BIOGRAFIA: GRIS, Juan: Juan José Vitoriano Gonzalez (1887-1927).
Gris mudou-se para o ateliê sito à rua Ravignan n. 13 (1906), chamado por Max Jacob de Barco Lavoir [Bateau Lavoir] (v.), onde ele tornou-se amigo de Pablo Picasso, Pierre Reverdy, André Salmon, Kees van Dongen, Pierre MacOrlan; e de Pablo Gargallo professor de escultura de Picasso, além de Jacob, no instigante ambiente cultural que Guillaume Apollinaire frequentava. Gris associou-se à nata das vanguardas internacionais que reuniram-se na capital francesa. Picasso morou lá (1904-1909) e carregou o amigo, pois tanto ele como Gris tornaram-se artistas exclusivos da Galeria de Arte de Daniel-Henry Khanweiller (v. biografia). Por ocasião de seu segundo exílio na Suíça, devido à II Guerra Mundial, Khanweiller escreveu a biografia: Juan Gris (1946).
Frequentando os salões de Gertrude Stein, como Braque e Picasso que se conheceram lá, seguindo o exemplo do marchand Léonce Rosenberg, a Sra Stein adquiriu inúmeras pinturas de Gris, bem como de Picasso, que pintou seu retrato Proto-Cubista (1906). Gris começou à pintar, mas só apresentou sua obra no XXVIII Salão dos Artistas Independentes (1912), quando expôs seu original retrato cubista de Picasso, com o qual homenageou o amigo. Foi a sensação da época, devido à concepção original e o tratamento inovador da superfície pictórica.
Gris passou o verão junto com Picasso e Braque, quando iniciou suas Colagens Cubistas (Ceret, França, 1913). Gris manteve amizade com Henri Matisse, com quem pintou em Collioure; com Amedeo Modigliani (1884-1920), com os poetas Max Jacob e André Salmon, além de profunda amizade com Pierre Reverdy, para quem ele ilustrou vários livros de poesia.
Todo o racionalismo e contenção intelectual do Cubismo nasceu na obra de Gris; e, devido ao contrato de exclusividade com D-H. Khanweillwer (v. biografia), que exigiu fidelidade aos contratados, nem Gris, nem Braque, nem Picasso expuseram obras nos salões oficiais e oficiosos do melhor período do Cubismo. Gris voltou à expor novamente no XXXI Salão dos Artistas Independentes (1921) e na última mostra do Grupo da Seção de Ouro [Section D'Or], na Galeria Vavin-Raspail (Paris, 1925).
Para sua temporada em Monte Carlo o empresário Sergey Diaghilev, promotor dos Balés Russos, planejou montar trechos de várias óperas curtas e pouco conhecidas: Filemon e Baucis [Philémon et Baucis], A Pomba [La Colombe] e O Remédio Apesar do Mesmo [Le Médicin malgré lui], todas com música do francês Charles François Gounod: e A Falta de Educação [Une éducation manqué], de Emmanuel Chabrier. As músicas sofreram renovação através da adaptação realizada por Erik Satie e pelos músicos do Grupo dos Seis: Georges Auric, Francis Poulenc e Darius Milhaud, sendo que os cenários e figurinos foram realizados por Alexandre Benois e Juan Gris. No entanto, os espetáculos não agradaram ao exigente público de Monte Carlo, que desejava ver a montagem de grandes óperas, somente com a atuação de renomados cantores internacionais. Diaghilev levou para a estréia em Paris somente a ópera com música de Chabrier. Também não deu certo, pois o público francês queria ver balé e somente balé; depois desta temporada, Diaghilev abandonou para sempre a idéia de montar trechos de óperas. No mesmo ano Gris proferiu palestra na Universidade Sorbonne, com o tema As Possibilidades da Pintura (Paris, 1924).
