O artista nasceu em Le Cateau-Cambrésis, mas faleceu em Nice (França). Matisse foi filho de um atacadista cerealista e deveria suceder seu pai no comércio de grãos. O artista, que passou a infância e a adolescência no norte da França estudou no Colégio Saint-Quentin e depois cursou Direito (Paris, 1887-1888). Matisse trabalhou em escritório de advocacia (1889); mas, pouco depois, ele esteve doente, o que requereu longa convalescença (1890). Foi nesta época que Matisse descobriu um tratado de pintura; ao restabelecer-se, ele foi estudar arte na Academia Julian (Paris, 1891).
Matisse foi convidado por Sergei Diaghilev e executou os cenários e figurinos para o balé O Canto do Rouxinol [Le Chant du Rossignol] (1916), encenado nos palcos parisienses com música de Igor Stravinsky pela Cia. Teatral S. P. Diaghilev, promotora dos Ballets Russes. Essa foi a segunda encenação: Stravinsky modificou a música (v. biografia): na primeira apresentação os cenários e figurinos foram de Alexandre Benois (Paris, 19xx).
No ano seguinte, Matisse tornou-se aluno de Gustave Moreau, na Escola de Belas Artes, onde passou à conviver com toda uma primeira geração de artistas das vanguardas francesas comoG. Rouault, H. Manguin, G. Camoin e Albert Marquet. Logo na sua primeira mostra o Estado francês adquiriu seu quadro A Tecelã [La Liseuse] (1896); no ano seguinte, Matisse expôs uma de suas mais importantes obras A Sobremesa [La Desserte], no Salão Nacional (Paris, 1897). Matisse recebeu críticas bastante desfavoráveis, mas hoje a conhecida pintura pertence ao acervo do Museu Puschkin de Belas Artes (Moscou).
Matisse conheceu quem tornou-se seu dileto amigo: o pintor Camille Pissarro. O artista passou a estudar a pintura Impressionista com Pissarro, que participou de todas as oito mostras desse grupo de vanguarda (1874-1885). Matisse casou-se (1898) e quando foi passar sua lua de mel em Londres, ele pôde admirar as obras do pintor inglês William Turner, artista influente sobre as vanguardas européias (Pré-Impressionistas).
Matisse voltou a seu país, e logo depois radicou-se com sua familia no sul da França. O artista adquiriu do marchand parisiense Ambroise Vollard a importante obra As três Banhistas (1899), de Paul Cézanne: como Matisse devotou sempre grande admiração ao velho mestre, grande amigo de Camille Pissarro, ele colocou esse quadro em local de destaque no seu estúdio (Paris). Todos os visitantes, entre esses muitos artistas das vanguardas francesas, puderam admirar a pintura de Cézanne, que, desta maneira, influenciou muitos pintores como Picasso e Braque, idealizadores do Cubismo (1908-1922).
Matisse pintou frisas decorativas no Grand Palais (1900); sua esposa abriu uma loja de modas ajudando a família a fazer face as despesas e superando várias dificuldades financeiras. Matisse viajou, para pintar ao ar livre na região de Saint Tropez (1902), local onde ele encontrou vários dos principais pintores divisionistas da pincelada, os ditos Pontilhistas, do grupo que, mais tarde, ficou conhecido como Pós-Impressionista (1912-), que reuniu Georges Seurat, Henri-Edmond Cross e Paul Signac, entre outros, que formaram comunidade artística em Saint-Clair, no sul da França. Nessa época, Matisse deixou-se influenciar pela técnica pontilhista empregada nas pinturas do grupo vanguardista e pintou Luxo, Calma e Volúpia [Luxe, Calme et Volupté] (1904, óleo/ tela, 98 x 118 cm). O título da obra foi baseado no poema Convite à viagem [Invitacion au Voyage], de Charles Baudelaire, escritor que influenciou as vanguardas.
