BIOGRAFIA: KLIMT, Gustav (1862-1918).
O artista nasceu em Viena, filho de família de recursos; seu pai foi joalheiro e gravador. Desde cedo a carreira de Klimt foi orientada para as artes: Klimt estudou na Escola de Artes e Ofícios (Viena), onde ele graduou-se como Decorador - Arquiteto. O artista executou importantes obras decorativas, como os painéis murais dos novos prédios monumentais pertencentes ao governo austríaco, que estavam sendo construídos na Ringstrasse, rua principal da capital. Na época Klimt trabalhou junto com seu irmão Ernst e com Franz Matsch (1880): o grupo executou pinturas históricas para o Burgtheater (1886-1888), bem como os murais para o teto da grande escadaria na entrada do prédio monumental. As pinturas do grupo foram cenas inspiradas no teatro, desde a era de Dionísio na Grécia antiga, passando pelo teatro da era medieval Shakespeariana, até os tempos modernos.
Klimt recebeu o Prêmio do Imperador (1887), pelo quadro que foi-lhe encomendado pelo Conselho Municipal, com o interior do antigo Burgtheater, demolido e substituído pelo novo Burgtheater. Devido ao sucesso da pintura, a arte de Klimt tornou-se conhecida; o artista foi, à seguir, convidado para decorar o corredor principal do novo Museu de História da Arte, o que ele fez pintando série de figuras femininas (1890-1891). Desde essa época Klimt iniciou sua grande viagem interior, em busca de seus valores mais íntimos e verdadeiros. Desde suas primeiras obras Klimt causou furor e escândalo; o artista foi celebrado, censurado, criticado e depois, na década de 1930, ele foi perseguido pelos nazistas, quando várias de suas obras foram destruídas, consideradas Arte Degenerada [Entartete Kunst] (sic). As obras de Klimt abordaram temas inéditos na arte de seu tempo, principalmente nus femininos e masculinos, em pinturas polêmicas como as de mulheres grávidas, ou jovens adolescentes e mulheres velhas, com corpos deformados pela gordura. Klimt pintou vários momentos da vida erótica feminina, em poses sensuais como as do êxtase, temas como as lésbicas ou a mulher masturbando-se no banho, entre outros temas que Klimt ousou pintar, como a do ato sexual. Klimt expressou a sexualidade das mais variadas formas; e, apesar de sua pintura utilizar temas fortes para sua época, as obras dele foram bem resolvidas estéticamente, extremamente coloridas e trataram temas polêmicos com delicadeza: as figuras francamente libidinosas foram pintadas em meio a extensas decorações ornamentais, características do Estilo Jovem (Jugendstil; v. Grupo do Estilo Jovem), que apareceram no fundo, bem como na superfície das pinturas, com os detalhes das roupas muito trabalhadas de onde emergiam faces femininas, figuras de seus temas sensuais. A visão de Klimt, mesmo nas suas obras mais polêmicas, mantiveram sua abordagem voltada para a visão poética e romântica das figuras.
A pintura audaciosa de Klimt mostrou o mundo fantástico, no qual o artista pintou Eros e Tanatos, a essência da vida e da morte, com a liberdade de um grande desenhista, na expressão liberada de seus temas no seu característico estilo decorativo. Na sua época, o artista foi considerado como o maior expoente das artes austríacas e sua fama espalhou-se internacionalmente, tanto que Auguste Rodin (1840-1917), considerado o maior escultor francês, foi prestar-lhe sua homenagem visitando-o em Viena. No começo do século XX, sob a presidência de Klimt, o Grupo da Secessão Vienense tornou-se poderoso: essa foi a única associação de artistas no mundo que construiu para sua sede um verdadeiro museu, pronto para abrigar as obras de arte de seus membros e promover mostras anuais de seus participantes. O Palácio da Secessão (Viena), sobreviveu às duas guerras mundiais, pode ser visitado: hoje, nele se encontra novamente instalada a frisa Beethoven, anteriormente censurada e retirada de sua sala prinicpal, uma das obra-primas de Klimt que nela pintou todos os seus polêmicos temas da vida, do nascimento até a morte, passando pelos pecados, enfim, os grande temas da humanidade e da arte.
Apesar dos escândalos, Klimt obteve sucesso e grande consagração durante todo o período de sua vida. O artista ficou muito conhecido no exterior, mais do que no seu próprio país: ele foi o único austríaco a se tornar membro honorário da Sociedade Internacional de Artistas [International Society of Artists], presidida por James MacNeill Whistler, com sede em Londres. A pintura de Klimt recebeu o Grand Prix (Paris) e a Medaglia de Oro (Roma). As obras de Klimt Judith I (1901), o Retrato de Adele Bloch-Bauer (1907) e a conhecida pintura O Beijo (1907-1908), se encontram reproduzidas (PIERRE, 1991). A pintura Arbustos de Rosas Sob as Árvores (1905, óleo/ tela, 110 cm x 110 cm), no acervo do Museu d' Orsay (Paris), se encontra reproduzida (BONFANTE-WARREN, 2000).
