quinta-feira, 27 de março de 2014

BIOGRAFIA: SCHLICHTER, Rudolf (1890-1955).

 

BIOGRAFIA: SCHLICHTER, Rudolf (1890-1955). 


 
O pintor alemão nasceu em Calw (Württemberg): Schlichter foi o sexto filho de jardineiro. Após terminar o ginásio (1904), o futuro artista trabalhou como aprendiz em estúdio de pintura esmaltada (Pforzheim). Schlichter estudou na Escola de Arte e Arte Aplicada (Stuttgart, 1907-1910) e na Academia de Arte (Karlsruhe, 1910-1916). O artista foi convocado para servir às forças armadas, mas ele se recusou, empreendendo greve de fome que levou-o a ser dispensado (1916). Schlichter continuou vivendo em Karlsruhe, onde ele, juntamente com George Scholz (1890-1945), fundou o Grupo Rih (1918-1919; v.abaixo). Schlichter logo depois foi viver em Berlim (1919) onde se associou ao Grupo Novembro [Novembergruppe], de arte de vanguarda, radical e politizada (v.). No início da década de 1920 Berlim havia se tornado a capital das artes européias, quando suplantou a hegemonia de Paris (1920-1930). Na cidade, Schlichter conheceu George Grosz (1893-1959) e logo se associou ao Dadaísmo berlinense.



Schlichter tornou-se membro do recém-fundado PC/ Partido Comunista (1918-), como grande parte dos intelectuais alemães da época, juntamente com os irmãos Wieland e Tom Herzfeld e John Heartfield (v. Malik Verlag), entre outros artistas plásticos, escritores e editores das revistas e publicações das vanguardas alemãs. As obras de Schlichter participaram I Feira Internacional DADÁ [I Internationale DADA Messe], realizada na Galeria Otto Burchard, conhecida como a Galeria Dadá (Berlim, 25 jul. - 25 ago., 1920). A fotografia da inauguração da citada mostra se encontra reproduzida (GIBSON, 1991). 
No mesmo ano (1920), as obras de Otto Dix (1891-1969) e de  Schlichter foram excluídas da Grande Exposição de Arte de Berlim: o November Gruppe partiu-se, pois Grosz, Raoul Hausmann (1886-1971), Hannah Höch (1889-1978) e Scholz reagiram ao oportunismo de alguns, oferecendo suas cartas de renúncia ao grupo, em apoio à Schlichter. Pouco tempo depois Schlichter tornou-se fundador e secretário do que ficou bastante conhecido como o Grupo Vermelho [Rote Gruppe], representado pelos artistas que aderiram à Associação dos Artistas Comunistas (1924-; v. abaixo). No ano seguinte as pinturas de Schlichter participaram da primeira mostra do movimento da Nova Objetividade [Neue Sachlichkeit], realizada pelo historiador de arte e diretor de museu Gustav Friedrich Hartlaub (1884-1963), que cedo identificou o novo estilo nas artes alemãs. Hartlaub convidou, através de carta circular (maio, 1923), artistas de toda a Alemanha para participarem da mostra que pretendia organizar no mesmo ano, no museu que dirigia: não conseguiu, mas a exposição Nova Objetividade. Arte Alemã desde o Expressionismo [Neue Sachlichkeit. Deutsche Malerei seit dem Expressionismus], foi inaugurada dois anos depois (jun., 1925). Hartlaub expôs 124 obras de artistas representativos do novo estilo Figurativo, predominando aqueles ditos da ala direitista, pois mais da metade das obras foram de artistas assim considerados, pertencentes ao braço regional do movimento em Munique. A exposição foi bem sucedida, tanto em relação ao público bem como a crítica de arte, e a mostra foi itinerante à várias cidades da Saxonia e da Thuringia, ajudando a popularizar o estilo da Nova Objetividade.

