BIOGRAFIA: STRAUSS, Richard (1864-1949).
O músico alemão nasceu em Munique onde seu pai, Johan Strauss II, tornou-se um dos músicos mais conhecidos da Orquestra da Côrte, devido às suas composições destinadas à encenação de óperas cômicas e operetas, que popularizaram as obras do instrumentista e compositor alemão. Várias músicas de J. Strauss, com arranjos orquestrais de Cláudio Santoro, foram temática do balé Loteria vienense, dito, Ballet satírico em dois quadros, com argumento e coreografia de Aurélio Milloss, cenografia e trajes de Aldo Calvo, encenado pelos Ballets do IV Centanário da Cidade de São Paulo, no TMRJ- Theatro Municipal do Rio de Janeiro (10 e 20 dez., 1954).
O jovem Strauss recebeu desde cedo uma educação musical conservadora, mas pode ouvir a sua composição, Sinfonia em Fá menor em concerto público (1888), antes de ser admitido, no ano seguinte, na Universidade de Munique. O curso universitário de Strauss durou apenas um ano, pois ele resolveu se dedicar inteiramente à música. Strauss chamou para si a atenção de Hans von Bülow, que conseguiu-lhe o posto de regente-assistente da Orquestra de Meinigen.
As primeiras composições importantes de Strauss foram o coro para Elektra [Electra] de Sófocles, para pequena orquestra, obra apresentada no mesmo ano no Ludwigsgymnasium (1880); e, compostas no mesmo ano, a Sinfonia n. 01, em D menor, Opus 04, e a canção John Anderson, meu amor [John Anderson, Mein Lieb], para voz e piano. O músico continuou compondo, entre outras músicas a Sonata para Violoncelo em F maior, Opus 06, dedicada a Hans Wihan (dur. 24'). No ano seguinte Strauss compôs a Serenata em Sol sustenido para trinta instrumentos de sopro,dedicada a F. W. Meyer (Opus 07, 1881-1882); ele compôs o Concerto para violino em Fá menor, dedicado à Benno Walter (Opus 08, 1881-1882) e quatro obras para voz e piano: Balada Na Floresta Tecer é Paz [Im Waldesweben ist es Ruh]; Reunião (1883), sendo a última publicada por Peters como Três Canções de Amor n. 3 [Drei Liebeslieder n. 3 ] (Nova York, 1958).
Durante os próximos cinquenta anos Strauss ficou tão conhecido como regente quanto como compositor. Depois de breves períodos em Munique e Bayreuth, ele se tornou regente da Orquestra do Teatro da Côrte (Weimar, 1889-1894). O músico continuou compondo a Abertura em Mí menor (Opus 10), para orquestra (1883); Oito Lieder [Acht Lieder], os Últimos Poemas de Folhas [Gedichte aus Letzte Blätter] para voz e piano dedicado a Heinrich Vogel; a Sinfonia N. 2 em Lá menor (Opus 12, 1883-1884); o Quarteto para Piano em Mí menor (Opus 13), que recebeu o 1º Prêmio na competição Tonkünstlerverein (Berlim, 1895); o Canção do Caminhante na Tempestade [Wandrers Sturmlied], (Opus 14), em seis partes para coro e orquestra. Depois Strauss compôs várias músicas, inclusive a incidental para a peça Romeu e Julieta baseada no drama de William Shakespeare (1887); no mesmo ano, a música para o poema tonal Don Juan, baseado em Nikolaus Lenau, para orquestra. Strauss voltou a inspirar-se em Macbeth, de W. Shakespeare e compôs a primeira versão do poema tonal para orquestra (Opus 23), sendo que ele posteriormente compôs a segunda versão (1889-1890).
Strauss casou-se com a cantora lírica Pauline de Ahna que representou o papel da heroína na sua primeira ópera em três atos, Guntram (Opus 25, 1888-1893), com texto do próprio compositor, que dedicou-a aos seus pais. A primeira récita realizou-se com a orquestra sob a regência do próprio Strauss, no Teatro da Côrte de Weimar (Munique, 10 maio, 1894). Na apresentação, Pauline de Ahna (Freihild), Heinrich Zeller (Guntram), Schwarz (Robert), Wiedey (Friedhold), Karl Buchta (o Bobo), na produção de F. Wiedey. Anos mais tarde foi escrita pelo compositor outra versão mais curta dessa ópera (105'; 1934-1939); e Guntram: Prelúdio, foi apresentado por Strauss com a Orquestra do Queen's Hall sob a regência de Sir John Wood, na série dos Concertos Promenade (Londres, 2 out., 1895).