Klimt trabalhava diligentemente nas suas pinturas e não deixou muito mais do que 200 obras; no entanto, seus desenhos preparatórios somam muitos mil. Foi fato conhecido que Klimt se cercava de modelos de todos os tipos, que circulavam despidos por seu ateliê, deixando que o pintor os retratasse em poses inéditas de grande naturalidade: ele retratou grupos de duas ou três pessoas, de pé, sentadas ou dormindo. O artista assinou poucos dos seus desenhos, somente aqueles dedicados a seus amigos ou os que foram vendidos; e, raramente, foram datados os desenhos produzidos no tempo final de sua maturidade artística. Muitas vezes Klimt incluiu desenhos nas mostras individuais que realizou, e muitos foram reproduzidos na revista Ver Sacrum (v.) publicada pela Secessão Austríaca. Um numero da revista chegou a ser censurado e apreendido, sob o pretexto de ser obsceno devido a publicação do desenho alegórico Medicina, de G. Klimt, que se destinou à preparação do mural homônimo pintado na universidade.
Na ocasião o desenho de Klimt ofendeu o sentimento público: o pintor não considerava nunca nenhuma parte e nenhum tipo de corpo humano feio ou bonito, como os que ele pintou, nem apropriado para se ter vergonha, na atmosfera bastante moralista da Viena Imperial, no início do século XX (1900-1918). Foram publicados póstumamentedois portfolios com seus desenhos: Gustav Klimt, Vinte e Cinco Desenhos (Gustav Klimt, fünffundzwanzig Handzeichnunngen. Wien: Gilhofer & Ranschburg, 1919) e Gustav Klimt: 25 Desenhos Escolhidos e Editados por Alice Strobl (Gustav Klimt: 25 Zeichnungen augswählt und bearbeitete Alice Strobl. Graz; Akademische Druckund und Verlagsanstalt, 1964).
Na ocasião o desenho de Klimt ofendeu o sentimento público: o pintor não considerava nunca nenhuma parte e nenhum tipo de corpo humano feio ou bonito, como os que ele pintou, nem apropriado para se ter vergonha, na atmosfera bastante moralista da Viena Imperial, no início do século XX (1900-1918). Foram publicados póstumamentedois portfolios com seus desenhos: Gustav Klimt, Vinte e Cinco Desenhos (Gustav Klimt, fünffundzwanzig Handzeichnunngen. Wien: Gilhofer & Ranschburg, 1919) e Gustav Klimt: 25 Desenhos Escolhidos e Editados por Alice Strobl (Gustav Klimt: 25 Zeichnungen augswählt und bearbeitete Alice Strobl. Graz; Akademische Druckund und Verlagsanstalt, 1964).
Nas décadas finais da dinastia Hapsburg, Klimt testemunhou a decadência e queda do Império Austro-Húngaro, que terminou depois da Guerra da Prússia (1871). No século XX o Armstício, foi decretado no final da I Guerra Mundial (1914-1918), no ano em que a Áustria perdeu dois de seus maiores expoentes nas artes: Gustav Klimt, que faleceu de hemorragia cerebral (6 de fev.), e seu brilhante aluno, Egon Schiele, que faleceu logo depois de sua esposa tendo como causa a gripe espanhola, que nessa época dizimou milhões de europeus (1918). O quadro O Retrato de Adele Block-Bauer, de Gustav Klimt, que durante a II Guerra Mundial foi confiscado pelo governo nazista, depois de processo judicial voltou à posse de seus verdadeiros proprietários e foi vendido em leilão internacional pela quantia astronômica de 135 milhões de dólares (jun., 2006).
REFERÊNCIAS SELECIONADAS:
BONFANTI-WARREN, A. The Musée D'Orsay. New York: Barnes and Noble, 2000. 320p., il., color., p. 245. 25,5 x 36,5 cm.
FRODL, Gustav. Klimt. Poitiers: Profils de l' Art Chêne, 1990, pp. 54-83.
GIBSON, M, NERET, G. Symbolism. Figures du Moderne, 1905-1914. Cologne: Benedikt Taschen, 1992, 1995. 255p.: il., p. 234.
PIERRE, J. L'Univers Symboliste: décadence, symbolisme et art nouveau. Paris: Éditions d'Art Aimery Somogy, 1991, p. 282.
SHORSKE, C. Viena Fin-de-Siècle, Política e Cultura. Tradução Denise Bottman. Campinas: Unicamp - Cia das Letras, 1990, pp. 207-209.
WERNER, Alfred. Gustav Klimt. 100 Drawings. New York: Dover Publications, 1972, pp. 05-10.
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