Neste período as obras de Schlichter abordaram o tema da cidade, a boemia e a subcultura urbana, como a prostituição; ele pintou retratos de vários intelectuais de esquerda além de muitas de suas verdadeiras obsessões, obras de temática sexual. As ilustrações, presentes na obra desenhada e aquarelada de R. Schlichter, bem como as de G. Grosz com o mesmo tema, no começo foram influenciadas pela pintura de Jules Pascin, artista francês que viveu em Montmartre e pintou prostitutas em atmosféra onírica. Declarou MICHALSKI (2003), que Schlichter continuou com a expressão gráfica mesmo nos temas eróticos, da sexualidade e da violência, que frequentemente surgiram nas suas obras, como na obra Assassinato Sexual [Lustmord] (1924, aquarela/ crayon negro, 69 cm x 53 cm, coleção particular). O artista depois apresentou outras de suas variações sobre estes temas, muito apreciados pelos ditos, Veristas. A obra de Schlichter, Dada - Dachatelier [Dadá - Estúdio Dadá na cobertura] (c. 1920, desenho, lápis/ aquarela, 45,8 cm x 63,8 cm, no acervo da Galeria Nierendorf, Berlim), apresentou nítida influência do movimento italiano da Pintura Metafísica (Ferrara, 1916; Roma, 1918-1922), lançado por Carlo Carrà (1881-1966) e Giorgio De Chirico (1888-1978). Ambas as obras citadas de Schlichter se encontram reproduzidas (MICHALSKI, 2003).


Para ganhar o sustento Schlichter desenhou ilustrações para várias revistas e publicações, que passaram a aparecer por toda a Alemanha. Quase no final da década de 1920 Schlichter expôs suas obras em mostra individual, na Galeria Neumann-Nierendorf (Berlim, 1928). O artista se associou à ASSO - ASSOCIAÇÃO DE ARTISTAS PROLETÁRIOS E REVOLUCIONÁRIOS (Dresden, 1928-1933), e suas obras participaram da segunda e última mostra da Nova Objetividade, dita, Os Independentes [De Onafhangelijken], realizada no Museu Stedelijk (Amsterdã, Holanda, 1929). Schlichter lançou seu romance Mundo Intermediário [Swischenwel] (1931), o primeiro da série de suas publicações, que incluiu sua autobiografia, A Carne Recalcitrante [Das widerspenstige Fleisch] (2 vols.) e Pés de Barro [Tönerne Füsse] (1923-1933).

Na década de 1930 o artista converteu-se ao catolicismo e se associou, por curto período, a grupos conservadores como o de Ernst Jünger Kreis, quando Schlichter mudou-se, juntamente com sua esposa Speedy para a cidade episcopal de Rottenburg am Neckar (1932). O artista se transformou em pintor da natureza idílica e, durante o Terceiro Reich, ele participou de círculos católicos Anti-Nazistas reunidos em torno da revista Hochland [Altiplano], sendo por isto muito criticado e mesmo ridicularizado, como convertido aos céus da Nova Objetividade (Weltbühne, nov., 1932).

Quase no final da década, um dos desenhos de Schlichter publicado na revista católica Jünge Front [Frente Jovem], esteveentre as razões alegadas pelos nazistas para expulsarem-no da Câmara Alemã da Cultura [Reichskulturkammer] (1937). No ano seguinte, 17 das obras de Schlichter foram confiscadas e algumas incluídas na mostra itinerante, intitulada por seus organizadores nazistas de Arte Degenerada [Entartete Kunst] (sic). Schlichter amargou 03 meses na prisão; depois de libertado, ele foi viver com sua família em Munique (1939). O estúdio de Schlichter foi destruído em bombardeio durante a II Guerra Mundial (1942). Obras de Schlichter participaram da I Mostra Alemã de Arte [I Deutsche Kunstaustellung] (Dresden, 1946). Nesta fase, as pinturas de Schlichter tornaram-se algo Surrealistas, bem menos destacadas do que sua obra no estilo da Nova Objetividade. O artista aderiu ao Novo Grupo [Neue Gruppe] e suas obras participaram da Grande Mostra de Arte de Munique [Grosse Münchner Kunstausstelung]. Schlichter faleceu em Munique (maio, 1955).

 
REFERÊNCIAS SELECIONADAS:



MICHALSKI, S. New Objectivity. Neue Sachlichkeit: Painting in Germany in the 1920sPainting, Graphic Art and Photography in Weimar Germany 1920-1933. Cologne - London - Los Angeles - Madrid - Paris - Tokyo: Taschen, 2003, 220p.; il., color., pp. 17, 23-39, 217..



 

SCHAMALENBACH, W.; GRASSKAMP, W. (Biogr.). German Art of the 20th Century: painting and sculpture 1905-1985. Translated by John Ormond. Munich - Düsseldorf: Prestel, 1987, p. 499.

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