O músico passou os próximos quatro anos como Maestro da Orquestra da Corte de Munique; depois ele foi transferido, quando tornou-se Maestro da Ópera da Corte de Berlim, cargo no qual permaneceu durante vinte anos, durante dez anos sendo Diretor Musical (Berlim, 1898-1918). Neste período Strauss compôs dezenas de músicas, como Brincadeiras Engraçadas de Till Eulenspiegel [Till Eulenspiegels lustige Streiche] (Opus 28), para orquestra (1894-1895), que, anos mais tarde, Sergey Diaghilev adaptou para o balé Till Eulenspiegel, encenado pelos Balés Russos, apresentado com Vaslav Nijinsky somente na turnê da Cia Teatral S. P. Diaghilev nos Estados Unidos (1916-1917).
Strauss compôs Assim falou Zaratrusta [Also sprach Zarathustra] (Opus 30), para orquestra, do poema livremente adaptado da obra homônima de Friedrich Nietzsche (Munique, 1895-1896); e compôs seu Hino [Himne], para coro misto e orquestra, apresentado na inauguração da mostra de arte da associação de artistas conhecida como a Secessão de Munique [Münchener Sezession] (1897; v. Grupos da Secessão).
Strauss inspirou-se em Miguel de Cervantes para compor Don Quixote, Variações Fantásticas do Caráter do Cavaleiro para Orquestra Completa (Opus 35), obra datada (29 dez., 1897), apresentada em primeira récita no Concerto Grützmacher, com a Orquestra Municipal, sob a regência de Franz Wüllner (8 mar., 1898). Strauss compôs Enoch Arden, melodrama para piano; Quatro Lieder [Vier Lieder] (Opus 36, 1898); a versão orquestral para A Banda Rosa [Der Rosenband] (1897); os Seis Lieder [Sechs Lieder] (Opus 37); a versão orquestralde Eu te Amo [Ich Liebe dich] (Opus 37, n. 2); Cinco Lieder [Fünf Lieder] (Opus 39); o poema tonal para orquestra, Uma Vida de Herói [Ein Heldenleben] (Opus 40, 1897-1898); outros Cinco Lieder [Fünf Lieder] (Opus 41), para voz e piano; a versão orquestral das Cancões de Ninar [Wiegenlied] (Opus 41 n. 1); e o Lieder [Cancão acompanhada] para coro masculino à capella, a Cancão do Soldado [Soldatenlied] (1899), publicado por O. Bauer (Munique, 1909). Strauss compôs, baseado em poemas clássicos alemães, Três Músicas [Drei Gesänge] (Opus 41) para voz e piano; Mutterändelei (Opus 43), versão orquestral (fev., 1900).
No início do século XX o músico continuou compondo canções, como outros Cinco Lieder [Fünf Lieder] (Opus 48) para voz e piano (1900); Muco de Fogo [Feuersnot] (Opus 50), Poema Cantado [Singgedicht] em um ato com texto de Ernst von Wolzogen dedicado a F. Rösch (1901), apresentado na Ópera da Corte com a orquestra sob a regência de Ernst von Schuch, sendo a produção de Maximillian Moris (Dresden, nov., 1901). No ano seguinte, esta ópera foi apresentada com a orquestra sob a regência de Gustav Mahler (Viena, jan., 1902); somente a cena de amor foi apresentada no Queen's Hall, com a orquestra sob a regência de Sir Henry Wood no Concerto de Sábado (Londres, fev. 1902).
