segunda-feira, 16 de setembro de 2013

 
 



BIOGRAFIA: DELAUNAY, Robert (1885-1941).

 

O artista nasceu em Paris mas morreu em Montpellier; durante 17 anos Delaunay trabalhou em ateliê de pintura decorativa. O artista começou a pintar nas férias, sob a influência de Paul Gauguin (1848-1903) e da Escola de Pont-Aven (1888-1889; v.). Na companhia de seu amigo Guillaume Apolinaire (1880-1918), Delaunay visitou o ateliê de Wassily Kandinsky (Munique, 1866-1944). As pinturas de Delaunay, entre obras de outros artistas das vanguardas francesas participaram da segunda mostra organizada por Kandinsky para o Grupo do Cavaleiro Azul [Der Blaue Reiter] (1912; v.). Delaunay se casou com a artista que nasceu na Ucrânia, quando este território pertencia à Rússia, Sonia Terk, que viajou para Paris na companhia do negociante de quadros Wilhem Uhde.

O casal Delaunay passou prolongada temporada vivendo em Barcelona, onde recebeu as vanguardas do Grupo (Espanhol) do Ultraísmo. O casal voltou a viver em Paris (1919-). Na cidade-luz os Delaunay se tornaram a locomotiva das vanguardas francesas, organizando encontros na sua residência, em homenagem a intelectuais como Guillaume Apollinaire, Pierre Soupault, André Breton, Louis Aragon, Tristan Tzara, Blaise Cendrars e Jean Metzinger, entre outros. Delaunay pintou o retrato de vários artistas e escritores de vanguarda.

As pinturas do artista foram inicialmente associadas ao Cubismo, pois Delaunay participou das mostras coletivas do Grupo do Cubismo da Seção de Ouro [Section D'Or], que inaugurou a primeira mostra com a publicação do único número da revista homônima, na Galeria La Boetie (1911). Robert Delaunay liderou o Grupo do Orfismo, denominação recebida de G. Apollinaire, nome inspirado no culto prestado a Orfeu. Quando Appolinaire rompeu seu romance com Marie Laurencin por pressões familiares, ele passou temporada abrigado pelo casal Delaunay no ateliê da rua des Grands Augustins (1912).

A pintura de Delaunay, Janelas Simultâneas, participou de mostra no Salão dos Independentes (20 mar., 1912). Apollinaire publicou o primeiro texto importante de autoria de R. Delaunay, Realité peinture pure, na revista que ele editou, Les Soirées de Paris (dez., 1912). Delaunay expôs pinturas na mostra individual na Galeria da Tempestade [DerSturm] (jan., 1913), sendo o texto de apresentação do convite escrito por G. Apollinaire. No mesmo ano Delaunay expôs A Equipe de Cardiff [L'equipe de Cardiff] (1912-1913, MNAM, Paris) no Salão dos Artistas Independentes (1913).

As composições Cubistas de Delaunay evidenciavam curioso desenvolvimento espacial, pois o pintor utilizou vários elementos arquitetônicos e decorativos como janelas, gradis, parapeitos e cortinas, que deixavam entrever partes da paisagem, quase sempre com símbolos parisienses como a Torre Eiffel, como que vistas da janela, mas com originais distorções e encadeamentos. Delaunay acrescentou toda a dinâmica das cores decompostas nas suas pinturas, depois que estudou o efeito da luz sobre a decomposição prismática das cores de acordo com a teoria de Eugène Chevreuil, publicadas no livro Lei dos Contrastes Simultâneos de Cores (Paris, 1838). Delaunay chegou, de forma original à Abstração pura, na série de obras intitulada Discos Simultâneos e Ritmos Circulares.

Delaunay produziu grandes murais abstratos, muito coloridos (1930-): ele participou com imenso sucesso da Exposição Universal (Paris, 1925; 1937). onde montou grandes estruturas espaciais. Na primeira metade do século XX Delaunay foi um dos artistas franceses de vanguarda mais ativos e apreciados: ele morreu depois de período de exílio na Suíca, país onde ele e sua esposa Sonia se abrigaram para escaparem da Segunda Guerra Mundial. A fotografia da obra precursora de Robert Delaunay, o primeiro Disco (1912) e as suas Formas Circulares Sol – Lua [Formes Circulaires Soleil - Lune] (1912-1913), bem como sua fotografia no seu ateliê se encontram reproduzidas (RAGON, 1992).

REFERÊNCIAS SELECIONADAS:
 
ARGAN, G. C.; VINCA-MASSINI, L. (Biogr.). Arte Moderna. Tradução de Denise Bottman e Federico Carotti. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. 709p., p. 660.
 

LÉVÊQUE, J-J. Le triomphe de l'art moderne: les Anées Folles. Paris: A. C. R. Éd. Internationalles, 1992. 624p.: il., retrs.,p. 288.


 
LUCIE-SMITH, E. Art Today. Oxford: Phaidon Press, 1977. 21,5 x 26,5 cm. 417p.: il., retrs.,p. 488.
 

NÉRET, G. 30 ans d'art moderne: peintres et sculpteurs. Fribourg: Office du livre, 1988. 248p.: il. p. 68.
 

RAGON, M.Journal de l´Art Abstrait. Genève: Skira, 1992. 163p: il., pp. 13, 22, 47.
 

