domingo, 4 de março de 2012

QUINTA PARTE DA HISTÓRIA DOS BALÉS RUSSOS

V. as biografias dos artistas e músicos russos no meu Blog:



[BALLETS RUSSES] DA CIA. TEATRAL SERGEI PAVLOVICH DIAGHILEV (Paris, 1909-1929).

A Primeira Guerra Mundial chegou no segundo semestre (ago., 1914) e, no final deste mesmo ano, Sergei Diaghilev ficou práticamente sem a companhia, pois seus bailarinos debandaram. O empresário russo se transferiu, juntamente com pequeno grupo de fiéis colaboradores que incluiu Leonid Massine, Mikhail Larionov e Natália Goncharova para Lausanne (Suíça). O empresário reorganizou a companhia e voltou a reunir seu pessoal mais antigo, bem como contratou novos bailarinos, mais jovens, recrutados nas escolas de dança e teatros russos. No final do ano a nova companhia assim formada reuniu o elenco de apenas dez bailarinos (1914), mas, no final do ano seguinte, seu número havia subido para 45 bailarinos (1915).

Vários bailarinos reconhecidos como verdadeiros talentos voltaram a dançar para a companhia, como Lubov Tchernicheva, Lidia Sokolova (a alemã Hilda Munnings) e Nicolas Kremnev. Foram contratados dois novos bailarinos principais, que se tornaram grandes estrelas dos Ballets Russes: Leon Woizikovski e Stanislas Idzikovski, que se associaram ao talento de Pierre Vladimirov.

No decorrer da carreira dos Ballets Russes, Diaghilev viu-se constantemente com problemas financeiros para custear suas produções, algumas caras e outras caríssimas. As dificuldades se acentuaram no decorrer da Primeira Guerra Mundial, quando Diaghilev buscou contactos através de seus amigos diplomatas espanhóis, bem como ingleses e franceses. O empresário russo acabou conhecendo Alfonso XIII, Rei da Espanha, que dispôs-se a patrocinar a turnê espanhola da companhia, realizada durante o período da Primeira Guerra Mundial.


Na Inglaterra, Diaghilev conseguiu o apoio de Lady Cunard, da Marquesa de Ripon e de sua filha, Lady Juliet Duff, que possibilitaram a primeira apresentação dos seus espetáculos de balé (Londres, 1912-). Foram decisivos o apoio da Princesa Charlotte e do Príncipe Pierre de Mônaco, para a  realização das temporadas que o empresário organizou em Monte Carlo; e, foi com o apoio do Rei da Espanha que Diaghilev encenou os primeiros balés de inspiração espanhola.

Nos tempos difíceis da Primeira Guerra Mundial, a companhia dos Ballets Russes viveu existência quase sem recursos e criou poucos balés; mas, durante esse período quando Leonid Massine foi companheiro da vida de Diaghilev, o empresário treinou-o como coreógrafo. Nessa fase, Igor Stravinski e Sergei Prokofiev trabalharam compondo as músicas para vários dos espetáculos de balé que estreariam futuramente. Stravinski escreveu muitos balés para a companhia, como Petruschka (1911, 23'55"), grande sucesso, com V. Nijinsky no papel principal fazendo par com T. Kasarvina, com cenografia e trajes de Leon Bakst: o balé A Sagração da Primavera [Le Sacre du Prinptemps] (1913), que estreou como obra colaborativa de Igor Stravinski e Nicolai Roerich, com cenários e figurinos dele, e coreografia de Vaslav Nijinsky, que representou verdadeiro sucesso de escândalo, ao qual seguiu-se O Pássaro de Fogo [L´Oiseau du Feu] (Stravinski, 1909-1910; Suíte, 1911; revisões, 1919; 1945), que estreou com cenários e figurinos de Natália Gontcharova durante o primeiro ano da Primeira Guerra Mundial  (1914).


No mesmo ano estreou a ópera A Lenda de José [La Legende de Joseph], de Richard Strauss, dedicada a E. Hermann (Opus 63), com cenários do conde Harry Kessler e do romancista Hugo von Hoffmansthal, que estreou com a companhia dos Ballets Russes com a orquestra sob a regência do próprio compositor, estrelando Maria Kusnetsova (a esposa de Potifar) e Leonid Massine (José). A coreografia foi de autoria de Michel Fokine e a cenografia do pintor espanhol José Maria Sert (v. Misia Sert), e os figurinos de Leon Bakst (Paris, 14 maio, 1914).


No período da guerra Diaghilev organizou para sua companhia duas turnês na América do Norte e do Sul, levando Vaslav Nijinsky como a principal estrela da dança da companhia dos Ballets Russes. Diaghilev acompanhou a companhia na viagem de ida para a América, voltando logo em seguida para a Europa. Depois da companhia dançar com sucesso em várias cidades norte-americanas como Albany, Boston, Detroit, Chicago, Cinccinatti, Cleveland, Pittsburg, Washinghton, Filadélfia, Milwaukee, Minneapolis e Kansas City, apresentou-se no palco do Metropolitan Opera House (Nova York, 3 abr., 1916). Em seguida, a trupe dos Ballets Russes viajou de navio para apresentar-se na América do Sul, passando por Buenos Aires, Montevidéu, Rio de Janeiro e  São Paulo. Foram apresentados dois balés com músicas de I. Stravinski, seus sucessos O Pássaro de Fogo e Petruschka. No Rio de Janeiro ocorreu  desastroso incêndio que resultou na perda total dos cenários e figurinos de vários espetáculos da companhia. O outro desastre ainda mais grave para Diaghilev, foi o enlace de Nijinski com a húngara Romula de Pulszky, que se realizou antes mesmo do navio aportar no seu primeiro destino na América do Sul. Este casamento foi fator preponderante na loucura que pouco tempo depois acometeu o jovem bailarino, que fora amante de Diaghilev. A última performance de Nijinski foi em Buenos Aires: ele passou o o resto da vida internado em instituição para doentes mentais. No final do ano a companhia voltou para a Europa (nov., 1916).

V. as biografias dos artistas e músicos russos que emigraram para os Estados Unidos no meu Blog:

http://arteamericanadevanguarda.blogspot.com/

Nenhum comentário:

Postar um comentário