sábado, 7 de dezembro de 2013

BIOGRAFIA: LEWIS, Percy Wyndham (1884-1957).



BIOGRAFIA: LEWIS, Percy Wyndham (1884-1957).




O escritor e artista plástico que pertenceu a alta sociedade inglesa, nasceu durante cruzeiro em iate na costa da Nova Inglaterra (Estados Unidos). Lewis foi registrado em Amhearst, mas sua carreira se processou nas vanguardas inglesas. A família de Lewis vivia em Londres; o artista estudou na Escola de Arte Slade (1898-1901). Durante alguns anos o jovem se dedicou a escrever prosa e poesia: seu primeiro sucesso como escritor foi a publicação, através do editor Ford Maddox Ford (1873-1939), o mesmo do início da carreira do poeta norte-americano que vivia em Londres, Ezra Pound (1885-1972), de alguns contos na A Revista Inglesa [The English Review] (1909). Nesse período, Lewis começou a pintar, demonstrando seu interesse pela dita, Arte Negra e pela estética dos artistas do Cubismo francês.



 

Lewis foi atraído pela obra do gravador alemão Albrecht Dürer (1471-1528) e pelas cabeças grotescas, pintadas pelo artista renascentista italiano Leonardo da Vinci (Leonardo di ser Piero da Vinci, 1452-1519). Lewis optou por dedicar mais de seu tempo à arte desde que a Sra. Strindberg encomendou-lhe murais para decorar o seu Clube Cabaré Futurista, em Londres. A estas se seguiram várias outras encomendas, muitas vindas de artistas de sua geração como as de Sir Jacob Epstein (1880-1959), Spencer Gore (1878-1914) e Charles Ginner (1878-1952).



Nesse período as obras de Lewis foram notáveis: suas obras nas artes plásticas foram influenciadas pela Abstração de natureza geométrica, marcada pela fase Cubista das pinturas de Robert Delaunay (1885-1941) e do grupo francês da dita, Seção de Ouro (1911-1914). O artista foi convidado a participar da Mostra Pós-Impressionista e Futurista [Post-Impressionist and Futurist Exibition], organizada por Roger Fry (1866-1934), cujo texto no catálogo foi de autoria do crítico de arte e jornalista Sir Charles Otto Desmond MacCarthy (1877-1952) e ocorreu nas Galerias Doré (Londres, 1910). No ano seguinte as obras pictóricas de Lewis participaram das mostras do Grupo (Britânico) Cidade de Candem [Canden Town Group] (jun. e dez., 1911).



Lewis participou dos Ateliês Ômega [Omega Workshops] (1913), organizados por Fry. Frank Rutter (1876-1937), escritor e Conservador-Chefe da Galeria de Leeds, redator e editor da revista Notícias da Arte [Art News], se tornou um dos mais destacados críticos de arte de sua geração quando lançou seu livro Arte Revolucionária [Revolutionary Art] (1910). Rutter convidou Lewis, entre outros artistas de seu grupo como Frederick Etchells (1886-1973) e Edward Wadsworth (1889-1949), para participarem da segunda Mostra Pós-Impressionista e Futurista [Post-Impressionist and Futurist Exibition], organizada por Fry, mas com sua curadoria. A ilustração de Lewis para a peça de William Shakespeare (batizado em 1583-1616), Timoneiro de Atenas [Timonn of Athens], participou dessa exposição inaugurada nas Galerias Grafton (1913). Lewis e Etchells ficaram muito amigos e viajaram juntos para Dieppe (França); mas, na volta, os artistas participantes dos Ateliês Ômega, liderados por Lewis, acusaram Fry de exploração comercial do talento dos integrantes do grupo e a maior parte deles se retirou dos ateliês (out., 1913).



Na mostra denominada Exposição do Grupo Cidade de Candem e Outros [The Candem Town Group and Others], Lewis assinou o texto publicado no catálogo da Sala Cubista, que reuniu artistas do grupo a outros destacados nas vanguardas inglesas, nessa exposição realizada em Brighton (1913). No ano seguinte, sempre com a liderança de Lewis, o grupo fundou o Centro de Arte Rebelde [Rebel Art Center] (Londres, março, 1914). O novo grupo assim formado assinou seu primeiro manifesto, dito, Vorticista, publicado na Rajada: Revista do Grande Vortex Inglês [Blast Review of The Great English Vortex], que Kate Lechmere (1887-1976) financiou, Lewis editou e lançou (n. 01, 20 junho; lançado em 2 de julho, 1914; e o dito, Número de Guerra, n. 02, jul., 1915). Os Vorticistas organizaram duas mostras nacionais, sendo a primeira realizada nas Doré Galleries (Londres, 10 jun., 1915) e a segunda na Leicester Gallery (1º ago., 1916). Obras de Lewis participaram da primeira mostra do Grupo de Londres [The London Group] (1914-1926?), que surgiu da cissão do Grupo Cidade de Candem.