DICIONÁRIO. SEUPHOR, M. Dictionaire de la peinture abstraite: precédé d´une histoire de la peinture. Paris: Fernand Hazam, 1957. 305p.: il., pp. 156-158.


 
 
 
 
DELAUNAY, Sonia Delaunay-Terk (1886-1979).


A artista nasceu em Giridisce, Ucrânia; ele viajou para Paris na companhia do critico e arte e galerista alemão Wilhem Uhde. Sonia Terk expôs suas pinturas em Paris (1907); a artista se casou com Robert Delaunay e ficou conhecida como Sonia Delaunay. O casal viveu alguns anos em Madrid, onde recebeu nos seus salões grande número de artistas, em reuniões calorosas. Os Delaunay voltaram a viver em Paris (1919-) onde sua residência tornou-se importante ponto de encontro de sua geração de intelectuais, como Albert Gleizes, André Lhote, Marc Chagall, Jacques Villon, Tristan Tzara, Philippe Soupault, André Breton, além de senhoras da alta sociedade, atrizes, bailarinas e cantoras.

Sonia Delaunay fez sucesso com seus tecidos pintados a mão, com Tapeçarias de desenho abstrato, jóias esmaltadas e vestidos originais, que ela apresentou na Exposição Internacional das Artes Decorativas e Modernas, dita, Exposição Universal (Paris, 1925). A artista foi convidada e pintou com seus desenhos criativos o carro de luxo, do ultimo tipo, cuja fotografia se encontra reproduzida (DALE, 1988).

 
A artista participou como pintora da mostra Novas Realidades [Realités Nouvelles], que ela organizou, reunindo tendências Abstratas na Galeria Charpentier (1939); posteriormente ela organizou a mostra de Arte Concreta, na Galerie Drouin (Paris, 1945). A artista participou de inúmeras exposições internacionais como a Primeiros Mestres da Arte Abstrata, realizada na Galerie Maeght (Paris, 1949).

 
A arte de Sonia Delaunay foi influenciada pela pela luminosidade e alegria penetrantes do Cubismo Órfico ou Orfismo de Robert Delaunay; pela paleta de cores dos artistas do Grupo (Francês) do Fauvismo; e pela obra de Paul Gauguin. Sonia Delaunay expôs na Galeria Rose Fried (Nova York); na Galeria Bing (Liège, Bélgica, 1954). A artista ilustrou o livro de poemas de Blaise Cendrars, A Prosa do Transiberiano e a Pequena Joana da França [La prose du Transiberien et la petite Jeanne de France] (1913); ela ilustrou o livro de Jacques Damase, Ritmos – Cores [Ritmes – Couleurs] (1966), entre muitas outras obras.

Nas Artes Aplicadas Sonia Delaunay produziu Tapeçarias Artísticas abstratas em edições numeradas (01-06), tecidas pelos Ateliês dos Gobelins. A artista produziu jóias modernas em ouro e esmalte, tudo com coloridíssimas formas que foram caracteristicas de sua obra, que empregou o vermelho e o azul predominando sobre outras cores como os verdes amarelados, acrescidas de grafismos em preto. Sonia Delaunay desenhou tapetes, cartas de baralho, toalhas de mesa; figurinos para para a peca teatral de Luigi Pirandello, Seis personagens à procura de um autor; costumes para Cléopatra, cuja cenografia foi desenhada por Robert Delaunay, balé encenado pelos Balés Russos de S. Diaghilev cujos primeiros cenários e figurinos foram destruídos em incêndio na viagem à América do Sul (1917). Sonia desenhou a cenografia e figurinos para o filme Le Petit Parigot (1926) e também estampou os tecidos para os figurinos dos dançarinos. Na alta sociedade francesa S. Delaunay foi muito celebrada, especialmente por sua arte aplicada ao vestuario, à estamparia, ao têxtil criativo, ao figurino e as jóias esmaltadas.

Nas Artes Plásticas destacamos a obra de S. Delaunay Prismas Elétricos (óleo/ tela, 1914, acervo do MNAM, em Paris), que se encontra reproduzida (HELLER, 1997); sua fotografia no ateliê, bem como a dos desenhos do livro de poemas de B. Cendrars (1913), bem como a fotografia da Instalação de Sonia e Robert Delaunay na Exposição Universal, realizada no Palais de l'Air (Paris, 1937), que se encontram reproduzidas (RAGON, 1992).
 

REFERÊNCIAS SELECIONADAS:
 
ARGAN, G. C.; VINCA-MASSINI, L. (Biogr.). Arte Moderna. Tradução de Denise Bottman e Federico Carotti. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. 709p., p. 660.
 
 
ARTIGO. DALE, H. Sonia Delaunay. Los Angeles: Architectural Digest, Dez., 1988, pp. 70, 74, 82.


HELLER, N. Women Artists: an Illustrated History. 3a ed. New York - London - Paris: Abeville, 1997, p. 122.
 
 
LÉVÊQUE, J-J. Le triomphe de l'art moderne: les Anées Folles. Paris: A. C. R. Éd. Internationalles, 1992. 624p.: il., retrs.,p. 265.


RAGON, M.Journal de l´Art Abstrait. Genève: Skira, 1992. 163p: il., pp. 21, 47-48. 

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