sábado, 11 de outubro de 2014

1920-1923. DADAÍSMO EUROPEU, PARISIENSE: PRÉ-SURREALISMO.

DADAÍSMO EUROPEU, PARISIENSE (1920-1923). PRÉ-SURREALISMO. Destaques: TZARA, Tristan e André BRETON. Quando o dadaísmo agonizava em Zurique Tristan Tzara (Sami Rosenstock, 1896-1963) recebeu correspondência do grupo de Andre Breton (1896-1966), convidando-o para levar o Dadaísmo a Paris. Tzara aceitou o desafio e chegou sem ser anunciado na casa de Francis Picabia (1879-1953), onde permaneceu hospedado durante um ano. O primeiro evento Dadá foi o sábado literário, promovido pela revista Literature [Literatura], publicação de Breton; ocorreu no Café Certa, anexo ao Petit Grillon (23 jan., 1920). Na ocasião Jean Cocteau (1889-1963), leu poemas de Max Jacob (1876-1944); André Breton leu poemas de Pierre Reverdy (1889-1960); Tristan Tzara leu artigo provocante de jornal com o ruído ensurdecedor de sinos e sirenes produzido por Paul Éluard (Eugène Emile Paul Grindel, 1895-1952) e Théodore Fraenkel (1896-1964); Picabia desenhou no quadro negro e logo em seguida apagou a obra. No Salão dos Independentes os Dadaístas anunciaram a presença do ator Charles Chaplin (Sir Charles Spencerc Chaplin , 1889-1977). Compareceu a grande massa de publico para ver o ator, que claro, não tinha sido convidado, quando 38 provocadores leram seus manifestos e 7 leram o manifesto de Georges Ribemont-Dessaignes (1884-1974): e Louis Aragon (1897-1982) cantou a Canção do Não (fev., 1920). Os artistas organizaram evento com palestras no Clube du Faubourg, com participação do historiador Henri Marx (Guillemin, 1903-1992), do escritor, poeta e político Georges Pioch (1873-1953) e do irmão de Isadora Duncan, filósofo, poeta e dançarino norte-americano, Raymond Duncan (1874-1966). No mês seguinte na Sala Berlioz da Maison de L’Oeuvre, outro evento reuniu Breton, Soupault, Aragon, Éluard, Georges Ribemont-Dessaignes e Tzara, mas terminou em pancadaria (27 mar., 1920). Na ocasião Breton apresentou performance; a fotografia do programa se encontra publicada (GOLDBERG, 1978). Em maio ocorreu o Festival Dadá na Sala Gaveau, com Éluard, Soupault, Paul Dermée (1886-1951), Breton e Fraenkel. Soupault apresentou O Célebre Ilusionista [Le Célebre Ilusioniste]; Dermée, O Sexo do Dadá [Le Sexe de Dada]; Tzara a peça A Segunda Aventura Celestial do Sr. Aspirina; e a dupla Breton e Soupault apresentou Vocês me Esquecerão [Vous m’Oublierez]. Em abril do ano seguinte (1921) o grupo organizou a excursão à Igreja de St Julien Le Pauvre. Os artistas não conseguiram adesões pois o público não compareceu ao evento e o dia chuvoso e frio não ajudou; o grupo tirou fotografia, reproduzida em vários livros (ADES, et al., 1978; RICHTER, 1993). Em maio (1921) o evento foi o julgamento e sentença de Maurice Barrés, escritor da Academia Francesa (1862-1923), que declinou do convite e não compareceu à encenação teatral do Grupo Dadaísta, na Sociedade Savantes da rua Danton. Barrés foi inicialmente ídolo para os escritores, mas o grupo considerou que ele traiu seus ideais quando passou a colaborar com o jornal reacionário L’Echo de Paris [O Eco de Paris]. Na realidade o julgamento transformou-se no julgamento do movimento Dadá e da celeuma entre Tzara e Breton. Todos os escritores