sexta-feira, 15 de maio de 2015

1920-1924-GRUPO MUSICAL (FRANCÊS) DOS SEIS [GROUPE DES SIX] (Paris).

GRUPO MUSICAL (FRANCÊS) DOS SEIS [GROUPE DES SIX] (Paris, 1920-1924). Destaques: MILHAUD, Darius, Francis POULENC e Germaine TAILLEFERRE. O grupo foi formado por seis músicos eruditos: Georges Auric (1899-1963), Darius Milhaud (1892-1974), Arthur Honegger (1892-1955), Francis Poulenc (1899-1963), Germaine Tailleferre (1892-1983) e Louis Durey (1888-1979) que logo se afastou, sendo substituído pelo jovem Henri Sauguet (1901-1989). Os músicos associados formaram seu próprio movimento, centrado em torno do líder das vanguardas francesas, o artista multimídia Jean Cocteau.(1889-1963). No início da década de 1920 ocorreu um clima de grande renovação musical liderada pelo Grupo dos Seis, anteriormente conhecido como Os Novos Jovens [Les nouveaux jeunes]. Foi Erik Satie (Eric Alfred Leslie Satie, 1866-1925) quem provavelmente nomeou o grupo, através de seu artigo Os Seis, [Les Six], publicado na revista Feuilles Libres [Folhas Livres], editada por Marcel Reval. Alguns anos antes, no começo da segunda década, ficou conhecido na França o Grupo dos Cinco, formado por músicos russos que Sergei P. Diaghilev (1872-1929) divulgou em Paris (1907-1929). Foi Jean Cocteau quem atraiu artistas de outras áreas para a criação de obras conjuntas, quando integrou os músicos do Grupo dos Seis aos poetas das vanguardas francesas, como o suíço Blaise Cendrars (Frederic Sausser, 1887-1961). Foi este último quem ficou conhecido como um dos teóricos do grupo, na via oposta ao então chamado Novo Espírito, revelado pelas teorias do professor vanguardista, o compositor Erik Satie. Cocteau declarou: "...não existiu uma Escola Satie ou o Satiismo [...] "...porque não deveria haver escravidão na arte" (HAGER, 1986). Satie foi o grande precursor da música das vanguardas artísticas francesas, conhecido como professor, divulgador e principal mentor da dita, Escola de Arcueil (v.). Os músicos do Grupo dos Seis, compuseram várias peças musicais para a obra conjunta, o balé Os Noivos da Torre Eiffel [Les Mariés de la Tour Eiffel] (Paris, 1921), que apresentou-se encenado com cenários de Irene Lagut (1893-1994), com máscaras de Jean Hugo (1894-1983) e Valentine Hugo (1890-1968), voz do narrador e libreto de Jean Cocteau. O balé muito original estreou nos palcos parisienses com a companhia Balés Suecos, de Rolf de Maré (1888-1961). As fotografias desse espetáculo, bem como vários desenhos dos originais figurinos e das gigantescas máscaras, se encontram reproduzidos (HAGER, 1986). O empresário Sergei Diaghilev, promotor dos Balés Russos [Ballets Russes] (Paris, 1909-1929), planejava montar trechos de várias óperas curtas e pouco conhecidas para sua temporada em Monte Carlo (1924), como Philémon et Baucis, La Colombe e Le Médicin Malgré lui, todas com música do francês Charles François Gounod (1818-1893): e Une éducation manqué, de Emmanuel Charier (1849-1894). As músicas sofreram renovação através da adaptação realizada por Erik Satie e por músicos do Grupo dos Seis, Georges Auric, Francis Poulenc e Darius Milhaud, sendo que os cenários e figurinos foram realizados por Alexandre Benois (Aleksandr Nikolaevich Benua, 1870-1960) e Juan Gris (1887-1927). No entanto, o espetáculo não agradou ao exigente público de Monte Carlo, que desejava ver a montagem de grandes óperas, somente com a atuação de renomados cantores internacionais, portanto Diaghilev levou para estréia em Paris somente a ópera com música de Chabrier. Também não deu certo, pois o público francês queria ver balé e somente balé; depois desta temporada fracassada Diaghilev abandonou para sempre a idéia de montar trechos de óperas. O empresário russo encomendou música para seus Balés Russos a Poulenc, Auric e Milhaud, três dos músicos do antigo Grupo dos Seis. Poulenc criou a música para Os Bichos [Les Biches], que estreou em Monte Carlo (6 de jan., 1924), com cenários e figurinos idealizados por Marie Laurencin (1885-1957), sendo que os cenários foram executados pelo Príncipe Schervashidze (Chabka) e Vera Arturovna Squeaking (1888-1982), na época esposa de Serge Sudeikin (1882-1946), que, depois