dos artistas e escritores importantes da época. Nadar ficou muito conhecido e alcançou meritório sucesso pois seus retratos tinham estilo diferente e simplificado; por este motivo o fotógrafo foi procurado por muitas personalidades como o escritor Charles Baudelaire (1821-1867); e os pintores Eugène Delacroix, Gustave Courbet, Édouard Manet, Claude Monet, Camille Corot e Honoré Daumier, entre muitos outros. Nos seus retratos a figura humana sobressaía sobre fundos neutros, sem nenhum tipo de ornamento, populares e bastante utilizados nas fotografias dessa época, como vasos de flores sobre mesinhas além de outros objetos decorativos. Na concepção documental de Nadar, a interpretação e a percepção do caráter do retratado fizeram a diferença e permitiram que as fotografias dele pudessem concorrer com o retrato pintado, comum na época. O artista fotografou musas em fotos artísticas, precursoras da fotografia moderna, como a atriz Sarah Bernhardt: ela posou em posições de langor romântico para fotografias sofisticadas, que mantiveram muitas afinidades estéticas com modelos de pintores nesse período. No final do século XIX foram os principais precursores do registro da locomoção humana e animal, o francês E-J. Marey, inventor da Cronofotografia; e o inglês que viveu prolongado período nos Estados Unidos, Edweard Muybridge, cujas pesquisas na fotografia deram origem à Arte Cinematográfica (v.). O desenvolvimento da Aviação deveu muito as pesquisas do cientista francês, Marey, através dos aparelhos inventados por ele que, durante algumas décadas, também influenciaram as Artes Plásticas. Outros fotógrafos se destacaram na nova modalidade artística: no Brasil não podemos deixar de citar as coleções que contém fotografias documentais de paisagens e dos costumes do nosso entre outros povos, pertencentes ao importante acervo reunido pelo Imperador D. Pedro II e a princesa Thereza Cristina, que pertencem ao Museu Imperial (Petrópolis, RJ). Outro fotógrafo muito importante no Brasil foi Marc Ferrez: ele documentou, com muita arte, as paisagens do Rio de Janeiro e de outras regiões brasileiras (São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul). A sua primeira coletânea publicada foi o Album de Vues du Brésil (Exécuté sous la direction de J. M. da Silva Paranhos, Baron de Rio Branco. Paris: A. Lahure, 1899). Seguiu-se o Avenida Central, 08 de março de 1903 – 15 de novembro de 1906 (Rio de Janeiro, 1907). Ferrez documentou muitos episódios históricos na vida brasileira, como a Revolta da Armada (Rio de Janeiro, 1893-1894), a construção de Belo Horizonte (Minas Gerais, 1894-); os festejos da Proclamação da República (1894-); a inauguração da estátua do Visconde do Rio Branco (Glória, Rio de Janeiro, 1902), e as inúmeras fotografias que compõem o álbum presenteado ao marechal Floriano Peixoto (1854-1895). Nossas gentes também foram retratadas por sua lente especial: os tipos populares dos ofícios de amolador de facas, cesteiro, garrafeiro, jornaleiro, vassoureiro, verdureiro, vendedores diversos, há muito desaparecidos de nossa cultura e que têm seu registro histórico nas fotografias de Ferrez, que publicou vários livros. A medida que a máquina fotográfica foi evoluindo, novos instrumentos foram inventados e, as fotografias como forma de arte foram evoluindo do ponto de vista técnico. No entanto, do ponto de vista artístico, apesar de todas as inovações tecnológicas introduzidas nesse meio, a arte da fotografia sempre dependeu e até hoje depende da sensibilidade do artista que utiliza a câmera. Encarada como arte a fotografia ocorreu desde meados do século XVIII, quando vários artistas plásticos europeus passaram a fotografar, especialmente os Pós-Impressionistas, sendo vários participantes do Grupo dos Nabis como Félix Valloton (1865-1925), Pierre Bonnard (1867-1947), Édouard Vuillard (1868-1940) e Maurice Denis (1870-1943); e o artista belga naturalizado francês, aluno de Gustave Moureau (Paris, 1826-1898), Henri Evenepoel (1872-1899); e o pintor destacado na Escola de Haia, George Hendrick Breitner (1857-1923), pioneiro holandês da fotografia instantânea, tirada nas ruas de Paris bem como na sua cidade natal, Roterdam. Breitner foi recentemente homenageado com mostra individual, que revelou-o como o primeiro fotógrafo de rua (Rotterdam Kunsthal, 09-06/ 16-09-2012). Na América do final do século XIX a fotografia passou a ser vista como forma de arte, principalmente pelo trabalho pioneiro do fotógrafo norte-americano que estudou na Alemanha, Alfred Stieglitz (1864-1946). Stieglitz lançou sua primeira revista, The Amateur Photographer [O Fotógrafo Amador] e se associou ao conhecido Câmera Clube de Nova Iorque [New York Camera Club], e logo lançou sua própria revista, Camera Notes [Notas da Câmera]. A revista foi ilustrada com reproduções de alta qualidade das fotografias de Sadakichi Hartmann e Charles H. Caffin, entre outros fotógrafos que surgiram no primeiro panorama da fotografia artística norte-americana. O Camera Clube patrocinou a primeira mostra de fotografias de paisagens, intitulada Fotografia Pictórica Americana, organizada pela Secessão Fotográfica [American Pictorial Photography arranged by the Photo Secession], realizada no Clube Nacional das Artes [National Arts Club] (Nova Iorque, mar., 1902). Stieglitz fundou com outros a associação de fotógrafos norte-americanos dita, Foto-Secessão [Photo Secession] (Nova Iorque, 1904). No ano seguinte A. Stieglitz inaugurou a primeira galeria dedicada à fotografia artística, dita, A Pequena Galeria dos Foto-Secessionistas [The Little Gallery of the Photo Secessionists], que posteriormente ficou conhecida como a Galeria 291 (Nova Iorque, 1905-1917). A galeria expôs obras de fotógrafos, mas logo passou a expor obras de artistas das vanguardas européias; Stieglitz favoreceu aos artistas, pois não cobrava nenhuma comissão para a galeria, sustentando esta atividade educativa as revistas associadas à fotografia artística, Camera Notes (Nova Iorque, junho, 1902 – dez., 1903) e a Camera Work (n. 01, jan., 1903 – n. 49/ 50, 1917), Entre vários fotógrafos norte-americanosdo início do século XX, destacou-se a na Arte Fotográfica a primeira fotógrafa, Gertrude Kasebier (1852-1934). Nas primeiras décadas outros fotógrafos, que desenvolveram técnicas simples na arte experimental da fotografia como a Solarização, foram o americano Man Ray (1890-1976), com a dita, Rayografia; e a Schadografia, desenvolvida na Europa pelo artista multimídia alemão Christian Schad (1894-1982). Outro artista europeu destacado no Dadaísmo suíço (1916-1919), foi o aluno da Bauhaus, Paul Citroen (1896-1983), que desenvolveu a Colagem e a Fotomontagem; posteriormente, vivendo em Nova Iorque, tornou-se celebrado fotógrafo de moda, publicando suas fotografias originalíssimas nas mais importantes revistas do setor, como a Vogue e a Vanity Fair, entre outras. Na Europa outros fotógrafos que desenvolveram técnicas experimentais pertenceram ao movimento Futurista (v. Futurismo na Fotografia: Fotodinamismo Futurista), como Umberto Boccioni (1882-1916), Anton Giulio Bragaglia (1890-1960) e F. T. Marinetti (1876-1944), entre outros Futuristas (c. 1910-1944). No Vorticismo inglês, o americano Alvin Langdon Coburn (1882-1966), fotografou o Vórtice, além de personalidades das artes e letras inglesas (Londres, c. 1914-1920). O primeiro movimento mais interessante associado à Fotografia artística na Alemanha, foi o da Nova Objetividade (1925-1932; v.), que produziu alguns artistas importantes dedicados a esta técnica. Foi Karl Nierendorf (1889-1947), conhecido negociante de importante galeria de arte (Alemanha - Nova Iorque), quem estabeleceu a ligação próxima com o fotógrafo da natureza, Karl Blissfield (1865-1932), que publicou vários livros de fotografia. Hans Finsler (1891-1972), lecionou Fotografia de Objetos na Escola de Arte e Arte Aplicada (Burg Giebichenstein, 1926-1932); ele fotografou com maestria objetos como Bulbos de Lâmpadas