sexta-feira, 22 de junho de 2012

BIOGRAFIA: KOKOSCHKA, Oskar (1886-1980).


BIOGRAFIA: KOKOSCHKA, Oskar (1886-1980).


O artista plástico, desenhista, pintor, cenógrafo e figurinista teatral, nasceu em Pöchlarn (Áustria), mas faleceu em Montreux (Suíça). O vanguardista, escritor e teatrólogo, estudou em Viena (1805-1897): ele participou dos famosos Ateliês Vienenses (v. Grupo dos Ateliês Vienenses) fundados pelo arquiteto Josef Hoffmann, e foi admitido nos ativos círculos culturais, musicais e intelectuais da capital austríaca que freqüentou, juntamente com seu amigo Karl Krauss (1908-). Kokoschka retratou Krauss e também desenhou o retrato de seu dileto amigo de toda a vida, arquiteto precursor da moderna arquitetura européia, Adolf Loos (1870-1933).

A arte pictórica de Kokoschka foi influenciada pelo Estilo Jovem [Jugendstil], da ala mais jovem das artes vienenses, assumida pelos dezessete artistas do Grupo (Austríaco) dos Jovens [Die Jüngen] (v.), que insurgiu-se contra a rígida tradição acadêmica austríaca nas artes visuais. Gustav Klimt fundou a associação de artistas, conhecida como a Secessão Vienense [Wiener Sezession] (1897-1932). O Grupo da Secessão Vienense (v.), publicou a revista de grande repercussão, Ver Sacrum [Primavera Sagrada] (Viena, jan. 1898-1899; Leipzig, 1899-1903),.

Kokoschka viajou para temporada em Berlim, onde ele trabalhou com o Grupo Editorial da Tempestade [Der Sturm], de Herwarth Walden, que não só publicou seus desenhos mas também seus textos. Nesse mesmo ano, Kokoschka expôs suas pinturas na sua primeira mostra individual, realizada na Galeria da Tempestade [Der Sturm] (Berlim, 1910). Durante curto período, Kokoschka participou das vanguardas berlinenses; ele voltou a viver em Viena, onde aderiu ao Grupo da Sociedade Musical (1911), organizada por Alma Mahler, promotora cultural e esposa do famoso maestro e compositor, Gustav Mahler. Dois anos depois Kokoschka viajou para a Itália, quando ele pintou paisagens pelo caminho.

Kokoschka escreveu algumas peças teatrais como Drama e Construção [Dramen und Bilder], encenada em Leipzig (Áustria, 1913). Durante o período da I Guerra Mundial (1914-1918) o artista foi convocado para servir ao exército; ele foi gravemente ferido e logo depois desmobilizado (1916). Quando Kokoschka recuperou-se, ele escreveu seus Quatro Dramas [Vier Dramen] (Berlim, 1919). O artista ocupou o cargo de professor na Academia de Arte de Dresden (1919-1923), mas resignou (1924). O artista encenou a sua peça teatral Assassinato: esperança das mulheres [Mörder, Hoffnung der frauen]), espetáculo Expressionista, para o qual Kokoschka criou os cenários e figurinos; um de seus desenhos cenográficos se encontra reproduzido (GOLDBERG, 2001: 54). Essa peça que estreou no Teatro dos Jardins da Kunsthaus, apresentada com elenco de estudantes que tiveram o único ensaio geral antes da primeira apresentação: a estréia foi improvisada, pois o autor mostrou aos atores apenas as linhas gerais da apresentação. A improvisação expôs estilo bastante exagerado de atuação, com caretas e máscaras faciais, características das performances Expressionistas. A peça de Kokoschka depois transformou-se na ópera em um ato, homônima, com libreto de sua autoria e música de Paul Hindermith (Op. 12, 1919), que estreou no Landesteather com a orquestra sob a regência do maestro Fritz Busch (Stuttgart, 4 jun., 1921). A revista Der Sturm (1910-1932), de Herwarth Walden, publicou os textos e os desenhos cenográficos de Kokoschka, pouco depois das apresentações da ópera, em Viena e Munique. Os figurinos estranhos, com nervos pintados sobre malha colante, não agradaram, antes irritaram os espectadores da ópera, que recebeu grande oposição. Essa foi uma das primeiras peças das vanguardas austríacas encenada na Alemanha, enquanto o primeiro performático alemão, Benjamim Franklyn Wedekind, alguns anos antes, quando suas peças foram censuradas no seu país, apresentou performances para a sociedade vienense (1905-).

Depois de sua temporada na Alemanha, Kokoschka viajou para a França e de lá, uma longa jornada levou-o ao norte da África e ao Oriente. Quando passou rapidamente por Paris, Kokoscha vendeu para os negociantes berlinenses de arte, Paul Cassirer e Jakob Goldschmith todas as pinturas que ele produziu na viagem. Kokoschka viajou para Londres através da Holanda e continuou pintando paisagens pelo caminho, além de vistas das cidades por onde passava. O artista passou anos viajando, sempre pintando nos locais de sua estadia, até que finalmente Kokoschka voltou para Viena: ele assustou-se logo ao reconhecer a escalada do nacionalismo mais radical. O artista se autoexilou-se (Praga, 1934), seguindo quatro anos depois para Londres na companhia de Olga Palkovska, que ele futuramente desposou.

