segunda-feira, 21 de janeiro de 2013


 
HISTÓRIA DO PÓS-IMPRESSIONISMO EUROPEU.
GRUPO MULTIMIDIÁTICO (PARISIENSE DO) NABISMO OU DOS NABIS [PROFETAS, EM HEBREU ARCAICO] (Pont-Aven, 1888; Paris, c. 1890-1900).


 
O Grupo dos Nabis nasceu sob a influência da pintura de Paul Gauguin (1848-1903). O artista francês passou o ano pintando (1887), junto com seu amigo, o pintor parisiense Charles Laval (1862-1894), quando ambos viajaram para a região turística de Pont-Aven (1888). Alguns meses mais tarde o jovem estudante da Academia Fernand Cormon (v. abaixo), Emile Bernard (1868-1941) se associou ao grupo. Ocorreu um dos mais marcantes encontros para a arte moderna, o do aluno e massier da Academia Julian (v.), Paul Sérusier (1864-1927), conheceu Paul Gauguin por intermédio de Bernard.
Gauguin deu uma única aula de pintura moderna a Sérusier, quando ensinou-lhe a interpretação Abstrata da paisagem do Bosque do Amor. O jovem Sérusier pintou essa lição em uma tampa de caixa de charutos e levou o quadro, que batizou de O Talismã, para Paris. Essa obra marcante da arte das vanguardas francesas mudou a sorte do artista e possibilitou-lhe fundar, juntamente com vários colegas de academia, o Grupo dos Nabis [Profetas, em hebreu arcaico]. Participaram do grupo bem sucedido vários artistas que pertenceram à alta sociedade francesa: Pierre Bonnard (1867-1947), Maurice Denis (1870-1943), Henri-Gabriel Ibels (1867-1936); o escultor e professor da Academia de La Grande Chaumiére, Aristide Maillol (1861-1944) e seu amigo de toda a vida, o húngaro Josef Rippel-Ronai (1861-1927); Paul Ranson (1864-1909), fundador da Academia Ranson (v., abaixo), Ker-Xavier Roussel (1867-1944), Paul Sérusier, Félix Valloton (1865-1925), Jean-Édouard Vuillard (1868-1940), além de outros artistas pouco conhecidos, como o amigo de Paul Sérusier, Jan Verkade (1868-1946). A maioria dos artistas Nabis como Sérusier, Roussel e seu amigo Vuillard, se tornaram professores de arte da Academia Ranson.
O grupo soube tirar proveito das excelentes relações que tinha na sociedade francesa e estruturou muito bem suas atividades artísticas. A Academia Ranson, fundada por Paul Ranson e administrada por sua esposa, France, foi o esteio econômico dos Nabis. Os artistas se reuniam frequentemente no restaurante perto do ateliê de Ranson, que passaram a chamar de O Templo (1889). A revista Arte e Crítica (Art et Critique, 1890) publicou o artigo que definiu a estética e a formação do Grupo do Nabismo ou Nabis. Todo o grupo desenvolveu obras de Arte Aplicada ou Artes Decorativas com bastante sucesso na época, que incluíam pintura mural em frisas, tetos e paredes. Roussel e Vuillard decoraram o Teatro dos Campos Elísios (Paris, 1912-1913), onde esculturas e frisas em relevo foram do escultor Antoine Bourdelle (1861-1929).

Os artistas do grupo trabalharam nas técnicas da Arte Aplicada à Estamparia de Tecidos de decoração, Tapeçarias Artísticas, Cenários e Figurinos Teatrais, Pintura Mural, Desenho, Fotografia, Gravura (Litografia), além da produção de Mobiliário especial utilizando madeiras nobres e materiais preciosos como marfim embutido na madeira com a técnica de Marchetaria. Os artistas produziram bonecos para a realização de espetáculos de marionetes, populares na época; e, nas Artes Gráficas, desenvolveram a composição e a confecção de programas, convites, cartazes e ilustração de livros destinados às mostras da época e aos espetáculos teatrais do poderoso grupo dos Simbolistas (v. Simbolismo), bem como para seu Grupo dos Nabis. O grupo organizou-se como cooperativa de intelectuais e artistas livremente associados quando organizaram exposições de suas próprias obras: no total, o grupo realizou 11 mostras coletivas inclusive na Galeria Le Barc de Bouteville (1891).

Um dos apoiadores do grupo dos Nabis foi o ator e diretor teatral Aurélien Lugné (1869-1940),que adotou o sobrenome Poe homenageando o escritor norte-americano Edgar Allan Poe, tornando-se conhecido como Lugné-Poe: ele havia sido colega de alguns dos principais artistas do grupo no renomado Liceu Condorcet. Lugné-Poe tornou-se divulgador do trabalho de vários artistas do grupo e fundou com o escritor e crítico de arte Camille Mauclair (1872-1945) o Teatro da Obra [Théâtre de L´Oeuvre] (v.).

O principal teórico do Grupo dos Nabis foi Maurice Denis (1870-1943), um dos primeiros pintores que publicaram artigos sobre arte nas revistas francesas, a partir de seu artigo Definição do Neo-Tradicionalismo [Définition du Neo-Tradittionisme] publicado na revista Arte e Crítica (23-30 ago., 1905). Anos mais tarde a coletânea dos textos críticos de Denis, inclusive versando sobre artistas de seu tempo como Paul Cézanne (1839-1906) e Paul Gauguin (1848-1903), foi reunida nos livros Do Simbolismo ao Classicismo: Teorias (Du Symbolisme au Classicisme: Théories, 1912) e nas Novas Teorias (Nouvelles Théories, 1922).

REFERÊNCIAS SELECIONADAS:


ALLEY, R. Gauguin. Traduction française de C. de Longevialle. Paris: O.D.E.J., 1962, 96p., Il., algumas color. 23,5 x 27,5 cm.

 
BONFANTI-WARREN, A. The Musée D'Orsay. New York: Barnes and Noble, 2000. 320p., il., color., 2, 29, 32, 179, 180, 181, 182, 183, 196, 221, 272, 273, 288.


BOYLE-TURNER, C. Paul Serusier, la technique, l'oeuvre peint. Traduction de Ivone Rosso. Lausanne: Edita, 1988,
pp. 60-61, 152-154.



ELLRIDGE, A. Gauguin and the nabis: prophets of Modernism. Paris: Terrail, 1995, p. 100.



FRECHES-THORY, C.; TERRASSE, A.; LE ROUX, J. Les Nabis. Tours: Flammarion, 1990, 319p.: il., pp. 17-20.



GIBSON, M. Odilon Redon 1840-1916: le Prince des Rêves. Köln: Taschen, 1995, pp. 229, 247.



PRATHER, M. Paul Gauguin: a retrospective. New York: Charles F. Stuckey, Park Lane, 1985. 387p.: il., pp. 30-57.



TESCH, J.; HOLLMANN, J.
Icons of Art: the 20th Century. New York: Ekhardt Hollman, Prestel, 1997. 216p.: il., p. 82.

Nenhum comentário:

Postar um comentário