quinta-feira, 1 de novembro de 2012

 

HISTÓRIA DO PÓS-IMPRESSIONISMO EUROPEU.
TOULOUSE-LAUTREC, Henri-Marie-Raymond de Toulouse-Lautrec (1864-1901).

O artista nasceu em Albi, filho do Conde Alphonse Charles de Toulouse-Lautrec (1838 - 1912); seus pais eram primos. O irmão de Toulouse-Lautrec, Richard, morreu com um ano de idade (1868).
 
O artista foi viver em Paris (1872), onde seguiu o curso do Liceu Condorcet (1876);.As férias de Toulouse-Lautrec foram sempre passadas no Castelo de Celeyron e no Castelo do Bosque, residências de seus pais. Toulouse-Lautrec terminou seus estudos com preceptores particulares, pois em queda de cavalo o artista fraturou o fêmur da perna esquerda (1878). Durante sua prolongada convalescença, Lautrec aprendeu a desenhar e pintar com o artista plástico René Princetau, amigo da familia e pintor dito, animalista, pois pintava pequenos animais dos campos, como lebres, pássaros e raposas.


Quando Toulouse-Lautrec passava férias em Nice acompanhado de sua mãe, o adolescente de 15 anos de idade fraturou o fêmur da perna direita (1879). Depois destes dois acidentes o crescimento do futuro artista ficou prejudicado: quando adulto Toulouse-Lautrec media 1,52 m., mas seu torso se desenvolveu de forma anômala e ele ficou com dificuldades para andar. Na primavera (1881), Toulouse-Lautrec foi novamente viver em Paris, decidido a estudar arte: Princeteau preparou-o para os difíceis exames de admissão na Escola Nacional Superior de Belas Artes (abr., 1882). Toulouse-Lautrec foi aprovado para estudar no Ateliê de Léon Bonnat, mas, poucos meses depois o ateliê fechou (set.). O artista passou a estudar na Academia Cormon, do pintor Fernand Cormon. onde fez amizade com Louis-Emile Anquetin (1861-1932;Paul Gauguin (1848-1903);e Vincent van Gogh (1853-1890),que, na época, estudavam na mesma escola.

 
As primeiras pinturas de Toulouse-Lautrec foram recusadas no Salão de Belas Artes (1883), quando o artista enviou para seleção o retrato de seu amigo Gustave Dennery. Toulouse-Lautrec começou a pintar paisagens e foi viver em Montmartre, o bairro da boemia, dos artistas, dos cafés e cabarés populares, onde logo o artista fez amizade com Suzanne Valadon (1865-1938),mãe do futuro pintor Maurice Utrillo, que foi sua amante durante certo período. Valadon era jovem belíssima e Toulouse-Lautrec desenhou, pintou e retratou-a inúmeras vezes nas suas obras. O artista frequentava o Cabaré Milirton; a fotografia do artista acompanhado de seu amigo o pintor Louis Anquetin, sentado na mesa tosca de madeira neste modesto cabaré, vendo-se ao fundo piano de cauda, se encontra publicada (HUISMAN, 1965). Um dos mais conhecidos cartazes publicitários idealizados por Toulouse-Lautrec, imortalizou seu proprietário, o cantor popular Aristide Bruant.


Toulouse-Lautrec ganhou a vida colaborando com publicações como La Révue Blanche (A Revista Branca; v.), de Thadée Natanson, cuja familia foi sempre amiga de sua, com quem o artista passou junto feriados e finais de semana. Toulouse-Lautrec foi apaixonado por Misia, esposa de Natanson, que ficou conhecida no mundo artístico como Misia Sert, depois que ela se casou com o pintor espanhol José Maria Sert. Misia (v. biografia), foi amiga-quase-irmã de Sergey Diaghilev, mentor dos Balés Russos, que ela patrocinou (Paris). A fotografia de Misia com Thadée Natanson e Toulouse-Lautrec se encontra publicada (FRÈCHES, 1991).


