Os irmãos norte-americanos Léo e Gertrude Stein (1874-1946) se instalaram na cidade luz, no n. 27 da rue de Fleuris. Nesse endereço os irmãos reuniram a nata das vanguardas internacionais que visitavam a cidade, ou nela passavam temporadas (Paris, c. 1903-1930). Pablo Picasso (1881-1973), foi o artista emergente encarregado de pintar o retrato de Gertrude, na sua primeira obra, dita, Proto-Cubista. Quando a retratada disse que o retrato não se parecia com ela, e Picasso retrucou: Parecerá.
Foi no salão de Léo e Gertrude Stein que Picasso conheceu o artista Georges Braque (1882-1963), e, passou a conviver com ele, e, na sua companhia visitar museus e exposições (1907-1914). Braque e Picasso foram mentores do Cubismo (v. o Grupo do Cubismo, Paris, 1908-1925). Frequentou o salão parisiense o jovem artista Henri Matisse (1869-1954), que retratou Gertrude Stein (1874-1946); Juan Gris (1887-1927), que ilustrou revistas de humor com desenhos satíricos que assinou como Giris; André Derain (1880-1954), o primeiro artista plástico que se tornou teórico da arte francesa (1905-); Guillaume Apollinaire (1880-1918), mentor das vanguardas francesas, entre outros participantes do cìrculo de relações mais próximas de Picasso, pertencentes ao dito, Grupo do Barco Lavoir (v.).
A reunião semanal de sábado realizada no salão dos Stein passou a atrair a vanguarda internacional: Albert Cole Porter (1891-1964), que havia sido colega de Gerald Murphy (1888-1964), na Universidade de Yale, onde ele se destacou como músico, compositor do hino da universidade e dos hinos das sociedades universitárias, até hoje cantados. O músico Porter e seu colega, o artista plástico Murphy, casado com a rica Sarah Wiborg, de família de Cinccinatti, pertencia à alta sociedade norte-Americana. Os artistas aceitaram a generosa hospitalidade da capital das artes européias (1917-).
O Círculo de Gertrude Stein atraiu escritores como Samuel Beckett, James Joyce, Ernest Hemingway, John dos Passos e Francis Scott Fitzgerald; músicos, como Igor Stravinsky; dançarinos e coreógrafos como Georges Balanchine e Isadora Duncan, entre outros artistas como Man Ray, Joan Miró, Constantin Brancusi, além de socialites como Sarah e Gerald Murphy, fotografado na companhia de Cole Porter e outro casal em Veneza (1923). Essa geração, que Gertrude Stein chamou de Geração Perdida [Lost Generation], foi retratada em muitos romances: muitos reconhecem o o dito, Casal de Ouro Murphy nos personagens Nicole e Dick Diver, de Suave é a Noite [Tender is the Night] (Fitzgerald). E o casal descrito no romance de Ernest Hemingway, especialmente por se passar em Nice, onde muitos convidados dos Murphy nadaram na Eden Roc, evento reproduzido no romance Jardim do Éden [Garden of Eden] (Hemingway).
Gerald Murphy foi o único cenógrafo norte-americano a criar cenários para a música de Cole Porter na encenação dos Balés Suecos de Rolf de Maré (Paris, 1924; v.). Dois romances, Living Well Is the Best Revenge [Viver bem é a melhor vingança] de Calvin Tomkins (1971) e Everybody Was So Young [Todos eram tão jovens], de Amanda Vaill (1995), foram baseados na vida do casal Murphy, com ênfase cordial, diferente do casal retratado nos romances citados de Fitzgerald e Hemingway.
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