Strauss compôs Cintura de Vespa [Taillefer] (Opus 52), balada de Uhland para coro misto com solistas e orquestra, obra dedicada à Faculdade de Filosofia da Universidade de Heildelberg, apresentada no Festival de Música com a orquestra sob a regência do compositor (Heildelberg, 26 out., 1903). O músico compôs o Canon, para quatro vozes; Dois Lieder [Zwei Lieder]; e a sua dita, Sinfonia Doméstica (Opus 53) para orquestra, dedicada a querida esposa e filho; e a ópera Salomé (Opus 54), na tradução alemã por Hedwig Lachmann, do drama em um ato com texto baseado em Oscar Wilde, dedicada a Edgar Speyer (10 jun., 1905). Depois da ópera, na qual Strauss incorporou ruídos e dissonâncias antecipando o Atonalismo, o compositor foi considerado o último dos compositores românticos.
As óperas de Strauss sempre causaram polêmica, mas, na época, o músico estava recebendo considerável renda advinda de suas músicas. Um dos resultados práticos foi que o músico construiu a vila, para si e sua família, em Garmisch - Partenkirchen, na Bavária, sua residência pelo restante da vida (Alemanha, 1908-1949). O músico compôs os Seis Lieder [Sechs Lieder] (Opus 56), dedicados a sua mãe Pauline Strauss (1903-1906).
Strauss conheceu Hugo von Hofmannsthal, poeta austríaco que se tornou seu amigo e colaborador pelos próximos trinta anos de sua vida; ele produziu o libreto para seis obras: Electra [Elektra] (Opus 58), tragédia em um ato dedicada a Natália e Hugo Levin (1908); O Cavaleiro da Rosa [Der Rosenkavalier] (Opus 59), comédia musical em três atos (1909-1910); a sequência das valsas de O Cavaleiro da Rosa: na primeira sequência, Atos I e II para orquestra (1944); e O Cavaleiro da Rosa: Suite, para orquestra (1945). Posteriormente essa ópera cômica transformou-se no filme do cineasta expoente do Cinema Expressionista alemão, Robert Wiene. Seguiu-se a conhecida ópera em um ato Ariadne em Naxos [Ariadne auf Naxos] (Opus 60), baseada na comédia O Burguês Cavalheiro [Le Bourgeois Gentilhomme] de Molière, com música incidental e texto por Hugo von Hofmannsthal dedicado ao diretor teatral Max Reinhardt (dur. 85'). Strauss terminou de compôr (20 abr., 1912) e, em seguida apresentou a ópera com a orquestra sob a regência dele no Hofftheater (25 out., 1913). Essa ópera foi reapresentada com a cantora norte-americana Jessie Norman, no Teatro do Covent Garden (Londres, 1985). Seguiram-se duas outras composições baseadas na peça de Molière (Opus 60): a Suite para orquestra com palavras de H. von Hofmannsthal (1918); Tüchtingen cantata para coro masculino à capella (1914).
Strauss apresentou sua Sinfonia dos Alpes [Alpensymphonie] (Opus 64), que estreou com a Orquestra da Côrte de Dresden, sob regência do compositor (Berlim, 18 out., 1915). A obra foi reapresentada mais tarde, no Queen's Hall (1923) e no Royal Albert Hall (Londres, 1926); a música foi publicada (Leuckart, 1915).
Durante a temporada dos Ballets Russes de Diaghilev (1911-1912), a companhia itinerou por Paris, Berlim, Dresden, Viena e Budapeste. Quando estava em Viena Diaghilev conversou com Hugo von Hofmannsthal sobre a possibilidade de encenar balé com música de Richard Strauss, para destacar o virtuosismo de Vaslav Nijinsky. A parceria acabou ocorrendo com A Lenda de José [Josephlegende] (Op. 63), dedicada a E. Hermann, com música de Strauss, que estreou com libreto de Hugo von Hofmannsthal e cenários de Harry Kessler (Berlim, 2 fev., 1914).
O balé A Lenda de José estreou com os Ballets Russes, com a música de Strauss, a orquestra sob a regência do compositor, com a coreografia de Michel Fokine, cenários do pintor espanhol José Maria Sert e figurinos de Léon Bakst (Paris, 14 maio 1914). Atuaram Maria Kusnetsova, como a esposa de Potifar e Léonid Massine no papel de José. Na mesma temporada o mesmo balé foi encenado com a orquestra sob a regência de Sir Thomas Beecham, com L. Massine, T. Kasarvina e Vera Fokina, no Teatro Drury Lane (Londres). O cartaz que anunciou A Lenda de José foi litografado por Pierre Bonnard, apresentando Léonid Massine anunciando a primeira temporada do balé no Teatro Nacional da Ópera (Paris, 1914): o cartaz se encontra reproduzido (SHEAD, 1989). O balé não fez sucesso e a música foi reapresentada depois na Ópera Estatal, com a orquestra sob a regência do compositor (Berlim, 4 fev., 1921). Décadas depois Strauss compôs A Lenda de José: Fragmento Sinfônico [Josephlegende: Symphonie Fragment], somente para orquestra (1947).