O artista colaborou com suas ilustrações para várias publicações de humor e arte de sua época, inclusive para a revista Paris Illustré
[Paris Ilustrada].
/Os desenhos de Toulouse-Lautrec foram publicados na técnica de grisaille, através do mais moderno processo de reprodução gráfica da época, a dita,  Cromotipografia [Chromotypografie].
Toulouse-Lautrec colaborou com os editores Maurice Joiant e Geoffrey (1855-1926); ele desenhou o álbum de gravuras da cantora popular Ivette Guilbert (1894), que usava longas luvas negras, que Toulouse-Lautrec imortalizou em vários desenhos e cartazes, inclusive um, publicado somente com o desenho das mãos enluvadas da artista, que se transformaram na sua marca registrada.


Toulouse-Lautrec escolheu viver vida alternativa no seio da boemia; o artista foi testemunha ocular da história de seu tempo, nessa existência cercada dos prazeres efêmeros e falsificados da dita, Belle Époque - revistas, cabarés, mulheres de vida fácil, prostituição - que ele retratou de modo magistral em muitos desenhos na técnica de pastel (a huile=à_óleo), que ele dominava. Toulouse-Lautrec desenhava com acuidade vigorosa, sem indulgência e desde cedo tornou-se especializado em retratar o movimento das carruagens, dos cavalos e depois das dançarinas de can-can, das saias rodadas e movimentos de dança. Várias pinturas e desenhos de Toulouse-Lautrec participaram das mostras internacionais da Sociedade dos XX (Les XX, Bruxelas, Bélgica, 1884-1893), organizado pelo advogado Octave Maus.

Nos seus últimos anos de vida Toulouse-Lautrec tornou-se alcóolatra: sua família internou-o várias vezes para tratamento, na tentativa de salvar sua vida. O artista passou a apresentar comportamentos estranhos, ficou com mania de perseguição, entre outras, além de ter contraído sífilis. Na época a terrível doença era incurável, levou-o à paralisia e morte; ele passou seus últimos dias de vida no Castelo de Malromé (Giron), pertencente à sua familia. A mãe de Toulouse-Lautrec, que foi sempre sua protetora e amiga, doou todas obras da primorosa coleção que formou ao longo da vida de Toulouse-Lautrec para a cidade de Albi, onde foi fundado o Museu Toulouse-Lautrec.

No século XX Toulouse-Lautrec foi um dos mais proeminentes desenhistas, desenhou sua obra com ênfase no ser humano, seu verdadeiro tema central. O artista foi homenageado com grande mostra retrospectiva, na Hayward Gallery (Londres, 10 out., 1991 - jan., 1992), itinerante à Galeria Nacional do Grand Palais (Paris, 18 fev. – 10 jun., 1992), que apresentou várias obras de seus amigos, artistas das vanguardas de sua época como Vincent van Gogh de quem Toulouse-Lautrec fez o retrato (pastel à óleo), no ano de sua morte (Paris, 1890). A obra gráfica de Toulouse-Lautrec, seu cartaz para o Moulin Rouge (1891), se encontra reproduzido (PIERRE, 1991).

REFERÊNCIAS SELECIONADAS:

CATÁLOGO. FRÉCHES, C.; ROQUEBERT, A.; THOMPSON, R.; CACHIN, F., DREW, J. Toulouse-Lautrec. Paris: Réunion des Musées Nationaux, 1991, pp. 5-9, 206-207, 307-309, 521-543, 545-548.



FRÉCHES, C.; FRÉCHES, J. Toulouse-Lautrec: les lumiéres de la nuit. Paris: Gallimard, 1993. 176p.: il. color. (Découvertes Gallimard, v. 132).



HUISMAN, Pierre, M. Dorfu. Lautrec por Lautrec. Barcelona: Ed. Blume, 1965, pp. 40-235.



MURRAY, G. Toulouse-Lautrec. New York - Paris: Abeville - Beltrand, 1991, pp. 01-33.



PIERRE, J. L'Univers Symboliste: décadence, symbolisme et art nouveau. Paris: Éditions d'Art Aimery Somogy, 1991, p. 293.



SERULLAZ, M. O Impressionismo. Tradução de Álvaro Cabral. Paris: Presses Universitaires de France, 1961. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1989. 120p., p. 45. 14 cm x 21 cm. (Coleção Cultura Contemporânea, v. 13).
 

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