domingo, 6 de abril de 2014

BIOGRAFIA: SCHAD, Christian (1894-1982).

 
BIOGRAFIA: SCHAD, Christian (1894-1982).


 
O artista plástico foi associado aos grupos Dadaístas suíços (Zurique e Genebra, 1918-1920) e aos da Nova Objetividade [Neue Sachlichkeit] (Alemanha, 1925-1933). O artista nasceu em Miesbach e faleceu em Keilberg (Alemanha). Schad foi artista multimídia, gravador, pintor, fotógrafo e inventor de técnicas inovadoras na fotografia, como seu contemporâneo, o americano Man Ray (1890-1976).

 
 
Schad frequentou a Academia de Belas Artes (Munique, 1913), época na qual realizou suas primeiras Xilogravuras. A fim de evitar ser convocado para a I Guerra Mundial, Schad foi viver em Zurique (Suíça, 1915-). O artista participou do movimento Dadaísta, desde o início: Shad se associou a seu amigo, advogado, editor, escritor de manifestos, importante entre os principais artistas radicais, Val Serner (Walter Serner, 1889-1943). Os amigos viajaram juntos para Genebra, onde fundaram o braço regional do Dadaísmo suíço (1917-1920). Nesta cidade a dupla promoveu vários eventos como mostras de arte, bem como o dito, Baile Dadá.
Shad expôs suas pinturas em mostra individual em Galeria de Arte (fev., 1920), onde Serner, depois de prolongado discurso inflamou a audiência que, revoltada, partiu para a destruição das obras de Shad.


No início de sua carreira Shad pintou alguns retratos lembrando a fase Cubista (1910-1912) de Pablo Picasso (1872-1981), quando ele fracionou o desenho do Retrato do Dr. Serner (1916, no acervo da Kunsthaus, Zurique), que se encontra reproduzido (GIBSON, 1991). Quando o Dadaísmo terminou em Genebra (1920) havia terminado em Zurique (1916-1919), mas estava começando em Paris. Tristan Tzara (Sami Rozenstock, 1896-1963) foi chamado por André Breton (1896-1966) para inflamar os franceses. Val Serner e Walter Mehring (1896-1991), outro escritor e editor ativo no movimento suíço, foram convidados por Tzara para editarem as revistas do novo ramo Dadá (Paris, 1920-1923).



Schad participou do Congresso Internacional dos Construtivistas e Dadaístas (Weimar, 1922), juntamente com Tristan Tzara, Alexander Archipenko (1887-1964), Hans Arp (1886-1966) e El Lissitzky (Lazar Marcovich Lissitzky, 1891-1941), entre outros. No final do evento vários dos jovens artistas posaram para a fotografia histórica dos participantes reunidos, que se encontra publicada (RICHTER, 1993).

 

Shad viveu em Munique (1920) e período com Val Serner (Walter Edward Seligmann, 1889-1942-44?), em Nápoles; e viveu em Roma (Itália, 1925) e Viena (1927), mas voltou à Alemanha, quando viveu em Berlim. Desde o início da década de 1920-1930 Shad produziu desenhos à nanquin e pinturas à óleo sobre tela, que tornaram-no um dos mais destacados artistas do movimento da Nova Objetividade [Neue Sachlichkeit] (Alemanha, 1925-1933). Este grupo destacado nas vanguardas da arte alemã foi marcado pela primeira mostra, intitulada Nova Objetividade. Arte Alemã desde o Expressionismo [Neue Sachlichkeit. Deutsche Malerei seit dem Expressionismus], organizada por Gustav Hartlaub (1884-1963), diretor da Kunsthalle (Mannheim, jun., 1925). Depois desta exposição, que reuniu 124 pinturas de artistas de toda a Alemanha, poucas mostras aconteceram, a maioria em galerias de arte regionais e somente uma importante mostra internacional realizada no Stedlijk Museum (Amsterdã, 1929). O movimento da Nova Objetividade terminou quando os nazistas escolheram perseguir o grupo de vanguarda, sendo várias obras apresentadas na mostra itinerante Arte Degenerada [Entartete Kunst] (v.).



