HISTÓRIA DO PÓS-IMPRESSIONISMO EUROPEU. GRUPO MULTIMIDIÁTICO (PARISIENSE DO) NABISMO OU DOS NABIS [PROFETAS, EM HEBREU ARCAICO] (Pont-Aven, 1888; Paris, c. 1890-1900).
Destaques: SÉRUSIER, Paul, Paul RANSON e Édouard VUILLARD.
O Grupo dos Nabis nasceu sob a influência da pintura de Paul Gauguin. O artista francês passou o ano pintando (1887): junto com seu amigo, o pintor Charles Laval (1862-1904), quando ambos viajaram para a região turística de Pont-Aven (1888). Alguns meses mais tarde o jovem estudante da Academia Émile Bernard (1868-19412), se associou ao grupo. Ocorreu um dos mais marcantes encontros para a arte moderna, o do aluno e massier da Academia Julian (v.), Paul Sérusier (1864-1927), conheceu Paul Gauguin por intermédio de Émile Bernard.
Gauguin deu uma única aula de pintura moderna a Sérusier, quando ensinou-lhe a interpretação Abstrata da paisagem do Bosque do Amor. O jovem Sérusier pintou essa lição em uma tampa de caixa de charutos e levou o quadro, que batizou de O Talismã, para Paris. Essa obra marcante da arte das vanguardas francesas mudou a sorte do artista e possibilitou-lhe fundar, juntamente com vários colegas de academia, o Grupo dos Nabis [Profetas, em hebreu arcaico]. Participaram do grupo bem sucedido vários artistas que pertenceram à alta sociedade francesa: Pierre Bonnard (1867-1947), Maurice Denis (1870-1943), Vincent Ibels, o escultor e professor da Academia de La Grande Chaumiére, Aristide Maillol e seu amigo de toda a vida o húngaro Josef Rippel-Ronai (1861-1927); Paul Ranson (1864-1909), fundador da Academia Ranson (v.), Ker-Xavier Roussel (1867-1944), Paul Sérusier, Félix Valloton (1865-1925), Jean-Édouard Vuillard (1868-1940), além de outros artistas pouco conhecidos como o amigo de Paul Sérusier, Jan Verkade (1868-1946).
A maioria dos artistas do grupo Nabis, como Sérusier, Roussel e seu amigo Vuillard, se tornaram professores de arte na Academia Ranson (v.).
O grupo soube tirar proveito das excelentes relações que tinha na sociedade francesa e estruturou muito bem suas atividades artísticas. A Academia Ranson, fundada por Paul Ranson e administrada por sua esposa, France, foi o esteio econômico do grupo dos Nabis. Os artistas se reuniam frequentemente no restaurante perto do ateliê de Paul Ranson, que passaram a chamar de O Templo (1889). A revista Art et Critique (1890) publicou o artigo que definiu a estética e a formação do Grupo do Nabismo (v.) ou dos Nabis. Todo o grupo desenvolveu obras de Arte Aplicada ou Artes Decorativas, com bastante sucesso na época, que incluíam pintura mural em frisas, tetos e paredes: Roussel e Vuillard decoraram o Teatro dos Campos Elísios (Paris, 1912-1913). As esculturas e frisas em relevo foram do escultor Antoine Bourdelle (v.), que não pertenceu ao Grupo dos Nabis.
Os artistas do grupo trabalharam nas técnicas da Arte Aplicada à Estamparia de Tecidos de decoração, Tapeçarias Artísticas, Cenários e Figurinos teatrais e Pintura Mural, entre outras, como Desenho, Gravura e produção de Mobiliário especial, utilizando madeiras nobres e materiais preciosos como marfim, embutido na madeira com a técnica de Marchetaria. Os artistas produziram bonecos para a realização de espetáculos de marionetes, populares nessa época; e, nas Artes Gráficas, desenvolveram a composição e a confecção de programas, convites, cartazes e ilustração de livros destinados às mostras da época e aos espetáculos teatrais do poderoso grupo dos Simbolistas (v. Grupo do Simbolismo), bem como os do Grupo dos Nabis. Os artistas do grupo funcionavam como uma espécie de cooperativa de intelectuais e artistas livremente associados, que organizaram exposições de suas próprias obras: no total, o grupo realizou onze mostras coletivas de suas obras, inclusive na Galeria Le Barc de Bouteville (1891).
Um dos apoiadores do grupo dos Nabis foi o ator e diretor teatral Aurélien Lugné-Poe, que havia sido colega de alguns dos principais artistas do grupo no renomado Liceu Condorcet. Lugné-Poe tornou-se o divulgador do trabalho de vários artistas do grupo e fundou com Camille Mauclair o Teatro da Obra [Théâtre de L´Oeuvre] (v.). O principal teórico do Grupo dos Nabis foi Maurice Denis (1870-1943), um dos primeiros pintores que publicaram artigos sobre arte nas revistas francesas, a partir de seu artigo Definição do Neo-Tradicionalismo [Définition du Neo-Tradittionisme] publicado na revista Art et Critique (23-30 ago., 1905). Anos mais tarde a coletânea dos textos críticos de Denis, inclusive versando sobre artistas de seu tempo como Paul Cézanne e Paul Gauguin foi reunida nos livros Do Simbolismo ao Classicismo: Teorias (Du Symbolisme au Classicisme: Théories, 1912) e Novas Teorias (Nouvelles Théories, 1922).
REFERÊNCIAS SELECIONADAS:
ALLEY, R. Gauguin. Traduction française de C. de Longevialle. Paris: O.D.E.J., 1962, 96p., Il., algumas color. 23,5 x 27,5 cm.
BONFANTI-WARREN, A. The Musée D'Orsay. New York: Barnes and Noble, 2000. 320p., il., color., 2, 29, 32, 179, 180, 181, 182, 183, 196, 221, 272, 273, 288.
BOYLE-TURNER, C. Paul Serusier, la technique, l'oeuvre peint. Traduction de Ivone Rosso. Lausanne: Edita, 1988,
pp. 60-61, 152-154.
ELLRIDGE, A. Gauguin and the nabis: prophets of Modernism. Paris: Terrail, 1995, p. 100.
FRECHES-THORY, C.; TERRASSE, A.; LE ROUX, J. Les Nabis. Tours: Flammarion, 1990, 319p.: il., pp. 17-20.
GIBSON, M. Odilon Redon 1840-1916: le Prince des Rêves. Köln: Taschen, 1995, pp. 229, 247.
PRATHER, M. Paul Gauguin: a retrospective. New York: Charles F. Stuckey, Park Lane, 1985. 387p.: il., pp. 30-57.
TESCH, J.; HOLLMANN, J. Icons of Art: the 20th Century. New York: Ekhardt Hollman, Prestel, 1997. 216p.: il., p. 82.
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