que enviuvou, tornou-se a senhora Igor Stravinsky. Esse balé, no qual Vaslav Nijinsky (1890-1950) dançou como principal bailarino, foi o mais bem sucedido da temporada e passou ao repertório regular da companhia russa, sendo repetido em várias apresentações. Outro balé, com a música composta por Georges Auric foi Os Aborrecidos, [Les Fâcheux], baseado na comédia de Moliére (Jean Baptiste Poquelin, 1622-1673), com cenários de Georges Braque (1882-1963), dançado por Lubov Tchernicheva, Anatole Vilzak e pelo bailarino inglês de grande destaque, Anton Dolin. Esse balé que apresentou cenas de pantomima, na estréia não fez sucesso junto ao público parisiense (19 de jan., ). Outro espetáculo com a música de Darius Milhaud foi O Trem Azul [Le Train Bleu] com libreto de Jean Cocteau, que providenciou papel destacado para Dolin, que se tornou estrela da noite para o dia como par de Lydia Sokolova. Léon Woizikovsky, dançou como par da irmã de Nijinsky, Bronislava Nijinska (1891-1972). A música alegre de Milhaud encaixou com perfeição na idéia que Diaghilev, Nijinsky e Cocteau tinham em mente, quando Cocteau concebeu esse balé, descrito como a Opereta Dançante de Jean Cocteau (Paris, 20 de junho). Entre os cenários, Pablo Picasso (1881-1972) pintou a cortina, com a reprodução de seu hoje conhecido desenho de duas figuras femininas correndo na praia; mas os verdadeiros cenários foram idealizados por Henri Laurens (1883-1954) e os figurinos - roupas esportivas, de tênis e praia – por Gabrielle "Coco" Chanel. Depois que Dolin, o jovem aluno de Serafine Astafieva (Londres) deixou a companhia, ninguém conseguiu substituí-lo nas acrobacias que ele realizou nas récitas desse balé e a obra precisou sair para sempre do repertório dos Bales Russos. Várias fotografias das apresentacões do balé, com seu interessantíssimo argumento e imaginativo cenário com a presença de moderníssinos figurinos de praia, verdeira obra-prima de Chanel, se encontram reproduzidas (SHEAD, 1989) Nem Tailleferre nem Arthur Honegger escreveram música para a companhia dos Ballets Russes de Diaghilev, pois seu estilo musical pareceu pouco adaptável para balé, Pelo exigente empresário russo, o principal patrono de Igor Stravinsky, Poulenc, depois de Os Bichos, nunca mais foi convidado para compôr para a companhia russa; mas Henri Sauguet foi convidado por Diaghilev e compôs a música para o extraordinário balé A Gata [La Chatte] (1927), obra-prima com cenários e figurinos Construtivista dos irmãos russos naturalizados franceses, Naum Gabo (1890-1977) e Anton Pevsner (1886-1962). Gabo foi quem produziu a maior parte dos cenários bem como os figurinos moderníssimos com materiais inusitados para esse balé, que Serge Lifar dançou como principal estrela, par da bela Alice Nikitina; também dançou a jovem Spessivtseva, cujo nome Diaghilev mudou para Olga Spessiva. O argumento foi de Sobeka, nome artístico de Bóris Kochno (1904-1990), que baseou seu libreto numa fábula de Esopo e a coreografia foi de George Balanchine (1904-1983), determinante para o grande sucesso alcançado pelo balé vanguardista que estreou em Monte Carlo (30 abr.). REFERÊNCIAS SELECIONADAS: DUFOURCQ, N. (Org.); ALAIN, O.; ANDRAL, M.: BAINES, A.; BIRKNER, G.; BRIDGMAN, N.; Mme. de CHAMBURE; CHARNASSÉ, H.; CORBIN, S.; AZEVEDO, L. H. C. de; DESAUTELS, A.; DEVOTO, D.; DUFOURQ, N.; FERCHAULT, G.: GAGNEPAIN, B.; GAUTHIER, A.; GÉRARD, Y. HALBREICH, H.; HELFFER, M.; HODEIR, A.; ROSTILAV, M.; HOFMANN, Z.; MACHABEY, A.; MARCEL-DUBOIS, C.; MILLIOT, S.; MONICHON, P.; RAUGEL, F.; RICCI, J.; ROUBERT, F.; ROSTAND, C.; ROUGET, G.; SANVOISIN, M.; SARTORI, C. SHILOAH, A.; STRICKER, R.: TOURTE, R.; TRAN VAN KHÊ, A. V., VERLET, C. VERNILLAT, F.; WIRSTA, A.; ZENATTI, A. La Música: Los Hombres, Los Instrumentos, Las Obras. Barcelona: Planeta, 1976, pp. 185-186. SHEAD, R. Ballets Russes. Secaucus, New Jersey: Quarto Book, Wellfleet Press, 1989.192p.: Il,.algumas color., pp. 85-90, 98, 106, 116, 125, 142, 145, 154, 191. THOMPSON, K. A Dictionary of Twentieth-Century Composers1911-1971. London: Farber & Farber, 1973. 666p. 16,5 x 24,5 cm, pp.228, 229, 230, 354, 459.

Nenhum comentário:

Postar um comentário