HISTÓRIA DO PÓS-IMPRESSIONISMO EUROPEU. TÉCNICAS NA ARTE (INTERNACIONAL): DESENHOS DOS NEO-IMPRESSIONISTAS E IMPRESSIONISTAS.
Várias técnicas tradicionais caracterizam o dito, Desenho, como o desenho a lápis, a pastel, a pastel de cera e a carvão, além da mistura de várias técnicas como o desenho a lápis aquarelado. O Desenho a tinta mais frequente é o de pincel e a pena de nanquim: existem vários tipos de pena, que marcam os traços das várias técnicas de desenho a nanquim. Todas as técnicas de desenho são desenvolvidas sobre a superfície do papel e, na maioria delas, existe um tipo especial de papel para cada um dos tipos de materiais de desenho. Antes da popularização da Fotografia, a maioria dos desenhos, especialmente o Desenho de Caricatura (v.), serviu para ilustrarem as revistas de humor, jornais e publicações nos séculos XIX-XX.
Alguns artistas plásticos ficaram famosos como desenhistas: este foi o caso de Henri de Toulouse-Lautrec (1864-1901), artista do movimento, que desenhou muito e ilustrou várias revistas como La Révue Blanche (v.); e Edgar Degas (1834-1917), que dava preferência à técnica de pastel a óleo sobre papel, que desenhou as coxias dos teatros, as aulas de balé e as jovens bailarinas.
O escritor francês Paul Valery, amigo de Degas, declarou:
Há uma imensa diferença entre ver uma coisa com o lápis na mão e vê-la desenhando-a. Ou melhor, são duas coisas muito diferentes que vemos. Até mesmo o objeto mais familiar a nossos olhos torna-se completamente diferente se procurarmos desenhá-lo: percebemos que o ignorávamos, que nunca o tínhamos visto realmente. O olho até então servira apenas como intermediário. Ele nos fazia falar, pensar: guiava nossos passos, nossos movimentos comuns; despertava algumas vezes nossos sentimentos. Até nos arrebatava, mas sempre por efeitos, consequências ou ressonâncias de sua visão, substituindo-a, e portanto abolindo-a no próprio fato de desfrutar dela.
Mas o desenho de observação de um objeto confere ao olho certo comando alimentado por nossa vontade. Neste caso, deve-se querer para ver e essa visão deliberada tem o desenho como fim e como meio simultaneamente. […] (Valery, 2003: 61).
[…] Dizia-lhe: “Mas afinal o que você entende por Desenho?” Ele respondia com seu célebre axioma: “O Desenho não é a forma, é a maneira de ver a forma”. (Valery, 2003: 139).
Vários artistas plásticos franceses se destacaram como desenhistas: este foi o caso do Pós-Impressionista Georges Seurat, com desenhos poéticos indefinidos. Destacamos os desenhos do russo Ilya Repin (1844-1930), que se expressou com maestria nas várias técnicas de Desenho. Aliás, todo excepcional pintor é sempre um grande desenhista, mas não são todos os pintores que dominam as diferentes técnicas de Desenho como Repin (v. no meu Blog: http://arterussaesovietica.blogspot.com).
Flávio de Carvalho produziu a mais famosa série de desenhos da arte brasileira: Minha mãe morrendo (1947), composta de 32 desenhos a carvão. A obra de Carvalho com este tema trágico foi apresentada inicialmente na Sala Especial do artista na VIII Bienal de São Paulo (1963). Lembro-me de ter ficado chocada quando, nessa ocasião, apreciei a série de desenhos de Carvalho: no entanto, posteriormente reconheci que a mão do artista era testemunho de sua profunda emoção, que o desenho foi a maneira que Carvalho encontrou para expressar a profundidade de sua dor. Apenas uma parte desta série notável esteve em exposição na mostra do artista, Flávio de Carvalho, 100 anos de um revolucionário romântico, realizada no CCBB (Rio de Janeiro, 2000). Um dos mais expressivos desenhos de Carvalho pertence ao acervo do MAC - USP: Minha mãe morrendo (1947, carvão/ papel, 66,2 cm x 51,0 cm); outro desenho que lembra o traço atormentado e característico dessa série é o da Cabeça do Poeta Murilo Mendes (1951), que se encontra reproduzido no catálogo da mostra Murilo Mendes 1901-2001 e esteve em exposição na mostra realizada no Museu da Chácara do Céu, itinerante ao Museu Lasar Segall (Rio de Janeiro; São Paulo, 2002). Outro expressivo e atormentado desenho de Flávio de Carvalho pertence ao acervo do IAB – Instituto dos Arquitetos do Brasil (São Paulo).
REFERÊNCIAS SELECIONADAS:
BONFANTI-WARREN, A. The Musée D'Orsay. New York: Barnes and Noble, 2000. 320p., il., color., pp. 276-287. 25,5 x 36,5 cm.
STERNIN, G; KIRILLINA, J. Ilya Repin. New York: Pakstone International, 2011, 199p., il., color., pp. 14, 31, 50, 53, 65, 75, 88, 89, 101, 109, 180. 24,5 x 29 cm.
VALERY, P. Degas dança desenho. Tradução de Cristina Murachco e Célia Euvaldo. Paris: Gallimard, 1938. São Paulo: Cosac Naify – Portátil, 2002. 190p., il., p. 139. 12 x 17 cm.
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