Strauss escreveu a ópera em três atos A Mulher Sem Sombra [Die Frau ohne Schatten] (Opus 65) (1914-1918), que, com texto de H. von Hofmannsthal foi apresentada na Ópera Municipal (Viena, 10 out., 1919), com a orquestra sob a regência do maestro Franz Schalk. Mais tarde, Strauss adaptou a composição para orquestra A Mulher Sem Sombra: Fantasia (1946). Na época, Strauss foi convidado para ser codiretor, juntamente com Franz Schalk, da Ópera Municipal de Viena cargo do qual resignou alguns anos depois (1919-1924).
O músico continuou sempre compondo canções para voz e piano, como o Espelho do Comerciante [Krämerspiegel] (Opus 66); Seis Lieder [Sechs Lieder] (Opus 67); outros Seis Lieder (Opus 68), e, anos mais tarde, a versão orquestral do que ficou conhecido como o Brentano Lieder (Opus 68, 1940).
A música para o Balé Vienense em dois atos Creme Chantilly, [Schlagobers] (Opus 70, dur. 90'), que o compositor apresentou com a orquestra da Ópera Municipal de Viena sob sua regência (9 maio, 1922). Strauss também apresentou a música com a Orquestra do Teatro Municipal de Breslau (9 out., 1924). Anos mais tarde, Strauss compôs a Schlagobers: Suite (1932), apresentada no mesmo ano com a Orquestra Halle (Manchester, UK); e, no ano seguinte com a Orquestra da BBC sob a regência de Adrian Boult (Londres, 9 abr., 1933).
Sempre compondo muito Strauss dedicou a seu filho Franz o Intermezzo (Opus 72), terminou-o na viagem que empreeendeu a Buenos Aires (1923). Essa comédia burguesa com interlúdios sinfônicos em dois atos foi apresentada no ano seguinte na Ópera Municipal, sob a regência de Fritz Busch (Dresden, 4 nov., 1924). Baseado na mesma música Strauss compôs quatro peças sinfônicas: Quatro Interlúdios Sinfônicos de Intermezzo [Vier sinfonische Zwischenspiele aus Intermezzo] (dur. 25'), que estrearam com a Orquestra da Rádio BBC sob a regência de Sir Eugene Goossens (Londres, 24 maio, 1931); a mesma música foi apresentada com a Orquestra Sinfônica da Rádio BBC sob a regência de Sir Henry Wood nos Concertos Promenade (Londres, 1º set., 1932).
Strauss revisou a música da ópera de L. van Beethoven, sendo o texto revisado por H. von Hofmannsthal: As Ruínas de Atenas [Die Ruinen von Athen], que apresentou com sua regência na Ópera Estatal (Viena, 20 de set., 1924). Entre outras músicas, Strauss compôs duas canções para voz e piano com texto de Goethe: Através de Todo o Ruído e Som [Durch allen Schall und Klang] (1925) e A Partir do Divã Oriental Oeste [Aus dem westöstlichen Divan](1925). Segundo Willi Schub, que publicou artigo a respeito, essa foi a canção esquecida de Goethe (Tempo, n. 12, verão 1949, p. 20).
Strauss compôs música para o cinema: Marcha Militar em F (1925), para o citado filme O Cavaleiro da Rosa [Der Rosenkavalier], com arranjo musical de Alwin e Singer, sob a direção de Robert Wiene. Strauss apresentou a composição em programas sob a sua regência, sendo o primeiro na Ópera Estatal com a Orquestra da Ópera da Saxônia (Dresden, 1926) e, no mesmo ano, na Rádio BBC (Londres). Outra composição interessante foi Panathenäenzug (Opus 74), Estudos sinfônicos apresentados na forma de Passacaglia para a mão esquerda, para piano e orquestra (dur. 20', 1927); a música foi dedicada ao pianista Paul Wittgenstein e apresentada com ele e a Orquestra Filarmônica de Viena sob a regência de Franz Schalk (1928).
