domingo, 17 de junho de 2012

BIOGRAFIA: BOCCIONI, Umberto (1882-1916).



BIOGRAFIA: BOCCIONI, Umberto (1882-1916).

O artista italiano nasceu em Reggio di Calabria e morreu em Sorte, Verona. A infância de Boccioni foi passada em vários lugares, de acordo com a evolução da carreira de seu pai, engenheiro, morando em Forli, Gênova e Pádua. Na Catânia, o futuro artista formou-se no Instituto Técnico (1899); em Roma, onde tornou-se aluno da Escola de Desenho de Nus, estudou com Mataloni (1900). No mesmo ano conheceu Gino Severini e tornou-se seu amigo. O artista instalou-se em Pádua e Veneza (1905-1907); viajou para a Rússia (1904), passando por Tsaritsin, Egoritsin, Moscou, São Petersburgo e voltou à Itália, passando por Praga e Viena. Boccioni visitou novamente a Rússia, também visitou Paris (1906), mas, depois instalou-se em Milão (1908). 

Devido à desavença com seu pai pela escolha da carreira artística Boccioni viveu profundo conflito familiar; para cursar a Academia de Belas Artes, teve que viver com sua tia, em Roma. Tanto Boccioni como Severini passaram à participar do grupo inicial do Futurismo, organizado por Marinetti; ambos tornaram-se alunos de Giacomo Balla. O artista conheceu F. T. Marinetti quando o grupo, acrescido de outros artistas, aderiu à fase pictórica do movimento (1909).

Tendo o dinâmismo plástico como concepção, Boccioni desenvolveu temas únicos de estados de alma e psíquicos, inéditos até então nas Artes Plásticas. Entre suas obras pictóricas precurssoras mais importantes citamos: Estados de Alma n.1 (1911); Os Adeuses (1911, óleo/tela, coleção Nelson Rockfeller). As obras citadas encontram-se reproduzidas (HULTEN,1986). Depois que conheceu Georges Braque e Pablo Picasso na sua segunda viagem à Paris, Boccioni intensificou sua obra nas técnicas escultóricas, influenciado pelo Cubismo, que apreciou e apreendeu (1911).

A escultura de Boccioni inspirou-se na escultura de Picasso Fernande (1909), que Boccioni viu em Paris quando visitou o estúdio conjunto de Braque e Picasso, seus amigos na ocasião (1911). Boccioni passou à pesquisar o espaço, tornando-se escultor: na sua obra escultórica, notável e original destacamos a escultura sem base, Formas únicas na continuidade do espaço; Fusão de uma cabeça e uma janela (1912); Desenvolvimento de uma garrafa no espaço. A primeira importante obra citada pode ser considerada como a mais notável escultura das vanguardas artísticas européias do princípio do século, existente no acervo do museu MAC - USP. Boccioni conseguiu expressar de forma inédita o movimento, com seu dinamismo plástico com forma que interpenetrou no espaço circundante. Durante a primeira metade do século XX a obra escultórica de Boccioni tornou-se bastante influente na escultura internacional.

Boccioni expressou preocupações revolucionárias em obras de viés politico (1910-1912), que foram alvo de atentados, como o acontecido na Mostra de Arte Livre, exposição organizada por Marinetti e inaugurada (Roma, abril, 1914). A pintura O Riso foi vandalizada, cortada por um indignado expectador; hoje restaurada, pertence ao acervo do MoMA (Nova York).
 
No decurso da I Guerra Mundial, Boccioni envolveu-se com o movimento de F. T. Marinetti, o Futurismo (1909-1946), que desejava a guerra: ele foi voluntário no Batalhão Lombardo de Ciclistas. O artista perdeu a vida em consequência de queda de cavalo durante exercício (agosto, 1916). Foi perda lastimável para as vanguardas artísticas e, especialmente para o Futurismo, movimento do qual foi seu mais destacado expoente.