performaticos usaram barrete vermelho. Dois dias antes do evento Francis Picabia publicou seu repúdio ao Dadaísmo, antecipando o resultado da teatraliza;ão, quando Tzara foi derrotado. Na realidade o Dadá parisiense terminou nessa época; posteriormente foram celebrados alguns eventos de pouca repercussão como o Salão Dadá na Galeria Montaigne, organizado por Soupault, Ribemont-Dessaignes, Aragon, Éluard e Benjamim Péret (1899-1959), fechado no dia seguinte à inauguração; a performance de T. Tzara, Coração de Gaz [Coeur à Gáz], que Breton boicotou. Tzara devolveu o boicote no Congresso de Paris, organizado por Breton, o que evidenciou claramente a ruptura completa dos Dadaístas com o grupo de Breton, os futuros Surrealistas (1924-1966). Tzara replicou aos ataques de Breton com o Manifesto Coração à Gás [Coeur à Gas], lançado no evento homônimo (6 - 7 jul., 1923) quando Tzara compareceu vestido com costume de Sonia Delaunay (1886-1979), projetou filmes de Charles Sheeler (1883-1965), Hans Richter (1888-1976) e Man Ray (1890-1976), acompanhados da música de Igor Stravinsky (1882-1971) e outros, apresentadas ao vivo por Georges Auric (1899-1963) e Darius Milhaud (1892-1974). O evento realizado no Teatro Michel encenou a peça Coração a Gás, de Tzara: foram declamados poemas sonoros de Iliazde (Ilia Zdanevich, 1894-1975), e de Marcel Herrand (ator e poeta, 1897-1953). André Breton, irado, subiu ao palco e começou a distribuir bengaladas aos participantes como ao poeta René Crevel (1900-1935); ele quebrou o braço do escritor Pierre de Massot (1900-1969). O público reagiu indignado (RICHTER, 1963). Os eventos Coração Barbado e Coração à Gás foram a pá de cal que encerrou o Dadaísmo parisiense. Algumas fotos posadas do evento descrito encontram-se publicadas (GOLDBERG, 1978). REFERÊNCIAS SELECIONADAS: CATÁLOGO. ADES, D. Dada and Surrealism Reviewed. Introduction by David Syilvester and supplementary essay by Elizabetn Cowling. London: the Authors and the Art Council of Great Britain, Hayward Galleries, 1978. 475p.: il., pp.161-175. CATÁLOGO. Surrealismo Cinema e Vídeo. Rio de Janeiro: CCBB, 2001. DICIONÁRIO. BIRO, A.; PASSERON, R. Dictionaire général du surréalisme et ses environs.:sous la diréction de Adam Biro et René Passeron. Genève – Paris: Office du Livre et Presses Universitaires de France, 1982. 464p.: il., retrs., p. 363. BÉHAR, H. Sobre el Teatro Dada y Surrealista. Traducción de José Escue. Barcelona: Barral, 1971, pp. 85-111. GIBSON, M. Duchamp Dada. Paris: N. E. F. Casterman, 1991. 263p.: il., pp. 153-156. GOLDBERG, R. Performance Art: from Futurism to the Present. London: Thames and Hudson 1978.2001. 206 p., il., algumas color., pp. 77-88. 15 x 21 cm. (world of art). LÉVÊQUE, J-J. Le triomphe de l'art moderne: les Anées Folles. Paris: A. C. R. Éd. Internationalles, 1992. 624p.: il., retrs., pp. 240, 264. PIERRE, J. El futurismo y el dadaismo. Madrid: Aguilar, 1968, pp. 191, 192. PIERRE, J. L'Univers Surréaliste. Paris: Somogy, 1983, p. 325 RICHTER, H; HAUPTMANN, W. (Post-scriptum). Dada Art & Anti-Art. London: Thames and Hudson, 1965. RICHTER, H. Dadá: Arte e Anti-arte. Tradução de Marion Fleischer. São Paulo: Martins Fontes, 1993, pp. 364-365.

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