O balé As Tentações da Pastorinha [Les Tentations de la Bergère], evocação pastoral da côrte de Luís XIV, com música adaptada do francês Michel de Monteclair, libreto de Bóris Kochno, recebeu cenários e figurinos de Juan Gris. Na estréia desse espetáculo Vera Nemtchinova, Taddeusz Slavinsky, Anatole Vilzak e Léon Woizikovsky dançaram a coreografia de Bronislava Nijinska (3 jan., 1924). Não fez sucesso, e o balé, que não foi apresentado na temporada parisiense, logo desapareceu do repertório da companhia: no entanto, os figurinos dessa produção foram rearoveitados posteriormente para o balé dito, inglês, O Triunfo de Netuno [The Triumph of Neptune] (1926), evocação Vitoriana com libreto de Sacheverell Sitwell, música de Lord Berners, coreografia de George Balanchine, cenografia do espanhol Pedro Pruna e execução dos cenários pelo príncipe Aleksandr Konstantinovich Schervashidze (Chachba, 1867-1968), que adaptou gravuras vitorianas. Depois de muita confusão a temporada londrina foi inaugurada no grande Teatro Lyceum, com capacidade para três mil espectadores (3 nov., 1926). Os esforços de todos foram bem recompensados, pois esse balé que recebeu o subtítulo de Pantomima Inglesa em Dez Quadros [English Pamtomime in Ten Tableaux], colocou em cena cinquenta bailarinos liderados pelas grandes estrelas dos balés russos, O destaque foi Serge Lifar, que dançou com Alexandra Danilova, Lydia Sokolova, Lubov Tchernicheva, Stanislas Idzikowsky, Taddeusz Slavinsky e Léon Woizikowsky. Alguns bailarinos se desdobraram em vários papéis: Danilova foi muito bem recebida e se transformou da noite para o dia na estrela dos palcos ingleses, pois os críticos britânicos adoraram sua atuação nesse balé. Algumas fotografias posadas dos bailarinos, com Danilova e Lifar, e a dupla junto com o compositor Lord Berners, outra com Lifar sozinho e Danilova também, na frente dos cenários pintados, usando figurinos de Gris, se encontram reproduzidas (SHEAD, 1989; 146-149).
Gris expôs na Galeria Fletchtheim (Dusseldorf, 1920); na Galeria O Esforço Moderno [L'Effort Moderne] de Léonce Rosenberg (Paris, 1921); na Galeria Simon de D-H. Khanweiller (Paris, 1923), e na Galeria Fletchtheim (Berlim, 1925); ele expôs em mostra coletiva com Georges Braque e André Masson na Galeria Jeanne Bucher (Paris, 1926). No ano seguinte Gris morreu (1927), vitimado por crise aguda de uremia.
A primeira retrospectiva póstuma de Gris foi na Galeria Simon de Daniel-Henry Khanweiller (Paris, 1928); seguiram-se as mostras na Galeria Fletchtheim (Berlim, 1930); e na Galeria Marie Harriman (Nova York, 1931). Gris expôs na Kunsthaus (Zurique, 1933); em mostra itinerante, que percorreu a Galeria Howard Putzel (San Francisco), a Julien Levy (Nova York) e o Clube das Artes (Chicago, 1935); expôs na Galeria Mayor (Londres, 1936); na Galeria Balay e Carré e na Jacques Seligman (Paris, 1938), as mostras voltaram ao Clube das Artes (Chicago, 1939) e a Galeria Bucholtz (Nova York, 1944); ao Kunstmuseum (Berna, Suíça, 1955); e a Galeria Louise Leiris expôs O Ateliê de Juan Gris em Paris. Finalmente consagrado com sua carreira póstuma, Gris foi homenageado com mostra no MoMA (Nova York, 1958).
REFERÊNCIAS SELECIONADAS:
APOLLINAIRE, G. Aesthetic Meditations on Painting: The Cubist Painters. Paris, 1913. Apud APOLLINAIRE, G.; EIMERT D.; PODOKSIK, A. (Biograf.). Cubism. Translated by Dorothea Eimert. New York: Parkstone Press International, 2010, 200p., ils. color., pp.
APOLLINAIRE, G. Aesthetic Meditations on Painting: The Cubist Painters. Paris, 1913. Apud APOLLINAIRE, G.; EIMERT D.; PODOKSIK, A. (Biograf.). Cubism. Translated by Dorothea Eimert. New York: Parkstone Press International, 2010, 200p., ils. color., pp.
6-26, 148-153. 24.5 cm x 28.5 cm.
SHEAD, R. Ballets Russes. Secaucus, New Jersey: Quarto Book, Wellfleet Press, 1989. 192p.: Il,.algumas color., pp. 116, 125,126, 146, 149, 169. 25 cm x 33 cm.
SHEAD, R. Ballets Russes. Secaucus, New Jersey: Quarto Book, Wellfleet Press, 1989. 192p.: Il,.algumas color., pp. 116, 125,126, 146, 149, 169. 25 cm x 33 cm.
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