terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

INFLUÊNCIA DAS VANGUARDAS FRANCESAS SOBRE AS VANGUARDAS RUSSAS E AMERICANAS (c. 1905-1929).


Paris, 1900-1930.

Na França, o Cubismo de artistas independentes, desenvolveu-se separadamente da estética de Pablo Picasso (1881-1973), que firmou contrato de exclusividade com a Galeria de D-H. Khanweillwer (1884-1979), e, na época, não participou das mostras coletivas francesas. O Salão dos Artistas independentes apresentou com destaque as pinturas Cubistas de Robert Delaunay (1885-1941), Georges Braque (1882-1963), Marcel Duchamp (1887-1968), Albert Gleizes (1881-1953), Juan Gris (José Vitoriano Gonzalez, 1887-1927), Auguste Herbin (1882-1960), Henri de La Fresnaye (1885-1925), Marie Laurencin (1885-1957), Henri Laurens (1885-1954), Fernand Léger (1881-1955), Henri Le Fauconnier (1881-1946), André Lhote (1885-1962), Jean Metzinger (1883-1956), Louis Marcoussis (1878-1941), Francis Picabia (1879-1953), da ucraniana Sonia Terk (depois Sonia Delaunay, 1885-1979), Georges Rouault (1871-1958) e, do irmão de M. Duchamp, Jacques Villon (1875-1963); e as esculturas do russos Alexander Archipenko (1887-1964) e Osip Zadkine (1890-1967); do romeno Constantin Brancusi (1876-1957); e do outro irmão de M. Duchamp, Raymond Duchamp-Villon (1876-1918) e de Jacques Lipchitz (russo, naturalizado francês, 1891-1973), bem como obras do Grupo das Feras (ou Fauvista [Fauve], Paris, 1905-1908), entre outras, como as do Grupo dos Profetas (ou Nabis, Paris, c. 1890-1905), com pinturas de Maurice Derain (1870-1943), Pierre Bonnard 1867-1947), Henri Matisse (1869-1954), Jean-Édouard Vuillard (1868-1940), Ker-Xavier Roussel (1867-1944) e Félix Vallotton (1865/1925), entre outros. No mesmo ano, c. 300 obras das vanguardas européias, entre outras tantas da arte americana, foram apresentadas com sucesso de escândalo do outro lado do mundo, na Exposição da Armada [Armory Show]. Essa mostra, que apresentou c. de 1000 obras (v.), recebeu a  curadoria de Arthur Garfield Dove (1880-1946), que estudavaarte em Paris e levou as obras dos artistas europeus de vanguarda para Nova York, onde associou-as as obras da arte americana (1913).  Obras dos artistas de vanguarda radicados na França, também foram apresentadas com grande repercussão na mostra A Arte Contemporânea (Moscou, 1913).

O Cubismo obteve importante impulso, à partir da publicação do livro Do Cubismo [Du Cubisme] (Paris, 1912), de autoria dos pintores franceses Albert Gleizes (1881-1953) e Jean Metzinger (1883-1957), professores de arte das artistas russas Liubov Popova (1889-1924), Olga Rozanova (1886-1918) e Nadeshda Udaltsova (1886-1961), que estudaram na Academia A Paleta [La Palette], de Gleizes e Metzinger (1912-1913). A publicação abriu as portas para que outros artistas plásticos escrevessem e publicassem escritos na arte ocidental; a obra citada foi escrita com o intuito de documentar, explicar e divulgar o Cubismo. Um ano depois esse livro, levado na bagagem das artistas russas que voltaram a seu país depois de prolongada temporada na França, foi traduzido para o idioma russo por Ecatarina Guro, irmã de Elena Guro (1877-1913), que, como artista plástica, desenhista, aquarelista, escritora e ilustradora, participou das publicações do Grupo Hyleae (1910-1913; v.). O importante grupo de escritores reuniu Vladimir Maiakowski (1893-1930), Benedikt Livshits (1886-1938), os irmãos David (1882-1967) e Vladimir Burliuk (1886-1917), e Alexei Kruchenikh (1886-1968), artistas e teóricos das primeiras vanguardas russas. Outro texto influente sobre as vanguardas francesas foi Meditações Estéticas na Pintura: Os pintores Cubistas, de autoria do poeta e crítico de arte das nascentes vanguardas artísticas, Guillaume Apollinaire (1880-1918.
Aesthetic Meditations on Painting: The Cubist Painters.

Como resultado do intenso intercâmbio das artes russas com as francesas, desenvolveu-se nas primeiras vanguardas russas o dito, Cubo-Futurismo (1912-1915). Entre os maiores expoentes Kasimir Malevich (1878-1935), no estilo de início de sua carreira, antes de amadurecer e descobrir seu próprio estilo e formar o movimento dito, Suprematismo: O Novo Realismo Pictórico (c. 1915-1919).