Elétricas (1928, B&P, na Galeria Staattliche Maritzburg, Halle). Albert Renger-Patzsch (1897-1966) fotografou vários materiais nas primeiras instalações industriais como o Depósito Krauss de Banheiras de Zinco (1926, P&B); Rodas Dentadas, Obras de Aço e Ferro Lindener (1928, P&B); e Gerador Kauper (1927, P&B), todas no Arquivo Albert Renger-Patzsch (Ann e Jürgen Zulpich), sendo as citadas reproduzidas (MICHALSKI, 2003). Outros fotógrafos destacados no movimento da Nova Objetividade (1925-1933) foram Albert Aereboe (1889-1970), Aenne Biermann (1898-1933) e August Sander (1876-1964), entre outros. No final da década de 1920 destacou-se o livro Foto-Auge [Foto - Olho], de autoria de Franz Roh, publicado com tipografia criativa de Hans Tschichold (1902-1974), e lançado na mostra FIFO: Filme & Foto (Stuttgart, 1928). Essa exposição foi organizada por vanguardistas como o artista multimídia alemão que tornou-se um dos primeiros cineastas europeus e, posteriormente, professor da arte cinematografica em Nova Iorque, Hans Richter (1888-1976). Destacaram-se na fotografia e no cinema os americanos Paul Strand (1890-1976) e Tina Modotti (1896-1942), quando viveram prolongada temporada no México (1923-1926). Entre outros fotógrafos destacados na segunda metade do século XX, François Kollar (1904-1979), Mário Giacomelli (1925-1981) e Jan Saudek sem esquecermos do brasileiro Sebastião Salgado (1944-), destaque internacional na segunda metade do século XX (v.). A Fotografia foi a primeira Arte Performática: pessoas foram fotografadas com sua aparência usual e roupas da época, bem como transformadas em personagens, na modalidade artística que denominei de Fotoperformance, personificação exclusiva para a câmera fotográfica como no Auto-Retrato como Drag Queen, de Andy Warhol (1928-1987). Dele destacamos os retratos de personalidades do século XX como Pelé, Mohamed Ali, Lisa Minelli na Fotografia Performática Autoral, produto destacado da câmera Polaroid, de revelação instantânea, hoje esquecida (Nova Iorque, década de 1960-1980). Na mesma época e cidade destacaram-se as fotografias eróticas de flores e seres humanos de Robert Mapplethorpe (1946-1989). Walter Benjamin (Walter Benedix Schönflies Benjamin, 1892-1940), ensaísta, filósofo, crítico literário, e sociólogo, colocou a Fotografia no centro da grande crise da arte, pivô do colapso da obra de arte como objeto único, devido à nova tecnologia, que passou a permitir a reprodução da obra (POPPER, 1993: 24). REFERÊNCIAS SELECIONADAS: CATÁLOGO. ADES, D. Dada and Surrealism Reviewed. Introduction by David Syilvester and supplementary essay by Elizabetn Cowling. London: the Authors and the Art Council of Great Britain, Hayward Galleries, 1978. 475p.: il., p. 45. BENTON, H. H. (Org.). Enciclopédia Barsa Rio de Janeiro - São Paulo: Encyclopaedia Britannica Ed., 1975, pp. 60, 308-313. CATÁLOGO. FSA: Os Grandes Fotógrafos Americanos. Curadoria de João Kulcsár. Galeria D. Pedro II. São Paulo: CAIXA Cultural, 16 maio – 08 jul., 2007. DICIONÁRIO.BREUILLE, J-P. Le dictionnaire mondial de la photographie, la photographie des origines a nos jours. Sous la direction de Jean-Philippe Breuille. Paris: Larousse, 1994, p. 45. FOLHETO. SIZA, T. Fotografia: Suporte da Memória, Instrumento da Fantasia. Rio de Janeiro: CCBB/ Centro Cultural Banco do Brasil, maio, 2005. INTERNET. Art Knowledge News - Keeping You in Touch with the World of Art... New York State Museum Exhibition Focuses on the Great Depression. Disponível: "Art News" .Acesso: 02 jan., 2011. MICHALSKI, S. New Objectivity. Neue Schlichkeit: Painting in Germany in the 1920s.– Painting, Graphic Art and Photography in Weimar Germany 191-1933. Köln - London - Los Angeles - Madrid - Paris - Tokyo: Taschen, 2003, pp. 180-193, 208-219. O´'KEEFFE, G. One Hundred Flowers. New York: Nicolas Callaway, Barnes and Noble, 1987, p. 24. POPPER, F. Art of the Eletronic Age. London: Thames and Hudson, 1993.

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