O artista nasceu e morreu em Paris. Laurens foi pintor e escultor francês e um dos principais professores das vanguardas estrangeiras que acorreram a Paris, na segunda e terceira décadas do século XX. Laurens foi professor da artista brasileira Nicota Bayeux, que nasceu e faleceu em Campinas (SP) e que estudou com o artista na Academia Julian, no auge do movimento do Cubismo francês (1907-1914),
Laurens foi amigo próximo de Georges Braque; sua obra foi influenciada pela fase do Cubismo, dita, Analítica (Paris, 1910-1912). As primeiras construções de Laurens foram executadas em madeira com policromia, nas formas Cubistas como cones e cilindros justapostos, que lembravam jogos infantis de encaixe e as esculturas Futuristas italianas coloridas de F. Depero e E. Prampolini (1915) .
Depois da I Guerra Mundial, (I GM), Laurens continuou trabalhando com o mesmo espírito Cubista que norteou suas primeiras obras, mas mudou seu material na arte para pedra talhada. No ano em que a temporada anual parisiense foi curta, com apenas 12 récitas realizadas no Teatro Champs Elysées Laurens realizou sua única cenografia para os Balés Russos, da Cia. Teatral S. P. Diaghilev (Paris, 1924). Inaugurada com o espetáculo Os Bichos [Les Biches], balé que insinuava o homossxualismo e lesbianismo, estrearam os novos balés modernos, Os Maledicentes [Les Fâcheux] e O Trem Azul [Le Train Bleu], descrito como Opereta dançada de Jean Cocteau [Operette dansée de Jean Cocteau], com libreto de Jean Cocteau, música de Darius Milhaud (v. Grupo dos Seis), coreografia de Bronislava Nijinska, cortina pintada por Pablo Picasso, cenários de Laurens e figurinos de Mlle. Chanel. O cenário praiano mostrava casais namorando, outros tomando banho de mar, brincando e jogando, em clima agradável, no balé leve, divertido e completamente inusitado. Todos os balés estrearam no final do ano na temporada londrina, quando foram recebidos com grande entusiasmo pelo público inglês, no Teatro Coliseum (24 nov., 1924).
Laurens não se tornou conhecido na arte das vanguardas internacionais: sua obra começou a ser melhor apreciada no início da década de 1950, quando ele foi convidado a participar da Bienal de Veneza (1950). No entanto, o prêmio de Pintura foi outorgado à obra de seu grande amigo Henri Matisse, que, generosamente dividiu com Laurens o valor da premiação que recebeu, prestando-lhe assim merecida homenagem pessoal. Esta falta de premiação foi, de certa forma compensada quando, pouco depois, Henri Laurens recebeu o Grande Prêmio na II Bienal de São Paulo (1953).
Várias das obras de Laurens participaram da Sala Especial Cubista, na II Bienal de São Paulo, que trouxe, a pedido dos seus organizadores uma grande mostra do movimento e apresentou Guernica, na Sala Especial Pablo Picasso; outras foram a Sala Especial Germaine Richier e a Sala Especial Henri-Georges Adam. A obra de Laurens ficou situada dentro da grande mostra Cubista, onde o artista expôs nove (9) esculturas: Mulher com Leque (1919, bronze, 60 cm); o baixo-relevo, Instrumentos de Música (1928, bronze, 140 cm); A Negra (1934, bronze, 90 cm); A Sereia (1944, bronze, 110 cm), obra que se encontra-se reproduzida no catálogo da mostra; O Arcanjo Fulminado (1946, bronze, 140 cm) e O Outono (1948, bronze, 170 cm); A Lua (1948, bronze 94 cm); Amphion (1953, bronze, 40 cm) e Figura com harpa (sd, bronze, 40 cm).
Laurens foi convidado pelo arquiteto Carlos Villanueva (Venezuela), para executar esculturas para seu projeto da nova edificação da Universidade de Caracas, que reuniu obras de Hans Arp, Fernand Léger, Alexandre Calder, Victor Vassarely, Otero e Jesús Rafael Soto. No acervo do M.A.C. - U.S.P. encontra-se em exposição a escultura de Laurens, Torso (1935, chumbo, 66,5 cm x 47,7 cm x 48,4 cm), obra bastante significativa do artista das vanguardas francesas.
REFERÊNCIAS SELECIONADAS:
CATÁLOGO. BARBOSA, A. M. Catálogo Geral de Obras 1963-1993. São Paulo: Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, Fundação Bienal, 1993, p. 284.
CATÁLOGO GERAL da II Bienal do Museu de Arte Moderna. São Paulo: EDIAM, 1a edição, dez., 1953, pp. 167-168
NÉRET, G. 30 ans d'art moderne: peintres et sculpteurs. Fribourg: Office du livre, 1988. 248p.: il.,
pp. 114-115, 136.
SHEAD, R. Ballets Russes. Secaucus, New Jersey: Quarto Book, Wellfleet Press, 1989. 192p.: Il,.algumas color., 25 x 33 cm, p. 127.
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