O artista espanhol nasceu em Barcelona e morreu em Calla Mayor (Ilhas Maiorcas). Miró estudou na Escola La Lonja (1907-1910) e na Escola de Arte Francisco Galli (1912-1915). Miró tornou-se um dos maiores pintores e escultores catalães. Miró expôs em sua primeira mostra individual na Galeria Dalmau (Barcelona, 1918), ocasião em que conheceu Francis Picabia. Miró re-encontrou Picabia, na época patrocinador do Dadaísmo parisiense (Paris, 1919). Picabia apresentou o artista a André Breton, Paul Éluard e Louis Aragon, escritores, editores e futuros organizadores do Grupo do Surrealismo (Paris, 1924-).
Miró passou a residir em Paris (1920) e, durante curto período realizou obras na estética Dadaísta; o artista expôs em mostra individual na Galeria La Licorne (1921). Miró associou-se ao Surrealismo (1924) e expôs na mostra conjunta do grupo na Galeria Pierre (Paris, 1925). O artista criou, em conjunto com Max Ernst, a cenografia e figurinos para Romeu e Julieta, balé com libreto de Jean Cocteau, e música do inglês Constant Lambert (1926). O balé encenado pelos Balés Russos de Sergey Diaghilev estreou em Monte Carlo (4 de maio, 1926). O balé obteve algum sucesso e foi levado para sua verdadeira estréia no Teatro Sarah Bernhardt (Paris, 18 de maio). No entanto, a noite de estréia foi marcada pelas vaias dos Surrealistas, que protestavam desta maneira à adesão ao dito, capitalismo, por parte de Max Ernst e de Joan Miró, expresso através de seu contrato celebrado com os Balés Russos. No entanto, a publicidade negativa causada por este evento não prejudicou o espetáculo, antes alavancou-o a mais um sucesso de escândalo da Cia.Teatral S. P. Diaghilev.
No ano seguinte Miró conheceu o Surrealista belga René Magritte, que viveu período em Paris (1927), ocasião em que ele deixou-se levar conquistado pela pintura do Automatismo psíquico. Miró ampliou sua Abstração ao limite máximo, substituindo toda a Figuração pintada anteriormente por jogo de pontos, traços e rabiscos coloridos e quase nada mais, próximo ao limite da inconsistência. Foi o mesmo Miró que construiu apenas com uma pluma e alfinete de chapéu a sua Dançarina espanhola (1928).
Na época em que Miró produziu suas primeiras colagens e suas primeiras esculturas, ele viajou para a Holanda, (1930). Formou-se a Cia. dos Ballets du Théâtre du Champs Elysées (1931), dirigida por antigo oficial cossaco russo, o Colonel de Basil. A companhia contratou Georges Balanchine como Maître de Ballet, Bóris Kochno como diretor de arte e Sergey Grigoriev como diretor geral. Foram contratados os principais bailarinos remanescentes dos Balés Russos. Foram encenados alguns balés coreografados por Balanchine, até que foi reencenado o balé do repertório dos Balés Russos, Jogos Infantís [Jeux d'Enfants], conhecido como Jogos [Jeux], com música da Suite de Georges Bizet, coreografado por Léonid Massine, com cenários de Joan Miró (1932).
Miró participou com desenho, reproduzido nos mínimos detalhes na exposição de Tapeçarias das Edições Cutoli (Paris), expostas na Galeria Reid e Lefèvre (Londres) e no Clube das Artes [Arts Club] (Chicago, 1933). Em meados da década de 1930, Miró expôs pinturas na importante mostra organizada com a curadoria de Alfred Barr: Arte Fantástica, Dadá e Surrealismo [Fantastic Art, Dada and Surrealism], no MoMA (Nova York, 1936). Miró participou com obra mural da Exposição Universal (Paris, 1937), no mesmo ano em que Pablo Picasso expôs sua famosa pintura Guernica, no Pavilhão Espanhol da mostra. Miró iniciou a famosa série de obras com vinte e duas pinturas da série intitulada Constelações (1938-1939). O artista passou prolongada temporada vivendo em Palma de Maiorca (1940), mas, depois voltou a viver em Barcelona (1942).
Miró pintou mural para o Centro de Graduação da Universidade de Harvard (Cambridge, MA, 1950); o artista recebeu da Bienal de Veneza o Prêmio de Artes Gráficas (1954). Miró produziu mural com elementos cerâmicos para a Escola de Negócios (Saint-Gallen, Suíça, 1957-1958); e executou outro mural, também em cerâmica para o aeroporto de Barcelona e para a Kunsthaus (Zurique, 1971-1974).
