COLAGEM (Paris, 1912-1921; Milão.1910-1944).
O procedimento técnico da Colagem [Collage], começou na arte das vanguardas ocidentais com a obra Cubista de Pablo Picasso, que colou um pedaço de oleado reproduzindo a palhinha de uma cadeira sobre a tela de sua obra À Cadeira de Palhinha [À La Chaise Canée] (1912). Picasso percebeu logo que ali estava a solução estética e saída original para a sua evolução pictórica Cubista. Desta forma, ele prosseguiu colando nas suas telas materiais descartados como papel impresso de rótulos de bebidas (Vieux Marc, por ex.), papelão, galões de passamanaria, entre outros materiais inusitados, até então nunca integrados à arte de vanguarda.
O procedimento técnico da Colagem [Collage], começou na arte das vanguardas ocidentais com a obra Cubista de Pablo Picasso, que colou um pedaço de oleado reproduzindo a palhinha de uma cadeira sobre a tela de sua obra À Cadeira de Palhinha [À La Chaise Canée] (1912). Picasso percebeu logo que ali estava a solução estética e saída original para a sua evolução pictórica Cubista. Desta forma, ele prosseguiu colando nas suas telas materiais descartados como papel impresso de rótulos de bebidas (Vieux Marc, por ex.), papelão, galões de passamanaria, entre outros materiais inusitados, até então nunca integrados à arte de vanguarda.
Os Futuristas italianos receberam a influencia das colagens de Pablo Picasso, pois expuseram suas obras em mostra coletiva (Paris,1912), e logo empregaram a Colagem nas suas obras. Umberto Boccioni colou pedaços de jornais nas obras Dinamismo da Cabeça de um Homem (1914), e Carga de Lanceiros (1915), esta realizada um ano antes dele morrer na Primeira Guerra Mundial (1916). Outro artista Futurista precurssor, que integrou lantejoulas coladas à sua pintura foi o italiano Gino Severini, que viveu a maior parte da vida em Paris. O artista começou integrando a Colagem às Artes Gráficas e Pintura, antes de integrá-las às técnicas mistas sobre tela. A obra de Severini Natureza morta com caixa de fósforos foi executada no mesmo ano em que o artista começou a sua conhecida sequencia de Dançarinas [Danseuses], nas quais colou lantejoulas e aplicou gesso. Em outras obras Severini colou bijouterias, bigodes e tecidos, como no Retrato de Marinetti e no Retrato de Paul Fort; ele inseriu metal e lantejoulas, como na Dança do Urso = Veleiros e Jarro de Flores (1913); e folhas de jornal, na Natureza-Morta (Garrafa, Jarro, Jornal e Mesa; 1914). Várias das colagens de Severini foram perdidas ou destruídas, mas posteriormente, algumas Colagens que amadureceram nas obras do italiano foram mostradas nas revisões críticas do Futurismo e do Cubismo, entre outras. Outro artista Futurista que realizou colagens foi Vinício Paladini.
Outros Futuristas como Ardengo Soffici e Carlo Carrà também executaram seus Papéis colados [Papiers Collés]. Entre as obras de Soffici se destacam Pouca velocidade e Composição com Garrafa Verde. Na obra de Carrà se destacam as colagens Garrafa e Copo; Natureza-Morta com sifão e café nos arredores; e Celebração Patriótica, entre outras.
Posteriormente, o artista italiano Enrico Baj, mais conhecido como mentor do Grupo do Movimento Nuclear (v.), colou pesadas passamanarias e acabamentos têxteis na sua obra pictórica, sem obter resultados plásticos de qualidade superior, como o dos primeiros vanguardistas Cubistas, entre outros.
O artista russo David Kakabadze (1890-1952), durante os anos que viveu em Paris (1919-1926), foi atraído pelo que chamou de Pintura Subjetiva: ele dedicou-se a técnica da Colagem, usando ocasionalmente nas obras pictóricas acréscimos de espelhos e metal, entre outros materiais como vidro colorido de vitral, associado à tinta. Na verdade, esse seu desenvolvimento pessoal foi influenciado nas Colagem do Cubismo (v.), escola pela qual o georgiano foi influenciado.
