quarta-feira, 29 de outubro de 2014

PINTURA MONOCROMÁTICA (França, final do século XIX (1897); Rússia, c. 1915-1918; França, depois da Segunda Guerra Mundial; Estados Unidos, a partir da década de 1950).

PINTURA MONOCROMÁTICA (França, final do século XIX (1897); Rússia, c. 1915-1918; França, depois da Segunda Guerra Mundial; Estados Unidos, a partir da década de 1950). A pintura monocromática se traduz por uma única cor pintada sobre a tela: esse tipo de pintura se recusa a representar qualquer imagem ou forma e torna o plano estrutura, condição inerente à esse tipo de técnica. O monocromatismo oferece a desmaterialização da arte, significando transformar a espiritualidade na arte na estrutura material da ausência. A estética formal da Pintura Monocromática sempre foi muito criticada, por excluir a função da arte como produto social e expressão de seu tempo. O precursor da proposta monocromática, ou seja, de obras de arte Abstratas de única cor, foi o escritor e humorista francês Alphonse Allais (Charles-Alphonse Allais, 1854-1905), que pode ser considerado o precursor da Arte Conceitual e do Monocromatismo internacional. Allais participou do Grupo (Francês) dos Incoerentes [Les Incohérents], que organizou anualmente salão de arte (1882-). No primeiro salão Allais expôs papel em branco que intitulou de Comunhão de Jovens Hipocloródicas em Tempo de Neve (1883); em outra exposição, o humorista expôs papel vermelho, batizado de … Cardeais Apopléticos Colhendo Tomates às Margens do Mar Vermelho Efeito de Aurora Boreal (1884); entre outros papéis que se seguiram como o azul, verde e cinza, entre outros, culminando com o negro, intitulado de Combate de Negros em uma Cova durante a Noite. Todas essas obras não desenhadas foram reunidas no seu álbum Primo-Avrilesque, editado por Paul Ollendorf (Paris, 1897). Allais expressou com humor conceitos totalmente inovadores na arte, que somente foram traduzidos na pintura com o pioneirismo das obras Monocromáticas do grande teórico da Abstração russa e soviética, Kazimir Malevich (1878-1935). Essas pinturas refletiram O eco dessas pinturas refletiu-se nas vanguardas polonesas, através das pesquisas transformadas nas obras do Unismo do seu aluno russo de Malevich, radicado na Polônia, Wladislaw Strzheminski (1893-1958). Pouco depois, ainda na Rússia emergiu o conceito de Factura [Faktura] de Alexander Rodchenko (1891-1956): o artista pintou obras monocromaticas coloridas, além da destacada série Negro sobre Negro (c. 1918). Muitas décadas depois, o francês Yves Klein (1928-1961), começou a pintar obras monocromáticas (1949-); no ano seguinte ocorreu sua primeira mostra individual. Klein publicou o Livro de Artista: Pinturas de Yves Klein (novembro, 1954). O livro reproduziu a série de pinturas monocromáticas de Klein, associadas às diferentes cidades nas quais ele viveu nos anos precedentes. O artista expôs suas obras monocromáticas realizadas em óleo sobre tela no Clube dos Solitários [Club des Solitaires] (Paris, outubro, 1955); e, na sua primeira mostra individual destacada, a Yves: Proposta Monocromática [Yves: Proposition monochromes], realizada na Galeria Colette Allendy (Paris, fevereiro, 1956). O artista iniciou pesquisa de tintas e pigmentos, conjunta com o químico francês Édouard Adam: durante um ano a dupla pesquisou o pigmento que permitiu a Klein obter sua cor especial, na tonalidade de azul-ultramarinho saturado e luminoso, que ficou conhecido como o Azul Klein Internacional [IKB - International Klein Blue]. Klein expôs 11 pinturas, todas na mesma cor IKB, na exposição Proposta Monocromática: a Época Azul, na Galeria Appollinaire (Milão, janeiro, 1957). O artista lançou suas primeiras pinturas com a nova cor na segunda mostra monocromática parisiense, Yves - O Monocromático [Yves - Le Monochrome], realizada na Galeria Iris Clert (Paris, 10 maio, 1957). Em seguida Klein expôs esta série de obras em várias mostras individuais internacionais, como na Galeria Alfred Schmela (Dusseldorf, 31 maio - junho, 1957) e na Galeria Colette Allendy (Paris), onde ele expôs pinturas, além de objetos e esculturas, tudo pintado no azul IKB: essas obras passaram a integrar o conceito europeu de Arte Pura. Na arte norte-americana, quem retomou as pinturas conceituais monocromáticas de K. Malevich foi Robert Rauschenberg (1925-2008). O artista passou o verão na BMC - Faculdade da Montanha Negra [BMC/ Black Mountain College] (NC/ Carolina do Norte, agosto de 1952). Nessa temporada, passada na companhia de John Cage, Merce Cunningham e Cy Twombly, Rauschenberg produziu suas primeiras obras de Arte Conceitual, com marcante influência do monocromatismo russo, mais específicamente da arte de Alexander Rodchenko e de Kazemir Malevich. Rauschenberg produziu obras, pintadas todas em branco ou preto sobre colagem realizada com papel jornal picado e colado sobre tela retangular. Na época, os artistas do BMC iniciaram seus primeiros Happenings [Acontecimentos] com a ação dita, The Event [O Evento] (1952). Posateriormente, na arte das vanguardas norte-americanas e européias, também se destacou a Pintura Monocromática de Olivier Mosset (Suíça, 1944-), artista que vive atualmente em Tucson, Arizona, EUA. Esse suíço, que se destacou anteriormente no Grupo (Parisiense) BMPT (Buren, Mosset, Parmentier e Toroni), foi viver em Nova York (1977-). Na cidade Mosset começou a pintar telas monocromáticas, silenciosas e calmas. O artista participou do Grupo da Pintura Radical de Nova York (c. 1979-1984). Durante mais de 40 anos Mosset vem pintando telas monocromáticas, com camadas e mais camadas da mesma cor, sobre telas cada vez maiores. Nessa fase, a Pintura Monocromática norte-americana surgiu em oposição à pintura cheia de paixão do Grupo do Expressionismo Abstrato norte-americano (v.). Posteriormente voltaremos com biografias detalhadas de todos os artistas citados acima. REFERÊNCIAS SELECIONADAS: CATÁLOGO. HOPS, W.; DAVIDSON, S., with essays by Trisha Brown, Ruth E. Fine, Billy KLüver with Julie Martin, Rosalind Krauss, Steve Pasxton, Nancy Spector, Charley F. Stuckey. Robert Rauschenberg: a Retrospective. New York: Guggenheim Museum at Ace Gallery. Sep., 19, 1997 - Jan. 07, 1998; The Menil Collection Contemporary Arts Museum; Texas Museum of Fine Artts; Houston, Texas: feb. 13- May 17, 1998; The Ludwig Museum, Cologne: jun. 27 – oct. 11, 1998; The Guggenheim Museum, Bilbao, Spain, Nov. 20, 1998 – Feb., 26. 1999. DICIONÁRIO. CHILVERS, I. The Oxford Dictionary of the 20th Century Art. New York: Oxford University Press, 1998, p. 383. INTERNET. Olivier Mosset. 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