[GROUPE DES SIX] (Paris, 1920-1924).
O grupo foi formado por seis músicos eruditos: Georges Auric (1899-1963), Darius Milhaud (1892-1974), Arthur Honegger (1892-1955), Francis Poulenc (1899-1963), Germaine Tailleferre (1892-1983) e Louis Durey, que logo se afastou e foi substituído pelo jovem Henri Sauguet (1901-1989). Os músicos associados formaram seu próprio movimento, centrado em torno do líder das vanguardas francesas, o artista multimídia Jean Cocteau (1887-1968). Alguns anos antes, ficou conhecido na França o Grupo dos Cinco, formado por músicos russos que S. P. Diaghilev divulgou através dos Balés Russos, em Paris (1907-1929).
No início da década de 1920, o clima de grande renovação musical foi liderado pelo Grupo dos Seis. Foi Eric Satie quem provavelmente nomeou o grupo, anteriormente conhecido como Os Novos Jovens [Les nouveaux jeunes], através de seu artigo Os Seis [Les Six], publicado na revista Feuilles Libres [Folhas Livres]editada por Marcel Reval. Foi Jean Cocteau quem atraiu artistas de outras áreas para a criação de obras conjuntas, quando integrou os músicos do Grupo dos Seis aos poetas destacados nas vanguardas francesas, como o suíço Blaise Cendrars (Fréderic Sausser, 1887-1961). Foi o último citado quem ficou conhecido como um dos teóricos do grupo, na via oposta ao então chamado NovoEspírito [Nouveau Esprit] revelado pelas teorias do professor vanguardista, o compositor Erik Satie (1866-1925). Satie foi o grande precursor da música das vanguardas artísticas francesas, conhecido como professor, divulgador e principal mentor da dita, Escola de Arcueil (v.).
Os músicos do Grupo dos Seis compuseram várias peças musicais para a obra conjunta, o balé Os noivos da Torre Eiffel [Les Mariés de la Tour Eiffel] (Paris, 1921), que apresentou-se com os Balés Suecos [Ballets Suedois], de Rolf de Maré, encenado com cenários de Irene Lagut, máscaras de Jeane Valentine Hugo, voz do narrador e libreto de Jean Cocteau. As fotografias do espetáculo, bem como a vários desenhos dos originais figurinos e das gigantescas máscaras, se encontram reproduzidos (HAGER, 1986).
O empresário Sergey Diaghilev, promotor dos Balés Russos, planejava montar trechos de várias óperas, curtas e pouco conhecidas, como Filemôn e Baucis [Philémon et Baucis], A Pomba [La Colombe] e Médico, Apesar Dele Mesmo [Le Médicin malgré lui], todas com música do francês Charles François Gounod: e Uma Falta de Educação [Une éducation manqué], de Emmanuel Chabrier, na sua temporada em Monte Carlo (1924). As músicas sofreram renovação através da adaptação realizada por Erik Satie e pelos músicos do Grupo dos Seis: Georges Auric, Francis Poulenc, e Darius Milhaud, sendo que os cenários e figurinos foram realizados por Alexandre Benois e Juan Gris.
No entanto, o espetáculo não agradou ao exigente público de Monte Carlo, que desejava ver a montagem de grandes óperas com a atuação de renomados cantores internacionais. Diaghilev levou para a estréia em Paris somente a ópera com música de Chabrier. Também não deu certo, pois o público francês queria ver balé e somente balé; depois desta temporada, Diaghilev abandonou para sempre a idéia de montar trechos de óperas. O empresário russo encomendou música para seus Balés Russos a Poulenc, Auric e Milhaud, três dos músicos franceses do antigo Grupo dos Seis. Poulenc criou a música para Os Bichos [Les Biches], balé que estreou em Monte Carlo (06 de jan., 1924), com cenários e figurinos idealizados por Marie Laurencin (1885-1957), sendo que os cenários foram executados pelo Príncipe Paolo Schervashidze e os figurinos por Vera Sudeikin, a russa, na época esposa de Serge Sudeikin, que depois de enviuvar tornou-se a senhora Igor Stravinski. O balé, no qual Vaslav Nijinsky dançou como principal bailarino foi o mais bem sucedido da temporada e passou ao repertório regular da companhia russa, sendo repetido em várias apresentações.