A técnica da Colagem se sofisticou, devido a popularização da Fotografia: as colagens que empregaram fotografias recortadas e coladas sobre papel, associadas a outras técnicas, foram chamadas de Fotomontagens, mas, em essência, essas obras não deixaram de ser colagens. Os Dadaístas alemães se utilizaram da técnica inovadora da Colagem e, principalmente da Fotomontagem (v. Técnicas na Arte: Fotomontagem no Dadaísmo alemão), registrada em centenas de obras do mais ativo deles, John Heartfield, irmão de Wieland Herzefeld, da Editora Malik [Malik Verlag] (v.). O alemão que se autoproclamou anti-dadaísta, Kurt Schwitters, executou extensa obra toda de pequenas dimensões, na técnica de Colagem, na estética Dadaísta, embora pertencesse ao movimento do qual ele foi mentor, do dito, Grupo Anti-Dadá-Merz (v.). Várias obras na técnica de colagem de Schwitters, que nunca usou a fotografia recortada e colada, estiveram com seus originais expostos na mostra individual do artista realizada na Pinacoteca do Estado (São Paulo, 2004).
Max Ernst, artista da Associação dos Artistas Radicais de Colônia (v.), publicou álbum com oito litografias, encomenda da cidade de Colônia, intitulado Fiat Modes (1919). Max Ernst foi o primeiro desse grupo Dadaísta a expor suas obras em Paris: ele enviou suas colagens diferentes, adaptação criativa da técnica Dadaísta e que consistiu na apropriação, recorte e colagem do desenho publicitário do século anterior, o XIX. Nessa época os anúncios não empregavam fotografias, eram desenhados; e, quase sempre, os desenhos escolhidos por Ernst reproduziam máquinas ou instrumentos científicos, óticos ou similares, que ele colava sobre papel grosso, completando com seus desenhos que depois associava a outras gravuras coladas, obtendo misturas gráficas totalmente inusitadas. Algumas de suas Colagens foram executadas junto com Hans (Jean) Arp, dos mais destacados artistas do grupo Dadaísta, embora o mais discreto; e este conjunto de obras foi intitulado Fatagaga ou Fabricação de quadros gazométricos garantidos [Fabricacion de Tableaux Garantis Gazometriques]. As Colagens de M. Ernst foram celebradas pelo grupo de André Breton, encarregado da montagem da mostra individual do artista, realizada na Galeria Au Sans Pareil (Paris, 1921). O futuro Grupo do Surrealismo (Paris, 1924-1966; v.), ficou entusiasmado com o sentido revolucionário das obras de Ernst, que expunham ligações inconscientes, valorizadas desde então pelos teóricos, escritores e futuros artistas do grupo francês. Três obras de Max Ernst, Aqui tudo está flutuando [Hier ist alles in der Schwebe] (Colagem de gravuras fotográficas e lápis, 10,5 cm x 12,2 cm, no acervo do MoMA, Nova York); o Autoretrato ou A Imortalidade de Buonarotti [L´Immortalité de Buonarotti] (c. 1920, fotomontagem, 17,5 cm x 11,5 cm, coleção Arnold H. Crane, Chicago); e o Massacre dos Inocentes [Massacre des innocents] (1921, colagem, 21,5 cm x 29 cm., coleção particular, Chicago), se encontram reproduzidas (ADES, 1978: 118).
No Grupo (Parisiense) do Surrealismo Internacional Max Ernst se tornou a verdadeira revelação entre os mais proeminentes artistas, reconhecido mundialmente. Ernst não compareceu a inauguração de sua primeira mostra parisiense, mas, depois que foi viver na cidade ele foi convidado a participar das sucessivas publicações editadas pelos Surrealistas. Ernst ilustrou vários livros de poetas como os de Paul Éluard, entre outros, e participou com textos e ilustrações realizadas com Colagens para várias das revistas de André Breton e Tristan Tzara. Ernst lançou vários Livros de Artista, como História Natural (Paris, 1926); Mulher de 100 cabeças (Paris, 1929), ilustrado com 50 prelúdios musicais de George Antheil, posteriormente, na década de 1930, dançados por Martha Graham em Nova York,. Outro livro na técnica de Colagem de Ernst foi o Sonho da jovenzinha que queria entrar para o Carmelo, ilustrado com suas colagens eróticas e criativas; e Uma Semana de Bondade [Une Semaine de Bonté], esta apresentada na mostra Max Ernst: Uma Semana de Bondade – Collages Originais – no MASP (23 abr., 2010-). Breton encontrou nas Colagens de Ernst o que, sem saber, buscava: imagens instigantes emanadas do inconsciente, criatividade, cultura, inteligência investigativa e o inconsciente liberado através da arte.