Na Alemanha, foram convidados internacionais da primeira mostra coletiva do Grupo do Cavaleiro Azul os russos David Burliuk e seu irmão Vladimir Burliuk, juntamente com Emil Nolde (1867-1956). Essa primeira mostra foi inaugurada com obras de Wasily Kandinsky (1866-1944), Marianne von Werefkin (1860-1938), Lyonel Feininger (1871-1956), Gabrielle Munter (1877-1962), Alfred Kubin (1877-1959), Paul Klee (1879-1940), Heinrich Campendonck (1889-1957) e Arnold Schonberg (Franz Walter, pintor, posteriormente conhecido como músico, 1874-1951), na Galeria Tannhauser (Munique, 18 dez., 1911). Obras de outros artistas das vanguardas européias, como dos franceses Robert Delaunay (1885-1941), Roger de La Fresnaye (1885-1925), André Derain (1880-1954) e Heni Le Fauconnier (1881-1946); dos russos Kasimir Malevich, Mikhail Larionov (1880-1964) e Natália Goncharova (1881-1962); do catalão Pablo Picasso (1881-1986); dos alemães Franz Marc (1880-1916) e August Macke (1887-1914), que se associaram ao grupo em 1912. Todos os citados participaram da segunda mostra do Grupo Internacional do Cavaleiro Azul. A exposicão foi inaugurada na Galeria Hans Goltz (Munique, mar., 1912). Kandinsky e artistas associados também convidaram para essa mostra artistas do Grupo  Internacional da Ponte [Die Brücke], que estavam vivendo em Berlim (1910-). E publicaram a segunda edição do Almanaque do Cavaleiro Azul [Blaue Reiter Almanach]. A terceira mostra do Grupo Internacional do Cavaleiro Azul ocorreu na Sala Especial, destacada no único Salão de Outono Alemão, realizado na Galeria da Tempestade [Der Sturm] (Berlim, 1913).

Foram inúmeros os estudantes russos de arte que passaram temporada em Paris: o russo Dimitry Mitrokhin (1883-1973) foi aluno de Théophile Steinlen e Eugène Grasset (1905-1906); Alexander Shevchenko (1882-1948) e Nikolai Chernyshov estudaram com os professores Jean-Paul Laurens (1885-1954), Eugène Carrière e Alphonse Dinet na Academia Julian (1905-1906). E estudou na Escola Nacional Superior de Belas Artes (1905-1908) o professor do Estúdio Superior de Arte e Técnica [VChUTEMAS] e do Instituto Superior de Arte e Técnica [VChUTEIN], Kuzma Petrov-Vodkin. Pavel Kusnetsov (1878-1968), estudou na Academia Colarossi (1906); David Sheterenberg (1881-1948) e Valentina Khodasevich (1894-1970),foram alunos de Henri Martin e Kees van Dongen na Academia Vitti (Paris, 1911-1912). Aleksandra Ekster (1882-1949) estudou na Academia de La Grande Chaumière (1909); e os escultores Vera Mukhina (1889-1953) e Yvan Yefimov foram alunos de Antoine Bourdelle na mesma academia (1912-1914).
Igualmente foram alunos de Bourdelle: Alexandre Calder, Tamara de Lempicka, Alberto Giacometti, Al Held, Dani Karavan, Amedeo Modigliani, Serge Poliakoff, Jean-Paul Riopelle e Nat Meyer Shapiro, entre outros expoentes das vanguardas internacionais.

REFERÊNCIAS SELECIONADAS;

CATÁLOGO. HULTEN, P. (ORG.); JUANPERE, J.A.; ASANO, T.; CACCIARI, M.; CALVESI, M.; CARAMEL, L; CAUMONT, J; CELANT, G; COHEN, E.; CORK, R.;CRISPOLTI, E.; FELICE, R; DE MARIA, L.; DI MILLIA, G.; FABRIS, A.; FAUCGEREAU, S.; GOUGH-COOPER, J.; GREGOTTI, V.; LEVIN, G.; LEWISON, J.; MAFFINA, F.; MENNA, F.; ÁCINI, P.; RONDOLINO, G; RUDENSTINE, A.; SALARIS, C.; SILK, G.; SMEJKAI, F.; STRADA, V.; VERDONE, M.; ZADORA, S. Futurism and Futurisms.
New York: Solomon R. Guggenheim Museum, Abeville Publishers, 1986. 638p.: il, retrs., pp. 534-535.
Paris, 1913. Apud APOLLINAIRE, G.; EIMERT D.; PODOKSIK, Anatoli (Biograf.). Cubism. Translated by Dorothea Eimert. New York: Parkstone Press International, 2010, 200p., ils. color., 24.5 cm x 28.5cm, pp.6-26).

Nenhum comentário:

Postar um comentário