Matisse frequentou o grupo dos intelectuais que se reuniam no Café Guerbois, local onde Édouard Manet instalou seu escritório informal e que reunia, uma vez por semana, as quintas-feiras, os escritores Émile Zola, e os críticos de arte Duranty e Théodore Duret, e os artistas plásticos, pintores e gravadores Paul-Camille Guigou, Constantin Guys, Alfres Stevens, Armand Guillaumin, o gravador Félix Bracquemond, Fréderic Bazille, Edgar Degas, Pierre Auguste Renoir, Claude Monet, Alfred Sisley, Camille Pissarro, e, inclusive Paul Cézanne, que vivia em Aix-en-Provence mas que comparecia à reunião semanal no café, sempre que ele passava por Paris. Esse grupo de artistas ficou conhecido como o Grupo das Batignolles (c. 1868-1870): foi a guerra Franco-Prussiana e a guerra civil, que se seguiu, que matou Bazille e interrompeu as reuniões do grupo (1871).
Matisse expôs seu quadro citado no Salão dos Artistas Independentes (1905), onde essa pintura foi adquirida por Paul Signac, que conservou-o consigo durante toda a sua vida; hoje o quadro pertence ao acervo do Museu d'Orsay (Paris) e se encontra reproduzido (BONFANTE-WARREN, 2000).
O escândalo no Salão de Outono (1905), foram as pinturas dos artistas que ficaram conhecidos como as Feras [Fauves], nome pejorativo que o crítico de arte Camille Mauclair deu ao grupo. Nessa mostra, Matisse, apresentou sua pintura Mulher ao chapéu [Femme au chapeau] , com cores vivas, ácidas e diferenciadas, pintado com pinceladas livres, quando o rosto da dama foi pintado com faixa verde. A colecionadora e escritora norte-americana Gertrude Stein, que vivia em Paris com seu irmão Leo, foi quem patrocinou as primeiras vanguardas francesas: ela adquiriu esse quadro de Matisse. No Salão de Outono do ano seguinte, Matisse expôs suas pinturas novamente na dita, Sala dos Fauvistas, em companhia de André Derain, Othon Friesz, Albert Marquet, Kees van Dongen e Maurice de Vlaminck, entre outros vanguardistas, que apresentaram obras com cores vivas, puras, chapadas sobre a tela, apresentando muitas manchas, e desenho algumas vezes próximo da Abstração.
Os amigos norte-americanos dos Stein, a família do Dr. Claribel Cone, visitou a mostra de Matisse (1905): sua filha Etta, referiu-se às imagens do pintor como loucura colorida. Sally, cunhada de Gertrude Stein, levou as duas irmãs para visitarem o estúdio do pintor. Etta apaixonou-se pela arte de Matisse, paixão que dividiu com sua irmã Claribel; nessa primavera que as irmãs passaram em Paris, ambas adquiriram os primeiros desenhos de Matisse. Foi o início da mais bela coleção de obras de Matisse nos Estados Unidos, pois as irmãs, que viajavam frequentemente à Europa, chegaram a adquirir mais de 500 obras, que apresentaram muitas facetas da arte colorida de Matisse, em várias técnicas: desenho, pintura, escultura e artes gráficas. A seleção de obras da Coleção Clone (1917-1944), foi recentemente exposta na mostra Matisse, Picasso e a Escola de Paris [Matisse Picasso and the School of Paris] (10 out., 2004 - 16 de jan., 2005), no Museu de Arte da Carolina do Norte (Raleigh). As obras-primas vieram da Coleção Etta e Claribel Cone, pertencente ao acervo do Museu de Arte de Baltimore. As irmãs também adquiriram 113 obras de Pablo Picasso, principalmente desenhos dos primeiros anos (1905-1906): essas obras, juntamente com as de Matisse, tomavam totalmente as paredes do abarrotado apartamento das irmãs em Baltimore.
Matisse viajou a Algéria, onde comprou esculturas da arte, dita, Negra [Nègre]; e, no salão mantido por Gertrude Stein, Matisse foi apresentado a Picasso que, na época, pintava o retrato Proto-Cubista de Gertrude (1906). No seu estúdio, Picasso pintava uma das suas principais obras Proto-Cubistas, As Senhoritas de Avignon [Les Demoiselles d' Avignon] (1906).
O crítico de arte, poeta e escritor Guillaume Apollinaire, ficou imediatamente interessado nas pinturas de Henri Matisse e do Grupo das Feras (1907). Matisse abriu sua Academia de Arte, no Boulevard des Invalides (1908); e, no mesmo ano, o pintor publicou suas Notas de um pintor [Notes d'un peintre], na La Grande Revue (Paris); esse primeiro artigo de Matisse, foi dos primeiros textos sobre arte escrito por um artista plástico.
