segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

BIOGRAFIA: SÉRUSIER, Paul: Louis Paul Henri Sérusier (1864-1927).



 BIOGRAFIA: SÉRUSIER, Paul: Louis Paul Henri Sérusier (1864-1927).

 




O artista nasceu em Paris e morreu em Morlaix (França). Sérusier foi filho de família abastada: seu pai foi diretor da conhecida empresa Houbigant, que comercializava acessórios femininos como luvas e perfumes. Sérusier recebeu esmerada educação, que incluiu música e canto. Quando Sérusier terminou o curso no Liceu Condorcet (1883), seu pai encaminhou-o para carreira no comércio. No entanto, Sérusier decidiu de forma diferente, pois resolveu dedicar-se à carreira artística (1885); depois de alguma resistência familiar o artista foi admitido nos ateliês de William-Adolphe  Bougereau (1825-1905) e Jules Lefèvre na Academia Julian (Paris).

 
Sérusier expôs suas pinturas no Salão Nacional de Belas Artes destacando-se o quadro na técnica acadêmica, O Tecelão (1888). Tudo apontava para que Sérusier abraçasse a carreira tradicional; mas sua vida e arte mudaram, a partir das férias que o jovem estudante passou em Concarneau (França). Na viagem de volta à Paris Sérusier decidiu passar seu último final de semana de férias de verão na cidade de Pont-Aven, porque sabia que, vários de seus colegas de academia lá passavam as férias (1888). Um único dia mudou o destino de Sérusier, pois ele encontrou seu colega Emile Bernard (1868-1941), que estava na companhia de Paul Gauguin(1848-1903). Gauguin deu uma única aula de pintura à Sérusier, de apenas algumas horas, que resultou na quase Abstração com a temática do Bois de l'Amour [Bosque do Amor], pintada na tampa de madeira de uma caixa de charutos que tinha estudo acadêmico de Sérusier no verso.


Sérusier voltou para Paris entusiasmado com a descoberta da nova maneira de pintar; o artista atraiu um grupo de colegas, que se reuniram para discutir a arte e a filosofia do Simbolismo, tema em voga na intelectualidade francesa. Os jovens artistas apreciavam os vinhos e a boa mesa: vários artistas desse grupo de origens burguesa eram alunos da Academia de Belas Artes. Figuravam no grupo Maurice Denis (1870-1943),  Pierre Bonnard (1867-1947),  Henri-Gabriel Ibels (1867-1936) e Paul Ranson (1864-1909), aos quais se associaram Édouard Vuillard (1868-1940) e o amigo de Vuillard, o artista suíço de Lausanne, Félix Valloton (1865-1925), além de alguns escritores. Este grupo foi chamado de Nabis, palavra que em hebraico arcaico significava Profetas (v., o Grupo dos Nabis).


Nas próximas férias de Sérusier, o artista voltou à Pont-Aven, quando novamente buscou a companhia de Paul Gauguin; de lá, o grupo se instalou na pensão de Marie Henri, na aldeia de Le Pouldu, distante c. c. 50 quilometros de Pont-Aven. Sérusier colaborou com a pintura mural da sala de jantar da pensão, juntamente com Gauguin entre outros artistas. Nas noites de verão, os artistas se divertiam com saraus musicais; Sérusier tocava e cantava e desenhou Gauguin tocando acordeão e cantando. Depois das férias Sérusier voltou para Paris, onde continuou seus estudos na Academia; ele foi promovido a massier, assistente dos professores, Nas próximas férias Sérusier novamente foi passar a temporada com o grupo de Gauguin, que agora incluia o holandês Jacob Meyer de Haan (1852-1895) e Charles Filiger (1863-1928). O grupo expôs na mostra do seu movimento, bem mais tarde chamado de Sintetismo (v. abaixo); no entanto, não consta que nenhuma pintura de P. Sérusier tenha participado da mostra desse grupo, realizada no Café das Artes (Paris, 1890).


Sérusier tornou-se eterno apaixonado pela região praiana e planejou viver por lá, de modo permanente; ao voltar para Paris, o artista formou o grupo dos Nabis. Sérusier pintou o Retrato de Paul Ranson em vestes Nabis (Portrait de Paul Ranson em tênue Nabique, 1890, óleo/ tela, 60 cm x 45 cm), que se encontra reproduzido (BOYLE-TURNER: 76-77). Nos anos subsequentes o gupo dos Nabis se lançou em intensa atividade criativa (1894-1895), nas Artes Gráficas, produzindo cartazes e convites para as apresentações dos espetáculos do Teatro Simbolista. As várias exposições coletivas do grupo ocuparam todo o tempo de Sérusier.


