sábado, 11 de janeiro de 2014

BIOGRAFIA: ARP, Hans, Jean Arp (1886-1966).



BIOGRAFIA: ARP, Hans, Jean Arp (1886-1966).





Arp nasceu em Strasburgo, na Alsácia-Lorena, e morreu, naturalizado francês, na Basiléia, Suíça. Arp foi dos artistas que buscou participar em vários movimentos sucessivos das vanguardas artísticas. Arp estudou na Academia Weimar (1905-1907) e na Academia Julian (Paris, França, 1908; v.). Arp encontrou Paul Klee (1879-1940), com quem fundou a associação de artistas A Federação Moderna [Der Moderne Bund] (Weggis, Suíça, 1909). Arp conheceu Wassily Kandinsky (1866-1944) em Munique e participou da segunda mostra do Grupo do Cavaleiro Azul [Der Blaue Reiter] (Munique, 1912); com o grupo participou da mostra coletiva, dita, Salão de Outono Alemão [Herbstsalon] na Galeria da Tempestade [Der Sturm] (Berlim, 1913). Arp viveu em Paris (1914), onde conheceu Arthur Cravan (1887-1920), Guillaume Apollinaire (1880-1918), André Salmon (1881-1969), Pablo Picasso (1881-1972), Max Jacob (1876-1942), Amedeo Modigliani (1884-1920) e Robert Delaunay (1885-1942), entre outros artistas e escritores das vanguardas francesas.
 
 


 
Arp participou do Dadaísmo (Zurique, 1916-1919), e conheceu Sophie Taeuber (depois Taeuber-Arp, 1889-1943), aluna da Escola de Dança Rudolf von Laban. Sophie participou de algumas performances do grupo Dadaísta, realizadas no Cabaré Voltaire (v. Dadaísmo em Zurique). Arp participou, com Sophie Taeuber, Marcel Janco (1895-1984) e Fritz Baumann (1896-1942) do Grupo da Nova Vida [Das Neue Leben] (Suíça,1918). A mostra coletiva do grupo ocorreu na Kunsthalle (Berna), itinerante ao Museu de Arte Decorativa (Zurique; Suíça, 1920).

 

Arp viveu por alguns meses em Colônia, onde formou a frutífera parceria com Max Ernst (1891-1976), expressa na série de obras Fatagaga associadas ao movimento Dadaísta alemão (v.). Arp pertenceu a Associação dos Artistas Radicais (1919-1921), juntamente com muitos artistas remanescentes do Dadaísmo de Zurique como Alberto Giacometti (1901-1966), Sophie Taeuber, Johannes Baargeld (1895-1927), Walter Mehring (1896-1991), Emmy Hennings (1885-1948) e Marcel Janco, entre outros. Fugindo da I Guerra Mundial Arp voltou ao território suíço, quando expôs na mostra coletiva com Tristan Tzara (1896-1963), Hugo Ball (1886-1927), Richard Huelsenbeck (1892-1974) e Marcel Janco, na Galeria Tanner (Genebra, Suíça, 1915). Essa mostra reuniu os futuros participantes do Dadaísmo (Zurique, 1916).

 
Dos mais originais e surpreendentes artistas da árvore Dadá, Arp foi escultor: ele produziu relevos originais em madeira. Arp casou-se secretamente com Sophie Taeuber (1922), artista plástica, tapeçeira e bailarina suíça, posteriormente naturalizada francesa (1938). Arp participou do Surrealismo (Paris, 1925-1930); ele executou obra como Dançarina [Danseuse] (1928, óleo/ tela, 61 cm x 50 cm, Coleção Eduard Loeb), com fotografia reproduzida (ADES, 1978). Arp contribuiu com várias obras para a primeira mostra do Grupo Surrealista, na Galeria Pierre (Paris, 1925). Arp expôs na sua primeira mostra individual na Galeria Surrealista (Paris, 1927), apresentado no catálogo por André Breton, texto reproduzido no livro O Surrealismo e a Pintura [Le Surréalisme et la Peinture] (Paris, 1928). Foi nesse texto que Breton utilizou pela primeira vez, referindo-se à obra de Arp, os termos Vasos Comunicantes, título de seu livro (1920), cuja imaginária baseada nas formas antropomórficas de morfologia flexível, apresentou referências às imagens múltiplas, duplas, na mesma forma e algumas vezes perpassadas de humor. A obra de Arp foi de grande coerência, e o artista declarou que:
 

[...] os surrealistas me encorajaram a expressar o sonho, as idéias por trás de minhas obras nas artes plásticas e dar-lhes nome [...] (ADES, 1978).


