segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

SALÃO (PARISIENSE) DOS ARTISTAS INDEPENDENTES (Paris, 1884-hoje).


Este salão desempenhou papel fundamental no desenvolvimento da arte moderna francesa, pois possibilitou que a produção de cada artista pudesse ser apreciada no mesmo ano, ou, no máximo, no ano seguinte ao da compleição da obra artística. Os artistas puderam, enfim, visualizar suas obras reunidas em conjunto, quando tendências se centigram, se firmaram ou desapareceram do circuito artístico parisiense. As amizades se formaram e os artistas, congraçados no salão, desenvolveram relações mais próximas; alguns formaram duplas de trabalho, quando as obras de alguns passaram a exercer nítida influência sobre a obra de outros. A fluência da vida no seu verdadeiro papel evolutivo, tornou enfim possível a fluência da modernidade na arte.

Um dos mentores da Associação de Artistas Independentes, organizadora do salão, foi Henri Cross (Henri Ednmond Delacroix, 1856-1910), que participou com obras Pontilhistas (v. Pontilhismo) do fracassado 1º Salão dos Artistas Independentes em Benefício da vítimas do cólera (1884). Esse primeiro salão submergiu nas disputas internas da recém-fundada associação de artistas. No entanto, os ditos, Artistas Independentes insistiram na organização do salão anual, que se opôs à rigidez do Salão de Belas Artes (v.).

O novo Salão dos Artistas Independentes representou a grande abertura para as inovadoras obras produzidas pelas vanguardas francesas, quase sempre rejeitadas pela crítica de arte e pelos salões oficiais dominados pelos pintores acadêmicos que, na sua maioria, também eram professores da Escola Nacional Superior de Belas Artes (Paris; v.).

O terceiro, Salão dos Artistas Independentes (1886), finalmente tornou-se sucesso quando expôs c. 200 obras das vanguardas francesas. O salão lançou as obras do grupo que a crítica de arte londrina, mais tarde (c. 1912-1913), chamou de Pós-Impressionistas, incluindo nesta denominação obras de Henri Cross, e, principalmente, de Charles Angrand (1854-1926), Louis Hayet (1864-1940), Maxmillien Luce (1858-1941), Georges Seurat (1859-1891) e Paul Signac (1863-1935) e dos artistas holandeses que viviam em Paris, Piet Mondrian (Pieter Cornelis Mondriaan, 1872-1944) e Kees van Dongen (1877-1968), entre outros, cujas obras apresentaram fase Pontilhista, como as de Henri Matisse (1869-1954) e Camille Pissarro (1830-1903).

A obra de Robert Delaunay (1885-1941), Janelas simultâneas, participou da mostra (20 mar., 1912). O Salão recebeu pinturas de muitos artistas estrangeiros, que viviam em Paris, como as da alemã Jeanne Mammen (1890-1976), que dividia o estúdio com sua Irma; suas pinturas participaram do Salão dos Artistas Independentes (Paris, 1912 e Bruxelas, 1913).

O salão, que revolucionou a arte das vanguardas européias, expôs as primeiras obras que D-H. Khanweiller (1874-1979), que se tornou marchand de Pablo Picasso (1881-1973), adquiriu para sua importante galeria de arte (Paris,1907-1914). No Salão, o negociante de arte Wilhem Uhde adquiriu várias obras de Henri Rousseau, que posteriormente estiveram em exposição na Galeria de Arte 291 (Nova York, 1908-1917). Ficaram conhecidas as pinturas do Grupo (Francês) das Feras (dos Fauves ou Fauvistas), que Henri Matisse (1869-1954), lançou no salão (1905), depois de trabalhar com Cross e Signac no sul da França (1904-1905; v. o Grupo (Francês) de Saint-Clair).

Foi no Salão dos Artistas Independentes que Ambroise Vollard (1869-1935), reconheceu a obra vanguardista de Paul Cézanne 1839-1906), de quem adquiriu mais de 150 quadros, comprados diretamente no ateliê do artista. Vollard guardou as obras de Cézanne como seu maior tesouro, na na sala especial e secreta de sua residência, e, depois dos almoços ou jantares que promovia, ele mostrava seus mais preciosos quadros a seus convidados.

Nesse contacto direto que o Salão promoveu com os primeiros negociantes de arte das vanguardas francesas e os artistas plásticos, possibilitou a formação de novo mercado que, com o passar dos anos, pôde sustentar a arte dos principais artistas plásticos franceses e de outros artistas estrangeiros, que se radicaram na capital das artes européias. Esses estrangeiros formaram a dita, Escola de Paris (1900-1940, v.).

Foi ainda esse Salão que possibilitou a emergência da nova apreciação da arte moderna no país, que homenageou seus artistas mais destacados com mostras póstumas ou retrospectivas, nas Salas Especiais, como a de Édouard Manet (1832-1883), P. Cézanne e G. Seurat, entre inúmeros outros.

REFERÊNCIAS SELECIONADAS:

CLAY, J.; HUYGUE, R. (Pref.). Impressionism. New Jersey: Chartwell Books, 1973, pp. 273-274, 288-289, 292-297.

PIERRE, J. L'Univers Symboliste: décadence, symbolisme et art nouveau.

DICIONÁRIO. SEUPHOR, M. Dictionaire de la peinture abstraite: precédé d´une histoire de la peinture. Paris: Fernand Hazam, 1957. 305p.: il., pp. 75-76.
Paris: Éditions d'Art Aimery Somogy, 1991, p. 266.

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