A escalada da Primeira Guerra Mundial fez com que Lewis fosse convocado para servir na artilharia: a experiência amadureceu sua arte e serviu de tema para várias de suas obras, inclusive dois murais, sendo o primeiro A Bateria Encurralada [A Battery Shelled], considerado como uma de suas melhores pinturas. No imediato pós-guerra o artista expôs na sua primeira mostra individual, realizada na Galeria Goupil (Londres, 1919). Na primavera do ano seguinte Lewis expôs suas obras com o Grupo X, na Galeria Mansard (Londres, 1920).



Na sua primeira fase a obra pictórica de Lewis recebeu a influência da arte das vanguardas francesas, tanto do Cubismo, bem como das obras de seu precursor, Paul Cézanne (1839-1906). Na época da eclosão do movimento do Vortex, Lewis juntamente com Helen Saunders (1885-1963), decorou o Salão Vorticista do restaurante A Torre Eiffel (Londres, 1915-1916). Nesse período as obras de Lewis abordaram como tema principal os retratos, que ele pintou de várias personalidades das artes, letras e da melhor sociedade como dos escritores James Joyce (1882-1941), Edith Sitwell (1887-1964) e Ezra Pound (1885-1972), entre outros. Anos depois as obras de Lewis dessa fase foram incluídas na mostra coletiva O Espírito Cubista no seu Tempo [The Cubist Spirit in its Time], realizada na The London Gallery (Londres, 1947). Na ocasião, Lewis expôs suas obras juntamente com as pinturas de Georges Braque (1882-1963), Henri de La Fresnaye (1885-1925), Marcel Duchamp (1887-1968), Juan Gris (1887-1927), Auguste Herbin (1882-1960) e Pablo Picasso (1881-1972), bem como as obras de outros destacados artistas das vanguardas internacionais, sendo Lewis o único pintor representando as vanguardas inglesas.



Lewis tornou-se escritor e crítico de arte que atacou com veemência as tradições conservadoras na arte de seu país. Lewis se devotou à literatura: ele publicou seu primeiro romance, Tarr (1918), que mereceu crítica de T. S. Elliot (Thomas Stearns Eliot, 1888-1965), posteriormente agraciado com o Prêmio Nobel de Literatura; outro artigo da inglesa Rebecca West e o artigo de Ezra Pound sobre Tarr, obra literária de Lewis traduzido como Crue du Roman (1941), foram publicados traduzidos na coletânea Windham Lewis e o Vorticismo (Paris: Centro Georges Pompidou, 1982). Ezra Pound se transformou no principal crítico da obra pictórica e literária de Lewis: ele publicou o artigo A Guerra Vista pelo Pintor [La Guerre vue par le Peintre], publicado inicialmente no jornal A Nação [The Nation] (8 fev., 1919). Vários textos de Lewis como Viva o Vortex!, Manifesto e A Vida é a Coisa Importante, se encontram reproduzidos traduzidos (francês) na coletânea citada (v. abaixo, nas Referências Selecionadas).



Lewis foi o destaque na mostra intitulada Wyndham Lewis e Vorticismo [Wyndham Lewis and Vorticism], que homenageou os Vorticistas ingleses, reunindo todos na Tate Gallery (Londres, 1956). A exposição apresentou 150 obras de Lewis associadas à pequena seleção de obras dos outros artistas do grupo, sendo colocado no catálogo que este núcleo participava a fim de fornecer a indicação do efeito do impacto das obras de Lewis sobre seus contemporâneos. Um dos integrantes do Vorticismo, William Roberts (1895-1970) sentiu-se injustiçado e publicou sua diatribe contrária à mostra, instituições e crítica de arte nos seus ditos, Panfletos Vortex (1956).



REFERÊNCIAS SELECIONADAS:



 

CATÁLOGO. HULTEN, P. (Org.); JUANPERE, J.A.; ASANO, T.; CACCIARI, M.; CALVESI, M.; CARAMEL, L; CAUMONT, J; CELANT, G; COHEN, E.; CORK, R.;CRISPOLTI, E.; FELICE, R; DE MARIA, L.; DI MILLIA, G.; FABRIS, A.; FAUCGEREAU, S.; GOUGH-COOPER, J.; GREGOTTI, V.; LEVIN, G.; LEWISON, J.; MAFFINA, F.; MENNA, F.; ÁCINI, P.; RONDOLINO, G; RUDENSTINE, A.; SALARIS, C.; SILK, G.; SMEJKAI, F.; STRADA, V.; VERDONE, M.; ZADORA, S. Futurism and Futurisms. New York: Solomon R. Guggenheim Museum, Abeville Publishers, 1986. 638p.: il, retrs., pp. 481, 501-502.



 
DICIONÁRIO. CHILVERS, I. A Dictionary of 20th century art. Edited by Ian Chilvers. Oxford: Oxford University Press, 1998. 670p., p. 258. (Oxford reference). 24 x 16 cm.




