sábado, 11 de janeiro de 2014

BIOGRAFIA: KLEE, Paul (1879-1940).

BIOGRAFIA:KLEE, Paul (1879-1940).
 


O artista plástico, desenhista, pintor e mestre da Bauhaus, nasceu em Munchenbuchsee, perto de Berna (Suíça), e faleceu na região suíça de influência italiana, Muralto (Locarno). Klee estudou arte em Munique (1898-1901): ele se tornou expoente da arte alemã, país onde viveu a maior parte do tempo de vida. Klee viajou pela Itália e Suíça; sua primeira participação em exposições foi na mostra coletiva, organizada pela associação de artistas, dita, Secessão Berlinense (Berlim, 1898-1933). Klee expôs suas obras em Berlim e Munique (1908). Nessa cidade alemã, Klee conheceu Hans Arp, August Macke, Franz Marc e Wassily Kandinsky (1911). As obras de Klee participaram da segunda mostra dos mais destacados artistas do Expressionismo Alemão, os do Grupo do Cavaleiro Azul [Blaue Reiter] (1911-1913). No ano seguinte as obras de Klee participaram do único Salão de Outono alemão [Herbstsalon] organizado por Herwarth Walden, do grupo da editora da revista homônima, na Galeria da Tempestade [Der Sturm] (Berlim, 1913).




Klee organizou o Grupo (Suíço) da Federação Moderna [Der Moderne Bund] (Weggis, Suíça, 1911-1913; v.), do qual participaram, além dele, os suíços Hans Arp, Walter Helbig e Oscar Lüthy, entre outros. Na sua segunda viagem a Paris (1912), Klee conheceu Robert Delaunay, artista que proclamou independência do movimento Cubista, que dominava as vanguardas francesas da época: ele fundou o Orfismo (v. Grupo (Francês) do Orfismo). Klee viajou para a Tunísia (abr., 1914) na companhia de Louis Moillet e de August Macke; essa viagem foi importante para a obra de Klee, que passou a estudar a luz e as cores mais intensamente e com maior profundidade. O artista logo perdeu seus amigos alemães August Macke e Franz Marc, além de Guillaume Apollinaire, que morreram durante e logo depois da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Klee também foi convocado para servir ao exército (mar., 1916).


Depois do final da Primeira Guerra Mundial Klee expôs 373 obras em mostra individual, realizada na Galeria Nova Arte, de Hans Goltz (Munique); e o artista expôs suas pinturas na Galeria Fletchheim (Berlim, 1920). No mesmo ano, Hans von Wedderkop e Leopold Zhan publicaram as primeiras monografias sobre Klee. Nesse outono Klee foi convidado por Walter Gropius, para se tornar mestre da Bauhaus alemã. Klee participou do corpo docente da escola em Weimar (1919-1925) e Dessau (1925-1928). Nesse período, o artista visitou a Córsega e a Sicília (Itália), o Egito e a região da Bretanha (França). Na mudança da escola alemã para Dessau, a Bauhaus foi acolhida pela prefeitura da cidade, que construiu casas moderníssimas, com projeto do diretor da escola, arquiteto Walter Gropius, residências dos mestres bem como os edifícios para abrigarem os estudantes, além de moderno teatro de Erwin Piscator.




Klee publicou seu Livro de Esboços Pedagógicos [Padagogisches Skizzenbuch]. (Dessau: Bauhaus, 1925. München, Walter Grohmann Verlag, 1945. Trad. italiana de trechos, Florença: Sansoni, 1956). Klee tinha publicado alguns artigos nas revistas Dadaístas como Ausblick aus einem Wald (Zurique: Dada nos. 04/ 05, Anthologie Dada, Tristan Tzara (ed.), 15 maio, 1919). No ano seguinte, Klee publicou o Credo Criativo [Schopferische Konfession] (Berna: Erich Reiss Verlag, 1920. Walter Grohmann (Org.), Tradução de trechos publicada em Florença: Sansoni, 1956). Klee proferiu importante conferência sobre arte moderna (Jena, 1924); seu texto transformou-se no livro, Teoria da Arte Moderna [Ueber die moderne kunst] (W. Grohmann Ed., tradução italiana de trechos. Berna: 1945. Florença: Sansoni, 1956. Paris: Denoel Gonthier 1969. 1973. Collection Mediations). O artista e mestre publicou o artigo Tentativas Exatas no Campo da Arte (1928), texto elaborado em oposição às teorias do professor e depois diretor da Bauhaus, Hannes Meyer, publicado na revista da escola.

