quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

BIOGRAFIA: DENIS, Maurice (1870-1943).


 BIOGRAFIA: DENIS, Maurice (1870-1943).



De familia francesa de recursos Maurice Denis foi desenhista, cenógrafo e ilustrador para o Teatro da Obra de Lugné-Poe (v.), fotógrafo e litógrafo, pintor, escritor e teórico das artes. O livro que reuniu seus inúmeros artigos publicados, coletados após sua morte, foi influente sobre as vanguardas artisticas de sua época. Denis recebeu esmerada educação no Liceu Condorcet, onde foi colega dos pintores Édouard Vuillard, Ker Xavier Roussel e do escritor Lugné-Poe. Na época, Denis estudou desenho com Zani e copiou os clássicos dos grandes mestres no Museu do Louvre. O futuro artista estudou na Academia Julian; e, foi aluno de Lefèvre e Doucet na Escola Nacional Superior de Belas Artes (Paris, 1888). No mesmo ano seu colega de academia, Paul Sérusier, pintou seu quadro Talismã sob a orientação de Paul Gauguin, que ele mostrou aos amigos, inclusive a Denis, que ficou atraído pela estética do Grupo do Sintetismo (v.).


Denis se associou ao Grupo do Nabismo e se tornou a principal teórico do coletivo: ele foi um dos primeiros pintores que publicaram artigos sobre arte nas revistas francesas, a partir de seu artigo Definição do Neo-Tradicionalismo [Définition du Neo-Tradittionisme] publicado na revista Art et Critique [Arte e Crítica](23-30 ago., 1905). Anos mais tarde a coletânea dos textos críticos de Denis, inclusive versando sobre artistas de seu tempo como Paul Cézanne e Paul Gauguin, foi reunida nos livros Do Simbolismo ao Classicismo: Teorias (Du Symbolisme au Classicisme: Théories, 1912); Novas Teorias (Nouvelles Théories, 1922).


Durante o final do século XIX, que representou o auge do periodo dos Simbolistas, Denis ilustrou os livros de André Gide e de Paul Verlaine; ele criou a capa do libreto da ópera Peléas e Melissande [Pelléas et Melisande] de Maurice de Maeterlinck, encenada com música de Claude Debussy. Na década (1890-1900), como os outros Nabis, Denis colaborou nas Artes Aplicadas com o desenho de Tapeçarias Artísticas, tapetes, vitrais, mosaicos, painéis em cerâmica ornamental e decoração mural. O seu trabalho teve forte influência da arte renascentista italiana, especialmente após as suas incursões às regiões da Toscana e Umbria (Itália. 1895-1897).


Denis, que atuou preferencialmente no campo das Artes Gráficas e Decorativas, no qual o seu trabalho de tons pasteis e linhas delicadas foi bastante apreciado. Denis fundou os Ateliês de Arte Sacra, ativos na época (Paris, 1919-). Denis ficou muito conhecido e recebeu varias encomendas de pinturas religiosas para igrejas como a de Sainte-Croix de Vesinet, entre outras; ele pintou os painéis da História de Psyché (1908-1909), que entregou na casa do colecionador russo Ivan Morosov (Moscou, jan., 1909). O artista pintou o teto do Teatro dos Campos Elísios; o painel na Igreja de Saint-Paul (Genebra, Suíça, 1917); a cúpula do Petit-Palais (Paris, 1924); as escadarias do edificio do Senado (Paris, 1936-1939). Denis foi convidado, juntamente com Ker-Xavier Roussel (1867-1944), Édouard Vuillard (1868-1940) e Roger Chastel (1897-1981) para pintar um dos quatro painéis do Palácio da Sociedade das Nações (Genebra, Suíça).


Denis foi um dos precurssores da fotografia artística francesa como mostram as fotografias de seu universo familiar. Denis utilizou pelo menos três câmeras: a Kodak de Bolso n. 102 (Pocket Kodak 102), a Kodak n. 2 (Bulls-Eye), e a chamada de Kodak N. 1 Dobrável de Bolso (Folding Pocket Kodak). Quem revelava e imprimia a maioria das fotografias era a Sra. Denis, que preservou-as, pois organizou-as em álbuns. Denis encomendou a estúdio várias ampliações de imagens cuidadosamente selecionadas (1914). O artista clicou instantâneos bem como fotografias posadas: ele produziu quase 2000 imagens usando as técnicas do dito, close-up, imagens cortadas de modo original e pouco usual além de frequentemente utilizar a composição descentralizada. Denis fotografou ativamente por mais de duas décadas (1896-1919). Grande parte de sua obra fotográfica pertence ao IMA Lab - Indianapolis Museum of Art (4000 Michigan Road, Indianapolis, Indiana 46208-3326 | 317-923-1331 /skype_highlighting 317-923-1331. USA).


As fotografias dos artistas franceses, tornaram-se conhecidas à partir da década de 1960, quando ocorreu a primeira mostra das obras dos vanguardistas com a participação dos artistas do Grupo dos Nabis, Denis, Bonnard, Vuillard e Vallotton, realizada na Galeria l’Oeil (Paris, 1963). Recentemente as fotografias européias do final do século XIX incluindo as dos Nabis, do artista francês Henri Rivière (1864-1951), do artista belga Henri Evenepoel (1872-1899), além do pioneiro holandês da fotografia de rua George Hendrik Breitner (1857-1923), imagens captadas no final do século com visões completamente inovadoras estiveram em exposição na mostra Instantâneo:Pintores e Fotografia de Bonnard a Vuillard, realizada pela Coleção Phillips (Snapshot: Painters and Photography, Bonnard to Vuillard. Washinghton D.C., USA: The Phillips Collection, fev. 4 - maio 6, 2012).


Uma das obras de Denis pioneiras do modernismo francês, precurssora da vanguarda do Fauvismo (Paris, 1905-1908), foi Manchas de sol na varanda (Tâches de soleil dans la terrasse, 1890, óleo/ cartão, 20 cm x 20 cm, no acervo do Museu d'Orsay), reproduzida (PIERRE 1991). O Autoretrato de Denis (1889), encontra-se reproduzido (FRÈCHES-THORY, 1990).

 

REFERÊNCIAS SELECIONADAS:
 

CATÁLOGO. Snapshot: Painters and Photography, Bonnard to Vuillard. Washinghton D.C., USA: The Phillips Collection, February 4 - May 6, 2012.

 
CHAMPIGNEULLE, B. A Arte Nova. Tradução de Maria Jorge Couto Viana. Cacém (Portugal): Verbo, 1973. 309p., p. 71.

 
ELLRIDGE, A. Gauguin and the nabis: prophets of Modernism. Paris: Terrail, 1995, p. 100.

 
FRÉCHES-THORY, C.; TERRASSE, A.; LE ROUX, J. Les Nabis.Tours: Flammarion,1990, pp. 17-20.

 
GIBSON, M. Odilon Redon, 1840-1916: le Prince des Rêves. Cologne: Taschen, 1995. 96p. il., pp. 230-231.


PIERRE, J. L'Univers Symboliste: décadence, symbolisme et art nouveau. Paris: Éditions d'Art Aimery Somogy, 1991, p. 249.


 

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