quarta-feira, 3 de outubro de 2012


HISTÓRIA DO PÓS-IMPRESSIONISMO EUROPEU. MERCURE DE FRANCE [MERCÚRIO DA FRANÇA](MERCÚRIO: mensageiro do Olimpo, figura popular da mitologia grega, que tinha asas nos pés).
 
Mercure de France (Paris, 1889-1945; 1945-) foi inicialmente publicado em fascículos, apresentando 32 páginas de orientação naturalista. Essa publicação sucedeu a da revista La Pléiade [?”] editada por Rodolphe Darzens (1886). Essa revista foi fundada no final do século XIX por um grupo de escritores Simbolistas, quando foi dirigida por Alfred Vallette e recebeu colaborações de Jules Renard, Rémy de Gourmont e Louis Dumur, entre outros. A publicação foi alimentada pelo sucesso do movimento do Simbolismo (v.), cujo apogeu se deu na última década do século XIX; um ano depois de sua fundação a editora homônima se destacou, quando empreendeu a tradução dos escritos filosóficos de Nietzsche e publicou Afrodite, de Pierre Louys. Outro conhecido colaborador do Mercure de France foi Charles Morice, amigo próximo de Paul Gauguin, poeta, crítico e diretor de revistas literárias, que redigiu a biografia do artista e publicou vários artigos favoráveis a Gauguin desde sua partida para as Ilhas da Polinésia. Uma das importantes declarações de Morice sobre artistas das vanguardas francesas, foi publicada no Mercure de France (1891). Morice recebeu na carta de Gauguin referências das obras de Pierre Puvis de Chavannes (Taití, jul., 1901), que se encontra reproduzida (CHIPP, 1996: 63). Outro texto foi sobre a Exposição de Gauguin e De onde viemos..., de autoria de André Fontainas, publicado originalmente no Mercure de France (XXXIX, n. 109, jan. – mar., 1899). O texto se encontra traduzido,bem como a carta resposta de Gauguin a Fontainas (tradução de Gilson César Cardoso, apud CHIPP, 1996: 69-73).

O Mercure de France publicou, pela primeira vez, a correspondência entre Paul Cézanne e Émile Bernard, como Cartas de Emile Bernard [Lettres d' Emile Bernard] (Paris, 1903). A publicação promoveu banquetes mensais homenageando personalidades, poetas e escritores do mundo das artes, como o teatrólogo belga Émile Verhaeren, entre outros.

O Mercure de France publicou o encarte El Futurismo, de autoria do poeta catalão Gabriel Alomar (1905). O Mercure de France publicou as 59 estrofes da Canção do mal-amado, de autoria de Guillaume Apollinaire, poema inspirado pelo fracasso de seu romance com a pintora Marie Laurencin, devido à oposição exercida pela mãe do poeta francês. O casal foi imortalizado em duas pinturas de Henri, Le Douanier Rousseau (Retrato do poeta e sua musa). Apollinaire foi colaborador regular do Mercure de France onde publicou a sua Crônica da vida anedótica, lida por todos os parisienses. Na revista o poeta publicou um artigo em honra ao pintor primitivo, seu amigo, Rousseau (1909). Apollinaire pesquisou na Biblioteca Nacional (BN) textos licenciosos que foram censurados, quando o poeta produziu o seu Catálogo Crítico do Inferno (1910), importante obra de referência sobre textos proibidos principalmente pela Igreja Católica, que a revista publicou dez anos depois (1920).

Aurier, cofundador do Mercure de France (1890), foi igualmente o crítico de arte das nascentes vanguardas artísticas e publicou artigos e manifestos sobre eventos organizados pelos escritores Simbolistas, grupo do qual participou ativamente. Foi Aurier o responsável pela projeção nacional e internacional do pintor Paul Gauguin, depois que ele publicou o artigo O Simbolismo em Pintura: Paul Gauguin [Le Symbolisme en Peinture: Paul Gauguin] (1891). A revista publicou algumas teorias Simbolistas, como o texto Ensaio sobre um novo método de crítica [Essai sur une nouvelle méthode de critique] e Os pintores Simbolistas [Les Peintres Symbolistes] ensaios posteriormente reunidos e publicados no livro Obras Póstumas de G-A. Aurier [Oeuvres Posthumes], também publicados no Mercure de France (Paris, 1893). Um texto foi traduzido (Gilson César Cardozo de Souza) e publicado (CHIPP, 1996: 85-90). Aurier se correspondeu com o pintor Émile Bernard, e dele publicou a carta sobre a tragédia do suicídio e enterro de Vincent van Gogh, ao qual Bernard compareceu; Aurier também publicou alguns artigos sobre a obra do pintor holandês (1890; 1891). O jornal continuou sendo publicado ininterruptamente, com apenas pequena pausa por ocasião da II Guerra Mundial (c. 1945). Segundo a opinião emitida por seu editor Remy de Gourmont, foi a mais importante das publicações entre c. de 50 outras lançadas na mesma época, oferecendo para a geração dos escritores Simbolistas a síntese da arte e literatura mundial.
REFERÊNCIAS SELECIONADAS:

CHIPPS, H. B. Teorias da Arte Moderna. São Paulo: Martins Fontes, 1996, pp.  63, 69-73,  85-90. 

ENCICLOPÉDIA. CASSOU, J.; BRUNEL, P.; CLAUDON, F; PILLEMONT, G.; RICHARD, L. (Col.). Petite Encyclopedie du Symbolisme: Peinture, Gravure et Sculpture, Littérature, Musique. Paris: Somogy, 1988, pp. 274-275.
 

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