BIOGRAFIAS:
HOERLE, Angelika (1899-1923) E
HOERLE, Heinrich (1895-1936).
HOERLE, Angelika (1899-1923) E
HOERLE, Heinrich (1895-1936).
Heinrich Hoerle foi artista autodidata, que frequentou, de modo irregular, a Escola de Arte e Arte Aplicada de Colônia, na cidade onde nasceu. O artista associou-se ao Grupo Lunisten, juntamente com Max Ernst (1891-1976), Otto Freundlich (1878-1943) e Karl Nierendorf (1889-1947).
Angelika e Heinrich Hoerle estiveram entre os principais artistas dadaístas, na cidade em que o movimento tornou-se muito presente devido a participação do dito, Dadamax Ernst, Johannes Theodor Baargeld (Alfred Grunewald, 1895-1927), Hans Arp (1872-1966) e Franz Wilhem Seiwert (1894-1933). Heinrich Hoerle tornou-se colaborador das revistas O Ventilador [Der Ventilador] e O Camarada [Die Shammmade] (1919-1921), citadas entre as principais publicações Dadaístas, cujos editores foram Johannes Baargeld, um dos mais destacados artistas entre os dadaístas em Colônia, juntamente com Jos Smets e Ernst. A primeira revista citada, publicada semanalmente, mostrou combativo cunho político, sendo extremamente radical, até mesmo podendo ser considerada de caráter anti-patriotico: somente os números lançados no seu primeiro ano foram datados (fev., 1919-). A publicação foi distribuida na porta das fábricas, em locais de reunião de operários e foi enérgicamente censurada, resultando na sua frequente apreensão; assim sendo, a mesma equipe editorial se revezava, lançando outras publicações com títulos diferentes, que se sucederam, combatendo o novo militarismo germânico. Essa revista, Die Shammmade, publicou em seu número 1, o Manifesto Dadá, Proclamação sem Pretensão [Proclamation sans prétention], de autoria de Tristan Tzara (1896-1963).
Os artistas Angelika e Heinrich Hoerle também participaram do grupo Dadaísta Estúpido [Stupid], juntamente com Seiwert, que lançou álbum de litografias conjunto (1920). Heinrich Hoerle publicou seu álbum de gravuras, Portfólio dos Inválidos [Krüppelmappe] (1920), no qual uma gravura versou sobre o tema dos inválidos de guerra, quando ele foi influenciado pelos desenhos de Otto Dix (1891-1969) e George Grosz (1893-1959), entre os mais conhecidos ilustradores das revistas Dadaístas Berlinenses. Heinrich ilustrou com xilogravuras o periódico Die Aktion (A Ação, 1919-1932), de Franz Pfemfert (1879-1954).
Angelika e Heinrich colaboraram com as ilustrações Retrato Liliputiano (Heinrich) e Cavaleiro (Angelika), para o primeiro número do Bulletin D (D=Dadá). Esta foi a revista editada por J. Baargeld e M. Ernst, lançada com único número (Colônia, nov., 1919). A capa foi ilustrada por Ernst e um exemplar original da revista esteve em exposição na mostra Dadá e Surrealismo Revistos, realizada na Galeria Martha Hayward (Londres, 1978).
Os Hoerle tornaram-se cofundadores e colaboradores da publicação a-z, de F.W. Seiwert, para quem Heinrich compôs o primeiro número, colaborando igualmente com todos os outros números publicados (1929-1933). A revista foi mais associada ao PC/ Partido Comunista alemão, ao qual a maioria dos artistas do grupo de Colônia filiou-se. Heinrich Hoerle expôs na primeira mostra dos artistas (Elberfeld, 1922), conjunta com Franz Wilhelm Seiwert e Gerd Arntz (1900-1988). Heinrich tornou-se cofundador, juntamente com Seiwert, do importante Grupo dos Artistas Progressivos de Colônia [Gruppe progressiver Künstler, Köln] (1924-1933). Participaram do núcleo fundador Otto Freundlich (1878-1943), além de Gerd Arntz, Stanislav Kubicki, Hans Schmidt, Augustin Tschinkel e Peter Alma, incluídos no círculo mais abrangente das atividades do novo grupo.
Nas obras de H. Hoerle, predominaram os desenhos com temas políticos, além de artefatos da era da máquina, como na pintura Homens Trabalhando [Arbeitsmänner] (1925, óleo/ madeira, 68 x 89 cm, no acervo do Kunstmuseum Düsseldorf im Ehrenhof); na obra Trabalhando [Arbeiter] (1931), ou na pintura [Drei Invaliden] Três Inválidos (c. 1930, óleo/ compensado, 100 x 50 cm), que mostrou inválidos de guerra no cenário urbano, reduzidos à condição de elementos mecanizados no primeiro plano, como se fossem máquinas. Outra pintura foi Os Contemporâneos [Die Zeitgenossen] (1931, cera/ compensado, 120 x 200 cm, no acervo do Kölnisches Stadmuseum). Outra obra de Heinrich Hoerle foi Duas Mulheres Nuas [Zwei Frauenakte] (óleo/ madeira, 108 x 73 cm, no acervo do Museu Ludwig, em Colônia).
No desenvolvimento da estética dos ditos, Artistas Progressivos, encontramos vocabulário de sígnos simplificados da realidade, como fábricas e prédios esquematizados, apresentando sombras escuras nas formas geométricas, com aberturas retangulares mais claras significando janelas, que lembram vagamente a estética dos artistas do Grupo dos Precisionistas norte-americanos (Nova York, 1917-1920), só que os artistas alemães colocaram figuras esquemáticas sobre estes fundos simbólicos. As figuras de Heirich Hoerle mostram caras impassíveis, como de manequins, tão no estilo da arte italiana da Pintura Metafísica (Roma, 1918-1922). Outro dado importante foi a utilização da cera natural de abelhas recobrindo a pintura: este material possue valor simbólico, de natureza esotérica. Todas as pinturas citadas encontram-se reproduzidas (MICHALSKI, 2003).
Heinrich Hoerle viajou para Palma de Maiorca (1933), enquanto sua arte foi condenada como Degenerada (sic) pelo Partido Nacional Socialista. Nem Angelika nem Heinrich Hoerle viveram para ver a era de destruição e de humilhações que os nazistas impuseram a toda uma geração de seus maiores artistas vanguardistas: Angelika morreu bem antes, de tuberculose (1923) e Heinrich Hoerle ainda jovem, de acidente (1936). Uma fotografia de Heinrich Hoerle encontra-se publicada (MICHALSKI, 2003).
REFERÊNCIAS SELECIONADAS:
CATÁLOGO. ADES, D. Dada and Surrealism Reviewed. Introduction by David Syilvester and supplementary essay by Elizabetn Cowling. London: the Authors and the Art Council of Great Britain, Hayward Galleries, 1978,475p.: il., pp. 109, 110.
BREUILLE, J-P. Dictionnaire de la peinture et de sculpture : l'art du XXe siècle. Sous la direction de Jean-Philippe Breuille. Paris: Lib, Larousse, 1991. 777p.: il., retrs., pp. 380-381. (Dictionnaires specialisés).
MICHALSKI, S. New Objectivity. Neue Schlichkeit: Painting in Germany in the 1920s – Painting, Graphic Art and Photography in Weimar Germany 1920-1933. Cologne - London - Los Angeles - Madrid - Paris - Tokyo: Taschen, 2003, 220p.; il., color., pp. 113-118, 212.
PIERRE, J. El futurismo y el dadaísmo. Madrid: Aguilar, 1968, p. 175.
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