Miró foi homenageado com ampla mostra retrospectiva de suas obras no Grand Palais (Paris, 1974). No ano seguinte Miró inaugurou a Fundação Miró (Barcelona, 1975), quando foi homenageado com outra grande retrospectiva (Madrid). Bem mais conhecido por sua obra gráfica e pictórica, Miró possui a marcante faceta pouco conhecida de sua obra: foi importante escultor vanguardista, de obra ainda hoje pouco revelada. O artista expôs o conjunto expressivo de sua obra escultórica na mostra retrospectiva do Grand Palais (1974), revelando ao mundo sua esculturas arrojadas, nas quais o artista deixou fluir livremente seu erotismo. Um visitante da mostra, radical e inconformado com a contundência explícita do erotismo de Miró, escreveu no livro da exposição:
[...]Il faudrait couper les mains de Miró[...] (Deveríamos cortar as mãos de Miró)
O publico ficou extremamente chocado com a faceta extremamente erótica que o artista revelou através de suas esculturas, pois Miró até então sempre havia sido considerado como a criança das artes, com suas formas coloridas e gráficas brincando e dançando sobre fundos multicoloridos, celebrando a inocência do céu, do sol, da pipa, do cão, remetendo a imagens alegres e felizes da infância redescoberta, sem mostrar sua faceta humana e adulta.
Miró ilustrou vários livros, entre os quais o Ubu-Rei de Alfred Jarry, com suas Litografias originais (Paris: Efstratis Tériade, 1966). Entre as obras mais interessantes de Miró destacamos Cabeça de Homem [Tête d'Homme] (1934, óleo/ tela/ madeira, 105,5 cm x 75 cm, no MNAM (Paris), que mostra língua obscena como a imagem da luxúria e do pecado; O Verão [L'Eté], 1937, guache/ papel/ tela, 35,5 cm x 26,5 cm., na Sucessão Miró; a pintura Mulher nua subindo escada [Femme nue montand l'escalier], (1937, crayon/ cartão, 78 cm x 56 cm., na Fundação Joan Miró, Barcelona). As obras O Carnaval do Arlequim (1924-1925), no acervo da Galeria Albright-Knox (Buffallo, NY); a obra Cachorro ladrando à lua (1926, Museu de Arte da Filadélfia); Mulheres - Pássaros à luz da lua (1949, Tate Gallery, Londres); e sua obra-prima de síntese poética, Azul III (1961, na Galeria Pierre Matisse, Nova York), que encontram-se reproduzidas (GAUNT, 1973). A fotografia de Joan Miró por Man Ray e a pintura dele, A Estrela Matinal [L'Étoile Matinale] (1940, Fundação Joan Miró, Barcelona), participou da mostra retrospectiva de André Breton, no MNAM - Museu Nacional de Arte Moderna; e foram reproduzidas no catálogo (BEAUMELLE, 1991).
REFERÊNCIAS SELECIONADAS:
ARGAN, G. C.; VINCA-MASSINI, L. (Biogr.). Arte Moderna. Tradução de Denise Bottman e Federico Carotti. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. 709p., pp. 675, 676.
CATÁLOGO. ADES, D. Dada and Surrealism Reviewed. Introduction by David Syilvester and supplementary essay by Elizabetn Cowling. London: the Authors and the Art Council of Great Britain, Hayward Galleries, 1978. 475p.: il.,
CATÁLOGO. BEAUMELLE, A. de la; MONOD-FONTAINE, I.; SCHWEISGUTH, C. André Breton: La Beauté Convulsive. Paris: Musée National d'Art Moderne, Centre Georges Pompidou, 1991, pp. 177, 389.
CATÁLOGO. Le sexe dans l'art. Op. cit., pp. 127, 129, 242.
GAUNT, W. The Surrealists. London: Thames & Hudson, 1975. 272p.. il., pp.
PIERRE, J. L'Univers Surréaliste. Paris: Somogy, 1983, pp. 319. 192p.: Il,.algumas color., 25 x 33 cm, pp. 119, 142, 183.
SHEAD, R. Ballets Russes. Secaucus, New Jersey: Quarto Book, Wellfleet Press, 1989,192p.: Il,.algumas color., 25 x 33 cm, pp. 119, 142, 183.
VERLET, P.; FLORISOME,M.;HOFFMEISTER, A.;TABARD, F.; LURÇAT, J. Le Grand Livre de la Tapisserie. Lausanne; Edita, 1965, p. 169, 36 x 30 cm.
TESCH, J.; HOLLMANN, J. Icons of Art: 20th Century. New York: Ekhardt Hollman, Prestel, 1997. 216p.: il.,p.106.
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