domingo, 29 de dezembro de 2013

BIOGRAFIA: SICKERT, Walter Richard (1860-1942).



SICKERT, Walter Richard (1860-1942).




O pintor, que ficou conhecido na arte inglesa, nasceu com ascendência dinamarquesa e irlandesa em Munique (Alemanha); foram pintores seu pai, A. Sickert (1828-1885) e seu avô, J. J. Sickert (1803-1864). A familia emigrou para a Inglaterra e foi viver em Londres (1878-): o artista estudou com Alphonse Legros (1837-1911) e James MacNeill Whistler (1834-1903) na Escola de Arte Slade (Londres, 1881).



Sickert tornou-se o elo de ligação entre as vanguardas francesas, que ele frequentou e as inglesas, que ajudou a formar; foi Sickert quem levou para Paris o quadro de J. M. Whistler, o Retrato da Mãe do Artista, exposto no Salão dos Artistas Independentes (Paris, 1883). Na ocasião, Sickert visitou o pintor e escultor francês Edgar Degas (1834-1917), em Dieppe; ele viajou para Veneza (Itália) e depois, voltou para Londres. Sickert se casou com Ellen Cobden, filha de conhecido político inglês, mas se divorciou poucos anos depois (1899). O artista viveu cinco anos em Paris, para depois voltar a viver permanentemente em Londres (1905-1942).



Sickert foi um dos fundadores com Harold Gilman (1876-1915), Spencer Gore (1878-1914) e Charles Ginner (1878-1952), entre outros artistas, do Grupo (Britânico) Cidade de Candem [Candem Town Group] (1911-1913). O grupo ficou conhecido como o dito, Círculo de Sickert [Sickert’s Circle] (1907-1911); ele fundou a Galeria Cidade de Candem [Candem Town Gallery]. Sickert organizou duas mostras para seu grupo, que representaram verdadeiro desastre financeiro, fato que determinou sua dissolução.



No século XX várias teorias associaram Walter Sickert à figura de Jack, o Estripador [Jack, The Ripper], famoso assassino em série de cinco jovens prostitutas, estripadas através de instrumento cortante, provavelmente bisturí, por assassino que tinha conhecimentos de anatomia (1888-1889). Na primeira teoria que tornou-se conhecida, Sickert teria participado dos assassinatos a fim de encobrir atos criminosos do filho ilegítimo do príncipe Albert Victor, Duque de Clarence e Avondale, o neto da Rainha Vitória (Stephen Knight. Jack the Ripper, The Final Solution. London: 1976. 1986.). Outra teoria mais recente buscou comprovar, através de várias provas, inclusive da pesquisa do DNA mitocondrial, de que Walter Sickert foi realmente o assassino em série que aterrorizou Londres. O segundo caso se encontra exposto detalhadamente no livro de Patricia D. Cornwell (Retrato de um assassino Jack o Estripador: caso encerrado. Tradução de Manoel Paulo Ferreira. São Paulo: Cia das Letras, 2002). Através da ajuda da Scotland Yard, o famoso bureau de investigações da policia inglêsa e de inúmeros exames da saliva contida nos selos das mais de 200 cartas e notas que Jack, o Estripador enviou para a polícia inglesa, que arquivou-as, e depois emprestou-as para serem submetidas aos exames laboratoriais. As cartas continham vários desenhos, sendo que alguns se encontram reproduzidos no livro de Cornwell: a autora declarou que a reprodução destes desenhos não podia mostrar a grande riqueza de detalhes dos originais, sendo que alguns utilizaram tintas de várias cores e algumas das cartas apresentavam desenhos caricaturais, bem como a famosa risada por escrito do arrogante assassino, que ria-se dos policiais seus perseguidores escrevendo "Ha, Ha, Ha". Duas das cartas de Sickert que foram analisadas pertencem à coleção de manuscritos de William Rothenstein e se encontram arquivadas no Departamento de Manuscritos da Universidade de Harvard (E.U.A.). Quatro cartas de Jack, o Estripador foram comparadas com as primeiras cartas atribuídas a ele, pertencentes ao Departamento de Registros da Corporação de Londres, e datadas 08 e 16 out., 1888; e 29 jan., e 16 de fev., 1889, assinadas Nemo. O papel destas cartas continha marcas d'água, idênticas às marcas d'água do papel de algumas cartas de Sickert. A melhor base técnica para o exame de DNA mitocrondrial foram os extratos de 55 amostras retiradas da correspondência de Jack, contido nas 211 cartas examinadas pelo renomado laboratório particular do Bode Technology Group (Inglaterra), o mesmo que produziu os exames dos mortos no atentado terrorista (Nova York, 11 set., 2001). Depois de inúmeros exames de custosa análise, que afinal conseguiu aproveitar somente algumas das marcas do DNA mitocondrial do envelope dito, Openshaw das amostras de Jack, o Estripador, comparadas ao DNA mitocondrial de duas folhas das cartas de Walter Sickert, chegando à conclusão positiva, de que Jack, o Estripador e Walter Richard Sickert seriam a mesma pessoa. Sickert, sem dúvida, se destacou na arte de seu tempo, bem depois do período dito, dos assassinatos de Jack o Estripador e permanece aqui o mistério desta indagação, quem foi realmente o assassino entre dezenas de suspeitos surgidos em mais de um século de especulações, sem resposta definitiva. Na obra do artista sobressaem muitas pinturas de mulheres nuas, pintadas com certa crueza.
 


Mais de 250 obras de 93 artistas ingleses destacados, foram exibidas na mostra Modernismo Britânico 1900-1960 [Modern Britain 1900-1960], na Galeria Nacional Vitória, de New Soth Wales (Sidney, Austrália, out.-nov. 2007), entre as quais obras de Sickert e dos artistas de seu grupo como Stephen Gore, entre outros.

 

REFERÊNCIAS SELECIONADAS:



 

DICIONÁRIO. CHILVERS, I. The Concise Oxford Dictionary of Art and Artists.by Ian Chilvers. Oxford, N.Y.: Oxford University Press, 1990. 517p., , pp. 434-435. (Oxford reference). 19,5 x 13 cm.



 

DICIONÁRIO. MAILLARD, R. (Org.). AHSBERY, J.; BIRD, A.; COGNIAT, R.; COURTHION, P.; DORIVAL, B.; ELGAR, F.; FELS, F.; FORMAGGIO, D.; GIEURE, M.; GREY, M.; LASSAIGNE, J.; LÉJARD, A.; LEYMARIE, J.; LINDWALL, B.; LIVENGOOD, E.; MELLQUIST, J.; McEWEN, F.; MEYER, F.; MIDDLETON, M.; MOULIN, R-J.; MULLER, J. É.; POMÈS, M.; RAPSILBER, E. RAYNAL, M.; REWALD, J.; ROCHÉ, H-P.; ROGER-MARX, C.; RONART, D.; SAN LAZARO, G.; SEUPHOR, M.; SOUPAULT, P.; SPAAK, C.; WADIA, B. Dicionário da Pintura Moderna. Tradução de Jacy Monteiro. São Paulo: Hemus, 1981,
pp. 309-310.



 

 

CORNWELL, P. Retrato de um assassino. Jack, o Estripador: caso encerrado. Tradução de Manuel Paulo Ferreira. São Paulo: Cia das Letras, 2002, pp. 162-163, 168-170.

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