O conhecido colecionador russoSergei Shchukine, cliente fiel da Galeria de Arte de Daniel-Henry-Khanweiller, marchand de Picasso, encomendou a Matisse duas grandes pinturas: os painéis murais A Dança e A Música (1910). O russo Shchukine tornou-se um dos principais patronos do jovem artista e, entre os destaques de sua admirável coleção, mais de vinte pinturas de Matisse, na época em que o artista era pouco conhecido. As obras raras dessa coleção particular foram todas encampadas pelo Estado Russo (1918), logo depois da Revolução Russa (1917), e hoje pertencem à grande coleção de arte das vanguardas francesas, que se encontram nos acervos do Museu Pushkin de Belas Artes (Moscou), do Museu Russo (São Petersburgo). .
Matisse foi viver com sua família em Issy-les-Moulineaux: ele passava sempre as temporadas de verão no sul da França, principalmente na Côte d'Azur (1910-). Matisse expôs suas pinturas A Dança e A Música no Salão de Outono (Paris, 1910). No mesmo ano Matisse viajou através da Europa, ocasião na qual ele visitou exposição de arte muçulmana (Munique, Alemanha). O pintor também percorreu a Espanha e, na volta, Matisse encerrou as atividades de sua escola de arte (1911). O artista visitou S. Shchukine em Moscou, e, nessa ocasião, instalou no palacete do russo todas as vinte e uma pinturas que o colecionador adquiriu dele, no salão que Shchukine chamava de "meu fragrante jardim".
Matisse viajou novamente, na companhia de Manguin e Marquet, ele passou temporada no Marrocos (1912); essa viagem influenciou a obra de Matisse, que passou a pintar várias odaliscas, em cenários no estilo oriental. As obras de Matisse participaram da mostra internacional com curadoria de Arthur Garfield Dove, a Exposição da Armada [Armory Show] (6th Regiment Armory, Nova York, 1913), itinerante à Chicago e Boston, que atraiu mais de 200.000 visitantes. Matisse expôs seu Nu Azul, consagrado com sucesso de escândalo e expôs suas pinturas de temática oriental, que ele produziu durante e logo após sua estada no Marrocos, em mostra individual na Galeria Bernheim-Jeune (Paris, 1913).
O pintor Juan Gris, grande amigo de Picasso, que Matisse conheceu quando passava uma temporada pintando em Collioure, ficou grande amigo dele (1914). O artista continuou produzindo pinturas à óleo, esculturas e gravuras, mas sua saúde estava comprometida com problemas graves. Durante o período da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), Matisse passou temporada na Côte d'Azur; e depois do final do conflito, ele expôs suas pinturas numa mostra conjunta com Pablo Picasso, realizada na Galeria Paul Guillaume (Paris, 1918). A apresentação do convite foi de Guillaume Apolinaire, amigo de ambos que faleceu nesse ano, e que se transformou num dos mais importantes escritores e críticos da nascente arte das vanguardas francesas e principal editor da revista As Noites de Paris [Les Soirées de Paris] (1912-1914).
Matisse foi convidado por Sergei Diaghilev e executou os cenários e figurinos para o balé O Canto do Rouxinol [Le Chant du Rossignol] (1916), encenado nos palcos parisienses com música de Igor Stravinsky pela Cia. Teatral S. P. Diaghilev, promotora dos Ballets Russes. Essa foi a segunda encenação: Stravinsky modificou a música (v. biografia): na primeira apresentação os cenários e figurinos foram de Alexandre Benois (Paris, 19xx).
Matisse expôs suas obras numa primeira mostra retrospectiva, realizada na Galeria Bernheim-Jeune (Paris - Copenhagen, 1924). O artista viajou para o Taiti, passando por Nova York, onde recebeu o convite para pintar murais na Fundação Barnes, para o colecionador norte-americano Alfred Barnes (Merion, PA). O editor suíço Albert Skira convidou Matisse para ilustrar o livro de poemas de Stéphane Mallarmé, um dos escritores franceses mais admirados pelas vanguardas artísticas para o livro que foi publicado bem mais tarde (1932).