O artista associou-se ao Grupo Círculo e Quadrado [Cercle et Carré] (1930-1932) e ao Grupo Abstração-Criação (Paris. 1932-1936, v.). Arp tornou-se importante internacionalmente, tendo sido convidado pelo arquiteto Carlos Raúl Villanueva, na companhia de outros renomados artistas como Aleksandre Calder, Henri Laurens, Fernand Léger, Carlos Otero, Jesús Rafael Soto e Victor Vasarely para executar obras escultóricas destinadas à Universidade de Caracas (Venezuela, 1954-1955).

 
 
Algumas obras significativas de Arp estiveram no Rio de Janeiro por ocasião da mostra do Surrealismo, no CCBB, como a Colagem de Fotografias Rasgadas (1941, colagem, 34,4 cm x 24,5 cm, Fundação Arp, Clamart, França); Concreção Humana sobre Taça [Concretion Humaine sur coupe, bronze, fundido em duas partes superpostas, 48 cm x 68 cm x 34 cm, Fundação Arp); Coroa de Brotos [Couronne de bourgeons, cimento, duas partes, 23 cm x 37 cm x 28 cm; e 14 cm x 40 cm x 29 cm, Museu d'art moderne et contemporain, Estrasburgo); A Dançarina [La Danseuse] (1955, óleo/ tela, 148 cm x 110), entre outras obras expressivas. Duas obras significativas de Arp integram o acervo do MAC (USP): o relevo monocromático em madeira pintada, Formas Expressivas (1932, 84,9 cm x 70 cm x 3 cm), e a litografia colorida Configuração 51 (1951, litografia/ papel, 56,8 cm x 38 cm). O artista deixou suas obras e arquivos para a Fundação Arp (Clamart, França). Fotos de Hans e Sophie Arp, várias obras de Marcel Janco, relevos de Arp, fotos e documentos importantes do Dadaísmo em Zurique integram o acervo; outros documentos, além de obras importantes, que se encontram na Kunsthaus, em Zurique, que se encontram reproduzidas (GIBSON, 1991). A fotografia de Arp usando o monóculo Dadá (1922), e a fotografia de Sophie Arp atrás de sua escultura Cabeça Dadá (1920), obras no acervo da Fundação Arp, se encontram reproduzidas (GIBSON, 1991). A fotografia de Hans Richter (1888-1976), Tristan Tzara e Arp, no acervo da Berlinische Galerie (Berlim), bem como a fotografia dos artistas Construtivistas e Dadaístas no Congresso de Weimar (1922), na qual aparecem Arp e Lasló Moholy-Nagy (1895-1946), Tristan Tzara, Aleksander Archipenko (1887-1964) e El Lissitsky (1890-1941) no final do congresso, no qual tiraram a foto histórica de todos os jovens participantes, que encontra-se reproduzida (GIBSON, 1991). O primeiro relevo dadaísta de Arp (1916, madeira pintada), encontra-se reproduzido (RAGON 1992); a reprodução da Cabeça (1929) foi publicada (BRETON, 1965).

REFERÊNCIAS SELECIONADAS:


CATÁLOGO. ADES, D. Dada and Surrealism Reviewed. Introduction by David Syilvester and supplementary essay by Elizabetn Cowling. London: the Authors and the Art Council of Great Britain, Hayward Galleries, 1978.
475p.: il., p. 207.

CATÁLOGO. BARBOSA, A. M. Catálogo Geral de Obras 1963-1993. São Paulo: Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, Fundação Bienal, 1993, p. 19.


BARR, A. Cubism and Abstract Art. Cambridge: Harvard University Press, The Belknap Press, 1936. 1986, p. 07.

BRETON, A. Le Surrealisme et la Peinture.Nouvelle ed., révue et corrigée. Paris: Gallimard.1928. 1965, p. 45.





CATÁLOGO. Le Sexe dans l'Art Féminimasculin. Paris: MNAM, Centre Georges Pompidou, 1990, pp. 09, 85.


DICIONÁRIO. SEUPHOR, M. Dictionaire de la peinture abstraite: precédé d´une histoire de la peinture. Paris: Fernand Hazam, 1957. 305p.: il., pp. 11, 122.

 


GIBSON, M. Duchamp Dada. Paris: N. E. F. Casterman, 1991. 263p.: il., pp. 37-49, 251-253.

 
LISTAGEM GERAL. Surrealismo, CCBB- RJ, 2001.


NÉRET, G. 30 ans d'Art Moderne. Fribourg: Office du Livre, 1988, pp. 213, 215, 216, 228.
 
 
 
RAGON, M..Journal de l´Art Abstrait. Genève: Skira, 1992. 163p: il., p. 49.

 

RICHTER, H. HAUPTMANN, W. (Post-Scriptum). Dada art & anti-art. Cologne: Du Mont Shauberg, 1964. 1965. 246p.: il., pp. 33-49.

WEST, S. Chagall. New York: Gallery Books, 1990, p. 19.

Nenhum comentário:

Postar um comentário