ADES (1978: 54) reproduziu a colagem do artista ítalo-americano Joseph Stella, Gráfica [Graph] (c. 1920, colagem 31,8 cm x 24,10 cm, na coleção de Mr. & Mrs. Edward R. Hudson Jr.) e a obra dos Dadaístas em Colônia (v.) Johannes Baader e Raoul Hausmann, Colagem sobre um cartaz [Collage sur un affiche] (c. 1919-1920, colagem sobre cartão, 50 cm x 30,8 cm, coleção particular, Milão) (ADES, 1978: 90).
Baader também realizou seu Livro de Artista autobiográfico, quase todo executado na técnica de colagem. A Dadá Descartes (1926, colagem, 24 cm x 17, 5 cm, coleção particular, Milão), de Lajos Kassak, entre outras, se encontra reproduzida (ADES, et al., 1978). Marcantes foram as colagens dos artistas do Cubismo (v. a técnica de Fotomontagem).
REFERÊNCIAS SELECIONADAS:
CATÁLOGO. ADES, D. Dada and Surrealism Reviewed. Introduction by David Syilvester and supplementary essay by Elizabetn Cowling. London: the Authors and the Art Council of Great Britain, Hayward Galleries, 1978. 475p.: il., pp. 54, 90, 96, 100, 118. [1]
CATÁLOGO. An Exibition of Max Ernst: Paintings, Drawings and Sculptures: from the Menil Family Collection. Houston: Rice University. Frankfurt: Kunstverein, 1970.
CATÁLOGO. HULTEN, P. (ORG.); JUANPERE, J.A.; ASANO, T.; CACCIARI, M.; CALVESI, M.; CARAMEL, L; CAUMONT, J; CELANT, G; COHEN, E.; CORK, R.;CRISPOLTI, E.; FELICE, R; DE MARIA, L.; DI MILLIA, G.; FABRIS, A.; FAUCGEREAU, S.; GOUGH-COOPER, J.; GREGOTTI, V.; LEVIN, G.; LEWISON, J.; MAFFINA, F.; MENNA, F.; ÁCINI, P.; RONDOLINO, G; RUDENSTINE, A.; SALARIS, C.; SILK, G.; SMEJKAI, F.; STRADA, V.; VERDONE, M.; ZADORA, S. Futurism and Futurisms. New York: Solomon R. Guggenheim Museum, Abeville Publishers, 1986. 638p.: il, retrs., pp. 454-455, 541.
BARR, A. Cubism and Abstract Art. Harvard: The Belknap Press - Harvard University Press. 2nd ed. New York: Museum of Modern Art, 1986, p. 219.
CACHIN, F.; MINERVINO, F. Tout l'Oeuvre peint de Picasso, 1907-1917. Paris: Flammarion, 1977, pp. 83, 86-87, 101, 102, 528, 529, 530, 781, 892-895.
GAUNT, W. Los Surrealistas. Barcelona: Labor, 1973, p. 95.
NÉRET, G. 30 ans d'Art Moderne. Fribourg: Office du Livre, 1988, p. 245.
RODRIGUEZ-AGUILERA, C. Picasso de Barcelona. Paris: Cercle d'Art - Marrast, 1975, p. 216.
EISENSTEIN, S. MARSHALL, H. (Pref e Ed.). Memórias imorais: uma autobiografia. Tradução de Carlos Eugênio Marcondes de Moura. São Paulo: Cia das Letras, 1987, pp. 14, 128, n. 9-12.
[1] CATÁLOGO. ADES, 1978, possue um exemplar na coleção José Guilherme Melquior, na Biblioteca do CCBB - Rio de
Janeiro.
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