Logo no início da carreira de Shad, sua pintura tornou-se associada à figuração marcante do Expressionismo alemão, influenciada pelas formas do Cubismo francês, aliadas as cores do Futurismo italiano. O artista foi um dos primeiros a pintar no estilo do Realismo, dito, Realismo Mágico [Magischer Realismus] ou Verista da Nova Objetividade, como no quadro Maria e Annunziata von Hafen [Maria e Annunziata von Hafen] (1923, óleo/ tela, 67,5 cm x 55,5 cm, na coleção Thyssen-Bornemisza), um dos primeiros retratos de Schad pertencente ao novo estilo pictórico, que se encontra reproduzido (Michalski, 2003: 42). Schad pintou várias obras abordando temas eróticos, bem como vários outros artistas importantes do grupo berlinense como George Grosz (Georg Ehrenfried, 1893-1959), Rudolf Schlichter (1890-1955) e Otto Dix (1891-1969). Entre as obras mais eróticas de Shad Auto-retrato com modelo [Selbstbildnis mit modell] (1927, óleo/ madeira, 76 cm x 71,5 cm, coleção particular), no qual o artista retratou-se em primeiro plano à esquerda usando camiseta transparente, que mostra o torso; atrás, em pose transversal, recostada do lado direito, a modelo nua de perfil mostra o corpo que a figura do artista encobre parcialmente. A modelo tem nariz proeminente, marcante; sua expressão parece de indiferença e o rosto do artista retratado marca sua insatisfação. Outro quadro, Duas Namoradas [Zwei Freundinnen] (1928, óleo/ tela, 109,5 cm x 80 cm, coleção particular), mostra duas jovens na cama; ambas estão se masturbando, sendo que a primeira se encontra sentada em pose frontal em primeiro plano, vestida com lingerie preta transparente que mostra um seio desnudo e outro coberto; ela usa meias pretas finas de seda, que param no meio das coxas e sua mão está sobre seu sexo que um dedo manipula, visível no meio do quadro; a outra jovem está deitada transversalmente, parcialmente encoberta, e aparece visível do lado esquerdo sua mão sobre o sexo e parte das pernas, uma, a esquerda, usando meia transparente na cor fumê; do lado direito aparece metade da face na qual um olho marca a expressão ausente. Outro retrato, Conde St. Genois d'Anneaucourt [Graf St. Genois d'Anneaucourt] (1927, óleo/ madeira, 86 cm x 63 cm, coleção particular), mostra o retratado vestido com roupa formal elegante, ladeado por duas modelos, visíveis apenas parcialmente: da primeira à esquerda, vemos parte do perfil e do corpo, sob o vestido verde transparente aparece o seio e, visível, seu braço esquerdo desnudo que termina na mão; no dedo indicador ela usa um anel de esmeralda e segura pluma de avestruz, na mão de unhas bem manicuradas e pintadas. O conde, com mãos nos bolsos, está retratado bem no meio do quadro e fita o espectador, com a expressão de indecisão entre as duas escolhas: a mulher do lado direito encontra-se de costas, ela usa elegante vestido estampado floral na cor coral, tom sobre tom, debruado na cor vinho, transparente, que mostra o corpo; as costas desnudas entrevistas devido ao decote pronunciado da roupa, mostram uma pinta do lado direito. O perfil parcialmente visto desta mulher madura, mostra o mesmo nariz proeminente da modelo que Schad retratou no primeiro quadro. Este quadro foi escolhido por MICHALSKI (2003) para imagem da capa de seu livro (New Objectivity. Neue Schlichkeit - Painting in Germany in the 1920s. Cologne - London - Los Angeles - Madrid - Paris - Tokyo: Taschen, 2003), sendo que as outras imagens de quadros de Schad descritos acima se encontram reproduzidas no mesmo livro.



 Shad produziu fotogramas, conhecidos como Shadografias, técnica pessoal que ele desenvolveu, em tudo similar às reveladas ao mesmo tempo por Man Ray, em Paris. Shad produziu obras nas Artes Gráficas, relevos em madeira, Assemblages [Reuniões de objetos], montagens Construtivistas e, ao mesmo tempo Dadaístas, além de obras pictóricas marcantes e características. O artista foi um dos inventores da técnica dita, das Schadografias, mistura de fotografia e colagem fotográfica aliada à impressão direta de objetos sobre placa sensível. Nestas obras experimentais Shad trabalhou seu tema predileto, objetos comuns do dia a dia, que usou em montagens criativas sobre papel sensível fotográfico. Nas grandes superfícies superpostas Shad acrescentou pinturas em cores vivas e relevos de autêntica originalidade: mais tarde, quando o artista passou à fase da Nova Objetividade, ele atingiu o Realismo, dito, Verismo, marcante nos seus retratos. Depois de meados da década de 1930 Shad produziu pouco até o final da vida, mas marcou com retratos de grande impacto sua obra na Nova Objetividade.



Durante o período político da ascensão do Nacional Socialismo (1933-1942), Schad tornou-se homem de negócios; desde esta época, suas obras perderam a centelha de marcante originalidade da fase da Nova Objetividade. Declarou MICHALSKI (2003), que sua obra declinou abruptamente, logo no início dos anos 1930, depois da aparição de suas ilustrações no Guia dos Vícios Ocultos de Berlim, de Curt Marek (1920). Schad envolveu-se com filosofia oriental, o que parecia indicar que seus interesses se encontravam voltados em outra direção, pois ele vivenciou problemas de natureza econômica quando isolou-se (1932-). Depois do estabelecimento do nazismo Schad produziu apenas algumas poucas obras, que se mostraram sem força expressiva comparativamente com suas pinturas da Nova Objetividade, no final da década de 1920.


 

REFERÊNCIAS SELECIONADAS:
ENCICLOPÉDIA. CASSOU, J.; BRUNEL, P.; CLAUDON, F; PILLEMONT, G.; RICHARD, L. (Col.). Petite Encyclopedie du Symbolisme: Peinture, Gravure et Sculpture, Littérature, Musique. Paris: Somogy, 1988, pp. 269-173.
 


GIBSON, M. Duchamp Dada. Paris: N. E. F. Casterman, 1991. 263p.: il. pp. 31, 55.

 

PIERRE, J. L'Univers Symboliste: décadence, symbolisme et art nouveau. Paris: Éditions d'Art Aimery Somogy, 1991, pp. 194, 195.


 
 
MICHALSKI, S. New Objectivity. Neue Schlichkeit: Painting in Germany in the 1920sPainting, Graphic Art and Photography in Weimar Germany 1920-1933. Cologne - London - Los Angeles - Madrid - Paris - Tokyo: Taschen, 2003, 20 x 24,5 cm. 220p.; il., color., pp. 14, 23-25, 32-33, 40-49. 

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