Boccioni foi autor do Manifesto Técnico da Escultura Futurista, que publicou (1911); ele publicou seus estudos teóricos nos livros Pintura e Escultura (1913) e Dinamismo do Corpo Humano (1913-1914). O artista colaborou com a revista Lacerba, a mais celebrada das publicações das vanguardas artísticas italianas e européias (v.).

Boccioni foi um dos mais talentosos artistas e teóricos italianos, que demonstrou em sua obra grande originalidade advinda de talento excepcional: as obras encontram-se hoje representadas nos melhores museus do mundo, notadamente as monumentais, no acervo do MoMA (Nova York); na Pinacoteca de Brera (Milão) e no MAC - USP (São Paulo). No museu paulista podem ser apreciadas várias esculturas importantes como Desenvolvimento de uma garrafa no espaço (1912, gesso patinado, 39,7 cm x 60,1 cm x 32,7 cm); a mesma escultura fundida em bronze (39,5 cm x 59,5 cm x 32,8 cm). Depois da morte do artista foram fundidos em bronze seis exemplares da citada Formas únicas na continuidade do espaço, com seu molde inicial em gesso patinado. As obras foram relacionadas pela Sra. Benedetta Marinetti, sua antiga proprietária: duas estão nas coleções italianas Marinetti e Mattioli; uma na Galeria Cívica de Arte Moderna, em Milão; a outra no MoMA, em Nova York. A quinta, foi adquirida pelo colecionador paulista Francisco Ciccillo Matarazzo e passou pelo MAM (SP), antes de figurar como peça destacada no acervo do MAC - USP. Esse exemplar foi permutado com a Tate Gallery, em Londres, pela obra original de Henry Moore Figura Reclinada em duas peças: pontos (bronze), que passou à figurar como peça nobre no acervo do mesmo museu (março, 1972). A obra de Boccioni Elasticidade (1912, Milão), encontra-se reproduzida (SEUPHOR, 1963).


REFERÊNCIAS SELECIONADAS:

BRITT, D.; MACKINTOSH, A.; NASH, J. M.; ADES, D.; EVERITT, A; WILSON, S.; LIVINSGSTONE, M. Modern Art: from Impressionism to Post-Modernism. London: Thames and Hudson, 1989, 416p.: il., pp. 186-188.
CATÁLOGO. BALLA, G. Giacomo Balla, 1894-1946, Da Balla a Ball´io. São Paulo: Pinacoteca do Estado de São Paulo, 12 maio - 30 jun., 2000.

CATÁLOGO. BARBOSA, A. M. Catálogo Geral de Obras: 1963-1993. São Paulo: Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, Fundação Bienal, 1993, p. 58.

CATÁLOGO. HULTEN, P. (ORG.); JUANPERE, J.A.; ASANO, T.; CACCIARI, M.; CALVESI, M.; CARAMEL, L; CAUMONT, J; CELANT, G; COHEN, E.; CORK, R.;CRISPOLTI, E.; FELICE, R; DE MARIA, L.; DI MILLIA, G.; FABRIS, A.; FAUCGEREAU, S.; GOUGH-COOPER, J.; GREGOTTI, V.; LEVIN, G.; LEWISON, J.; MAFFINA, F.; MENNA, F.; ÁCINI, P.; RONDOLINO, G; RUDENSTINE, A.; SALARIS, C.; SILK, G.; SMEJKAI, F.; STRADA, V.; VERDONE, M.; ZADORA, S. Futurism and Futurisms. New York: Solomon R. Guggenheim Museum, Abeville Publishers, 1986. 638p.: il, retrs., pp. 427-433.

DICIONÁRIO. SEUPHOR, M. Dictionaire de la peinture abstraite: precédé d´une histoire de la peinture. Paris: Fernand Hazam, 1957. 305p.: il., pp. 32-33.

FOLHETO. Caminhos da Forma; Uma Permuta. São Paulo: MAC - USP, 2002, p. 06.

PIERRE, J. L'Univers Surréaliste. Paris: Somogy, 1983, pp. 153, 154.

Nenhum comentário:

Postar um comentário