Nas férias o artista viajou para a Itália (1893) para estudar e apreciar as pinturas dos artistas renascentistas que ele admirava. Sérusier assistiu a conversão ao catolicismo de seu amigo, o pintor Jan Verkade (1868-1946). Quando Sérusier recebeu a carta de Verkade contando sua decisão de se tornar monge beneditino em Beuron, Sérusier viajou para lá, onde Verkade expôs as teorias de seu mestre, o padre Desidério Lenz, que registrou série de cânones para a regulamentação da pintura religiosa ou seja, da Arte Litúrgica. A fotografia do Pe. Desidério Lenz com Paul Sérusier, se encontra reproduzida (BOYLE-TURNER,1988: 39).


Sérusier voltou para Paris, disposto a incorporar as novas teorias à sua arte pictórica, acreditando ser esta estética regida por leis universais. Sérusier viajou novamente, voltou a Beuron (1903); no ano seguinte ele viajou à Itália, onde Verkade e Lenz decoravam com pinturas a Igreja de Monte Cassino. (1904). O artista conseguiu construir sua sonhada casa em Chateau-du-Faou (Bretanha, França, 1906), repleta de frisas, murais, pinturas e obras suas, entre muitas produzidas nos anos que se seguiram. Sérusier foi novamente visitar Verkade, desta vez na Alemanha; ele trabalhou durante algum tempo no ateliê de Verkade, quando entrou em contacto com jovens artistas alemães.


O pintor Nabis Paul Ranson inaugurou a Academia Ranson (Paris), onde Sérusier, entre outros dos artistas de seu grupo tornaram-se professores. Sérusier passou a ensinar Teoria da Arte (1911-). Marcado pela solidão da Bretanha onde continuava a viver, Sérusier pensou em tornar-se monge como seu amigo Verkade, mas afinal o artista se apaixonou e casou-se com sua jovem pupila, Louise-Marguerite Gabriel Claude (Paris, mar., 1912). No ano seguinte o artista e sua esposa viveram a tragédia de filho natimorto; durante o período da I Guerra Mundial Sérusier permaneceu vivendo retirado na sua residência na Bretanha. O artista continuava a receber as visitas de seus amigos Nabis, como Maurice Denis entre outros, que, nas férias anuais, frequentemente passavam temporadas com ele. Sérusier expôs suas pinturas no Salão dos Artistas Independentes, na Galeria Durant-Ruel e Galeria Druet (Paris).


Quando a esposa de Sérusier se encontrava hospitalizada (Morlaix, 1921), o artista foi visitá-la: quando voltava do hospital Sérusier faleceu repentinamente na rua. Margueritte restabeleceu-se e voltou a viver na sua residência em Chateauneuf-du-Faou; ela se tornou pintora e consagrou o restante de sua vida a assegurar um lugar na história da arte para Paul Sérusier. O artista foi enterrado no cemiterio de Morlaix.


A pintura de Sérusier, com exceção da obra inacabada pintada junto com Gauguin, pode ser descrita como moderna e clássica ao mesmo tempo. O artista não se jogou abertamente na obra, como o fez inicialmente em O Talismã; sua arte permaneceu contida nos limites do decorativismo e nas regras estritas da Arte Litúrgica como a de muitos artistas do grupo Nabis (v. abaixo). No entanto Sérusier destacou-se como o incentivador e criador do grupo dos Nabis: ele foi o primeiro artista europeu a pintar obras inspiradas na Abstração Geométrica.

 
REFERÊNCIAS SELECIONADAS:
 

BONFANTI-WARREN, A. The Musée D'Orsay. New York: Barnes and Noble, 2000. 320p., il., color.,p.181,182,183. 25,5 x 36,5 cm.


BOYLE-TURNER, C. Paul Serusier: la technique, l'oeuvre peint. Traduction de Yvone Rosso.. Lausanne: Edita, 1988, pp. 11-30, 60, 61, 76-77,152-154.


CHAMPIGNEULLE, B. A Arte Nova. Tradução de Maria Jorge Couto Viana. Cacém (Portugal): Verbo, 1973. 309p., pp. 73, 84.

 
FRÉCHES-THORY, C.: TERRASSE, A.;LE ROUX,J. Les Nabis. Tours: Flammarion, 1990. 319p.: il., p. 20.


PRATHER, M. Gauguin A Retrospective. New York: Charles F. Stuckey - Park Lane Ed., 1987, pp. 45, 92.


ELLRIDGE, A. Gauguin and the Nabis: Prophets of Modernism. Paris: Terrail, 1995, p. 45.

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