No final dos anos 1930, quando ocorreu o grande expurgo nazista, Kokoschka foi tachado de Artista Degenerado (sic); ele pintou seu Auto-Retrato Degenerado no ano em que foram confiscadas e destruídas 417 de suas obras (1938; v. Arte Degenerada, sic). Kokoscha publicou o livro O Ovo Vermelho (Munique, 1940); o artista naturalizou-se inglês (1947), mas, em seguida viajou para a Itália (1948), e, no ano seguinte seguiu para os Estados Unidos (1949). O artista voltou à Europa, quando ele instalou-se em Villeneuve, cidade próxima ao Lago Genebra (Suíça, 1953). O artista fundou a Academia de Verão, e associado a Hugo von Hofmannsthal e Max Reinhardt iniciou o Festival de Salzburgo, evento bem sucedido, sucesso que permanece até hoje.

Kokoschka publicou seus Escritos, 1907-1955 [Schriften, 1907-1955] (Munique, 1956); ele publicou Acompanhe na Areia Movediça [Spur im Treibsand] (Zurique, 1956); a sua autobiografia Minha vida [Mein Leben] (Munique, 1971); e A Obra Escrita [Das Schriftliche Werk] (4 vols. Hamburgo: Heinz Spielmann, 1963-1967). O artista voltou a possuir a nacionalidade austríaca (1975), mas passou seus últimos anos de vida e faleceu na Suíça; foram publicados póstumamente a Autobiografia I, 1905-1919 [Briefe I, 1905-1919] (Düsseldorf: Olda Kokoschka e Heinz Spielmann ed., 1984).

Obras do artista participaram da Sala Especial da Áustria, na II Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo (1953), que expôs oito de suas pinturas, entre as quais destacamos a Paisagem do Porto de Praga (1937, óleo/ tela, 90 cm x 116 cm, no acervo da Galeria Osteirreichische, Viena); o Nu Feminino deitado (1922, aquarela/ papel, 52 cm x 70 cm); e cinco retratos, de Paul Scheerbart (1909), de Adolf Loos (1910), de Max Berg (sd), de Karl Kraus (1910) e de Herwarth Walden (1912), gravados na técnica de zincografia, além de duas litografias: Encontro (1914) e Jovem Lendo (sd); mais três gravuras na técnica de água forte: Duas Pessoas, Galo e Galinha e Cigana, todas do mesmo ano (1925); e a gravura colorida, Retrato da Srta. Gitta (1953). Outras gravuras de Kokoschka participaram da mostra Gravura Expressionista Alemã, realizada no Museu Lasar Segall (São Paulo, 18 ago.- 18 set., 1987): as gravuras O Princípio (1919, litografia a cores, 41 cm x 31 cm), Retrato de Mulher (sd, litografia, 51 cm x 33 cm) e Retrato (1923, litografia, 31 cm x 41 cm), se encontram reproduzidas no catálogo. Outra exposição da qual obras de Kokoschka participaram foi Expressionismo Alemão: Destaques da Coleção Van Der Heydt-Museum, realizada no Paço Imperial (Rio de Janeiro, 8 ago.-24 set., 2000), itinerante ao Museu Lasar Segall (São Paulo, 2000), que trouxe 69 obras Expressionistas do acervo do Museu de Arte de Wuppertal e 121 do Instituto Goethe (Stuttgart), e expôs as ditas, Matrizes do Expressionismo no Brasil apresentando 90 obras dos gravadores brasileiros Lasar Segall, Oswaldo Goeldi e Lívio Abramo, na mostra internacional que ofereceu visitas monitoradas para o setor educativo, além de publicar elucidativo catálogo.

REFERÊNCIAS SELECIONADAS:


CATÁLOGO. II Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo. São Paulo: EDIAM/ Edições Americanas de Arte e Arquitetura, 1a Ed., dezembro 1953, pp. 74-75.

CATÁLOGO. FEHLEMANN, S. Expressionismo Alemão: Destaques da Coleção do Museu von Der Heydt. Biografias de Antje Birthälmer e Brigitte Muller. Wuppertal: Ministério das Relações Exteriores da Alemanha, 2000. Rio de Janeiro: Paço Imperial. São Paulo: Museu Lasar Segall, 2000.

CATÁLOGO. Gravura Expressionista Alemã. São Paulo: Museu Lasar Segall, 1987, pp. 30-38, 188, 209.

DICIONÁRIO. SCHAMALENBACH, W.; GRASSKAMP, W. (Biogr.). German Art of the 20th Century: painting and sculpture 1905-1985. Translated by John Ormond. München - Düsseldorf: Prestel, 1987, p. 489.

DICIONÁRIO. THOMPSON, K. A Dictionary of Twentieth-Century Composers:1911-1971. London: Farber & Farber, 1973. 666p., p. 183.

GOLDBERG, R. Performance Art: from Futurism to the Present. London: Thames and Hudson 2001. 206 p., il.; algumas color. pp. 52-54. 15 x 21 cm. (world of art).

PIERRE, J. L'Univers Symboliste: décadence, symbolisme et art nouveau.
 
Paris: Éditions d'Art Aimery Somogy, 1991, p. 360.


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