BIOGRAFIA: NADAR, Gaspar Félix Tournachon (1836-1910).
Desde meados do século XIX, Nadar foi o famoso fotógrafo e retratista da alta sociedade parisiense: ele fotografou a maioria dos artistas e escritores importantes da época. Nadar ficou muito conhecido e alcançou meritório sucesso pois seus retratos tinham estilo diferente e simplificado; por este motivo o fotógrafo foi procurado por muitas personalidades como o escritor Charles Baudelaire e os pintores Eugène Delacroix, Gustave Courbet, Édouard Manet, Claude Monet, Camille Corot e Honoré Daumier, entre muitos outros. Nos seus retratos a figura humana sobressaía sobre fundos neutros, sem nenhum tipo de ornamento, populares e bastante utilizados nas fotografias de época, como vasos de flores sobre mesinhas além de outros objetos decorativos. Na concepção quase documental de Nadar, a interpretação e a percepção do caráter do retratado fizeram a diferença e permitiram que as fotografias de Nadar pudessem concorrer com o retrato pintado, comum na época. O artista fotografou musas em fotos artísticas, precursoras da fotografia moderna, como a atriz Sarah Bernhardt: ela posou em posições de langor romântico para fotografias sofisticadas, que mantiveram muitas afinidades estéticas com modelos de pintores nesse período.
Nadar freqüentou o Café Guerbois, situado no n. 11 da rue des Batignolles (hoje av. de Clichy, Paris) onde, nas noites das quintas-feiras ali se reunia grande grupo de intelectuais, escritores, críticos de arte e artistas plásticos como Frédéric Bazille, Félix Bracquemond, Edgar Degas, os críticos de arte Durant, Fréderic Duret e Alfred Stevens, Édouard Manet e seus amigos, os escritores Émile Zola e Marcel Proust, entre outros como Paul Cézanne, sempre que estava em Paris. Manet, que morava ao lado, fez desse café o seu escritório. No final da década (1868-1870), esse grupo ficou conhecido como o Grupo das Batignolles; no café foram discutidos os preceitos que nortearam a arte do grupo dos futuros pintores Impressionistas (Paris, 1874-1885).
Nadar foi solidário com seus amigos artistas plásticos, aos quais emprestou as instalações de seu imponente estúdio, situado no 35 do Boulevard des Capucines: a primeira mostra dos vanguardistas foi inaugurada nesse espaço alternativo (1874-). A fotografia do estúdio de Nadar, com sua frente toda envidraçada, se encontra reproduzida (CLAY, 1973). No entanto, pesou sobre Nadar a crítica dele ter se tornado excessivamente comercial: ele foi o primeiro a fotografar do alto de um balão a vista aérea de Paris. O desenhista, escultor e caricaturista Honoré Daumier, com seu traço característico e sua verve crítica e humorista, publicou uma caricatura com o título: Nadar elevando a fotografia à altura da arte (1862, litografia, na Coleção da George Eastman House, Rochester, NY). Nadar criou uma a obra intitulada O panteão Nadar, com fotografias de duzentas e oitenta personalidades que serviram de modelo para sua caricatura litográfica.
Nadar foi artista plástico que preferiu usar a máquina fotográfica ao invés do pincel. O retrato de Nadar de Charles Baudelaire sentado em uma cadeira Louis XIII (c. 1855, negativo com impressão ao sal em placa de vidro molhada com colódio, 22,1 x 16,4 cm, no acervo do Musée d’Orsay, Paris), se encontra reproduzido (BONFANTE-WARREN, 2000: 295).
REFERÊNCIAS SELECIONADAS:
ARGAN, G. C.; VINCA-MASSINI, L. (Biogr.). Arte Moderna. Tradução de Denise Bottman e Federico Carotti. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. 709p., p. 615.
BONFANTE-WARREN, A. The Musée D' Orsay. New York: Barnes and Noble, 2000, pp. 294-295.
CLAY, J. (Org.); HUYGUE, R. (Pref.) Impressionnisme. Paris: Librairie Hachette - Société d' Ëtudes et de Publications Economiques, 1973, p. 20.
DICIONÁRIO. SEUPHOR, M. Dictionaire de la peinture abstraite: precédé d´une histoire de la peinture. Paris: Fernand Hazam, 1957. 305p.: il., p. 234.
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