Depois da série de espetáculos coreografados e dançados por Bonislava Nijinska (1924), ela deixou a companhia dos Ballets Russes, quando foi substituída por dois bailarinos e coreógrafos russos, Georges Balanchine e Léonid Massine. Massine, pediu a Diaghilev e voltou a trabalhar para a companhia, quando ele coreografou dois espetáculos (1925).
Neste ano, além de Mavra, ópera de Stravinski o programa da companhia comportava outro novo balé, novamente com música de Stravinski: A Raposa [Le Renard] (v. detalhes na biografia de Stravinski, completa no Blog: <http://arteamericanadevanguarda.blogspot.com>), com inovadora coreografia de Bronislava Nijinska. Esse balé, considerado obra-prima dos Ballets Russes, estreou com cenários e figurinos Construtivistas de Mikhail Larionov (Londres, 1925).
Os Ballets Russes apresentaram concomitantemente o último ato de A Bela Adormecida, utilizando o cenário de Alexandre Benois criado para sua primeira produção de balé, O Pavilhão de Armide [Le Pavillon d'Armide] (Paris, 1909), com figurinos adaptados de outras produções, ato este que, afinal, tornou-se conhecido no mundo da dança com o título de As Bodas de Aurora [Aurora´s Wedding]. A companhia estava reduzida, mas a estréia na temporada contou com os bailarinos Stanislas Idzikowski, Pierre Vladimorov e Anatole Vilzak e as consagradas Bronislava Nijinska, Vera Nemtchinova, a bela Félia Dubrowska e Lubov Egorova.
A russa Lubov Egorova, mais tarde, se tornou professora de Tatiana Leskova (Paris, 1935-), bailarina russa que viveu décadas no Brasil e afinal foi quem, não só montou o Balé do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, que ela dirigiu (1950-1964), mas se tornou professora formadora de dezenas de bailarinos brasileiros. Leskova trouxe ao Brasil grandes nomes que dançaram nos Ballets Russes, como Serge Lifar e Serge Grigoriev (1883-1968), que entrou para a companhia de Diaghilev como bailarino-mimo, mas que depois, tornou-se figura indispensável como ensaiador; e sua esposa, Lubov Tchernicheva, destaque entre as grandes estrelas da companhia. A primeira apresentação de Leskova no Theatro Municipal (Rio de Janeiro, jan., 1942), foi na visita do Original Ballet Russe, do Colonel de Basil, quando dançaram As Sílfides [Les Sylphides] (Chopin), com arranjo de Igor Stravinski e a orquestra completa do teatro carioca sob a regência de Eugen Fuerst.
Na próxima temporada Nijinska concordou em voltar e coreografar o novo espetáculo, criado especialmente para os palcos ingleses, mas que estreou em Monte Carlo (1926). A versão de Adão e Eva, com música de Christian Lambert, que Diaghilev trocou de nome para Romeu e Julista [Romeo and Juliet]. Tamara Kasarvina, a bailarina adorada pelos franceses e, principalmente pelos ingleses, dançou no papel de Julieta. Para desenhar os cenários e figurinos, foi sugerido, entre outros, o nome do vanguardista inglês Windham Lewis; mas Diaghilev optou pelos artistas Max Ernst e Joan Miró, do grupo Surrealista, movimento lançado recentemente em Paris (1924). Quando foi assistir ao último ensaio do balé, que estreou em Monte Carlo, Lambert detestou os cenários e figurinos, mas Diaghilev ficou irredutível quanto às mudanças desejadas e o balé estreou assim mesmo, conforme programado (4 maio, 1926). Esse espetáculo participou da temporada parisiense, realizada no Théâtre Sarah Bernhardt (18 maio), quando foram ouvidas muitas vaias dirigidas por grupo de Surrealistas liderados pelo escritor Louis Aragon, que não aceitou a adesão, por parte de Ernst e Miró daquilo que viram como a capitulação deles ao detestado capitalismo. A publicidade gerada pelo episódio somente solidificou o sucesso de escândalo. A temporada anual londrina reapresentou a antiga coreografia de B. Nijinska, para o balé As Núpcias [Les Noces](1926).
Oitava Parte: v. as biografias dos artistas e músicos russos no meu Blog:
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