Strauss compôs a ópera em dois atos Helena do Egito [Die ägyptische Helena], Opus 75 (1927), que estreou com a orquestra da Ópera Municipal de Dresden, sob a regência de Fritz Busch, com cenografia e trajes de Leonhardt Fanto e produção de Otto Erhardt. A seguir, o músico compôs ciclo de canções para coro de vozes masculinas e orquestra: Os Tempos do Dia [Die Tageszeiten] (1927-1928); os Cantos do Oriente [Gesänge des Orients] (Opus 77), para voz e piano (c. 1928) e Áustria (Opus 78), canção para coro masculino e orquestra que Strauss apresentou com sua regência, na Männergesangverein (Viena, jan., 1930). O compositor adaptou com seu arranjo e de Lothar Wallerstein a música de W. A. Mozart, Idomeneo (1930), apresentada no ano seguinte com a regência dele na Ópera Municipal de Viena (1931). O músico compôs a ópera Arabella (Opus 79), comédia lírica em três atos com libreto de Hugo von Hofmannsthal (1929-1932). A música foi apresentada na Ópera Municipal de Dresden com a orquestra sob a regência de Clemens Krauss (1º jul., 1933).
Quando ocorrreu na Alemanha a ascensão do Partido Nacional Socialista, sob a liderança de Hitler, Strauss permaneceu no país; posteriormente o músico foi considerado colaboracionista, pois aceitou o cargo de diretor da Reichmusikkammer (1933). Nessa ocasião tornou-se seu novo libretista o escritor Stephan Zweig, que era judeu, e que manteve forte ligação com o Brasil, pois viveu e morreu aqui no período da II GM. Essa colaboração fez com que os nazistas, c. de dois anos depois, obrigassem Strauss a renunciar do importante cargo que ocupava (1935). Na ocasião, o compositor tornou-se persona non grata na Alemanha. Durante o período da II GM (1940-1945), Strauss deixou sua residência na Bavária para viver no território neutro da Suíça: ele, posteriormente, tentou justificar sua associação ao nazismo, quando declarou que a adesão visava proteger sua nora, que era judia.
Sempre compondo sem parar, Strauss continuou dedicando-se a compor canções para voz e piano, como a atribuída a Goethe, O Riacho [Das Bächlein] (1933), versão orquestral (1935); compôs Três Lieder [Drei Lieder] (1929-1935) e a ópera cômica em três atos A Mulher Silenciosa [Die schgweigsame Frau] (Opus 80, 1934), cuja Abertura somente compôs no ano seguinte (1935). O texto foi de autoria de Stephan Zweig, adaptado livremente da farsa do inglês Ben Jonson, dramatista contemporâneo de William Shakespeare (1564-1616). Essa ópera foi apresentada como novo estilo, baseado na Commedia dell Arte italiana, apresentando recitativo seco que recordava encenações clássicas das óperas bufas; a obra estreou na Ópera Municipal de Dresden (24 jun., 1935). No mesmo ano o músico compôs Ritmos Zugemessne [Rhythmen Zugemessne], canção para voz e piano baseada nas palavras de Goethe; Três Coros Masculinos [Drei Männerchoer], para coro à capella (Ruckert, 1935); e o Hino Olímpico, para coro e orquestra (dur. 4'), que estreou nos Jogos Olímpicos que ficaram conhecidos como Os Jogos de Hitler (Berlim, 1936).
O compositor apresentou a ópera que evocava ato pacifista, com argumento baseado em relato sobre a Guerra dos Trinta Anos, em um ato com libreto de Joseph Gregor, Dia de Paz [Friedenstag] (Opus 81, 1935-1936). A obra foi apresentada na Ópera Municipal sob a regência de Clemens Krauss (Munique, 1938). Strauss compôs Ninfa [Daphne] Tragédia Bucólica em um ato (Opus 82), com texto de Joseph Gregor baseada na lenda mitológica do amor de Danae, cuja música (dur. 100'), Strauss escreveu em Taormina (Itália, 1937). A ópera estreou com a Orquestra Municipal da Ópera da Saxônia (15 out., 1938).
