Arte européia de vanguarda, desde seus primórdios, no século XIX: biografias e história, artistas, escolas, grupos e movimentos.Imagem da Exposição dita, Neo-plástica, no Museu Sztuki em Łodz (1946), projetada por Władysław Strzeminski para expor seleção das 111 obras da nata das vanguardas européias, colecionadas pelo Grupo Internacional dos A. r. (Artistas revolucionários, 1929-1936).
domingo, 1 de julho de 2012
LAMBERT, Leonard Constant (1905-1951); e os Balés Russos [Ballets Russes] (Paris, 1909-1929).
BIOGRAFIA: LAMBERT, Leonard Constant (1905-1951).
O músico inglês estudou na Faculdade Real de Música [Royal College of Music] (Londres); e, aos 20 anos de idade, ainda estudante, foi apresentado a Sergey Diaghilev, empresário dos Balés Russos [Ballets Russes] (Paris, 1909-1929). Lambert apresentou para Diaghilev a suite para balé de sua autoria, intitulada Adão e Eva [Adam and Eve]. Diaghilev propôs montar esse balé desde que Lambert trocasse o título da peça para Romeu e Julieta, alegando que desejava criar vínculo com a cultura inglesa.
A temporada anterior de Diaghilev em Berlim havia sido desastrosa (1925); a companhia reuniu-se, como usualmente, passando todo o início de temporada ensaiando os novos programas em Monte Carlo (1926). Lambert chegou à cidade a fim de apreciar o último ensaio do balé Romeu e Julieta: o músico admirou a coreografia de Bronislava Nijinska, mas detestou os cenários de Max Ernst e Joan Miró. No entanto, Diaghilev recusou-se a mudar qualquer aspecto do balé programado, e Lambert nada pôde fazer à respeito: o balé estreou com algum sucesso (Monte Carlo, 4 maio). Em seguida Romeu e Julieta foi levado para sua verdadeira estréia, no Teatro Sarah Bernhardt (Paris, 28 maio, 1926). A música de Lambert foi bem aceita, mas esta não foi temporada bem sucedida, tanto do ponto de vista artístico como financeiro, para os Balés Russos de S. Diaghilev.
A intransigência de Diaghilev quanto aos cenários e figurinos que Lambert detestou, criou sério atrito entre os dois. Posteriormente Lambert escreveu e publicou artigos acusando Diaghilev de criar a expectativa de apresentação de balés baseados na novidade, dita, sintética, que o empresário conseguiria de forma deliberada e estudada, buscando colaboradores que fossem estilisticamente antagônicos. Lambert declarou que Diaghilev escolhia colaboradores com estéticas opostas e disparatadas, cenógrafos e músicos que criariam o caos elegante para balés de coquetel, o que não deixou de ser ofensivo à criatividade do empresário. Lambert ilustrou com as duplas Stravinsky/ Gontcharova, em As Núpcias [Les Noces]; Poulenc/ Marie Laurencin em Os Bichos [Les Biches]; Georges Auric/ Pedro Pruna em Os Tripulantes [Les Matelots]; Prokofiev/ Rouault, em O Filho Pródigo [Le Fils Prodigue]. No entanto, segundo SHEAD (1989), o único balé estilo coquetel que os Ballets Russes apresentaram foi Romeu e Julieta, de Lambert; e A Gata [La Chatte] (1927), que, no entanto, foi caso diferente, pois Henri Sauguet apreciou a cenografia e os costumes Construtivistas do escultor Naum Gabo e os moderníssimos figurinos de seu irmão Anton Pvsner, ambos artistas russos, posteriormente naturalizados franceses (v. Construtivismo).
Lambert igualmente atacou impiedosamente os compositores que trabalharam para Diaghilev, comentando:
[…] meramente atiradores executando o ataque do comando de seu Al Capone […] (SHEAD, 1989).
Essa imagem nos soa bem injusta, comentando quem criou com excepcionais músicos, cenógrafos e figurinistas, comentando quem criou os melhores espetáculos de balé na primeira metade do século XX. Tamara Kasarvina, uma das grandes estrelas da companhia dos Balés Russo, comentou nos anos 1920s:
[…] Excêntricas como algumas produções experimentais de Diaghilev podem parecer, foram criadas com os melhores ingredientes da arte, e este fato explica em grande parte porque ele conseguia manter seu público subjugado […] (SHEAD, 1989).
REFERÊNCIA SELECIONADA:
SHEAD, R. Ballets Russes. London: Quarto Books. Secaucus (NJ): Wellfleet Press, 1989, pp. 125, 140, 142, 179.
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