domingo, 21 de outubro de 2012

 
 
HISTÓRIA DO PÓS-IMPRESSIONISMO EUROPEU. ESCOLA (FRANCESA DE) PONT-AVEN [ÉCOLE DE PONT-AVEN] (Pont-Aven, Bretanha, França, 1888-1889).



Pintura da dita, Escola de Pont-Aven, é geralmente atribuída ao novo estilo lançado por Paul Gauguin (1848-1903), celebrado a partir de 1891. Na verdade, temos que creditar parcialmente o mérito da mudança de estilo na pintura de Gauguin a seu colega pintor, Emile Bernard (1861-1941). Bernard chegou até Gauguin com a carta de recomendação do amigo comum, Charles-Emile Schuffenecker (1851-1906), colega de trabalho de Gauguin junto ao agente de câmbio Bertin para quem ambos trabalharam em Paris. Gauguin e Schuffenecker, abandonaram a situação da vida estável e confortável, em prol da dedicação à arte.
 

Gauguin esqueceu a família, renunciou à civilização ocidental, a segurança e paz de espírito, trocando tudo pela vida livre na arte e na pobreza, coroada com morte precoce. A guisa de explicação, ele escreveu a sua esposa, Mette Gad, que ele sabia ser grande artista, e que, por isso, enfrentaria qualquer sofrimento a fim de percorrer seu caminho.

Bernard chegou a Pont-Aven, onde Gauguin se encontrava (agosto, 1888). Não houve imediata afinidade entre ambos: na Pensão Gloanec, o primeiro lugar onde ambos se hospedaram, Gauguin e seus amigos faziam as refeições a parte dos ditos, pintores Acadêmicos, que chamavam-nos com desprezo de Os Impressionistas [Les Impressionnistes]. No entanto, Gauguin ficou impressionado com as novas pinturas de Bernard, no estilo do Cloisonismo [Cloisonnisme] (v.). As obras estavam impregnadas das influencias das pinturas de Paul Cézanne (1839-1906), das gravuras japonesas que faziam sucesso em Paris e da Arte Sacra medieval, marcante na técnica dos vitrais das igrejas francesas.

Quando Gauguin viu o quadro de Bernard, As mulherres bretãs no campo [Les femmes bretonnes dans um champ], ele ficou imediatamente tocado e pintou o seu quadro-manifesto, posteriormente considerado Simbolista, A Visão Depois do Sermão [La Vision aprés le Sermon] (1888). A partir desse momento a pintura de Gauguin se tornou antinaturalista e ecoou as idéias de Charles Baudelaire, Eugène Delacroix e Edgar Allan Poe, personalidades admiradas por ele. Foi no Simbolismo, movimento no qual Paul Gauguin se transformou em ícone, celebrado através da aceitação de sua pintura-manifesto citada, também denominada de A luta de Jacó com o anjo [La Lutte de Jacob avec l´ange] (1888, óleo tela, 73 cm x 92 cm, no acervo da Galeria Nacional da Escócia [The National Gallery of Scotland], em Edimburgo, colocada em exposição, pela primeira vez, na mostra do Grupo da Sociedade de XX (Bruxelas, 1892; v.).

No século XX a importante pintura esteve em exposição no Museu de Belas Artes de Quimper (França), na mosta Paul Gauguin: a Visão do Sermão, o nascimento do Sintetismo [Paul Gauguin: La Vision du sermon, la naissance du synthétisme] (abril – 1º jun., 2009; v. Grupo do Sintetismo).

Foi o amigo de Gauguin, o pintor Charles Morice quem escreveu a primeira biografia dele; e foi Pierre-Albert Aurier (1865-1892), o maior responsável pela projeção nacional e internacional do pintor, depois que ele publicou o artigo O Simbolismo na Pintura: Paul Gauguin [Le Symbolisme en Peinture: Paul Gauguin ], no Mercure de France (1891).

Quando Paul Gauguin foi considerado o pai do novo estilo de pintura, estabeleceu-se amarga polêmica com Emile Bernard, que gostaria de ser reconhecido como o mentor da dita, Escola de Pont-Aven. Gauguin também recebeu a influencia das pinturas de Paul Cézanne, o pai de todos os artistas evoluídos da época, de quem Gauguin havia adquirido duas obras. Não há dúvida que Bernard influenciou a pintura de Gauguin, mas ele foi quem deu o passo adiante, levando a arte de seu quadro-manifesto a novo patamar de perspectiva, definição e originalidade; e, sem dúvida, foi a pintura de Gauguin que influenciou Paul Sérusier, que formou o Grupo dos Nabis (v. o Grupo (Francês) do Sintetismo).


REFERÊNCIAS SELECIONADAS:


ALLEY, R. Gauguin. Traduction française de C. de Longevialle. Paris: O.D.E.J., 1962, pp. 07-11, prancha XVIII.
 
ARTIGO. Gauguin, retour en Bretagne: Exposition Angers-Quimper Paris: Connaissance des ARTS., n. 670, avril 2009, p. 40.
 
BOYLE-TURNER, C. Paul Serusier, la technique, l'oeuvre peint. Traduction de Ivone Rosso. Lausanne: Edita, 1988,
 
FRÉCHES-THORY, C.: TERRASSE, A. Les Nabis. Tours: Flammarion, 1990. 319p.: il.
PRATHER, M. Paul Gauguin: a retrospective. New York: Charles F. Stuckey, Park Lane, 1985, pp. 11-16, 80-88.
 

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