quarta-feira, 4 de dezembro de 2013


BIOGRAFIA: NEVINSON, Christopher Richard Wynne (1889-1946).


O artista plástico inglês Christopher Nevinson nasceu filho do escritor, jornalista correspondente da Primeira e Segunda Guerra Mundial, o sufragista e filantropo Henry Wood Nevinson (1856-1941). O artista estudou nas Escolas de Arte St. John's Wood (1907-1908) e na Slade (Londres, 1908-1912). Nevinson conheceu Gino Severini (1883-1966) quando compareceu à mostra coletiva dos Futuristas em Londres (1913). O artista estudou na Academia Julian (1912-1913), em Paris, cidade onde conheceu Ardengo Soffici (1879-1964) e Guillaume Apollinaire (1880-1918), entre outros; Nevinson dividiu ateliê com Amedeo Modigliani (1884-1920).

O artista inglês foi influenciado pela atmosfera reinante em na cidade-luz, desafiante por parte das vanguardas artísticas internacionais que para lá acorreram. Nevinson modificou seu ponto de vista sobre arte e declarou ter sido este período de intensas pesquisas, que levaram-no à revisar todo seu sistema de valores artísticos. O artista expôs suas obras no Clube Sexta-Feira [Fryday Club] (Londres), e, entre essas a pintura A Cidade Acorda [The Rising City], hoje desaparecida, que homenageava a pintura homônima do Futurista Umberto Boccioni (1882-1916), que hoje integra o acervo do MOMA (Nova York).

Obras de Nevinson participaram da exposição coletiva organizada por Roger Fry (1866-1934), com a curadoria do crítico de arte Frank Rutter (Francis Vane Phipson Rutter, 1876-1937), Conservador-Chefe da Galeria de Leeds, que lançou o livro Arte Revolucionária (Revolutionary Art, 1910), a dita, Segunda Mostra Pós-Impressionista e Futurista [Second Post-Impressionist and Futurist Exibition] (1913).Foram convidados dessa exposição outros artistas das vanguardas européias; as obras inglesas do período foram influenciadas pelos movimentos internacionais mais avançados da época como o Cubismo francês (1908-1925) e o Futurismo italiano (1909-1944).

 
 
Pinturas de Nevinson participaram das mostras coletivas que expuseram obras dos vanguardistas, futuros Vorticistas: o Salão do AAA, da Associação dos Artistas Aliados [Allied Artists Association], que expôs obras de Atkinson, Dismorr e Lewis, entre outros (Londres, 1913); e a dita, Sala Cubista, na exposição Grupo Cidade de Candem e Outros, cuja apresentação no catálogo foi com ensaio de Lewis (Brighton, 1913). Nevinson não participou da primeira mostra dos Vorticistas, mas participou da mostra dos Futuristas italianos, realizada nas Doré Galleries (Londres, 10 jun., 1913).

 
 
Por curto período Nevinson se tornou o primeiro e único expoente inglês do Futurismo italiano: o artista assinou conjuntamente com F. T. Marinetti (1876-1944), o Arte Inglêsa Vital, Manifesto Futurista [Vital English Art, Futurist Manifest], publicado no jornal londrino The Observer (1914). Nevinson abandonou o Futurismo: as vanguardas inglesas não aderiram ao movimento, que sofreu campanha contrária através de várias matérias publicadas na imprensa do país, liderada pelo poeta Ezra Pound (1885-1972), norte-americano que vivia na Inglaterra. O escritor se tornou mentor do grupo conhecido como do Vortex Inglês [English Vortex] ou do Vorticismo, organizado pelo artista plástico Wyndham Lewis (1884-1957).

 
 
Obras de Nevinson participaram da segunda exposição dos Vorticistas, realizada na Galeria Leicester (1º ago., 1916). A primeira mostra individual das obras de C. Nevinson ocorreu na mesma Galeria Leicester (1918). Nessa fase Nevinson pintou algumas obras notáveis, pioneiras por sua quase Abstração; as pinturas do artista fragmentaram seus elementos na série de facetas diversas, vistas agrupadas ao mesmo tempo na tela. Nevinson foi influenciado pelas obras de Gino Severini (1883-1966), mas avançou nas pesquisas, apresentando nas suas pinturas a influência dos artistas italianos aliada ao simultaneísmo de vários movimentos das vanguardas internacionais. O artista expressou através de suas obras a influência das cores do Futurismo italiano nas vanguardas inglesas: reproduções das pinturas de Nevinson se encontram publicadas (HULTEN, 1986; 529).
 
 

Rutter atribuiu a Nevinson a criação da primeira pintura do Futurismo britânico, a Partida do Trem de Luxo (Departure of the Train de Luxe, c. 1913). No entanto, a modernidade apresentada por Nevinson foi ridicularizada na imprensa inglesa: sua pintura Esperando por Robert Lee, hoje desaparecida, foi apresentada invertida no Daily Sketch, com legenda depreciativa. Foi Nevinson quem organizou com Lewis jantar de boas vindas para F. T. Marinetti (1876-1944), no final do ano (nov., 1913). Depois as relações azedaram, devido à campanha contrária ao Futurismo, liderada pelo poeta Ezra Pound.

 
 
Após o término da Primeira Guerra Mundial Nevinson abandonou a contundente modernidade da influência do Futurismo italiano, que posteriormente tornaram-no muito conhecido por suas obras precursoras da Abstração, e passou a expressar-se com pinturas tradicionais figurativas (1919-).

 

REFERÊNCIAS SELECIONADAS:
 

CATÁLOGO. HULTEN, P. (ORG.); JUANPERE, J.A.; ASANO, T.; CACCIARI, M.; CALVESI, M.; CARAMEL, L; CAUMONT, J; CELANT, G; COHEN, E.; CORK, R.;CRISPOLTI, E.; FELICE, R; DE MARIA, L.; DI MILLIA, G.; FABRIS, A.; FAUCGEREAU, S.; GOUGH-COOPER, J.; GREGOTTI, V.; LEVIN, G.; LEWISON, J.; MAFFINA, F.; MENNA, F.; ÁCINI, P.; RONDOLINO, G; RUDENSTINE, A.; SALARIS, C.; SILK, G.; SMEJKAI, F.; STRADA, V.; VERDONE, M.; ZADORA, S. Futurism and Futurisms. New York: Solomon R. Guggenheim Museum, Abeville Publishers, 1986. 638p.: il, retrs., pp. 528-529. 30 x 22 cm.

DICIONÁRIO. CHILVERS, I. The Concise Oxford Dictionary of Art and Artists. Edited by Ian Chilvers. Oxford, N.Y.: Oxford University Press, 1990. 517p., pp. 437-438. (Oxford reference). 19,5 x 13 cm.

ENSAIO. BRETTE, A. Formulation d' un groupe rebelle à l' Exposition d' Octobre 1913. Traduction de Thérèze Fossatti. Apud CATÁLOGO. CORK, R.; ELIOT, T. S.; KENNER, H.; LEMAIRE, G-G.; LEWIS, W.; McLUHAN, M.; POUND, E.; RODITI, É.; WEST, R. Windham Lewis et le Vorticisme. Paris: Centre Georges Pompidou, Pandora Ed., 1982, pp. 122-147. (Cahiers Pour un Temps).

Nenhum comentário:

Postar um comentário