Pouco tempo depois Strauss compôs Munique [München], valsa ocasional para orquestra apresentada no mesmo ano em Munique (1ª versão, 1939; 2ª versão, 1945), e reapresentada depois da morte do compositor (Viena, mar., 1951). Strauss compôs O Amor de Danae [Die Liebe der Danae] (Opus 83), com libreto de Joseph Gregor baseado no relato mitológico esboçado por H. von Hofmannsthal (1938-1940). Devido à II GM, a estréia mundial da obra foi cancelada (1944); mas essa ópera estreou na Salzburg Festspielhaus com a orquestra sob a regência de Clemens Krauss (Salzburg, Austria, 1952). Strauss compôs O amor de Danae: Fragmento Sinfônico para orquestra, com arranjo de C. Krauss, que o próprio maestro apresentou no Royal Albert Hall (Londres, 1952).
Strauss foi convidado e compôs a Música para Festival Japonês [Japanische Festmusik] (Opus 84), para a celebração dos dois mil e seiscentos anos do Império Nipônico (1940). O músico compôs A Visão da Dança por Dois Séculos [Verklunge Feste], baseado na suite do balé de François Couperin, aumentada com outras seis músicas de Strauss, apresentadas na Opéra Municipal da Bavária, com a orquestra sob a regência de C. Krauss (Munique, 1941). Strauss compôs mais duas músicas para balé: o Divertimento (Opus 86), para pequena orquestra, ainda baseado nas composições de F. Couperin (dur. 40'), que estreou com a Orquestra Filarmônica sob a regência de C. Krauss (Viena, 1943). A parceria de Clemens Krauss e Stauss, resultou em Capriccio, Peça de Conversação para Música em um Ato, (Opus 85, 1941) que Strauss dedicou a C. Krauss. A música estreou com a Orquestra da Ópera Municipal de Munique, regida por Krauss, no Teatro Nacional (28 out., 1942). No início da década de 1950, a obra foi apresentada no Royal Albert Hall (Londres, 1951) e, pouco tempo depois no Teatro do Covent Garden (1953). Strauss extraiu de Capriccio a música para Sexteto de cordas e a Suíte para Harpa. Strauss continuou compondo para voz e piano: Dois Lieder, dedicado a J. Weinheber. O músico compôs Concerto N. 2 para Tuba, em Sol sustenido (1942, dur. 25'), apresentado no ano seguinte em Salzburgo (Áustria, 1943). Seguiu-se a composição de outra canção Xenion, baseada em Goethe (1942) e duas músicas para festivais: Música Festiva para Conjunto de Trompetes da Cidade de Viena [Festmusik für den Trompetercorps de Stadt Wien], apresentada na Torre Redonda (Viena, 9 abr., 1943) e a Sonatina N. 1 em Lá para dezesseis instrumentos de sopro; a peça foi apresentada pelo Conjunto de Sopro da Orquestra Municipal da Saxônia sob a regência de Karl Elmendorff (jun., 1944). No ano seguinte Strauss compôs a Sonatina N. 02 em Sol Sustenido, dita, Sinfonia para instrumentos de Sopro, que ele dedicou cheio de gratidão ao divino Mozart (1944-1945).
O músico completou oitenta anos, mas viveu mais cinco, sempre compondo até o minuto final de sua vida; ele ainda escreveu Ai! A Árvore Ninfa [Au den Baum Daphne], epílogo para sua ópera Daphne, para a qual compôs as nove partes do coro misto à capella, apresentada com o Coro da Orquestra Municipal de Viena, dedicado ao seu vigéssimo aniversário (1943). Strauss continuou compondo e inovando com Metamorfose [Methamorphosen], estudo para vinte e três intrumentos de corda, apresentado com dez violinos, cinco violas, cinco violoncelos, três baixos duplos com a orquestra do Collegium Musicum Zurich, sob a regência de Paul Sacher (Zurique, jan. 1946). O músico completou seu Concerto para Oboé, apresentado com Marcel Saillet e a Orquestra Tonnhalle, sob a regência do maestro Volkmar Andreae (26 fev., 1946); no mesmo ano a peça foi apresentada no Royal Albert Hall, com a Orquestra Sinfônica da BBC sob a regência do maestro Sir Adrian Boult, nos Concertos Promenade (1946). A música foi publicada por Boosey e Hawkes, com redução por Arthur Willner (1948).
