quarta-feira, 14 de agosto de 2013

 GRUPO (INTERNACIONAL PARISIENSE DO) CÍRCULO DE GERTRUDE E LÉO STEIN (Paris, c. 1903-1923).

 

Os irmãos norte-americanos Léo e Gertude Stein se instalaram na cidade luz, no n. 27 da rue de Fleuris. Nesse endereço os irmãos reuniram a nata das vanguardas internacionais que visitavam a cidade, ou nela passavam temporadas (Paris, c. 1903-1930). O artista emergente Pablo Picasso (1871-1982), foi escolhido para retratar Gertrude na sua primeira pintura dita, Proto-Cubista. A retratada disse que o retrato não se parecia com ela, e Picasso retrucou: Parecerá.
 
 

Foi no salão de Léo e Gertrude Stein que Picasso conheceu o artista Georges Braque (1882-1963), com ele passou a conviver e, na sua companhia, visitar museus e exposições (1907-1914). Na época Picasso vivia com Fernande Olivier (Amélie Long, 1881-1966) e participava do Grupo do Barco-Lavanderia [Bateau-Lavoir] e de A Colméia [La Ruche] (Paris, 1907-1914; v.). Braque e Picasso foram os mentores do Cubismo (v. o Grupo do Cubismo, Paris, 1908-1925). Frequentava o salão parisiense dos Stein o jovem artista Henri Matisse (1969-1954), que também retratou Gertrude Stein; Juan Gris (1887-1927), que ilustrava revistas de humor com desenhos satíricos que assinava como Giris; André Derain, que, como Picasso e Braque se tornou cenógrafo e figurinista dos Balés Russos (Paris, 1909-1929); Guillaume Apollinaire (1880-1918), poeta e cr;itico de arte, mentor das vanguardas francesas, influente inclusive sobre André Breton (1896-1966), idealizador do Grupo do Surrealismo (v.); entre outros participantes do cìrculo de relações mais próximas de Picasso, artistas, músicos e escritores, franceses e estrangeiros, que aceitaram a generosa hospitalidade da capital das artes européias.
 


A reunião semanal de sábado realizada no salão dos Stein passou a atrair a vanguarda internacional (1917-). Cole Porter (1881-1964), colega de Gerald Murphy (1888-1964) na Universidade de Yale, onde ele se destacou como criador do hino da universidade e dos hinos das sociedades universitárias, até hoje cantados. O músico Porter e seu colega, o artista plástico Murphy, casado com a rica Sarah Wiborg de família de Cinccinatti, pertenciam à alta sociedade norte-americana. O Círculo de Gertrude Stein atraiu escritores como Samuel Beckett, James Joyce, Ernest Hemingway, John dos Passos e Francis Scott Fitzgerald; músicos, como Igor Stravinsky; dançarinos e coreógrafos como Georges Balanchine e Isadora Duncan, entre outros artistas, como Man Ray, Joan Miró e Constantin Brancusi.


Essa geração, que Gertrude Stein chamou de Geração Perdida [Lost Generation] foi retratada em muitos romances: muitos reconhecem o dito, Casal de Ouro, Sarah e Gerald Murphy, fotografado na companhia de Cole Porter e outro casal em Veneza (1923), nos personagens Nicole e Dick Diver de Suave é a Noite [Tender is the Night] (Fitzgerald). E o casal descrito no romance de Ernest Hemingway, passado em Nice onde muitos dos convidados dos Murphy nadaram em Eden Roc, acontecimento reproduzido no romance Jardim do Éden [Garden of Eden].
 

Gerald Murphy foi o único cenógrafo norte-americano a criar cenários para a música de Cole Porter na encenação de Dentro da Cota, musical encenado por Rolf de Maré nos Balés Suecos (Paris, 1924; v.). Dois romances, Living Well Is the Best Revenge [Viver Bem é a Melhor Vingança] de Calvin Tomkins (1971) e Everybody Was So Young [Todos Eram Tão Jovens], de Amanda Vaill (1995), foram baseados na vida do casal Murphy com ênfase cordial, diferentemente da ênfase negativa do casal retratado nos romances citados anteriormente, de Fitzgerald e Hemingway.


REFERÊNCIAS SELECIONADAS:
 

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