Depois que W. Gropius deixou a direção da Bauhaus (1928), o crescente militarismo germânico bem como o clima político dentro da escola, afastaram Klee do ensino na Bauhaus. O artista se tornou professor da Academia de Arte (Düsseldorf, 1931); mas, com a ascensão do nazismo através do Partido Nacional Socialista e a eleição de Adolf Hitler como chanceler do Reich (jan., 1932), Klee foi considerado artista degenerado (sic). Klee foi perseguido, interditado, exonerado de seu cargo na academia sem vencimentos nem direitos. No final do ano seguinte o artista e sua esposa voltaram a viver em Berna (Suíça, 1933). O estúdio que Klee manteve em Dessau foi invadido, centenas de suas obras foram confiscadas e 102 obras foram depostas das paredes dos museus alemães (1937). No ano seguinte, os nazistas colocaram 17 obras de Klee na mostra itinerante denominada de Arte Degenerada [Entartete Kunst] (sic; v. no APÊNDICE 02), exposição inaugurada em Munique (1938), itinerante por várias cidades alemãs (1939).




A obra de Klee foi muito admirada pelos artistas e escritores do grupo parisiense dos Surrealistas, mas o artista suíço jamais se aproximou do movimento. A estética de Klee foi Abstrata, mágicamente poética e manteve dos mais altos níveis formais na arte moderna. Klee foi dos mais notáveis artistas e teóricos da arte no século XX. Quando o artista adoeceu com esclerodermia (1936-), a doença comprometeu seu trabalho durante seus últimos anos de vida. No decorrer de sua vida Klee produziu bastante, e manteve sempre o registro exato de suas obras, desde 1911, bem como de seus Diários, que ele iniciou no século anterior (1898-). Os Diários foram publicados bem mais tarde com o título de Tagebucher von Paul Klee, 1898-1918 (Colônia: Felix Klee, 1956), e, com o título de Journal (Paris, 1959). Paul Klee publicou outras obras, como a Teoria della forma e della figurazione [Teoria da Forma e da Figuração] (Milão: Feltrinelli, 1959); Gedichte (Colônia: Felix Klee, 1960); Schriften [Escritos] (Köln: Christian Geelhaar Verlag, 1976); Histoire Naturelle Infinie [História Natural Infinita] (1977) e Beitrage zur Bildnerischen Formlebre (Basle - Stuttgart: Jurgen Glaesemer Verlag, 1979).



Quando Klee estava no final da vida, ele foi muito visitado por artistas de renome nas vanguardas européias como W. Kandinsky, em Berna (fev.), por ocasião da retrospectiva dele na Khunsthalle (1937); por Pablo Picasso, que visitou-o no mesmo ano (nov. ), e por Georges Braque que visitou-o dois anos depois (abr., 1939). Klee faleceu no hospital em Muralto (Locarno, Suiça, 29 jun., 1940). Klee foi homenageado com importantes mostras retrospectivas póstumas, no MoMA (Nova York, 1946); no Kunstmuseum (Basel, Suíça, 1950). O artista foi homenageado com a Sala Especial Paul Klee, na II Bienal do Museu de Arte Moderna (São Paulo, 1953), organizada pelo Ministério das Relações Exteriores (Alemanha). O catálogo da mostra declarou que, apesar da mãe de Klee ser suíça, o artista trabalhou e ensinou na Alemanha durante toda a vida. E na Alemanha sua arte tem origens. E não obstante pareça original, única em seu gênero, nova, ela está intimamente associada ao romantismo de Novalis, Jean Paul e Theodor Hoffmann. Na mostra paulista foi apresentado o conjunto de 65 obras representativas da arte de Klee, produzidas durante prolongado período (1918-1940).