Strauss viajou para a Inglaterra, para assistir ao Festival Richard Strauss (Londres, 1947); no mesmo ano ele compôs para a Rádio Lugano o Dueto Concertino [Duet Concertino] (Suíça). A peça foi apresentada na Rádio Monte Ceneri (Lugano, 4 abr., 1948) e, no ano seguinte com a Orquestra Halle (Manchester, UK, 1949). Strauss, fiel a sua extensa obra para voz e piano, celebrou-a compondo seus Quatro Últimos Lieder [Vier lezte lieder], para voz alta e orquestra (1948), baseados nos poemas do escritor Hermann Hesse. As canções somente foram apresentadas no ano seguinte à morte do compositor, com a Orquestra Philarmonia sob a regência de Wilhelm Furtwängler, cantadas por Kirsten Flagstad no Royal Albert Hall (22 maio, 1950).
Strauss voltou a viver na sua residência na Bavária, em maio: ele morreu poucos meses depois (set., 1949). O retrato de Richard Strauss pintado por Max Liebermann (1918), pertence ao acervo da Galeria Nacional (Berlim); a fotografia de Johannes Brahms na companhia do compositor pertence ao acervo da Biblioteca Nacional (Viena); ambos foram reproduzidos (DUFOURQ, 1976). Até hoje composições de R. Strauss são executadas por todo o mundo: sua ópera Daphnis e Chloé, com cenários e figurinos de Marc Chagall, foi encenada na Ópera de Paris (Paris, 1958).
REFERÊNCIAS SELECIONADAS:
ARTIGO. MARTINS, S. 100 Anos de Dissonância. São Paulo: Veja, 1º Abr., 2009, pp. 120-123.
CATÁLOGO. BARBOSA, A. M.; D’HORTA, V.; QUEIROZ, T. A. P. de; BRANCO, M. I. R. S.: MOREIRA, C.:; SEGAWA, H.; TEIXEIRA, M.; TONI, F. C.; VALIM JÚNIOR, A. R. Fantasia Brasileira: o Balé do IV Centenário. Antropofagia nas Artes Cênicas. São Paulo 1953-1955. São Paulo: SESC São Paulo - XXIV Bienal de São Paulo. SESC - Belenzinho, 12 out. - 13 dez., 1998, pp. 176, 184.
DICIONÁRIO. THOMPSON, K. A Dictionary of Twentieth Century Composers, 1911-1971. London: Farber and Farber, 1973, pp. 521-566.
DUFOURCQ, N. (Org.); ALAIN, O.; ANDRAL, M.: BAINES, A.; BIRKNER, G.; BRIDGMAN, N.; Mme. de CHAMBURE; CHARNASSÉ, H.; CORBIN, S.; AZEVEDO, L. H. C. de; DESAUTELS, A.; DEVOTO, D.; DUFOURQ, N.; FERCHAULT, G.: GAGNEPAIN, B.; GAUTHIER, A.; GÉRARD, Y. HALBREICH, H.; HELFFER, M.; HODEIR, A.; ROSTILAV, M.; HOFMANN, Z.; MACHABEY, A.; MARCEL-DUBOIS, C.; MILLIOT, S.; MONICHON, P.; RAUGEL, F.; RICCI, J.; ROUBERT, F.; ROSTAND, C.; ROUGET, G.; SANVOISIN, M.; SARTORI, C. SHILOAH, A.; STRICKER, R.: TOURTE, R.; TRAN VAN KHÊ, A. V., VERLET, C. VERNILLAT, F.; WIRSTA, A.; ZENATTI, A.
La Música: Los Hombres, Los Instrumentos, Las Obras. Barcelona: Planeta, 1976, pp. 113, 131, 136-139, 178, 363.
SHEAD, R. Ballets Russes. Secaucus, New Jersey: Quarto Book, Wellfleet Press, 1989. 192p.: Il,.algumas color., 25 x 33 cm, pp. 74, 81-86, 95-96, 97-99, 107, 151, 154-157, 167, 183.
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