Em meados da década de 1920 Matisse participou como convidado do grupo dos mais renomados artistas franceses, convidados para pintarem cartão (desenho), que foi transformado em Tapeçaria tecida na técnica de Gobelin. O grupo foi organizada pelas Edições Cutoli [Éditions Cutoli], de Marie Cutoli, que reproduziu cada pintura na obra têxtil, buscando o máximo de fidelidade possível aos desenhos dos cartões pintados pelos artistas. Na década de 1930, este conjunto de tapeçarias participou de duas mostras internacionais: a primeira foi organizada na Galeria Reid e Lefèvre (Londres) e a segunda no Clube de Arte [Arts Club] (Chicago, Illinois, 1933).
Matisse ilustrou Ulisses (1934), livro do escritor dublinense James Joyce; o artista executou a cenografia e figurinos para o balé O Vermelho e o Negro [Le Rouge et le Noir], baseado no romance de G. Sthendal, com coreografia de Léonid Massine e música do compositor russo Dimitri Shostakosvich. Durante o período da Segunda Guerra Mundial, Matisse continuou a dividir suas temporadas entre Nice e Paris, mas precisou de cirurgia e padeceu novamente de longa convalescença. Nessa época o artista produziu várias ilustrações para os Poemas [Poèmes], de Edmond de Ronsard (1941).
Matisse restabeleceu-se mas perdeu parcialmente a visão; foi esse o motivo que levou-o a executar colagens com papéis coloridos, realizadas para seu livro Jazz (1943), publicado anos mais tarde (1947). Matisse ilustrou o livro Flores do Mal [Fleurs Du Mal] (1944), de autoria de seu amigo Charles Baudelaire. O ano final da guerra foi trágico para a família e Matisse: sua mulher foi presa e sua filha deportada, acusadas pelos alemães que ocuparam a França durante quatro anos, de pertencerem a Resistência Francesa, organização ativa que lutou contra os nazistas.
O pintor expôs suas obras novamente, numa mostra conjunta com Pablo Picasso (Londres - Bruxelas, 1945); o artista executou o projeto, painéis e vitrais para a decoração da Capela do Rosário (Saint-Paul de Vence, 1948). Nesse ano, Matisse expôs suas obras em grande mostra retrospectiva na Filadélfia (EUA) e no MNAM (Paris, 1949), onde seus papéis cortados e colados foram apresentados pela primeira vez, juntamente com suas pinturas. O artista recebeu o Grande Prêmio de Pintura, da XXV Bienal de Veneza (1950); ele expôs suas obras em outra mostra retrospectiva, no MOMA (Nova York, 1951). No ano seguinte, Matisse mostrou suas obras numa mostra itinerante norte-americana, em Cleveland, Chicago e San Francisco.
Quando o artista sentiu a proximidade do final de sua vida, ele doou inúmeras obras para sua cidade natal, destinadas à criação do Museu Matisse, inaugurado pouco tempo depois (1953). No ano seguinte Matisse faleceu deixando uma obra ímpar, poética e original (Nice, 1954). Matisse recebeu muitas homenagens como a realização de grande exposição de suas obras no MNAM (Paris, 1985) e no MoMA (Nova York, 1992).
REFERÊNCIAS SELECIONADAS:
BONFANTI-WARREN, A. The Musée D'Orsay. New York: Barnes and Noble, 2000. 320p., il., color. 25,5 x 36,5 cm, pp. 30, 250.
CATÁLOGO, ELDERFIELD, J. Henri Matisse: a Retrospective. New York: Museum of Modern Art, Harry N. Abrams Publishers, 1992.
FOLHETO. Matisse Picasso and the School of Paris: Masterpieces from the Baltimore Museum of Art, Featuring Selections from the collection of Etta and Claribel Cone. Raleigh: North Carolina Museum of Art, October 10, 2004/ January 16, 2005.
FERRIER, J. L.: SIMON, A. Les Fauves : le régne de la couleur: Matisse, Derain, Vlaminck, Marquet, Camoin, Manguin, Van Dongen, Friesz, Braque, Dufy. Paris: Pierre Terrail, 1992. 223 p.: il., p. 213.
SCHNEIDER, P. Henri Matisse. Paris: Flammarion, 1993, pp. 8-9.
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