Obras de Klee participaram da mostra Bauhaus, no MAM (Rio de Janeiro, RJ, 1974), cujo catálogo apresentou reproduções de várias delas, entre as quais destacamos Vila no Outono (1921, aquarela/ papel, 33 cm x 22,5 cm). Várias gravuras de Klee participaram da mostra Gravura Expressionista Alemã, realizada no Museu Lasar Segall (São Paulo, 1977). As obras de Klee, Bruxa com pente (1922, litografia, 41 cm x 35 cm) e Pequeno Mundo (sd, água-forte, 42 cm x 32 cm), se encontram reproduzidas no catálogo. Obras do artista marcaram novamente presença na arte, na Sala Especial Paul Klee, na 23ª Bienal de São Paulo (05 out.- 08 dez., 1996), que produziu catálogo detalhado ilustrado para suas várias salas especiais e publicou a fotografia de Klee com seu dileto amigo Wassily Kandinsky (1929), e outra, com sua esposa (Berna, 1935), além de inúmeras reproduções de obras do artista (1913-1939). Obras de Klee participaram da mostra Expressionismo Alemão, Destaques da Coleção do Van Der Heydt-Museum (08 ago. - 24 set., 2000), realizada no Paço Imperial (Rio de Janeiro), itinerante ao Museu Lasar Segall (São Paulo, 2000). As obras de Klee Magia dos Peixes (1925) e A Bela Jardineira (1939) se encontram reproduzidas (GAUNT, 1973); a obra de Klee, Sem Título (1930), se encontra reproduzida (RAGON, 1992). O desenho representava para Klee o verdadeiro instrumento de pesquisa, experimentação e permaneceu atividade constante e diária, durante toda sua vida: o desenho Air - Tsu - Dni (1927, nanquin/ papel), se encontra reproduzido (SEUPHOR, 1957).



 

REFERÊNCIAS SELECIONADAS:



 

ARGAN, G. C.; VINCA-MASSINI, L. (Biogr.). Arte Moderna. Tradução de Denise Bottman e Federico Carotti. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. 709p., p. 668.



 

CATÁLOGO. BARR. A. Cubism and Abstract Art, Painting, Sculpture, Constructions, Photography, Architecture, Industrial Art, Theatre, Films, Posters, Tipography. Cambridge: Harvard University Press, The Belknap Press, 1936. New York: Museum of Modern Art, 1986. 249p.: il., p. 107.



 

CATÁLOGO. BAYER, H.; HOCH, H. P.; BITTERBERG, K. G. Bauhaus. Stuttgart: Instituto Cultural de Relações Exteriores, 1974.



 

CATÁLOGO. FEHLEMANN, S. Expressionismo Alemão: Destaques da Coleção do Museu von Der Heydt. Biografias de Antje Birthälmer e Brigitte Muller. Wuppertal: Ministério das Relações Exteriores da Alemanha, 2000. Rio de Janeiro: Paço Imperial. São Paulo: Museu Lasar Segall, 2000,



 

CATÁLOGO. FEHLEMANN, S. Gravura Expressionista Alemã. São Paulo: Museu Lasar Segall, 1977, pp. 184-187.



 

CATÁLOGO. HELFEINSTEIN, J. Paul Klee. São Paulo: 23ª Bienal Internacional de São Paulo, FBSP/ Fundação Bienal de São Paulo, 1996, p. 366.



 

CATÁLOGO. HERZOGENRATH, W. 50 Jahre Bauhaus. Tradução de Karl Georg Bitterberg. Stuttgart: Institut für auslandsbesiehungen, 1968,.251p.: il., 22 x 22 cm, pp. 206-210.



 

CATÁLOGO. II Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo. São Paulo: EDIAM, Edições Americanas de Arte e Arquitetura, 1ª ed., dez., 1953, pp. 57-62.



 

DROSTE, M. Bauhaus. Cologne: Bauhaus Archiv, Taschen, 1990. 256p., il., algumas color., p. 246., pp. 62-74, 247.
 


 

GROPIUS, W.; GROPIUS, I.; BAYER, H. Bauhaus: Weimar, 1919-1925, Dessau, 1925-1928. Boston: Herbert Bayer, Charles T. Brandford, 1952, p. 219.



 

SEUPHOR, M. Dictionaire de la peinture abstraite: precédé d´une histoire de la peinture. Paris: Fernand Hazam, 1957. 305p.: il., pp. 199-200.
 


 

RAGON, M..Journal de l´Art Abstrait. Genève: Skira, 1992. 163p: il., p. 39.
 

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