Outro balé, com a música composta por Georges Auric, foi Os Maledicentes [Les Fâcheux], baseado na comédia de Molière, com cenários de George Braque (1882-1963). O balé foi dançado por Lubov Tchernicheva, Vilzak e pelo bailarino inglês de grande destaque, Anton Dolin. Esse balé que apresentou cenas de pantomima, não fez sucesso junto ao público parisiense na sua estréia (19 de jan., 1924). Outro espetáculo com música de Darius Milhaud foi O Trem Azul [Le Train Bleu] com libreto de Jean Cocteau, que providenciou papel destacado para Dolin, que se tornou destaque da noite para o dia como par de Lidia Sokolova. Léon Woizikovsky, que dançou como par da irmã de Nijinski, Bronislava Nijinska (1891-1972). A música alegre de Milhaud encaixou com perfeição na idéia que Diaghilev, Nijinsky e Cocteau tinham em mente quando Cocteau concebeu esse balé, descrito como a Opereta Dançante de Jean Cocteau (Paris, 20 de junho). Entre os cenários, Picasso pintou a cortina com a reprodução de seu hoje conhecido desenho de duas figuras femininas correndo na praia; mas os verdadeiros cenários foram idealizados por Henri Laurens e os figurinos - roupas esportivas, de tênis e praia – por Gabrielle Coco Chanel. Depois que Dolin, jovem aluno de Serafine Astafieva (Londres) deixou a companhia, ninguém conseguiu substituí-lo nas acrobacias que ele realizou nas récitas desse balé e a obra precisou sair para sempre do repertório dos Ballets Russes. Várias fotografias das apresentações do balé, com seu interessantíssimo argumento e imaginativo cenário com a presença dos figurinos de praia, obra-prima de Chanel, se encontram reproduzidas (SHEAD, 1989)
Nem Tailleferre nem Arthur Honegger escreveram música para a companhia dos Ballets Russes, de Diaghilev, pois seu estilo musical pareceu ao exigente empresário pouco adaptável para balé. Poulenc, depois de Les Biches, nunca mais foi convidado para compôr para a companhia russa; mas Henri Sauguet foi convidado por Diaghilev e compôs a música para o extraordinário balé A gata [La Chatte] (1927), obra-prima com cenários e figurinos Construtivista dos irmãos russos naturalizados franceses, Naum Gabo e Anton Pvsner. Gabo foi quem produziu a maior parte dos cenários bem como os figurinos moderníssimos com materiais inusitados para esse balé, que Serge Lifar dançou como principal estrela, par da bela Alice Nikitina; também dançou a jovem Spessivtseva, cujo nome Diaghilev mudou para Olga Spessiva. O argumento foi de Sobeka, nome artístico de Bóris Kochno, que baseou seu libreto em fábula de Esopo e a coreografia foi de George Balanchine, determinante para o grande sucesso alcançado pelo balé vanguardista que estreou em Monte Carlo (30 abr.).
REFERÊNCIAS SELECIONADAS:
ENCICLOPÉDIA. HINDLEY, G. (Ed.); HOPKINS, A. (Introd.). The Larousse Encyclopedia of Music. Based on DUFOURQ, Norbert. La Musique: les hommes, les instruments, les oeuvres, Paris: Larousse, 1965. London, New York, Sidney, Toronto : Hamlyn, 1971, 1974, 1975, 1976, 1977. 576p., il.;algumas color., pp. 400-401, 21 x 28,5 cm.
HAGER, B. Les Ballets Suedois. Translated by Ruth Sharman. London: Thames and Hudson, 1990. 303p.: il., algumas color., p. 299.
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