ENSAIO. BRETTE, A. Formulation d' un groupe rebelle à l' Exposition d' Octobre 1913. Traduction de Thérèze Fossatti. Apud CATÁLOGO. CORK, R.; ELIOT, T. S.; KENNER, H.; LEMAIRE, G-G.; LEWIS, W.; McLUHAN, M.; POUND, E.; RODITI, É.; WEST, R. Windham Lewis et le Vorticisme. Paris: Centre Georges Pompidou, Pandora Ed., 1982, pp. 122-147. (Cahiers Pour un Temps).



 
ENSAIO. LEMAIRE, G-G. Prolégomènes au Vorticisme: Flux et Reflux en Angleterre. Traduction de Gérard Georges Lemaire. Apud CATÁLOGO. CORK, R.: KENNER, H.: LEMAIRE, G-G.: LEWIS, W.: McLUHAN, M. :POUND, E.; RODITI, E.: WEST, R.; BRETTE. A. Windham Lewis et le vorticisme. Paris: Centre Georges Pompidou, Ed. Pandora, 1982, pp. 11-16. (Cahiers pour un temps).



ENSAIO. LEWIS, W. Wyndham Lewis et le vorticisme. Traduction de Thérèse Fossatti. Apud CATÁLOGO. CORK, R.: KENNER, H.: LEMAIRE, G-G.: LEWIS, W.: McLUHAN, M. :POUND, E.; RODITI, E.: WEST, R.; BRETTE. A. Windham Lewis et le vorticisme. Paris: Centre Georges Pompidou, Ed. Pandora, 1982, pp. 17-31. (Cahiers pour un temps).



 

ENSAIO. LEWIS, W.Vive le Vortex! Traduction de Gérard Georges Lemaire. Apud CATÁLOGO. CORK, R.: KENNER, H.: LEMAIRE, G-G.: LEWIS, W.: McLUHAN, M. :POUND, E.; RODITI, E.: WEST, R.; BRETTE. A. In Windham Lewis et le vorticisme. Paris: Centre Georges Pompidou, Ed. Pandora, 1982, pp. 31-35. (Cahiers pour un temps).



 
ENSAIO. LEWIS, W. La vie est la chose importante. Traduction de Gérard Georges Lemaire. Apud CATÁLOGO. CORK, R.: KENNER, H.: LEMAIRE, G-G.: LEWIS, W.: McLUHAN, M. :POUND, E.; RODITI, E.: WEST, R.; BRETTE. A. Windham Lewis et le vorticisme. Paris: Centre Georges Pompidou, Ed. Pandora, 1982. (Cahiers pour un temps).



 
ENSAIO. POUND, E. La Guerre vue par le peintre Wyndham Lewis. Traduction de Hélène Bokanowski. Apud CATÁLOGO. LEWIS, W., CORK, R.: KENNER, H.: LEMAIRE, G-G.: LEWIS, W.: McLUHAN, M.:POUND, E.; RODITI, E.: WEST, R.; BRETTE. A. Windham Lewis et le vorticisme. Paris: Centre Georges Pompidou, Pandora, 1982, pp. 98-101. (Cahiers pour un temps).



 

ENSAIO. POUND, E. Crue du roman. Traduction de Gérard Georges Lemaire. Apud CATÁLOGO. LEWIS, W., CORK, R.: KENNER, H.: LEMAIRE, G-G.: LEWIS, W.: McLUHAN, M. :POUND, E.; RODITI, E.: WEST, R.; BRETTE. A. Windham Lewis et le vorticisme.. Paris: Centre Georges Pompidou, Pandora, 1982, pp. 102-115. (Cahiers pour un temps).

 

ENSAIO. WEST, R. Tarr. Traduction de Gérard Georges Lemaire. ApudCATÁLOGO. LEWIS, W., CORK, R.: KENNER, H.: LEMAIRE, G-G.: LEWIS, W.: McLUHAN, M. :POUND, E.; RODITI, E.: WEST, R.; BRETTE. A. Windham Lewis et le vorticisme.. Paris: Centre Georges Pompidou, Pandora, 1982. (Cahiers pour un temps).



WEST, Rebecca. Anthologie des Textes Vorticistes de Wyndham Lewis. Les Manifestes: Vive le Vortex! Manifeste. Notre Vortex. La vie est la Chose importante! Futurisme, Magie et Vie. Traduction de Gérard-Georges Lemaire. Apud CATÁLOGO. LEWIS, W., CORK, R.: KENNER, H.: LEMAIRE, G-G.: LEWIS, W.: McLUHAN, M. :POUND, E.; RODITI, E.: WEST, R.; BRETTE. A. Windham Lewis et le vorticisme.. Paris: Centre Georges Pompidou, Pandora, 1982, pp. 17-41. (Cahiers pour un temps).

Nenhum comentário:

Postar um comentário